Dogmas Materiais e Medo Urbano



A violência que se instalou no mundo contemporâneo é fruto da inoperância dos dogmas políticos e da realização da escolha que fizemos pelo capitalismo, criando um sistema complexo e uma violência de caráter histórico, cultural e social. Na maioria das vezes vamos buscar a solução em ações imediatistas, como o caso das prisões, mas, haverá um momento em que este sistema prisional não suportará, pois, o capitalismo transforma a toda hora pessoas boas e pessoas do crime. Devemos sim, parar e buscarmos soluções em longo prazo, a partir de um amplo debate e da mudança de hábito do cotidiano (social).

O resultado de todo o processo de mudança sempre será complexo, haja vista que sua cause é complexa também. Deve haver a restauração das bases sociais? Não por que nunca tivemos estas bases. Quando vivíamos sob o domínio do feudalismo tínhamos a Igreja no poder e vivíamos em uma sociedade póstuma, depois veio o Estado laico e com isso a independência da sociedade e o grito de revolta Protestante instituíram-se o capitalismo. Mas nem a dominação do capitalismo significou avanço social e humano.

O conceito de mudança passa pela reestruturação das bases morais do seio familiar, corrompido pela propaganda e alienação capitalista, que domino os meios de produção de cultura e comércio. Deve haver uma interação entre o que mercado capitalista produz e a mídia distribui com o que é certo ou errado que a sociedade vai absorver.

A violência que imperara na sociedade não deve ser combatida apenas a aplicação das leis e das policias nas ruas, deve haver uma mudança de postura nos mudes sociais, culturais e educacionais. Tudo em nossas vidas é influenciado pela cultura do capitalismo, criada a partir de preconceitos e conceitos históricos. Esse domínio sobre a massa opera diretamente no modo como agimos, como pensamos sobre coisas e a classificamos, e está ligado diretamente com a produção e o consumo. Todo esse processo cognitivo depende da formação moral de cada geração. O processo de aprendizagem começa muito antes do nosso nascimento. Um ciclo vicioso, como processo permanente de aprendizado de um determinado conceito passado de geração a geração, na pós-modernidade isto ocorre de forma inversa. Em outras épocas isto ocorria a partir da assimilação de valores e experiências, que começava do nascimento do homem até a sua plenitude metafísica (morte). Hoje, a cultura depende muito das fases do mercado e dos valores criados a partir de sua ânsia de lucro. Então, não estamos agindo de forma natural e sim moldados e modelados por valores culturais que são influenciados pelo capital e pelo consumo inserido em nossas vidas através do midiático.

De forma geral a atual cultural está sendo transmitida de forma predatória, definindo e delimitando os padrões de conduta, alterando o humano de forma direta e predatória.

A sociedade está se tornando cada vez mais desumanizada, os valores humanos estão sendo deixados de lado em troca do interesse individuais, visando somente o econômico. Com isso, o homem não passa de um mero instrumento ou produto compensador do lucro farto e certo, onde a única coisa que tem a oferecer é o seu trabalho de forma desigual e desumana, e as grades empresas capitalistas vêem no homem somente o que ele tem a oferecer, ou seja, o consumo. Temos que trabalhar mais e mais para consumir ainda mais.

Esta sensação é criada pela indústria de capital de consumo, que cria de forma inconsciente nas pessoas a sensação de que sempre estamos precisando consumir alguma coisa e estas coisas não são as necessidades (casa, comida, vestir-se e etc.), ai passamos a consumir incessantemente. Somos moldados conforme o interesse da indústria do capital, impedindo a formação adequada e a autonomia individual das massas. Para essa forma peculiar de ditadura não interessa que haja independência e autonomia do humano, perdemos o nosso poder de julgamento, não temos a consciência da importância que temos para as demais decisões a cerca do nosso próprio futuro.

A economia está vivendo dias negros, por conta de diversos aspectos sociais e ideológicos. Criaram guerras, e como conseqüência veio a fome, a violência e a depredação do ambiente. O mundo está vivendo varias transformações, inclusive no campo tecnológico, mas tudo em nome do capitalismo predatório, na tentativa de fortalecer o capitalismo. Com todos os avanços tecnológicos o homem perde a sua autonomia, fica cada vez mais desumanizado. O mercado não conhece uma ética especifica, onde o que impera são as próprias leis de mercado e a livre concorrência.

A todo instante, novas ideologias são criadas e expostas para a população, como forma amenizar o sofrimento (acalentando). O que vale para um homem pós-moderno é ter, adquirir bens materiais. Como consumidor não precisamos ter o trabalho de pensar na hora de adquirir algo é só escolher, pois, a grande indústria midiática já escolheu tudo por nós. Somos instrumentos apenas de trabalho e consumo, nunca somos sujeitos e apenas objetos, até mesmo a nossa felicidade é condicionada ao capital.

