PROPOSTA DE CONDUÇÃO DA PRÁTICA DE LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL



RESUMO O objetivo deste trabalho é discutir a condução da prática de leitura em sala de aula sugerindo algumas propostas que a torne mais atraente aos alunos e ao mesmo tempo possa desenvolver a sua competência leitoral, quer linguística, quer discursiva. Por isso, este artigo reúne reflexões teórico-metodológicas, baseadas em dados de uma pesquisa realizada pela autora deste trabalho durante o estágio de observação envolvendo alunos de 5ª série e professores de duas escolas, sendo uma pública e a outra particular. Os dados obtidos no decorrer das observações mostram que tanto a escola pública quanto a escola particular apresentam problemas semelhantes com relação às três unidades básicas de ensino: leitura, produção de texto e análise linguística. Considera-se importante refletir sobre as propostas sugeridas para que possam nortear a condução da prática de leitura em sala de aula com maior eficácia quanto ao alcance da sua finalidade, que é a formação de leitores, enfocando os conhecimentos fundamentais para isso: concepções, tipos e níveis de leitura e suas fases. Palavras-chave: Proposta. Condução da leitura. Professor. Aluno.

Introdução

O presente artigo focaliza questões referentes à prática de leitura no ensino fundamental, principalmente no processo ensino aprendizagem de Língua Portuguesa. O objetivo deste trabalho é discutir a condução da prática de leitura em sala de aula sugerindo algumas propostas que a torne mais atraente aos alunos e ao mesmo tempo possa desenvolver a sua competência leitoral, quer linguistica, quer discursiva. Os estudos realizados para esta obra fazem parte do resultado de uma pesquisa realizada durante o estágio de observação em duas escolas: uma pública e outra particular. Os dados obtidos no decorrer das observações mostram que tanto a escola pública quanto a escola particular apresentam problemas semelhantes com relação às três unidades básicas de ensino: leitura, produção de e análise linguistica.

A questão é: como conduzir a prática da leitura de modo que o aluno não a tome como uma atividade cansativa e desestimulante, se a maioria dos próprios professores do ensino de língua portuguesa ainda não tem o hábito de ler? Essa será uma das questões a ser discutida neste trabalho, uma vez que existe a preocupação quanto ao sucesso da aplicação de diversas atividades de leitura realizadas em sala de aula.

Sabemos que "a leitura envolve processos mentais com operações necessárias para a compreensão da linguagem, isto é, a atribuição de sentidos a tudo o que a mente pode captar, compreender, apreender e interpretar na realidade dada por meio de uma leitura proficiente" (KLEIMAN, 1996, p. 126). Por essa razão, este é o desafio de todos os professores: incentivar a leitura para que se obtenham melhores resultados de compreensão e produção por parte do aluno.

Para a condução da prática de leitura em sala de aula, o professor de língua materna precisa conhecer alguns fundamentos. Dentre eles podemos destacar: concepções, tipos, níveis e fases de leitura.Além de ele saber o que é leitura é fundamental que conheça as suas várias concepções existentes para assim adotar aquela que ele julgar a mais adequada para desenvolver seu trabalho. De posse desses fundamentos, ele planejará suas ações considerando as concepções de leitura, os diversos tipos de leitura, seus diferentes níveis e fases, assuntos esses que serão tratados no decorrer deste trabalho.

É certo afirmar que, quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos a partir das situações planejadas ou impostas por uma dada realidade, estamos procedendo a leituras, as quais habilitam basicamente a ler tudo e qualquer coisa, evidenciando assim a relevância de se ter os conhecimentos de todos os processos que envolvem o ato de ler.Não resta dúvida de que para isso, o ideal é que o professor seja um sujeito-leitor e tenha convicção das diversas concepções de leitura e as tenha como fundamento para a sua prática em sala de aula. Quanto maior domínio e versatilidade na forma de ensinar, maior é o alcance dos objetivos almejados através da leitura.

1. Concepção de Leitura

As últimas pesquisas no campo da leitura apontam para algumas mudanças paradigmáticas que remetem ao ensino da leitura como fator essencial para a aprendizagem. Tais mudanças só são mais perceptíveis quando revemos alguns conhecimentos que dizem respeito à pratica da condução da leitura em sala de aula.

Cavalcante (1989, apud Zanotto, 1996), afirma que ainda hoje se faz presente a concepção da leitura como única e objetiva, isto é, a leitura como produto, aquela que se limita apenas ao já sabido pelo aluno em relação ao texto. Nessa perspectiva, interessa apenas o resultado final, sem se levar em consideração o percurso mental seguido pelo leitor. Em outras palavras, pode-se afirmar que neste caso prevalece a visão do professor ou a resposta do manual didático. Essa postura diante do ensino da leitura tem se revelado ineficiente porque não leva em conta a formação do leitor proficiente. Percebe-se então, a importância da leitura, pois quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam entre si (intertextualidade) por meio de referências, citações, alusões. Por isso, a cada livro que se lê torna-se maior a capacidade de apreender de maneira completa o sentido do texto.

De acordo com os PCN's, a leitura pode ser concebida como um processo pelo qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação de texto, a partir de seus objetivos, acionando o seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Sendo assim:

[...] Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos e validar no texto suposições feitas. (2001, p. 69)

Sendo assim, para que seja realizada uma leitura plena é importante que o professor seja capaz de entender a leitura como um processo, no qual estão inclusos os tipos e os níveis de leitura, dos quais o professor deve ter um total domínio e, do ponto de vista pragmático, saiba desenvolver o trabalho em sala de aula apresentando atividades nas diferentes fases do processo de condução da prática da leitura.

