Contribuição Grega na História da Educação



Universidade Castelo Branco

Campus: Realengo

Tutor: Ruy

Disciplina: Linguística I                            4º período

Integrantes:

 

            Eliana M. Ramos Baihense                           

            Isabela de Oliveira da Silva                          

Natália Neves Maciel de Oliveira                   

Vanessa Pereira dos Santos                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GRÉCIA: I  Contribuição Histórica

                    II  Relação com o presente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

História da Grécia

 

Os primeiros traços de ocupação humana no território grego datam já da Era Paleolítica (cerca de 120.000 - 10.000 a.C.).

De acordo com os estudos realizados, os historiadores chegaram à conclusão de que aconteceu primeiro a partir da Era Neolítica (cerca de 7.000 - 3.000 a.C.), uma civilização florescente aparece no espaço grego. Inúmeras povoações e cemitérios neolíticos foram descobertos na Tessália (Sesklo, Dimini), na Macedônia, no Peloponeso e em outras regiões.

No início da Idade do Cobre (de 3000 a 1100 a.C. aproximadamente) aparece os primeiros núcleos urbanos no espaço do Mar Egeu (Poliokhni, em Lemnos). Surgem povoações humanas florescentes em Creta, na Grécia continental, nas Cyclades e na região nordeste do Mar Egeu, áreas onde se desenvolvem alguns modelos de civilização. No começo do segundo milênio a.C., em Creta Minóica formam-se comunidades organizadas em torno de grandes palácios, tendo por consequência o aparecimento dos primeiros sistemas de escrita. A partir do núcleo constituído pelo Palácio de Cnossos, os Minuanos organizam uma rede de comunicações com povos do Mediterrâneo oriental, adotam elementos de suas culturas e, os influenciam de maneira decisiva as civilizações da Grécia continental e das ilhas do Mar Egeu.

Na Grécia continental, os gregos micenianos, tirando partido do desastre provocado em Creta pela erupção do vulcão de Santorini (em torno de 1500 a.C.), começam a desenvolver-se e torna-se a potência líder em toda a área do Mar Egeu no curso dos últimos séculos do segundo milênio. As cidadelas micenianas em Micenas, Tirinto, Pylos, Tebas, Glá, Atenas e Iolkós passam a ser os centros de reinos organizados de modo burocrático. A destruição em massas desses centros, em torno de 1200 a.C., levou a civilização miceniana ao declínio e gerou movimentos de populações em direção das costas da Ásia Menor e de Chipre (primeiro período de colonização grega).

Depois de cerca de dois séculos de inatividade econômica e cultural, também conhecidos como "Idade das Trevas" (de 1150 a 900 a.C.), sobrevém o Período Geométrico (séc. IX e VIII a.C.), época em que tem início o renascimento grego. Esse período é marcado pela formação das cidades-estados grega, pela criação do alfabeto grego e pela composição dos poemas épicos de Homero (fim do séc. VIII a.C.). O Período Arcaico que vem em seguida (séc. VII e VI a.C.) caracterizam-se por câmbios sociais e culturais profundos. As cidades-estados gregas estabelecem colônias desde a Espanha no Ocidente até o Mar Negro ao norte, passando pelas costas setentrionais da África (segundo período de colonização grega), criando os fundamentos para o auge do período clássico. Durante o Período Clássico (séc. V e IV a.C.) torna-se patente a hegemonia espiritual e política de Atenas, a tal ponto que a segunda metade do século V a.C. é citada como a "Idade de Ouro" de Péricles. No ano de 404 a.C., após o fim da Guerra do Peloponeso, Atenas perde seu papel de potência dominante.

No século IV aparecem novas potências. Com Felipe II e seu filho Alexandre, os Macedônios passam a desempenhar um papel dominante no território da Grécia. A campanha militar de Alexandre no Levante e a conquista de terras que chegam até o rio Indo acarretou mudanças radicais na situação do mundo conhecido naquela época. Após a morte de Alexandre, os territórios do vasto império criado por ele são partilhados entre seus generais, surgindo desse modo os reinos que irão dominar durante o Período Helenístico (séc. III a I a.C.). Nessa época, as cidades gregas conservam ainda uma autonomia relativa, apesar de terem perdido o poder e o prestígio de outrora.

A aparição dos romanos e a conquista definitiva do território grego, no ano de 146 a.C., transformaram a Grécia em província do vasto Império Romano. Durante o Período Romano (séc. I a.C. a III a.D.), a maioria dos imperadores romanos, sendo admiradores da civilização grega, farão obras de benevolência nas cidades gregas, especialmente em Atenas. No curso do primeiro século de nossa era, com as viagens do Apóstolo Paulo, teve início à divulgação no espaço grego do cristianismo, da nova religião que iria gradualmente destronar o culto dos deuses do Olimpo.

