Um dia ... um quintal.
Um dia eu já tive um quintal.
Um quintal lindo!!!
Com árvores frutíferas, flores perfumadas, borboletas mil, passarinhos alegres.
Banquinhos debaixo da jabuticabeira.
Sentávamos
ali e ficávamos ouvindo o canto dos pássaros.
Saboreávamos os doces frutos da jabuticabeira, laranjeira,
pitangueira, do pé de acerola, da mexeriqueira, do jambeiro,
das ameixeiras, etc.
Eu podia passar um milhão de tardes naquele lugar de tão especial que era.
Era o lugar mais gostoso de nossa casa!
Hoje se tornou um depósito de lixo e entulho.
Destruíram meu lugar especial.
Destruíram meu recanto tão agradável.
Hoje é só sujeira, lama, lixo.
Hoje tudo aquilo se perdeu. Cortaram minhas queridas arvores, Pouco a pouco, destruíram tudo.
A
jabuticabeira que ainda resiste a tudo, já não
tem mais aqueles agradáveis banquinhos debaixo dela.
Hoje ela está afundada em entulhos por todos os lados.
Eu me entristeço no fundo da alma quando vou lá e sei que ela está triste também.
Ninguém mais suporta aquele lugar.
Eu sinto como se tivesse sido roubada. Roubaram a minha alegria.
Sequer posso reclamar. De nada adianta.
Posso apenas entristecer-me.
Entristecer-me
e sentir saudades do meu lugar especial. Pois não me
entendem. É como se todo aquele entulho fosse muito mais
necessário.
Quem se importa com o que penso ou acho de tudo isso?
Não tenho esse direito. Sou como um nada. Morri.
É
isso. Estou morta. Portanto ninguém me vê,
ninguém me ouve, ninguém se importa com meus
sentimentos.
Quando falo me ouvem, mas não me escutam. São apenas tolices.
Deve
ser assim que se sentem as almas que voltam na terra e vêem
as coisas que lhe eram tão caras jogadas,
destruídas, desprezadas.
Regina Notoroberto - todos os direitos reservados
Autor: Branca Brazil
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