No Lixão



(Falo da minha cidade, mas o leitor pode fazer as devidas adaptações e aplicar à sua!)

Nossa cidade já foi melhor. Já teve aspecto mais apresentável. Houve épocas em que a gente andava pelas ruas e havia limpeza, não havia crateras, nem poeira sendo jogada em nossa cara pelo asfalto desleixado, esburacado e enterrado.

Mas as coisas mudaram, como tudo muda. E chegamos a isto. Mas, como tudo muda, prefiro acreditar que as ainda veremos nossa cidade novamente embelezada. Não nos falta muito: é só administrar!

Há perspectivas de crescimento da indústria. E isso representa duas possibilidades: ampliar a fedentina que já se sente e a poluição que muitas vezes acompanha a industrialização, ou pode representar a instalação de indústrias que apostam no equilíbrio ecológico e, consequentemente, provoquem um salto qualitativo. Mas, em ambos os casos, precisaremos de alguém para administrar a cidade. Para coibir a ampliação da poluição ou para aprimorar possíveis projetos de melhoria ambiental.

Nosso problema, atual é outro. É que nossas ruas estão sujas. É verdade que se dá uma vassourada aqui e ali. Mas a sujeira continua. E não estou me referindo à possível sujeira moral e de possíveis armações realizadas nos gabinetes. Estou falando da sujeira que emporcalha a tudo.

Nas ruas o que se vê são sacolas de mercado e latas vazias e garrafas descartáveis. Coisas que poderiam ser recicladas, mas que permanecem dias e meses às beiras das ruas... como diz aquela música em que o “Pedro pedreiro” fica “esperando, esperando, esperando só”. Só que os detritos nas ruas não ficam sós, eles aumentam. E não adianta semana do meio ambiente nem dia do meio ambiente. Nem mesmo eventuais campanhas de plantio de árvores. Tudo isso só mostra que ainda somos uma cidade com população que não aprendeu a cuidar do básico da higiene que é não jogar papel e lata e garrafa nas ruas. E por isso, também, precisamos de gente para administrar a cidade.

Sei que alguns já se irritaram com estas “mal traçadas linhas”. Mas não estou mentindo nem inventando. Só estou afirmando que temos muito que aprender e para crescer. Outros dirão que os caminhões de lixo passam regularmente pelas ruas, coletando o lixo nosso de cada dia... Mas é insuficiente. Passam de vez em quando. E, muitas vezes deixam sacolas para trás. Outras vezes arremessam uma sacola por cima do caminhão e ela vai cair do outro lado e... você sabe o resultado.

Pior ainda. O caminho para o que deveria ser o aterro sanitário é muito bem demarcado por sacolas de lixo, papelão, garrafas e outros volumes malcheirosos que vão caindo dos caminhões. E ficam por ali e os carros passam por cima. E aquilo vai se esparramando. E vai emporcalhando tudo. Nem precisa ser um bom seguidor de pistas para localizar aquilo que deveria ser um aterro sanitário: o rastro do lixo vai marcando a cidade e a estrada e as entradas dos sítios e chácaras. Alguém que administrasse a cidade poderia perceber isso. E sanar a falha.

Não vivemos mais em épocas obscuras ou em que as pessoas desconhecem os perigos e riscos da degradação ambiental. Vivemos numa sociedade com pessoas relativamente bem instruídas. Então o que nos falta? Retomar os rumos. Por em prática tudo o que já sabemos. Conjugar um verbo, numa conjugação estranha, mas limpa: eu não sujo, tu não sujas, nós não sujamos e todos teremos uma cidade limpa.

Talvez, vendo o esforço da população, alguém que venha a administrar a cidade possa se dar conta de que lixo também pode render dinheiro. Pode ser que a iniciativa da população mobilize algum empresário empreendedor que vislumbre a lucratividade do lixo. E o poder público faça aquilo para o que existe: ofereça as condições a fim de que a população viva melhor.

E se não encontrarmos esses empresários que possam receber apoio da administração pública, poderemos apelar para as atividades alternativas e ecologicamente possíveis: recortar as sacolas de mercado, fazer trancinhas e tricotar tapetes e outros apetrechos com o lixo; construir porta-trecos com CDs velhos e disquetes imprestáveis; confeccionar embalagens ornamentais com latas ou garrafas descartáveis ou embalagens de leite. A indústria do artesanato pode dar certo, se houver algum vislumbre de boa vontade dos artesãos e acolhimento da administração pública.

Podemos dizer que a população, de modo geral, já deu o primeiro passo. Em quase todas as residências já se usam as sacolas de supermercado para embalar os dejetos. O lixo vai para o lixeiro, em sacolas de mercado.

Só nos faltam administradores da coisa pública para darem o seu lado do empurrãozinho em direção da limpeza e outros mecanismos para industrialização lucrativa do lixo.

Nossa cidade já foi melhor, decaiu, mas pode vir a ser muito melhor. Não nos falta muito. O povo está ai para fazer sua parte, falta a parte de quem tem que fazer a outra parte e a parte de quem nos convoque, a todos, a fazermos o que precisa ser feito!

Prof. Ms. Neri de Paula Carneiro
Filósofo, Teólogo, Historiador
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Autor: NERI P. CARNEIRO


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