Os visitantes que chegam hoje na Grécia têm a oportunidade de conhecer as "marcas" deixadas pela história do país, desde a época paleolítica até o período romano, nas centenas de sítios arqueológicos, bem como nos museus e coleções de arqueologia, que se encontram espalhados por todo o território do país (Grécia continental e insular).

A decisão do imperador Constantino Magno de transladar a capital do império, de Roma para Constantinopla (no ano de 324), teve por consequência a transposição do coração do império à sua parte oriental. Essa transposição marca o início do Período Bizantino, durante o qual a Grécia constitui uma região do Império Bizantino. Depois do ano de 1204, quando Constantinopla foi conquistada pelos cruzados ocidentais, partes do território grego são partilhadas entre soberanos ocidentais enquanto que os venezianos ocupam posições estratégicas da região do Mar Egeu (ilhas ou cidades costeiras), tendo em vista o controle das vias de comércio. A reconquista de Constantinopla pelos bizantinos, em 1262, marca a última fase da vida do império. A partir do século XIV, os Otomanos iniciam aos poucos a ocupar territórios do Império Bizantino, concluindo sua destruição com a conquista de Constantinopla, em 1453. Creta foi à última parte do território grego a ser ocupada pelos otomanos, no ano de 1669. Sobrevêm quase quatro séculos de dominação otomana, até o início da Guerra de Independência, em 1821.

Hoje em dia sobrevivem inúmeros monumentos que datam do Período Bizantino e da época da dominação otomana; entre eles figuram igrejas e mosteiros bizantinos e pós-bizantinos, construções de estilo otomano, encantadores castelos bizantinos e francos, vários outros monumentos, mas também povoados tradicionais, muitos dos quais preservam até hoje seu estilo otomano e, em certo ponto, bizantino.

Como consequência da Guerra de Independência, foi instituído em 1830 um reino grego independente, o qual, todavia, estendeu em um território limitado. Pouco a pouco, no curso do século XIX e no início do século XX, serão incorporados ao Estado grego novo territórios onde predominava a população grega. A Grécia terá sua máxima extensão territorial logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1920, graças à contribuição decisiva do primeiro-ministro da época, Eleftherios Venizelos. O território do Estado grego tomou sua forma atual depois da Segunda guerra Mundial e após a incorporação das ilhas do Dodecaneso.

Em 1974, após sete anos de ditadura, foi decidido por referendo mudar o regime do país, de monarquia constitucional para democracia parlamentar presidencial, e desde 1981 a Grécia é um Estado-membro da Comunidade Européia, atualmente União Européia.

Os povos que constituem a Grécia lançaram os alicerces da civilização ocidental. A herança grega foi assumida pelos antigos romanos, que a estendeu e transmitiu às épocas posteriores. No século V, a parte oriental do Império Romano, com capital em Constantinopla ou Bizâncio, foi entidade independente, de cultura, língua e tradição gregas.

O império bizantino se manteve durante toda a Idade Média e transmitiu seu legado cultural à Rússia e aos povos eslavos. Depois da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, os sábios bizantinos, que se refugiaram na Itália, contribuíram com o pensamento grego clássico e a tradição jurídica romana para o Renascimento, que florescia no Ocidente.

Domínio turco. A queda de Constantinopla marcou o fim da soberania política grega. A relativa aceitação da dominação turca durante os primeiros momentos deveu-se à animosidade dos cristãos ortodoxos gregos contra os cristãos latinos, devido aos desmandos cometidos por estes na quarta cruzada, e à reunificação das duas igrejas no Concílio de Florença de 1439, considerada humilhante pelo povo bizantino. Além disso, os turcos concederam três liberdades fundamentais para a sobrevivência do espírito nacional: a tolerância da religião ortodoxa grega, a educação em língua grega e a liberdade para exercer o comércio, ocupação que os dominadores consideravam inferior à das armas. Posteriormente, porém, a arbitrariedade da administração turca e o recrutamento de moços que seriam transformados em janízaros, ou soldados que formavam a guarda pessoal do sultão, provocaram descontentamento, que se manifestou na ajuda prestada por gregos insurretos ao espanhol D. João da Áustria, na batalha de Lepanto, em 1571.

A primeira revolução organizada contra os dominadores, que marcou o início da história da Grécia moderna, ocorreu em 1770 no Peloponeso, instigada por Catarina a Grande da Rússia, mas foi sufocada sem piedade. Outra insurreição, também promovida pelos russos, foi a que eclodiu em 1786 no Epiro e teve o mesmo desastroso destino da anterior.

