PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)



Introdução O estudo tem por objetivo caracterizar a atuação do enfermeiro na assistência à parada cardiorrespiratória (PCR) em um hospital público do interior da Bahia.E para realizar a analise utilizamos cinco sub-temas: Medidas que o enfermeiro adota frente a uma PCR;a humanização na assistência; a capacitação dos profissionais; a decisão do termino das medidas de socorro e a diferença entre o sucesso e o fracasso em uma ressuscitação cardiorrespiratória (RCP). Sendo assim a atuação do enfermeiro exige conhecimento, capacitação técnica e tecnológica, habilidade e agilidade, tomada de decisões, trabalho de equipe manifestando segurança, calma, empatia e racionalidade para atender ao adulto e a sua família numa situação de emergência. Marco Teórico A PCR é a cessação da circulação e da respiração, reconhecida pela ausência de pulso e pela apnéia em um paciente inconsciente. A interrupção súbita das funções cardiopulmonares se constitui num tipo de problema que sempre foi um desafio para os profissionais de saúde. Esta é uma emergência médica extrema, cujos resultados poderão levar a lesão cerebral irreversível e a morte, se as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sanguíneo e a ventilação não forem tomadas (Rezende, 2006). Segundo Baccarini (2006), maioria dos casos de PCR ocorre na própria residência do paciente ou em via pública. A parada cardíaca pode ser causada por um evento elétrico cardíaco, quando a freqüência cardíaca é muito rápido (principalmente a taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular) ou muito lenta (bradicardia ou bloqueio AV), quando não existe freqüência cardíaca por completo (assistolia). A parada cardíaca pode suceder a parada respiratória, como também pode acontecer quando a atividade elétrica está presente, mas existe contração cardíaca ou volume circulante eficaz, o que é chamado de atividade elétrica sem pulso (PEA). Originalmente, a PEA pode ser provocada por hipovolemia (por exemplo: com o sangramento excessivo), tamponamento cardíaco, hipotermia, embolia pulmonar maciça overdose de medicamentos (agentes tricíclicos, digitálico, beta-bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio), acidose significativa e infarto agudo. O maior problema da RPCé a demora no socorro, sendo que a maior parte dos pacientes chega ao hospital com poucas chances de recuperação. Por isso deve-se tentar ressuscitar todos os pacientes na unidade de emergência, até que mais informações pertinentes ao caso sejam obtidas. Segundo Murray (1989), pessoas que sofreram ataque cardíaca súbito podem sobrevier por causa da ação eficaz de outras pessoas da comunidade capazes de proporcionar assistência eficiente para melhorar as condições de oxigenação. O enfermeiro ao receber o paciente deve realizar a avaliação quanto ao nível de consciência, respiração; observar a movimentação torácica; ouvir e sentir se há saída de ar pela boca ou nariz; avaliar a presença de pulso dando preferência à via carótida; e quando possível colocar o paciente sob monitoramento. As subseqüentes prescrições específicas de suporte de vida avançada dependem dos resultados da avaliação. (...)A reanimação cardiopulmonar consiste em manter uma via aérea aberta; fornecer ventilação artificial por respiração de salvamento; promover a circulação artificial através da compressão cardíaca externa e restaurar o batimento cardíaco (Smeltzer,2006). Metodologia O estudo de caráter bibliográfico e exploratório, utilizamos à abordagem qualitativa. Como instrumento de coleta de dados optamos por utilizar a técnica da entrevista por meio de questionário, com a participação de oito enfermeiros, os quais assinaram um termo de consentimento autorizando a publicação dos relatos. Por questões éticas a identidade de todos os participantes será preservada, sendo assim identificá-los-emos através de números (Exemplo E1, E2... E8). A questão norteadora que orientou o desenvolvimento deste estudo foi assim definida: -Qual a participação do enfermeiro diante uma PCR em adulto no ambiente intra-hospitalar? O desenvolvimento deste estudo teve como cenário um hospital público que é centro de referência no atendimento ambulatorial e de emergência no interior da Bahia, que atende a população em situação de risco iminente. O hospital é composto de oito unidades de atendimento direto ao adulto, sendo estes: Emergência, Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Unidade de Terapia Intensiva Adulta (UTIA), Clínicas (Obstétricas, médica e cirúrgica) e Unidade de Terapia de Queimados (UTQ).A população estudada foi constituída por uma amostra de enfermeiros de cada unidade, tendo como critério inclusivo na pesquisa os enfermeiros que atuam em unidades que podem ser evidenciada a PCR. A análise, por sua própria natureza e subjetividade, foi fundamentada na abordagem qualitativa, sendo sistematizado conforme a analise temática, proposta por Smeltzer (2006); Baccarini (2006); e Murray (1989). Na conferencia dos dados desta proposta seguimos as seguintes passos: Ordenação dos dados (leitura dos questionários e organização dos relatos); Classificação dos dados (elaboração dos núcleos de sentido) e analise final (a relação entre os dados e a teoria). Resultados e Discursões O material apresentado a seguir é constituído da síntese extraída dos conteúdos das falas dos discursos de oito enfermeiros participantes da pesquisa a qual revelou o tema central, identificando a atuação do enfermeiro, a partir de seu papel mediador na assistência á PCR no adulto em ambiente intra-hospitalar. Esse tema constitui-se a partir dos sub-temas: Medidas que o enfermeiro adota frente a uma