2. Tipos de Leitura

Para a realização da prática de leitura, o professor poderá dispor de diversos tipos de leitura. Assim sendo, temos a leitura autônoma, aquela que envolve a oportunidade de o aluno poder ler, de preferência silenciosamente, textos para os quais já tenha desenvolvido uma certa proficiência. A leitura colaborativa é uma atividade em que o professor lê um texto com a classe e durante a leitura, questiona os alunos sobre os índices lingüísticos que dão sustentação aos sentidos atribuídos. Esse tipo de leitura é particularmente importante porque possibilita aos alunos envolvidos na atividade explicitar os procedimentos que utilizam para atribuir sentido ao texto.

Observando os diferentes tipos de leitura, podemos enquadrá-los em dois grupos: quanto à modalidade, que inclui a silenciosa e a em voz alta, e quanto à finalidade, que inclui a inspecional[1] e a analítica[2].

A leitura silenciosa[3] é a base da educação individual, uma vez que esta é a maneira habitual de leitura na vida cotidiana, pois ela se propõe antes mesmo da leitura oral do texto. Esse tipo de leitura possibilita a adaptação da pessoa as suas características individuais de ritmo, pontuação, compreensão e interpretação. Cabe lembrar os casos em que o aluno após a leitura silenciosa esclarece possíveis dúvidas de vocabulário e compreensão e assim o mesmo consegue analisar as ilustrações, identificando suas relações com o texto. No caso das histórias em quadrinhos, tiras e outras leituras ilustradas, antes que os alunos leiam o texto, é importante levá-los a analisar o desenho: o mesmo personagem dos quadrinhos anteriores, agora acompanhado de diálogo.

Isso facilitará o estabelecimento de um debate sobre as ideias e aspectos do texto ilustrado para que alguns detalhes, antes não percebidos, possam nesse momento ser esclarecidos e melhor compreendidos. Fazendo isso, o aluno perceberá que um mesmo texto pode possibilitar várias leituras e, dependendo da abordagem, o professor poderá explorar o tema/conteúdo respeitando as características peculiares de cada texto.

A leitura em voz alta[4] e o relato de histórias que ofereçam vigorosa motivação para a leitura pessoal são empreendidos com facilidade na escola, nas bibliotecas, nas creches e nos jardins de infância. Esse tipo de leitura tem sido empregado com muito êxito, principalmente ao se tratar da leitura de textos narrativos. Ler em voz alta uma história até chegar a um trecho emocionante pode fazer com que as expectativas da criança sejam de tal forma despertadas, que ela queira continuar lendo por conta própria.

Deve-se ressaltar que apesar deste tipo de leitura ser aplicado com sucesso em alguns casos, em outros, quando se refere à leitura feita pelo aluno com caráter avaliativo, vemos o quanto pode ser desastroso para aquele que ainda não tem o domínio desse tipo de leitura, o que acaba causando inibição e retrocesso na aprendizagem, enfim, uma atividade prejudicial ao desenvolvimento leitoral do aluno. Talvez por esses fatores, ler em voz alta não seja o tipo habitual de leitura na vida cotidiana.

Mesmo assim, a leitura oral é necessária e adequada quando o texto apresenta dificuldades de leitura ou por sua disposição gráfica (por exemplo, texto em colunas, nas primeiras séries, texto teatral, em que o nome dos personagens introduz suas falas, indicações de cenas são apresentadas entre parênteses, etc). Essas razões para a leitura de textos fundamentam a atribuição dela quase sempre ao professor.

O ato de recorrer à leitura inspecional quase sempre denuncia falta de hábito de leitura, mesmo que se admitam ritmos de leitura diferentes entre os indivíduos. Uma das consequências de uma leitura apressada, de caráter inspecional, é a falha de compreensão e conclusão impertinente.Partindo desse pressuposto, faz-se importante a prática do somatório de conhecimentos prévios já acumulados pelo leitor. Na leitura dos elementos textuais devem-se sublinhar as palavras-chave que traduzem as ideias fundamentais do texto, bem como observar as palavras relacionais que asseguram a estrutura lógica dos raciocínios, tais como: "porque", "em consequência", "embora", etc.

Por conta disso, as relações intertextuais mostram que a visão de mundo, no sentido semiótico, depende de uma leitura preliminar, formativa, relacionada a vários conhecimentos e nos ajudam a analisar e compreender os fatos e seus conteúdos. O professor por ser um conhecedor dos fundamentos da leitura, deve ter em mente que ela possui diferentes níveis[5], que podem ser explorados durante as atividades de acordo com os objetivos da leitura. O primeiro nível, o mais superficial, corresponde à estrutura discursiva, à decodificação das ações concretas. O segundo nível refere-se à estrutura intermediária correspondente à compreensão. O terceiro nível é a estrutura profunda, que corresponde à interpretação. Esses níveis estão intimamente relacionados entre si, mesmo sendo um ou outro privilegiado.

Os três níveis de leitura, como se pode notar, distinguem-se um do outro pelo grau de abstração: o primeiro nível depreende os significados mais complexos e mais concretos; o terceiro nível depreende os significados mais abstratos. As diversidades se manifestam no nível da superfície do texto e a unidade se encontra no nível mais profundo.

Em se tratando desse assunto, sempre que nos deparamos com um texto qualquer, por mais simples que ele possa parecer, geralmente o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que ocorrem na sua superfície. Numa crônica ou numa pequena fábula, por exemplo, surgem personagens diferentes, lugares e tempos desencontrados e ações das mais diversas.

