DIA INTERNACIONAL DA MULHER. O CATADOR DE PAPEL.



Andando pelas ruas da cidade tive o privilégio de poder contemplar os extremos da vida.

Um catador de papel ... pessoa fora de seus padrões. Estava ele a caminhar pelas ruas cantarolando canções de amor e seu  carrinho completamente enfeitado de flores.

Nele (carrinho)  não havia nem dez centímetros em branco... sem flores... todas colhidas no lixo da cidade... e todas colocadas em perfeita harmonia  fazendo uma decoração uniforme.E ele uma figura masculina bem marcante. Homem alto, moreno claro, usando  cavanhaque, bonito... magro... porém com as vestes bem sujas...no seu rosto estava reluzindo a estrela  do amor...

Aquilo me intrigou. No exato momento senti falta da minha máquina fotográfica, pois era uma situação notória para que todas as mulheres pudessem ver.

Desci do carro e pedi que ele viesse falar um pouco comigo.Ele indagou: - Eu?? Respondi que sim. Ele veio ao meu encontro sorrindo...  perguntei a ele o motivo do sorriso, da felicidade, das cantorias e das flores no carrinho. Ele respondeu com muita polidez: - Tenho em casa um amor. Minha amada é a melhor e mais bela mulher do mundo e  por isto estou sempre feliz. Ela é tudo que um homem precisa para se sentir realizado.

Pedi a ele que a descrevesse ...   com  sinceridade estampada  no rosto disse: ela é  fofa, cabelos castanhos, olhos negros, tem um metro e sessenta e pesa 82 quilos. Mas o seu coração pesa três vezes mais de tão grande ele é. Fui casado pela primeira vez com outra pessoa e deste casamento vieram cinco filhos. Certo dia a primeira esposa me abandonou com os filhos e foi viver um grande amor com um dono de boate. Eu e meus filhos sofremos muito. A dor do abandono  é sempre cruel. Então conheci Maria trabalhando de doméstica numa casa em que fui ajeitar um jardim... a princípio notei que ela  tinha uma certa dificuldade com o braço. Mas ela se doou tanto,   tanto de si  que hoje saio para trabalhar e a deixo em casa... Ela fez pra mim o que nenhuma Maria esbelta faria... ela criou meus filhos como se fossem seus... mesmo faltando uma mama nunca deixamos de fazer amor.Ela cuidou foi do meu coração... podou meus defeitos com palavras meigas, regou minha alma com as águas de suas lágrimas... adubou meu ser com atitudes que elevam  e hoje essas flores são para ela, e este carrinho representa tudo que sinto e tudo que somos.  Este carrinho não tem preço.

Texto escrito por

Mara Arantes Costa   dia 05/02/2010

 


Autor: Mara Arantes Costa


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