CAUSA E EFEITO
De cútis ebúrnea e pele macia
De modos torpes lascivos trejeitos
Dava a quem pedisse o abastado peito
Seu lúbrico corpo a todos servia
Permitiu-se objeto assim consumiu-se
O tempo exíguo que lhe viu em festa
Andando descalça na rua da orgia
Vendendo vigor vivendo magia
Toma-lhe veloz o belo que resta
Banal se fez foi de muitos por vez
Quem na volúpia ardente se perdeu
Agora caçoa lhe vendo em trapos
Indiferente olha pra seus farrapos
E a se mesmo nega; nunca foi meu!
Com ira cobra-lhe o mundo que gira
A avidez do tempo tudo devora
E veste em andrajos a sua dita
Dispondo fria sua nudez proscrita
A antes apetente carne doutrora
Ruiu, vendo a sina que lhe consumiu
Ora o etilismo os seus ares povoa
Culpando a vida por seu despudor
Confusa se gasta presa na dor
Zoina sem norte no mundo do à-toa
Mente enleada inconsciente mente
Ensaia um riso gastado punido
Arrogando-lhe a sina e seus conflitos
Herdeira mor de um fadário maldita
Alma perdida no abismo caído
É tarde pra bradar! Mundo covarde
Futuro, frustrado inglória, escuro
Tristalma, que da vida teve tudo
E o mal arbítrio logo lhe tomou
Essa alma que cadente não chorou
Banha-se em lágrimas dum choro mudo
Sai da vida um corpo que mal viveu
Enferma no etéreo uma alma vagueia
Purgando defeitos graça anseia
Perdão pra culpas e pecados seus
Autor: Francisco Sobreira
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