DESVELANDO OS CAMINHOS DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL



INTRODUÇÃO

 

 

            A todo o momento estamos avaliando o ambiente, as pessoas que nos rodeiam e as nossas próprias atitudes. A avaliação é um tema extremamente complexo para se discutir, porém ela está presente no dia a dia de todos nós. Mas neste referido artigo a avaliação está relacionada com a escola, ou seja, Instituição formalmente constituída para educar, formar e informar os que dela fazem parte.

 

 

            A avaliação faz parte do complexo processo da educação, estando presente de modo informal (desde a direção, funcionários e professores até alunos) e formalmente (no sentido de obrigatoriedade burocrática) na escola e em sala de aula.

             

Diante dessa variedade de situações, conceituar e definir avaliação requer contextuá-la, situar sob quais paradigmas, concepção de sociedade, de ser humano, de educação que ela está engajada.

 

            Avaliar vai além de olharmos para crianças como seres meramente observados, ou seja, a intenção pedagógica avaliativa dará condições para o professor ou professora criar objetivos e planejar atividades adequadas, dando assim um real ponto de partida para esta observação, torna-se claro a necessidade de se construir conhecimentos e reflexão por parte de professores educadores acerca do processo avaliativo formal na Educação Infantil.

 

 

            A avaliação contextual faz parte do ambiente natural de aprendizagem e deve ocorrer naturalmente e em movimento, assemelhar-se as condições de trabalho, levar em consideração as diferenças individuais e oferecer feedback aos alunos. LUCKESI (2002) distingue os termos examinar e avaliar. Considera que o que se tem usado na escola é o exame e não a avaliação. O exame, segundo autor, preocupa-se com o desempenho final, e classificatório, seletivo e excludente, enquanto que as características da avaliação são exatamente opostas.

 

            A avaliação opera com desempenhos provisórios, nesta perspectiva, pode ser considerada como um processo avaliativo-construtivo porque cada resultado obtido serve de suporte para um passo mais a frente.

 

 

            Como nos afirma LUCKESI (2002):

 

 

Os instrumentos de avaliação deveriam ser chamados de instrumentos de coletas de dados para avaliação, por que eles em si não avaliam, mas demonstram dados (nem sempre verdadeiros) que descrevem desempenhos provisórios do aluno, dando base para o educador prosseguir (se necessário retroceder) no processo de ensino aprendizagem. (p.17)

 

 

 

            Todos os instrumentos de coleta de dados sobre a aprendizagem são úteis para uma prática de avaliação, caso os dados obtidos sejam lidos sob a ótica do diagnóstico e não sob a ótica da classificação. Não precisamos abandonar instrumentos que vimos utilizando regularmente na escola, mas precisamos nos servir de instrumentos que coletem dados essenciais sobre o nosso objeto de avaliação.

 

 

 

TRILHAR, EDUCAR, AVALIAR

 

 

           

A avaliação na educação infantil se destina a obter informações e subsídios capazes de oferecer o desenvolvimento das crianças e a ampliação de seus conhecimentos. Dispondo dos principais elementos relativos à criança e à educação infantil, como instituição, podemos planejar e (re) direcionar nosso trabalho cotidiano.

 

 

             Buscando subsídios em  Haydt (1992):

 

 

Nesse sentido, pode-se dizer que o rendimento do aluno é uma espécie de espelho do trabalho desenvolvido em classe. Ao avaliar os seus alunos, o professor está também, avaliando seu próprio trabalho. Daí ser responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas de avaliação (p.7).

 

 

            Nesse sentido, avaliar não é apenas medir, comparar ou julgar. Muito mais do que isso, a avaliação tem uma importância social e política crucial no fazer educativo. Como nos diz os PCNS (2001): avaliar é recolher informações que devem servir para duas finalidades básicas: apresentar aos alunos seus progressos, avanços, dificuldades e possibilidades no processo ensino-aprendizagem (p.94). 