No caso de textos literários, é preciso conhecer a sua ligação com outras formas de cultura e também com outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Assim não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor.

Em suma, ao conduzir a leitura observando os diferentes níveis, é importante que o professor aja de maneira cautelosa, principalmente, quando este for o primeiro contato do aluno com dado texto, porque desta primeira leitura extraem-se informações mais superficiais sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, é cabível destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.

Passemos agora para o estudo das fases da leitura as quais podem ser definidas em três dimensões: a fase da leitura de reconhecimento, a fase da leitura global e a leitura local. Inicialmente temos a fase da leitura de Reconhecimento que visa tanto ao entendimento da linguagem do texto como também a busca de conhecimentos não-compartilhados, os intertextos, por exemplo, o que permite verificar o grau de conhecimento do aluno acerca dessas questões para receber orientação do professor, a fim de realizar uma leitura eficiente.

Quando o texto vem escrito numa linguagem considerada de nível padrão culto da língua, ele requer certo domínio desse registro e amplitude vocabular, que exigirá o uso de dicionário pelo aluno. Por isso, nesta fase de reconhecimento inicia-se a leitura propriamente dita, em que a leitura silenciosa é prática essencial e elementar para que haja familiarização com o texto.

Após essa fase de discussão e explicação do texto lido, inicia-se a fase da leitura global que visa à compreensão do texto como um todo, ou seja, início, meio e fim e não somente de partes como acontece quando se usa questionário para o aluno responder com base no texto. Durante esse processo de leitura deve-se garantir que o aluno (leitor) compreenda o texto e que possa ir construindo uma idéia sobre o conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa, em função dos seus objetivos. Isso só pode ser feito mediante uma leitura individual e precisa, que permita avançar, parar, pensar, recapitular, relacionar a informação com o conhecimento prévio, formular perguntas, decidir o que é importante e o que é secundário.

Concluídas as fases anteriores, parte-se para a última fase desse processo que é a leitura local.Nesta fasevisa-se à interpretação de pontos não aprofundados e até mesmo não compreendidos pelos alunos, revelados durante a atividade global. Após todas as fases e atividades supracitadas a aula segue em sua finalidade: o ato da escritura que antes apenas orientava a discussão, posicionando-se quando necessário, passa agora a atuar diretamente na leitura, o que corresponde à interação professor/aluno. Nesse momento, o professor deve paulatinamente investigar todos os passos que os alunos deram no ato da socialização.

Caso o educando não tenha esclarecido alguma questão que evidenciou, o professor questiona-o para que não fiquem lacunas durante a leitura. Aqui o aluno sem a intervenção do professor, toma consciência de que se lê para produzir algo; então é preciso que se dê uma resposta, um resultado de todo o processo desenvolvido durante a leitura. A preparação para a leitura deve ser feita previamente com base num planejamento, onde o professor terá em mente os objetivos predeterminados a serem alcançados pelos alunos.

3. A Prática do Professor

Dos muitos problemas que envolvem a educação, a redução do tempo dos professores para dedicação ao estudo e à leitura, a falta de poder aquisitivo para a compra de livros, a não-expansão e/ou não-manutenção de bibliotecas escolares e públicas, têm sido fatores cruciais para o panorama da aprendizagem e da leitura, pois interferem diretamente na prática docente, comprometendo assim o resultado do trabalho desenvolvido em sala de aula.

Desse modo, considerando que o professor é um fator decisivo para a formação de leitores proficientes, o mesmo poderá definir o gosto ou não pela leitura, principalmente ao levar-se em conta a maneira como o mesmo conduz a sua prática. De acordo com a visão de Vasconcelos[6] o perfil ideal de um professor de língua e literatura deverá integrar três capacidades: "ser um educador, ser um crítico das relações socioculturais da sociedade e ser um pesquisador, pois se um profissional da área não as possuir na dose adequada, poderá sentir-se desmotivado ou vir a desatualizar-se".

O grande questionamento é: como desenvolver o gosto pela leitura em alunos que não foram incentivados a ler desde as séries iniciais? Talvez o melhor caminho seja começar pelo professor, ou seja, o professor é um leitor? O que o professor lê? Que acesso tem o professor aos livros de sua área de conhecimento? Que tempo sobra, afinal, para a busca e leitura de textos? Esses questionamentos devem sem dúvida, ser considerados.

Apesar de já se observar algumas mudanças na condução da prática de leitura, podemos constatar que o panorama descrito por Antunes (2003.), se mostra muito presente. Ao que se refere às atividades de ensino da leitura, estas continuam centradas nas habilidades mecânicas de decodificação, sem interesse, sem função, pois aparece inteiramente desvinculada dos diferentes usos sociais que se faz da leitura atualmente.

Os professores que em sua prática educativa, fazem da leitura um processo de formação, tendo como suporte um planejamento eficiente com seus objetivos detalhados e precisos, conseguirão realizar com mais sucesso o seu trabalho em sala de aula. Do contrário, de nada adianta dispor de oportunidades para ler e ter livros se não há tempo para essa atividade. O professor deve dispor de um momento de sua aula para que o aluno possa manter um contato com algum tipo de texto e fazer uma leitura, "Somente o professor que encara a leitura do aluno como um todo é realmente capaz de formar leitores". Bamberger (2004. p. 55).