Os grande formadores de opinião estão todos alienados, pela ânsia de submeter as pessoas as suas opiniões pessoais e a suas marcas patrocinadoras, os programas midiáticos têm que vender os seus produtos. A grande força do capital e sue instrumento de alienação (a mídia) proporcionam à nós necessidades, criando a insatisfação em tudo e em todos os lugares, com isso, o processo tecnológico e midiático dominam a humanidade através do sentimento de meu, excluindo o nós ou nosso.

Abandonamos e criamos falsos valores estéticos que interferem no ético e no econômico. Delimitando o espaço social e moral da maioria das pessoas. Somente no campo da arte somos livres e inovadores, fazemos e criamos um novo homem e um mundo melhor, através das expressões teatrais e das obras de artes. Na arte o homem é um ser livre e autônomo, pode agir e pensar de forma sistematizada. Pode escolher o perfeito diante do imperfeito.

É fato que vivemos a ditadura midiática, e por conta disto somos influenciados a todos os instantes. A mídia cria uma vida utópica em torno das nossas vidas, dando a impressão de que tudo está bem, quando na verdade está tudo errado. Atualmente criou-se a ideia de que se você não estiver ligado a nenhuma rede de comunicação social (via internet) você não exerce o seu dever de cidadão pós-moderno, hora não descobrimos nem o que é ser moderno e já queremos excluir os não pós-modernos.

Criou-se a estigma de que o importante para haver uma comunicação são as ferramentas da internet e suas mídias e redes sociais. Ou faz parte ou está condenado a exclusão. Essas redes sociais estão cada vez mais enfocando apenas o individuo e isolando as pessoas em seus mundos, vazios e fechados nos arranha-céus de pedras. Perdeu-se completamente o sentido de comunidade e sociedade, o comprometimento coletivo que as pessoas tinham, em detrimento da existência foi aniquilado. A velocidade da informação e a dependência cada vez mais acentuada dos meios de comunicações obrigaram o homem a se isolar cada vez mais diante de um computador, interligado a alguma rede social.

Está sendo criando um novo tipo de homem, moldado pelas redes sociais, e sua solidão excessiva, juntos e separados ao mesmo, um eterno paradoxo existencial. No mundo das redes o tempo passa depressa, estamos sempre em cima da hora ou atrasados por causa de sua inovação quase que momentânea (o que foi ontem, hoje não é mais), somos prisioneiros do tempo e do espaço.

No mundo da informação e da formação tudo já vem pronto e acabado, não temos mais o trabalho de pensar em nada, engana-se, pois quando não se pensa, provavelmente está sendo pensado por alguém.

Sentimentalmente não tenho e não vejo a necessidade às inovações, mas, consigo viver sem tamanha revolução tecnológica? Essa geração ficará marcada pela decadência humana, provocada pela expansão do consumismo capitalista nada cientifico e apenas utópico. Pelo desenvolvimento da mentalidade liberal, que inconscientemente culminou no anarquismo revolucionário e dogmático. Ficará marcada também pelo populismo de alguns homens e pelo surgimento de um novo socialismo, surge o socialismo-liberal/economicamente-capitalizado, como exemplo, temos o caso da china um sistema liberal do ponto de vista financeiro, socialismo, pois exige isto da população e altamente capitalista.

Neste período ainda vemos o trabalho como forma de garantir a existência da burguesia. Ainda teremos o domínio do capitalismo selvagem como forma de justificar a existência e o progresso humano. Neste mundo de hoje de concreto que existe é sangue suor e exploração dos ricos sobre os pobres, ou seja, ainda continuamos colônia dos imperialistas. Justificam guerras alimentam-nas e invadem as nações e exploram ao máximo sua riqueza e seus recursos naturais.

Sozinhos os países capitalistas não tem como sobreviverem no mundo, na realidade esses países são como um parasita, só existe porque existe uma fonte inesgotável de energia. Na realidade, forte e robusto são os países subdesenvolvidos, que sustentam a ostentação do primeiro mundo.

Não deixaremos de existir, pois, com nossa violência, fome e analfabetismo, sempre seremos um mal necessário aos países ricos e desenvolvidos economicamente. Temos riquezas de petróleo e minerais preciosos, somos consumidores e dependentes de seus produtos, dependentes por conta da política capitalista adotada por nossos governos e nossa indústria cultural, que é toda programada para incentivar o consumo. Em suma, somos o mercado para os seus produtos industrializados e tecnológicos. E ao mesmo tempo temos a matéria prima para produção destes produtos. Quem é que depende de quem? Somos nós deles? Ou eles de nós? Estamos em vantagem, temos a matéria prima e o mercado consumidor de nossos produtos. Por isso, os países ricos nos devem respeito. Na realidade não somos e nem seremos colônias do imperialismo capitalista.

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O socialismo social-democrático é humanamente possível e necessário, para dotar os corações duros, podem até achar que o socialismo é perverso e totalitário, mas o capitalismo, com a força de seu capital, não é? Causa a desigualdade entre os homens, determina que possa mais quem tem mais.

