MEMÓRIAS



Há muito tempo eu não me sentia morto...

Não sei o porquê ainda teimo em ficar de pé...

A agonia é minha companheira fiel, e a todo instante

Faz-me lembrar de que já chegou a hora de partir.

A aurora já me deixou, faz muito tempo...

Vento, tempo, tempo... Fecho a janela...

O tempo não me deixa ficar só, oh! Companheiro...

Que solidão... que solidão cá dentro!

E o vento? E o tempo?

Foi-se a memória da vida buscar a memória do tempo...

E quando me lembro da criança, nas andanças da vida,

Eu perco-me em lembranças, perco-me nas esperanças

Um roto, um rato, que importa...

Só um gato suporta correr com um rato... por um rato

O que eu quis, lá ficou... lá no fundo...

Que mundo! Oh, que mundo de meu Deus...

Que eu não tenho direitos, não tenho nada...

Arranca-me daqui senhora piedade!

Por piedade, não me deixa sofrer...

Sou um defunto que agoniza num fundo

Sem fundo do mundo sem fundo.

Por piedade: não me deixa só... tem pena

Desta alma penada, que sem nada pra dizer;

Sem nada pra fazer; teima.

Ó lema! Dilema de um pobre sofredor

Que é tomado de horror quando se vê só

Pena que é dó: que dor no amor, que dor...

Teima... o dilema foi seu princípio, seu meio

E será o seu fim. Pena de mim...

Não! Não tenha pena. Digam: adeus.

Eu simplesmente passei por aqui.

Eu quis, eu pedi... não sei porque agora...

Mas eu pedi!

 


Autor: Ubirajara Gomes De Sá


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