Decerto nenhuma técnica ou metodologia nova e/ou reformulada ensinará ou incentivará mais o aluno a desenvolver o gosto pela leitura do que o exemplo do professor, da família... Além do mais, a leitura deve também fazer sentido para o leitor; ler por um motivo, um objetivo. É pensando numa transformação da prática de leitura que um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer os alunos ler e interpretar o que leram.

Sabemos que o papel do professor de português é propiciar as condições para que o aluno descubra o valor do ato de ler e compreender, pois acreditamos que se o aluno não lê porque acha a leitura muito difícil, ela se tornará mais difícil quanto menos se lê. E para que as ações planejadas pelo professor sejam executadas eficazmente é fundamental o conhecimento da realidade escolar que pode ser adquirida entre outros meios através de pesquisas e a própria vivência de sala de aula.

4. METODOLOGIA

4.1. A Pesquisa

Diante da realidade em que se encontram as escolas, sobretudo ao que diz respeito à prática de leitura, fez-se a pesquisa através de questionários aplicados aos alunos e professores com a finalidade de tabular dados reais para evidenciar neste trabalho de que maneira se desenvolve a condução da prática da leitura, especialmente na 5ª série do Ensino Fundamental, e assim de posse dos resultados da pesquisa propor alguns procedimentos para a condução da prática da leitura.

Participaram da pesquisa 126 pessoas. Deste total 120 alunos de 04 turmas, divididos entre as duas escolas e 06 professores (03 do sexo feminino e 03 masculinos). Neste sentido, o questionário aplicado aos alunos faz referência ao conceito de leitura, a importância da mesma, se gosta ou não de ler e que gêneros textuais costumam ler.As duas últimas questões apresentadas no questionário fazem referência aos tipos de leitura e a forma como são realizados em sala de aula e as preferências dos mesmos. Para os professores, o questionário aplicado resumiu-se em cinco perguntas subjetivas, entre as quais se objetivou saber do professor: a concepção sobre produção de leitura e que gênero costuma ler; perguntou-se também com que freqüência o professor lê; como ele realiza a leitura em sala de aula e as atividades realizadas após a leitura.

Ao se aplicar os questionários, esperava-se, por parte dos alunos que associassem o ato de ler ao acesso à cultura; obter capacidade de orientação para a vida; adquirir informação; aumentar o nível de letramento, enfim, que estes relacionassem o ato de ler a aprender. Por tratar-se de alunos que estudam em escolas de níveis sociais diferentes, esperava-se que a consistência das respostas também fosse diferente, considerando a realidade escolar e social de cada aluno.

Em relação ao questionário do professor, esperava-se que os mesmos citassem atividades realizadas em sala de aula mesmo que toscamente e/ou de forma inconsciente, mas que já tivessem associadas ao processo de produção de leitura.Isso seria uma forma de enriquecer as propostas de condução da prática de leitura sugeridas neste trabalho.

A pesquisa de campo revelou que muitos alunos ainda têm dificuldade em conceituar leitura como fator de aprendizagem. Sabem o quanto ela é importante, porém, ainda não assimilaram as vantagens do domínio de uma boa leitura. Segundo o relato de alguns educandos das duas escolas onde se realizou a pesquisa, a importância da leitura está diretamente relacionada ao futuro de cada um, a possibilidade de se arranjar emprego, melhoria de condição de vida, renda e sustento da família, sendo que a maioria relaciona esta importância com a vida.

A maioria dos alunos de ambas as escolas onde se realizou a pesquisa demonstrou uma preferência por leitura de poesias, seguida das narrativas como gibis, contos, fábulas e romances. Vale ressaltar que em nenhuma das duas escolas se oferecem a leitura de gibis. No entanto, este foi o segundo gênero mais citado pelos alunos. Isso quer dizer que estes alunos têm acesso a este gênero em casa, mostrando indícios de que a família oferece oportunidade de leitura. Esse fato é muito importante, pois sabemos que o apoio da família é necessário, porque embora a escola busque incentivar a leitura, dificilmente forma o leitor, se não tiver o apoio dos pais. Por isso, se os pais derem as mãos aos professores, aí sim, o resultado virá para todos.

De maneira geral as respostas dadas pelos alunos mostram que eles leem, mas desconhecem os objetivos da leitura, tanto é que muitos não souberam responder como gostariam que fosse realizada a leitura em sala de aula. Isso demonstra que a prática da condução da leitura continua sendo apenas um instrumento utilizado para propósitos avaliativos, que às vezes só inibe o bom desempenho do aluno em sala de aula. Já foi demonstrado que "essa prática recorrente faz com que a atividade de leitura seja incapaz de suscitar no aluno a compreensão de suas múltiplas funções sociais, ou seja, o que se lê na escola nem sempre coincide com o que se precisa ler fora dela". (ANTUNES, 2003).

Quanto à pergunta sobre que leituras costumam fazer, os professores responderam que leem textos científicos, livros literários, leituras de livros evangélicos, revistas, jornais e livros didáticos. A partir dessas respostas, conclui-se que os professores, que conhecem as preferências dos alunos pela leitura de determinados gêneros, deveriam incluir esses gêneros dentre os que costumam ler. Seria uma forma de proporcionar leituras que vá ao encontro das expectativas dos alunos.

A preferência dos educandos por uma leitura individual e silenciosa foi confirmada através das respostas dos professores entrevistados.O procedimento adotado pela maioria deles diz respeito a esse tipo de leitura, seguido das atividades de compreensão oral e discussões sobre o tema do texto. Quanto às informações sobre a condução da prática de leitura, estas se deram de forma muito superficial, portanto, não foi possível estabelecer um paradigma mais preciso sobre essa questão. De maneira geral, sabe-se que ainda há professores que têm dificuldade em trabalhar a leitura como produção, embora muitos se considerem professores leitores.