 

A Grécia e a Chegada dos Indo-Europeus

 

Por uma questão de clareza, não se pode falar do mito grego sem antes traçar, embora esquematicamente, um esboço histórico do que era a Grécia antes da Grécia, isto é, antes da chegada dos Indo-Europeus ao território de Hélade.

Vamos estampar, de início, como já o fizera Pierre Léveque, um quadro, um sistema cronológico, com datas arredondadas, sujeitas portanto a uma certa margem de erros. A finalidade dos dados cronológicos, que se seguem, é apenas de orientar e chamar a atenção para o "estado religioso" da Hélade pré-helênica e ver até onde o antes influenciou o após no curso da mitologia grega.

 

"              Neolítico I (~ 4500-3000)

"              Neolítico II (~ 3000-2600)

"              Bronze Antigo ou Heládico Antigo (~ 2600-1950)

"              Primeiras Invasões Gregas (Jônios) na Grécia (~ 1950)

"              Bronze Médio ou Heládico Médio (~ 1950-1580)

"              Novas Invasões Gregas (Aqueus e Eólios?) (~ 1580)

"              Bronze Recente ou Heládico Recente ou Período Micênico (~ 1580-1100)

"              Últimas Invasões Gregas (Dórios) (~ 1200)

 

Se os restos paleolíticos são muito escassos e de pouca importância, no Neolítico I o solo grego é coberto por uma série de "construções", obra, ao que parece, de populações oriundas do Oriente Próximo asiático. A transição do Neolítico I para o Neolítico II é marcada, na Grécia, pela invasão de povos, cuja origem não se pode determinar com segurança. O sítio neolítico mais bem conhecido é Dimini, na Tessália, e que corresponde ao Neolítico II. Trata-se de uma acrópole, de uma cidade fortificada, fato raro para a época. O reduto central contém um mégaron, ou grande sala, o que revelaria uma organização monárquica. Trata-se, de uma civilização agrícola. O homem cuida dos rebanhos e a mulher se encarrega da agricultura, o que patenteia a crença de que a fecundidade feminina exerce uma grande e benéfica influência sobre a fertilidade das plantas. A divindade soberana do Neolítico II, na Grécia, é a Terra-Mãe, a Grande Mãe, cujas estatuetas, muito semelhantes às cretenses, representam deusas de formas volumosas e esteatopígicas. A função dessas divindades, hipóstases da Terra-Mãe, é fertilizar o solo e tornar fecundos os rebanhos e os seres humanos.

Na virada do Neolítico II para o Bronze Antigo ou Heládico Antigo, ~2600-1950, chegam à Grécia novos e numerosos invasores, provenientes da Anatólia, na Ásia Menor. Cortejando a civilização anterior com o progresso trazido pelos anatólios, o mínimo que se pode dizer é que se trata de uma grande civilização, cujo centro mais importante foi Lerna, na Argólida, cujos pântanos se tornariam famosos, sobretudo por causa de um dos Trabalhos de Herácles. Uma das contribuições mais sérias dessa civilização foi a lingüística: a partir do Bronze Antigo ou Heládico Antigo, montes, rios e cidades gregas recebem nome, o que permite acompanhar o desenvolvimento e a extensão da conquista anatólia, que se prolonga da Macedônia, passando pela Grécia continental, pelas Cíclades, e atingem a ilha de Creta, que também foi submetida pelos anatólios. O grande marco dessa civilização, no entanto, foi a introdução do bronze, início evidentemente de uma nova era.

De outro lado, a existência comprovada de palácios fortificados denuncia uma sólida organização monárquica. Em se tratando de uma civilização agrícola, a divindade tutelar continua a ser a Grande Mãe, dispensadora da fertilidade e da fecundidade. As estatuetas, com formas também opulentas e esteatopígicas, adotam, por vezes, nas Cíclades, uma configuração estilizada de violino, o que, aliás, as tornou famosas. As tumbas são escavadas nas rochas ou se apresentam em forma de canastra. As numerosas oferendas nelas depositadas atestam a crença na sobrevivência da alma.

Nos fins do segundo milênio, entre ~2000-1950, ou seja, no apagar das luzes da Idade do Bronze Antigo ou Heládico Antigo, a civilização anatólia da Grécia propriamente desapareceu, com a irrupção de novos invasores. Dessa feita, eram os gregos que pisavam, pela primeira vez, o solo da futura Grécia.