 

            Deve-se então, pensar avaliação como uma maneira de obter dados a respeito da situação escolar do aluno, dada suas condições de ensino, pois o mau emprego da avaliação pode levar a evasão escolar, danos na auto-estima e impedindo acesso ao conhecimento sistematizado, restringindo assim, a oportunidade do aluno de participação social.

 

            Em todo o sistema educacional, é comum que só os alunos sejam avaliados. Mas é preciso analisar criticamente essa prática, pois o fato de os alunos serem o único objeto da avaliação, revela a estrutura de poder e autoridade da grande maioria das instituições escolares.

 

 

            Constata-se, que uma das dificuldades em se trabalhar os erros dos alunos, encontra-se justamente na dificuldade que o próprio professor tem em trabalhar os seus erros, em decorrência de uma formação distorcida, onde não havia lugar para o erro. Neste intento o professor deveria utilizar a avaliação como meio de avaliar o seu trabalho docente, é o momento da práxis educativa para ambos, sendo assim podemos dizer que se está realmente avaliando.

 

 

            É preciso que a avaliação seja reformulada sendo que todos aqueles que fazem parte do contexto escolar, estejam incluídos. Como nos diz Kramer (2002): Nesse sentido, todos são objeto e sujeito da avaliação: professores, equipe de orientação, supervisão e direção (...) (p.95).

 

            Considerando esse contexto, percebe-se que o espaço educativo deve ser negociado e compartilhado entre todos os atores sociais, assim como a construção do projeto político pedagógico, e sua constante avaliação tomada como elementos indicadores de qualidade, seguido de professores que compreendam e pratiquem uma avaliação pautada na ética e objetive o desenvolvimento de todas as crianças na educação infantil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Considerações Finais

 

 

 

            A avaliação, classificada como um processo de ensino aprendizagem, faz parte do trabalho docente, pois permite que o mesmo avalie os resultados dos rendimentos dos alunos, bem como proporciona um momento de reflexão crítica de sua prática. Nesse sentido podemos dizer que o rendimento do aluno é uma espécie de espelho do seu trabalho aplicado.  

 

            Na educação infantil, esta temática foi abordada, e concluímos que os professores do nosso lócus, adotam uma postura em relação à avaliação infantil de acordo com as propostas do sistema de educação, porém, trazem consigo ainda alguns ranços metodológicos, oriundos de sua formação.

 

            Portanto, sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer, porém é notório os avanços que os professores da educação infantil alcançaram,mediante a importância da avaliação no contexto escolar, podemos dizer que é relevante que os professores façam um trabalho sério, competente e constante, que não precisará de provas, testes, notas nem terá dúvida de que assim todos os alunos serão legítimos merecedores de aprovação final. Por outro ângulo, isso não significa que todos os alunos terminarão o ano com o mesmo nível de aprendizagens, pois as diferenças existem para que a escola pratique uma ação homogenia.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação N° 9.394, de 1996. Disposições Constitucionais, Lei n° 9.424, de 24 de Dezembro de 1996 Brasília, DF. 1998.

 

 

 

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o ba-bé-bi-bo-bu.São Paulo:Editora Scipione,1998.

 

 

GRESSLER, Lori alice. Pesquisa educacional: importância, modelos, validade variáveis, hipóteses, amostragem, instrumentos. 3ª ed. Edições Loyola;1998.

 

 

 

 

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem.3ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1992.

 

 

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. 2ª ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2002.

 

 

 

________________. Avaliação e realidade. 17 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998.

 

 

KRAMER, Sonia et al. Com a pré Escola nas mãos:uma alternativa curricular para a educação infantil. 14ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.

 

 

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. 17 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2005.

 

 

LÚDKE, M. E. D. A. MENGA, A Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo; EPU, 1986.

 

 

MICHALISZYN, Mario Sergio e TOMASINI Ricardo. Pesquisa: Orientações e normas para elaboração de projetos, monografias e artigos científicos.  Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

 

 

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. 10ª ed. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2005.

 


Autor: Roselita Maria Andrade


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