Diante do quadro que se apresenta a realidade pesquisada, percebeu-se que o problema do ensino da leitura na escola não está centrado somente na falta de materiais ou nos métodos de ensino, mas vem desde a própria conceituação do que é leitura, da forma em que é avaliada pelas equipes de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos meios que se arbitram para favorecê-la e, naturalmente, das propostas metodológicas que se adotam para produzi-la. Quanto à existência de Projetos de leitura, partindo de uma vivência da realidade escolar, sabe-se que notoriamente existem inúmeros, mas que estes também não são suficientes para resolver todos os problemas concernentes ao âmbito da leitura.

(...) As causas do fracasso talvez não estejam nos próprios projetos, e sim em circunstâncias bem mais amplas, incontornáveis por quem propõe aquelas iniciativas: o modelo econômico, que se apoia na concentração da renda, extremando a polarização da estrutura de classes da sociedade brasileira e deixando grande parte da população sem condições de sobreviver, nem de comprar livros. (LAJOLO 1986. p. 127).

Dessa forma é de extrema importância o papel da escola em ensinar a ler para compreender os textos, a fim de que os alunos participem criticamente da dinâmica do mundo da escrita e se posicionem frente à realidade. Vale ressaltar que, se houver um envolvimento de todos os professores na implementação de projetos de leitura, que envolva não só os alunos, mas que haja a participação dos pais e da comunidade, certamente haverá um ambiente favorável à construção de uma escola de leitores.

4.2. O Livro Didático

O livro didático ocupa um papel muito importante na vida cotidiana do aluno. Muitas vezes ele é a única fonte de leitura disponível dentro e fora da sala de aula.Para boa parte dos alunos a escola é o único espaço que pode proporcionar acesso a textos escritos, os quais se converterão inevitavelmente em modelos para a produção. Entretanto, ele não deve ser utilizado como única fonte de leitura para o aluno, apesar de a aquisição da leitura funcional ser a tarefa primordial da escola, sendo ela um pré-requisito para o sucesso escolar e extraescolar.

A seleção do livro didático tem sido mais criteriosa, no sentido de que há uma preocupação por parte dos autores de aproximar os estudos sobre o uso do livro em relação aos textos, por isso se oferece cada vez mais uma variedade maior de gêneros textuais que, de alguma forma envolva a realidade do aluno. O problema não diz respeito somente à variedade textual, mas, sobretudo as abordagens que são feitas envolvendo a leitura. (BEZERRA, 1993),

As perguntas que são propostas nesses livros didáticos visam levar o aluno a reconhecer as estratégias de leitura  as previsões que o leitor faz sobre o que vai ler, a partir das informações do título do livro e de sua capa, como por exemplo, os personagens a serem identificados na leitura do texto, enfim, os elementos verbais e não-verbais. Os livros quando bem selecionados e lidos, estimulam a crítica, a contestação e a transformação  elementos que colocam em risco a estrutura social vigente e, portanto, o regime de privilégios.

Assim, para que se ofereça um ensino crítico de leitura deve-se primeiramente conceber que os livros nada mais são do que a expressão de pensamentos sujeitos a erros, passíveis de serem aprofundados e questionados pelo aluno. Por isso, o professor não deve ater-se somente nas possíveis respostas oferecidas nos manuais, mas deve permitir que o processo de compreensão dos textos seja democraticamente compartilhado com os educandos, fazendo com que os mesmos possam fazer suas próprias conclusões.

5. Avaliação

A avaliação é um ponto essencial em qualquer ação que realizamos, e ao que se refere à prática do professor, é um procedimento rotineiro na escola, assim como o uso do livro didático. "A avaliação tem sido tradicionalmente, identificada com a contagem de desvios gramaticais e ortográficos presentes nos textos e exercícios dos alunos". (MARCUSCHI, 2005). Essa forma de avaliar se torna improdutiva por não levar em consideração a leitura como processo de construção de sentidos e a produção textual como atividade que, exercida por um sujeito, requer planejamento, revisão e refacção.

Se considerar esses pontos o professor poderá observar a aprendizagem do aluno a partir desses enfoques, e em cada um deles, suas especificidades, e dessa forma haverá uma avaliação mais formativa, em que leva em conta um conjunto de ações organizadas com a finalidade de obter informações sobre o que o aluno aprendeu, de que forma e em quais condições. Da mesma forma, o aluno também deve reconhecer como conseguiu aprender e seja informado de maneira qualitativamente da sua aprendizagem, porque ao identificar o que sabe, o mesmo tem a possibilidade delimitar o que precisa para melhorar e aumentar seu conhecimento.

Nessa perspectiva, pode-se inferir que a avaliação acontece de maneira dialógica, portanto não se aplica apenas ao aluno, mas também o professor que se autoavalia durante a sua prática em sala de aula. A partir do momento em que o educador tem em mente o que deseja alcançar em relação ao aluno e seu trabalho docente, bem como os critérios claramente definidos a serem adotados, o mesmo tem a chance de tornar sua prática mais eficiente pela possibilidade de contar com a colaboração do aluno tendo em vista que este está ciente dos objetivos propostos pelo professor. Sendo assim cabe ao educador planejar suas ações pensando sempre nos objetivos que o aluno deve alcançar com relação a cada atividade.

