Entender, para aceitar!



Indubitavelmente, de uma forma ou de outra, o dia 29 de cada mês ficará marcado em minha vida. Inesquecível ainda, foi a dor de acompanhar os oito dias em que meu esposo resistiu, de forma incômoda, certamente, todos aqueles tubos, em um leito da UTI do Hospital de Referência de Araguaína, lutando contra a morte e todo o maquinar dessa tragédia, segundo as conclusões policiais, é que o alvo era a arma que Adão portava, sendo registrado no processo, pelos advogados de defesa que eles não tinham mesmo a intenção de matá-lo! E outro agravante, é que os acusados se encontram em liberdade, pois foram plenamente orientados a omitir a verdade.Em paralelo a tudo isso, registro aqui a dor família Ferraz. Recordo-me, que na manhã de 29/01/2010, enviei um e-mail a Rita Ferraz, na tentativa de ser solidária pelo momento difícil que seu esposo e meu amigo querido Rômulo José Ferraz atravessava, pois havia passado por uma delicada cirurgia de pancreatite aguda e, dada a gravidade do seu quadro, creio que em torno do dia 21/01, não sei ao certo, fora induzido a estado de coma pelos médicos, procedimento este que tem por finalidade tornar o paciente inconsciente, diminuindo-lhe o sofrimento de dor e outros incômodos que um pós-cirúrgico possa trazer.Além de lamentar a perda de um amigo querido e muito especial, que embora o conhecesse apenas virtualmente, mas que se tornou tão presente na minha vida, lamento a sua partida como de alguém que representou muito mais que aquela pessoa que trocamos comentários soltos pelo msn ou que vez e outra trocamos e-mails e mensagens pelo Orkut. Insisto em ressaltar, que Rômulo foi mais que isso na minha vida, além de cativar com os poemas a mim dirigidos e da aproximação que extrapola a frieza da distância mecânica do mundo da internet, foi-me um pouco de figura de pai, amigo, irmão, poeta eloqüente, galã, companheiro, idôneo e psicólogo, e isso me fez sentir tanto a sua falta como se o conhecesse há anos, pois mesmo com a diferença de idade entre nós, soube ser um homem a frente de seu tempo, uma vez que a eloqüência e a atualidade nas suas inferências o traduzem uma pessoa rica em amor, sonhos, otimismo e muita bondade, sempre disposto a ouvir e preocupado em elaborar respostas a altura dos questionamentos que surgiam em um simples bate-papo, fazendo da internet muito mais que um recurso midiático que nos permite um simples teclar à distância e sim, um bem necessário a dar um tom colorido e verídico à vida de um contato virtual!E o mais impressionante nesse ir e vir, é que, ao que me parece, Rômulo e Adão percorreram o mesmo espaço de tempo na UTI, se estiver equivocada que me corrijam seus parentes: dia 21/01/2010 fora induzido ao estado de coma, evoluindo a óbito na madrugada do dia 29/01, quando Adão entrou em coma, por razão do espancamento ainda na madrugada do dia 21/08/2009, evoluindo também a óbito no amanhecer de 29/08.Muita coincidência, não? Mesmo período, espaço de ingresso na UTI e mesmo dia e horário de falecimento, daí o coerente título que tento dar a este texto de desabafo: Entender, para aceitar! Por que mesmo entender para aceitar?Se pensarmos detidamente sobre o título desta matéria, fica impreterível questionarmos a vida sob um horizonte de incertezas. Talvez, de alguma forma, Adão e Rômulo se tornaram imortais no meu inconsciente: Adão, aos 40 anos de idade, com toda a sua robustez, ainda tinha tantos planos para concretizar na vida, como realização profissional, ver seus quatro filhos Marcos Paulo (15 anos), Paulo César (14), João Pedro (9) e Pedro Lucas (7) crescerem, tornarem-se homens de bem! No entanto, em pleno exercício de seu trabalho é brutalmente atacado por marginais, não sobrevivendo aos oito dias que todos aqueles tubos e aparelhos da UTI o conservaram em vida, e Rômulo, por sinal, embora aos seus 68 anos de idade, manifestava-se um homem saudável e sempre afirmava ter muitos projetos a realizar na vida, sendo uma de suas preocupações a felicidade da sua família e o grande sonho de tornar conhecidos em nível de Brasil e mundo, quem sabe, o seu EU POETA, que tanto nos encantou e o tornará inesquecível em nossos corações!Destarte, fico a imaginar que título ele não daria ao seu mais recente conto para nos socializar essa vitória que a vida o proveria?!Por isso, no meu grande nível de desconhecimento e talvez uma falta de intimidade momentânea com Deus, eu me pergunto inconformada:Senhor, por que os levou?Por que nos deixou à margem de tanta dor e tristeza?Por que a medicina ainda não evoluiu a ponto de salvar vidas que ainda tinham tanto para fazer?Por que tantas pessoas que vivem a maquinar o mal têm múltiplas chances de continuarem vivendo e nos tirando a paz?Por que a minha alegria de viver vem diminuindo a cada dia, a ponto de sentir que nada mais tenho a fazer neste mundo e que a vida me perdeu o sentido?Por que tenho que recorrer a medicamentos controlados e pesados, para usufruir um pouquinho de uma paz tão passageira, pois permitistes que pessoas amadas partissem sem ao menos me dizer: até breve!Senhor, dá-me a sabedoria de ser menos insensível com os problemas do meu próximo! Quantas pessoas perderam tudo no Haiti e tal feito me abalou, por certo, mas nem tanto quanto a partida de Adão e Rômulo? Seria egoísmo demais da minha parte?Senhor, quero entender as fatalidades que me acontecem e só assim estarei preparada para aceitar que existe um lugar onde o adeus partiu, cercado de tristeza e de dor; onde alguém especial espero encontrar, amigos que almejo tanto ver (Música "Existe um lugar" - Grupo Logos).Senhor, presenteie-me o dom do entendimento ou então, desfalecerei pouco a pouco!Senhor, preciso entender, para aceitar! Se o tempo é um bom remédio que nos traz discernimento, por que após cinco meses meu coração ainda não conseguiu aceitar a partida repentina de meu esposo e agora, tão recente, a descoberta de um câncer evoluído em tão alto grau, que levou subitamente Rominho do nosso meio também?Adão Ribeiro e Rômulo José Ferraz: NEOQEAV e até breve!LídiaRibeiro.


Autor: Lídia S. C. Ribeiro


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