Os gregos fazem parte de um vasto conjunto de povos designados com o nome convencional de Indo-Europeus. Estes, ao que parece, se localizavam, desde o quarto milênio, ao norte do Mar Negro, entre os Cárpatos e o Cáucaso, sem jamais, todavia, terem formado uma unidade sólida, uma raça, um império organizado e nem mesmo uma civilização material comum. Talvez tenha existido, isto sim, uma certa unidade lingüística e uma unidade religiosa. Pois bem, essa frágil unidade, mal alicerçada num "aglomerado de povos", rompeu-se, lá pelo terceiro milênio, iniciando-se, então, uma série de migrações, que fragmentou os Indo-Europeus em vários grupos lingüísticos, tomando uns a direção da Ásia (armênio, indo-iraniano, tocariano, hitita), permanecendo os demais na Europa (balto, eslavo, albanês, celta, itálico, grego, germânico). A partir dessa dispersão, cada grupo evoluiu independentemente e, como se tratava de povos nômades, os movimentos migratórios se fizeram no tempo e no espaço, durante séculos e até milênios, não só em relação aos diversos "grupos" entre si, mas também dentro de um mesmo "grupo". Assim, se as primeiras migrações indo-européias (indo-iranianos, hititas, itálicos, gregos) estão séculos distantes das últimas (baltos, eslavos, germânicos...), dentro de um mesmo grupo as migrações se fizeram por etapas. Desse modo, o grupo itálico, quando atingiu a Itália, já estavam fragmentado, "dialetado", em latinos, oscos e umbros, distantes séculos uns dos outros, em relação à chegada a seu habitat comum. Entre os helenos o fato ainda é mais flagrante, pois, como se há de ver, os gregos chegaram à Hélade em pelo menos quatro levas: jônios, aqueus, eólios e dórios e, exatamente como aconteceu com o itálico, com séculos de diferença entre um grupo e outro. Para se ter uma idéia, entre os jônios e os dórios medeia uma distância de cerca de oitocentos anos!

Se não é possível reconstruir, mesmo hipoteticamente, o império indo-europeu e tampouco a língua primitiva indo-européia, pode-se, contudo, estabelecer um sistema de correspondência entre as denominadas línguas indo-européias, mormente, e é o que importa no momento, no que se refere ao vocabulário comum e, partindo deste, chegar a certas estruturas religiosas dessa civilização.

O vocabulário comum mostra a estrutura patrilinear da família, o nomadismo, uma forte organização militar, sempre pronta para as conquistas e os saques. Igualmente se torna claro que os indo-europeus conheciam bem e praticavam a agricultura; criavam rebanhos e conheciam o cavalo.

Os termos mais comuns, são, resumidamente, os que indicam:

 

"              Parentesco - pai, mãe, filho, filha, irmã;

"              Grupo Social - rei, tribo, aldeia, chefe da casa e da aldeia;

"              Atividades Humanas - lavrar, tecer, fiar, ir de carro, trocar, comprar, conduzir (= casar);

"              Animais - boi, vaca, cordeiro, ovelha, bode, cabra, abelha, cavalo, égua, cão, serpente, vespa, mosca e produtos: leite, mel, lã, manteiga;

"              Vegetais - álamo, faia, salgueiro, azinheira;

"              Objetos - machadinha, roda, carro, jugo, cobre, ouro, prata;

"              Principais partes do corpo; nomes distintos para os dez primeiros números; nomes das dezenas, a palavra cem, mas não mil.

 

O vocabulário religioso é extremamente pobre. São pouquíssimos os nomes de deuses comuns a vários indo-europeus.

Básico é o radical * deiwos, cujo sentido preciso, segundo Frisk, é alte Benennung des Himmels, quer dizer, "antiga denominação do céu", para designar "deus", cujo sentido primeiro é luminoso, claro, brilhante, donde o latim deus, sânscrito deváh, iraniano div, antigo germânico tívar. Este mesmo radical encontra-se no grande deus da luz, o "deus-pai" por excelência: grego Zeús, sânscrito Dyáuh, latim Iou (de * dyew-) e com aposição de piter (pai), tem-se (Iuppiter), "o pai do céu luminoso", Júpiter, bem como o sânscrito Dyauh pitã, grego Zeùs, patér, cita Zeus-Papaios, isto é, Zeus Pai.

Zeus é, portanto, o deus do alto, o soberano, "o criador". Cosmogonia e paternidade, eis seus dois grandes atributos.

Além de Zeus, para ficar apenas no domínio grego, podem citar-se ainda "o deus solar" Hélios (Hélio), védico Sûnrya, eslavo antigo Solnce, e o "deus-Céu", grego Ouranós (Úrano), sânscrito Varuna, a abóbada celeste.