6. Proposta de Condução da Prática de Leitura

O professor sendo um pesquisador busca através da coleta de dados o norte do seu trabalho, e a partir de então dá início às suas ações a fim de atingir os objetivos almejados em relação à aprendizagem de seus alunos. Para isso, são necessários tempo, disponibilidade e vontade própria. Geralmente é recomendado que um trabalho de sondagem seja realizado nas primeiras semanas de aula, visto que este período é destinado à diagnose, que, por sua vez, quase sempre foge do foco da leitura, tornando-se um instrumento a serviço da constatação do quanto o aluno domina a gramática e a ortografia e como ele veio da série anterior.

O educador deve ter conhecimento de que a formação do leitor, na escola, tem duas facetas. Uma delas é o desenvolvimento sistemático e progressivo das habilidades de leitura  compreensão, interpretação, avaliação, etc., o que se faz com textos curtos sobre os quais se propõem questões, formulam-se exercícios e atividades. A outra faceta é o incentivo à leitura como prazer e lazer, o que se faz promovendo o convívio dos alunos com os livros de diferentes gêneros  narrativas, poemas, histórias em quadrinhos, reportagens, relatos, etc., possibilitando a leitura de livros inteiros, sugerindo atividades que possam levar o aluno a descobrir o prazer de ler.

Ao tratar-se de procedimentos de leitura, devem ser abordadas também as competências básicas que serão demonstradas por meio das habilidades cognitivas como, por exemplo, localizar informações explícitas e inferir as implícitas em um texto. Sabemos que as informações implícitas exigem maior habilidade para que possam ser inferidas, visto exigirem do leitor a ampliação do reconhecimento do que não está na superfície do texto.

Nesse contexto, considerando as discussões já feitas anteriormente sobre concepção de leitura, seus tipos, níveis e fases, apresentar-se-á as três fases de atividades de leitura, de modo que as mesmas possam orientar o professor na condução da prática da leitura, isto é, sugestões que podem ser acrescidas de criatividade na hora de serem desenvolvidas em sala de aula e adaptadas de acordo com a clientela vigente.

6.1. 1ª Fase: Atividade de Leitura de Reconhecimento

Para a leitura de reconhecimento é muito importante fazer uso do dicionário a fim de que o aluno possa esclarecer possíveis dúvidas com relação às palavras encontradas no texto lido, as quais ainda não fazem parte do seu repertório vocabular, além de o mesmo estar desenvolvendo o hábito de pesquisa.

Retomando o tema sobre leitura silenciosa, sugere-se que o professor juntamente com os alunos prepare um espaço para a leitura, caso não haja biblioteca na escola, e assim o aluno poderá desfrutar de uma leitura silenciosa em que ele escolhe o que quer lê.No momento da leitura é importante criar uma ambiente de relaxamento e descontração, acomodando os alunos em círculo, sentados no chão ou até mesmo numa área aberta ou jardim, para fruir melhor a leitura. Dependendo do propósito previamente estabelecido, a leitura poderá ser para obter informação, para diversão e/ou para estudo. De qualquer forma, o professor deve estar atento para auxiliar o aluno quando for necessário.

Se o propósito refere-se a uma socialização do texto lido, após a leitura, o professor discute com os alunos a estrutura do gênero trabalhado, esclarece o vocabulário e os assuntos gramaticais presentes no texto. Vale ressaltar que nesse intercâmbio o estudo do texto realizado com os alunos se torna mais produtivo, pois acontecerá dentro de um ambiente discursivo e as respostas ocorrerão a partir das dúvidas e perguntas dos alunos. Sendo assim o aluno/leitor assume então um papel atuante, deixa de ser um mero decodificador ou receptor passivo, e passa a interagir com o texto.

Ao assumir o seu papel, o professor tem uma séria responsabilidade e o privilégio de incentivar o gosto pela leitura que pode ser desenvolvido também através da leitura em voz alta, seja para crianças ou adolescentes. De fato, ninguém resiste a uma história bem contada ou mesmo a um texto informativo que seja estimulante e bem selecionado. Ao ouvir textos lidos em voz alta, os alunos poderão diminuir a relutância para se expressarem em voz alta. Para isso é importante também motivar a escuta de textos com mudança no tom de voz, enfatizar as expressões, enfim, dar vida ao texto. Uma rica interação dialogal na sala de aula, dos alunos entre si e entre o professor e os alunos, é uma excelente estratégia de construção de conhecimento.

Desse modo, o professor deve planejar atividades regulares de leitura, assegurando que tenham a mesma importância dada às demais. É fundamental mostrar que você, professor, também lê e aprecia o texto lido, conversando sobre o tema, escritor, ilustrações, trechos instigantes, a origem do autor, os porquês da história, etc... Isso será de grande importância para a contextualização da leitura e tem especial relevância para o aluno. Depois de várias sessões de leitura em voz alta, o educador pode solicitar que os educandos dramatizem histórias que eles mesmos selecionaram ou escreveram. Assim, os educandos poderão recontar o que leram, como se estivessem fazendo resumo do que presenciaram no texto, e ao final, podem enfatizar os elementos que dificultaram a leitura (vocabulários, termos desconhecidos, estruturas etc.).

De certa forma, é importante ressaltar que a leitura em voz alta seja ela feita pelo professor ou pelo estudante, deve ser preparada (ensaiada) previamente, na medida em que seus mecanismos são diferentes dos da leitura silenciosa.