Estamos cada vez mais presos aos aparatos tecnológicos, criado pelo desenvolvimento tecnológico e os meios de produção em massa, nos tornamos reféns da tecnologia e do consumismo, imposto pelo capitalismo selvagem. Na maioria das vezes somos induzidos ao consumo e a vida reclusa em nossas fortalezas, nas selvas de pedra.

A violência está estritamente ligada com a nossa vontade de consumo (diga-se de passagem, imposto pelo capitalismo), foram anuladas as vontades metafísicas e a vontade de potencia, em nome da nova produção cultural, por um lado negamos que somos animais e por outro deixamos de buscar conforto no paraíso e negamos a eternidade dos fatos, em nome da recompensa terrena, ainda estamos a procura da terra prometida, onde jorrarão fontes de ouro e teremos 70 virgens para cada homem morto e sacrificado em nome do novo estilo de vida.

Então convenhamos, o capitalismo transformou a ação humana em algo que não fosse intencional e em nada convencional, desfigurou a liberdade natural e os impulsos, além de anular a vontade de potencia, o aprisionamento é um determinismo do sistema e suas mais diversas ideologias. A ação humana é um conjunto de fenômenos sociais, ocasionados pela apropriação do trabalho, da reflexão e da propriedade natural.

Ao aderirmos a nova ordem mundial, determinamos a renúncia do homem, renunciamos a nós mesmo. Renunciamos o direito de viver em troca de uma amoral consumista depravadora do estético e do natural. Vivemos uma democracia e temos o direito de escolha.

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Substituímos o domínio moral, pela crença exacerbada nas doutrinas religiosas (nos pastores e nas Igrejas), estão os cristãos trocando a fé firme num Deus soberano e onipotente, por um monte de possibilidades oferecidas pelas doutrinas religiosas? Nem o mais pessimista dos ateus poderia imaginar que a força do capital iria tomar os corações desgarrados e sedentos por recompensas metafísicas seriam imediatas.

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Estamos condenados a desigualdade de valores e culturas. Regionalmente podemos constatar de forma a posteriori e a priori, que todas regiões do Brasil são idênticas por mais que se tenha criado o mito de existe uma enorme diferença de culturas entre o Norte e Sul.

Quando se manifestam desejos, aflições podemos ver reunidas todas as classes sociais, é muito comum durante revoltas estudantis e protestos contra a violência.

Ultimamente vemos pessoas de todas as classes envolvidas na luta contra a pedofilia, alimentada pela própria cultura que cultuamos, seja através da musicalidade que alimenta o nosso imaginário estético de prazer ou pela teledramaturgia, onde mulheres são expostas como frutas comestíveis. Todos nós cultuamos o vulgar como o erudito artístico, insolente debochador como cômico e o real social como o épico trágico.

A industrialização da mídia proporcionou a inversão de valores em nome da audiência, excluindo a eficiência do seu dicionário. Vendemos comidas, remédios, carros e cassas de forma erotizada, transportando para dentro da televisão circunstanciam reais de forma apelativa ao vulgar e ao nu enquanto apelação.

Habitualmente estamos condenados, a consumirmos tudo o que se expõe na mídia, do carnaval ao natal. Somos doutrinados pela mídia a não pensarmos em nada, excluindo do nosso racional a crítica e a argumentação. Estamos condenados a eternidade da inocência bestial de adultos, somos prisioneiro livres de um bando de Maria vai com as outras.

Todos os dias nós (em geral) nos defrontamos com noticiários sobre violência e isto nos leva a busca de soluções para tantos problemas. Se a sociedade é organizada será incomum as pessoas reproduzirem violência!

Temos uma sociedade ainda em formação, muito jovem se comparada a outras sociedades mais antigas. E com uma formação deformada devido ao estilo de colonização que recebemos. Isto torna a sociedade brasileira mais fragilizada e faz com que cresçam os índices de violência. Somos uma sociedade fundada dentro dos valores capitalistas e isto faz com que perdemos a noção de coletividade e passamos a ver somente o "Eu".

Abrimos mão de uma sociedade civilizada em troca de um estilo de vida imediatista e consumista, não temos mais a noção do que seja um professor, ou até mesmo educar. As famílias estão esfaceladas e com isso a criança cresce sem ter a noção da instituição familiar e dos seus valores e sentimentos. Delegando toda esta responsabilidade à escola. As pessoas estão trazendo a violência para dentro de casa, praticando uso de drogas ou de atos de agressões contra a própria família ou até mesmo por meios de comunicações.

Toda esta violência ultrapassou a barreira das classes sociais e atinge o rico o favelado e até o artista, justamente ele o artista que vivencia uma vida de fabrica de ídolos e acalenta a classe que vive além dos padrões de comportamento criados para disciplinar os transgressores da ordem pública.


Autor: Leonildo Dutras De Oliveira


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