PCR; a humanização na assistência; a capacitação dos profissionais; a decisão do término das medidas de socorro e a diferença entre o sucesso e o fracasso em uma ressuscitação cardiorrespiratória. A assistência de enfermagem é fundamental no atendimento aos pacientes em situação de emergência, pois visa detectar os distúrbios que ameaçam a vida, no sentido de estabelecer as prioridades e nortear o atendimento. Dessa forma os enfermeiros desenvolvem diferentes ações frente a uma parada cardiorrespiratória, como mencionadas pelos entrevistados. - O papel do enfermeiro envolve desde o treinamento da equipe até a sua atuação propriamente na PCR (...). Durante a parada o enfermeiro assume a ventilação ou a massagem, revezando com os demais componentes da equipe (E1). De acordo com Paiva(org. 1999)muitos pesquisadores reconhecem, agora, a necessidade de aperfeiçoar o sistema de atendimento cardíaco de emergência na sua totalidade para melhorar a taxa de sobrevida do paciente. Em uma situação de emergência, é recomendada a capacitação profissional por meio de cursos especializados e treinamento em serviço, a exemplo o Suporte Avançado de Vida em Cardiologia  ACLS. Assim os enfermeiros relatam: - É importante a capacitação dos profissionais, pois percebemos que na emergência da PCR muitos realizam de forma incorreta sem êxito. (E6). É difícil decidir sobre o término das medidas de socorro à PCR, pois elas insejam conotações não só técnicas, mas também éticas, filosóficas e de espírito religioso de cada individuo. Os enfermeiros relatam: - Nós profissionais, trabalhamos em equipe e não depende somente do enfermeiro em decidir o término de uma parada, pois fazemos aquilo que está em nosso alcance e competência, e a decisão em parar com as manobras só e feita quando não obtemos sucesso com as mesmas. (E4). A atuação do enfermeiro com o adulto e a família exige conhecimento, capacitação e rapidez. A família em todo momento deve estar ciente sobre o que aconteceu e todos os procedimentos que foram realizados devem ser relatados. Nesse momento, os integrantes da equipe passam a compartilhar as manifestações psicosociais da família, podendo tornar-se elementos de transmissão de calma e tranqüilidade - (...) dar à sensação e a certeza que o cuidador se preocupa com o paciente estreita o vinculo entre a família, cuidador e paciente. (E8). O sucesso na recuperação da parada cardíaca depende de uma série de intervenções críticas. Se uma dessas ações impressidíveis é negligenciada ou atrasada, a recuperação pode não acontecer. ( Paiva, org. 1999). - Para mim, o sucesso é alcançado quando conseguimos através de nossos conhecimentos salvar a vida de um ser humano e fracasso é quando fazemos o que está em nosso alcance e não obtemos o resultado desejado. (E4). Diante das informações colhidas, 100% dos enfermeiros mostraram-se atuantes nas manobras de ressuscitação desde a detecção precoce da parada até a realização da manobra, enfatizando a liderança e a importância da cumplicidade da equipe.Também ressaltam a necessidade da educação continuada da equipe, tanto pra estarem atualizando e aprimorando as técnicas e medicações, como também aperfeiçoar a assistência e minimizar as intercorrências decorrentes da má atuação.A decisão do término das medidas de socorro foi mais um ponto relatado pelos enfermeiros mesmo com as particularidades de cada profissional e suas experiências perante o tema, suas atitudes condizem com o código de ética. Observou-se a eminente preocupação dos enfermeiros com a assistência humanizada, sob uma visão holística, não focalizando apenas o paciente como também a família deste. Contudo, é importante ressaltar que a atuação do enfermeiro diante a assistência ao adulto na emergência é resultado da experiência profissional com adultos hospitalizados e seus familiares, desde as medidas que o enfermeiro adota frente a uma parada cardiorrespiratória, a humanização na assistência, a capacitação dos profissionais, a decisão do termino das medidas de socorro até a diferença entre o sucesso e o fracasso e uma ressuscitação cardiorrespiratória. Considerações finais A realização deste trabalho permite considerar que a assistência ao adulto em situação de emergência, em decorrência da sua complexidade e informações contidas nesse estudo, não se esgota nesta analise, que teve como campo exploratório as unidades de atendimento ao adulto de um hospital público.Por meio da abordagem bibliográfica de caráter qualitativa, exploratória, foi possível destacar a partir dos dados observados a preocupação dos profissionais com a capacitação da equipe, assistência humanizada e a habilidade técnica-cientifica perante o tema, como também a realidade integradora das ações de enfermagem no cuidado ao adulto.Contudo, não cabem aqui generalizações, mas sim a tentativa de caracterizar a atuação do enfermeiro na assistência à PCR no ambiente intra-hospitalar. Referências Bibliográficas BACCARINI, Marco Túlio Pires, STARLING, Sizenando V.Erazo Manual de Urgências em Pronto-Socorro. 80 ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2006. MURRAY, Mary E., ATKINSON, Leslie A. Fundamentos de Enfermagem. Editora Guanabara Koogan, São Paulo, 1989. SMELTZER, Suzanne C. BARE, Brenda G. Brunner &Suddarth Tratamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Vol.2 100 ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2006. http://www.unimes.br/aulas/MEDICINA/Aulas2004/1ano, acessado no dia 12 de junho,2007 ás 15:00 h. PAIVA,Edílson F. (edit.) Suporte Avançado de Vida em Cardiologia Editora Fundação inter americana do coração, Dallas Texas 1997-1999.
Autor: Emanuella Baião


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