6.2. 2ª Fase: Atividade de Leitura Global

Esta é uma fase muito importante, uma vez que as orientações do professor serão significativas para o transcorrer da(s) atividade(s), ficando a critério deste a forma de como desenvolver atividades com sua turma podendo dividi-la em grupo ou realizá-las individualmente. Nessa condição, o professor propõe enes atividades que nortearão a leitura dos alunos. Cita-se como exemplo: a paráfrase escrita ou oral, colagem, desenho, pintura, dramatização, paródia etc. Aproveitar as pausas durante a leitura compartilhada para fazer comentários e dar novas informações, relacionando-as com o conteúdo.

O educador pode solicitar aos alunos que ilustrem com desenhos em quadrinhos o texto, e ao final expor o resultado construindo um varal para expor em sala de aula, ou pedir que os alunos redijam uma carta ao professor contando-lhe o que entendeu do texto, ou o aluno pode fazer referência a conhecimentos anteriores ou comparações entre outros textos já lidos.

Nesse sentido, é importante que os alunos discutam e assumam os propósitos para diferentes tipos de leitura, e que todos eles tenham como base a compreensão (maior ou menor) do texto. Assim sendo, pode-se propor uma "triagem de textos", ou seja, a leitura analítica de um leque de textos de grande diversidade formal e funcional remetentes a um mesmo tema. Por exemplo, amor, amizade, juventude, namoro etc., essa prática permite aos alunos experienciarem a formulação de critérios, levando-os a se questionarem sobre suas referências mais estáveis de leitura, entre elas estão os tipos de texto e os diversos gêneros em que eles se manifestam.

6.3. 3ª Fase: Atividade de Leitura Local

Na atividade local, realizada através de questionário feito à turma, visa-se à interpretação de pontos não aprofundados e até mesmo não compreendidos pelos alunos, revelados durante a atividade global. Após todas as fases e atividades supracitadas a aula segue em sua finalidade: o ato da escritura que antes apenas orientava a discussão, posicionando-se quando necessário, passa agora a atuar diretamente na leitura, o que corresponde à interação professor/aluno. Nesse momento, o professor deve paulatinamente investigar todos os passos que os alunos deram no ato da socialização.

Nessa perspectiva, o professor poderá pedir ao final do processo de condução da leitura que cada aluno individualmente produza um texto oral sobre o conteúdo, ou ainda realizar uma leitura, agora mais aprofundada, mais densa, aumentando desta forma o grau de dificuldade e ampliando a visão do aluno em relação ao conteúdo trabalhado. Além disso, deve-se remeter pequenas mensagens pessoais para a turma, solicitando a pesquisa ou a leitura de um texto de aprofundamento, pedindo um resumo ou outro. Sorteará em classe outras leituras que estejam dentro do tema trabalhado e depois socializá-las retomando o assunto anterior.

Enfim, o professor deve planejar passo-a-passo a condução da leitura, pesquisar textos preocupando-se em ter um objetivo bem definido para desenvolver com os estudantes. Os textos devem estar à altura do repertório dos alunos para que o diálogo com a leitura seja produtivo, mas sem desconsiderar a diversidade de outros gêneros, os quais podem também ser inseridos e assim aumentar o repertório de leitura dos alunos.

Para facilitar a escolha de bons livros, consulte a lista dos altamente recomendáveis, ou procure fazer uma sondagem sobre a preferência de temas de cada aluno. Dependendo do número de alunos da turma, selecione um número maior de obras literárias para serem levadas para a sala de aula. Cada aluno escolherá o livro que quer ler. Determine um tempo para a leitura. Decorrido o prazo, passe para a parte de socialização dos conteúdos lidos. Em síntese, estabelecer um processo de condução de leitura que leve o aluno a uma produção consiste em:

-Pensar na atual concepção de leitura, a leitura de mundo e levar em conta a dimensão formadora da leitura;

-Ler um texto e colocar em ação o conhecimento de mundo, o conjunto de vivências, de experiências que possui.

-Trabalhar diferentes gêneros textuais com variadas linguagens, desenvolvendo a competência lingüística e a competência crítica;

-Trabalhar os aspectos informativos, mas também formativos (temas transversais);

-Salientar a atuação do educador enquanto mediador e estimulador da prática de leitura;

-Perceber que a literatura é integradora de saberes.

-Reconhecer a importância da leitura-prazer e da leitura-crítica interpretativa.

-Ativar o conhecimento prévio dos alunos, ensinando a fazer perguntas sobre o texto, para aumentar as inferências necessárias para atingir seu objetivo.

-Fazer hipóteses e previsões sobre o texto a ser lido. E ensinar a estabelecer previsões, baseando-se no gênero, no título, no subtítulo, nas ilustrações, etc...

-Favorecer a participação do aluno por meio de perguntas e situações em que ele tenha de fazer uso de estratégias que lhes facilitem a compreensão do texto.

-Articular diferentes situações de leitura silenciosa, coletiva, oral, individual e compartilhada e selecionar os textos mais adequados para alcançar os objetivos.

-Estimular a turma a sempre trocar idéias e discutir o que foi lido.

-Propor trabalhos em que os alunos precisem ler para seguir instruções, revisar a própria escrita, praticar a leitura em voz alta e memorizar.

-Definir o aluno que deseja: leitor crítico, criativo, competente, consciente e autônomo.

Através de discussões, composições e observações, que se descobrem os interesses de cada aluno e a necessidade de aumentar os conhecimentos acerca de determinado assunto. De posse dos conhecimentos do tema em questão, o educador descobrirá como ajudar os alunos a enfrentar as dificuldades que eles apresentam. (BAMBERGER, 2004, p. 68).

Sendo assim, entendemos que ler e interpretar textos verbal e não-verbal são atividades realizadas nas mais diferentes circunstâncias; estabelecer um caminho único de procedimento seria insuficiente, pois a forma como se lê um texto varia mais de acordo com o objetivo do que com o gênero, mas pode-se ajudar o aluno a entender o conteúdo esclarecendo termos específicos de sua área e fazendo questões problematizadoras e abrindo espaço para as possíveis discussões sobre o assunto em debate.

Por conta da proficiência da leitura, o professor, de maneira sutil e eficaz, poderá fazer com que elementos da escrita: livros, autores ilustradores, poetas... sejam transformados no tema central das conversas em sala de aula "mesmo que esporadicamente" sem burocratizar ou forçar essas conversas. Para alunos que estão em plena adolescência, é interessante que lhes sejam oportunizadas leituras que venham ao encontro dos anseios juvenis, tendo a ver com a sua realidade que certamente difere uma das outras.

Partindo desse propósito, não se pode aqui desconsiderar as teorias metodológicas sobre a leitura, uma vez que estas se fazem necessárias. No entanto, deve-se ressaltar que as sugestões de estímulos à leitura não devem ser concebidas como receituários, já que as atividades em si mesmas só têm razão de ser quando amarradas às finalidades e aos conteúdos do ensino. Práticas que envolvem a leitura, que deram ou que estão dando certo, são na verdade testemunhos de que é possível se trabalhar com sucesso e formar leitores competentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao estudar e pesquisar sobre a leitura, tem-se a oportunidade de observar a rotina de sala de aula, sob um ponto de vista diferente. Agora como pesquisadora sobre como se realiza a condução da prática de leitura, percebe-se que o professor tem de entender a leitura como prática social que se realiza em processos, como algo diário, contínuo ligado à família, escola, trabalho, etc. Sem essa ligação à sua própria realidade, não tem como oferecer ao alunado uma produção coerente e crítica. Convém lembrar também, que todo o trabalho educativo deve ter como suporte central o próprio planejamento, a explicitação dos objetivos, das finalidades, a metodologia e a avaliação que também são essenciais ao desenvolvimento de todo processo de leitura.

Para chegar a estas conclusões fez-se uma abordagem geral sobre a leitura, buscando não só evidenciar a realidade da prática de leitura, como também discutir formas sobre como melhorar a condução dessa prática. Os conhecimentos empíricos de sala de aula centraram-se em professores e alunos das turmas de 5ª série do Ensino Fundamental. Embora, o critério para a escolha das escolas a serem pesquisadas tenha sido o de que ambas atendem alunos que pertencem a classes sociais diferentes e assim esperava-se que as respostas também fossem diversificadas, no sentido de que economicamente os alunos de escola particulares têm mais oportunidades de terem acesso à leitura, mas isso não aconteceu de fato. Tanto numa escola quanto na outra os alunos demonstraram que apesar de lerem, ainda não conseguem tomar a leitura como um fator primordial de aprendizagem, que implica o desenvolvimento de todas as áreas de conhecimento.

Nesta perspectiva, com base nos resultados obtidos em pesquisa, constata-se que ainda temos de melhorar muito a prática de condução da leitura. Diante desse quadro, observou-se que nem sempre a falta de gosto pela leitura se dá pela ausência de oportunidade, mas sim pela forma como é conduzido o ato de ler. Verificou-se ainda que o professor precisa e deve ter domínio das concepções de leitura, os tipos, os níveis, as fases, enfim, saber quais os procedimentos se adequam ou são mais eficazes para a sua realidade de sala de aula, e em vez de apenas teorizar, mostrar ousadia, experimentar, ajustar alguns procedimentos que deram ou que estão dando certo e executar.

Desse modo, pode-se afirmar que cabe ao educador valer-se dos recursos disponíveis, buscar ou construir técnicas de ensino a partir daquilo que ele já tem. Priorizar a necessidade do aluno, fomentar a leitura dentro de um ambiente agradável. Antes de qualquer trabalho de leitura deve-se ter em mente primeiramente a compreensão de seu objetivo: o que tenho de ler? Por que tenho de ler? Para quê? Porque são os objetivos da leitura que determinam o modo como um leitor se situa diante dela e controla a compreensão do texto, mostrando ao aluno que seu trabalho acarretará em um resultado, induzindo-o a realizá-lo com destreza.

Nós, enquanto professores, somos os principais responsáveis por esta missão, capacitando o aluno para que este possa descobrir o quanto a leitura crítica tem um potencial emancipador contra a fragmentação e a alienação, e saber que o leitor crítico é por definição um bom leitor, nunca um mero decifrador. É com base nessas e em outras reflexões que seremos capazes de melhorar a condução da pratica de leitura e assim formar alunos leitores.

REFERÊNCIAS

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SILVA, Ezequiel Theodoro da, Elementos da Pedagogia da leitura. 3ª ed.  São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução de Claúdia Schilling. Porto Alegre. Artmed, 1998.


[1] Cf. SOLÉ, 1998.

A leitura inspecional é a leitura rápida, horizontal que se faz para tomar conhecimento do conteúdo geral do texto através de títulos, subtítulos e da fixação de alguns parágrafos.

[2] Leitura analítica é uma leitura atenta, reflexiva, vertical, pausada, com possíveis releituras, que visa a apreender e criticar toda a montagem orgânica do texto.

[3] Cf. BAMBERGER, 2004. p. 25.

[4] Ibid., p. 80

[5] Cf. FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para ler e entender o texto: leitura e redação. 16ª edição. Editora. Ática. 2006.

[6] Cf. Vasconcelos, 1996.


Autor: Domiciane Araújo


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