De qualquer forma, como acentua Mircea Eliade, "Os Indo-Europeus tinham elaborado uma teologia e uma mitologia específicas. Praticavam sacrifícios e conheciam o valor mágico-religioso da palavra e do canto (* Kan). Possuíam concepções e rituais que lhes permitiam consagrar o espaço e 'cosmizar' os territórios em que se instalavam (essa encenação mítico-ritual é atestada na Índia antiga, em Roma, e entre os celtas), as quais lhes permitiam, de mais a mais, renovar periodicamente o mundo (pelo combate ritual entre dois grupos de celebrantes, rito de que subsistem traços na Índia e no Irã)". Eliade conclui, mostrando que a grande distância que separa as primeiras migrações indo-européias das últimas, impossibilita a identificação dos elementos comuns ao vocabulário, na teologia e na mitologia da época histórica.

Essas longas e lentas migrações, por outro lado, face ao contato com outras culturas e mercê dos empréstimos, sincretismos e aculturação, trouxeram profundas alterações ao acervo religioso indo-europeu. E se muito pouco nos chegou de autênctico dessa religião, esse pouco foi brilhantemente enriquecido, sobretudo a partir de 1934, pelas obras excepcionais de Georges Dumézil. Partindo da mitologia comparada, mas sem os exageros e erros de Max Müller e sua escola, apoiado em sólida documentação, Dumézil fez que se compreendesse melhor toda a riqueza acerca do que se possui do mito e da religião de nossos longínquos antepassados. Uma de suas conclusões maiores foi a descoberta da estrutura trifuncional da sociedade e da ideologia dos indo-europeus, estrutura essa fundamentada na tríplice função religiosa dos deuses.

Não há dúvida de que é entre os indo-iranianos, escandinavos e romanos que a "trifunção" está mais acentuada, mas entre os gregos, ao menos da época histórica, a mesma estrutura pode ser observada.

No que tange à Hélade, esta divisão há de perdurar, religiosamente, até o fim.

Eis aí, em linhas gerais, o que foi a Grécia antes da Grécia e a primeira contribuição religiosa dos indo-europeus gregosà sua pátria, nova e definitiva.

Deus em grego se diz theós, mas este, segundo H. Frisk, theós significa espírito, alma: a idéia de theós como deus é recente e teria se desenvolvido a partir da divinização dos mortos ou talvez o vocábulo signifique, a princípio, cipo, estela.

 

A Língua Grega

 

A nossa língua é a mais antiga das línguas Europeias. Foram descobertos documentos em grego que datam do segundo milénio antes de Cristo, bem como obras literárias com mais de 2.500 anos. Obras perenes foram escritas nesta língua. Todas as Artes e Ciências nasceram e desenvolveram-se usando esta língua. Textos de Matemática, Física, Astronomia, Direito, Medicina, História, Política, Ética, Gastronomia, etc... foram escritos em grego, há milhares de anos, incluindo a literatura antiga, tragédias e comédias, as epopeias de Homero, o Novo Testamento, a literatura Bizantina e Neo-helénica. A primeira Enciclopédia foi escrita em grego.

Contudo, o mais importante é a grande contribuição dos gregos para a expressão escrita: em 1000 a C, os gregos foram os primeiros a inventar uma série de sinais-letras, cada um dos quais representando um só som (contrariamente à escrita fenícia). Isto influenciou determinantemente a História, pois constituiu o que se chamou o primeiro alfabeto. No princípio, os gregos só utilizavam letras maiúsculas, sem espaços entre as palavras, escrevendo da direita para a esquerda. No entanto, esta prática foi cedo abandonada (século V a. C.) e foi adotada a direção do sentido dos ponteiros do relógio na escrita. Este estilo de escrita também foi usado pelos Romanos e acabou por ser usado em todo o mundo. Todos os alfabetos europeus são variações do alfabeto grego.

A língua helênica é uma das poucas no mundo com uma evolução tão homogénea e uma continuidade rara na história linguística da Humanidade, visto que é falada há milhares de anos. A língua grega atual, conserva o alfabeto antigo e 75% do seu vocabulário (e parte da ortografia) é baseado na língua antiga. É uma língua com virtualidades únicas: possui poder de expressão e flexibilidade e a possibilidade de criação de inúmeros novos vocábulos, consoante as necessidades.

Todas as línguas utilizam palavras de outras línguas. A língua helênica influenciou o desenvolvimento de muitas outras línguas. A língua inglesa, por exemplo, tem cerca de 50,000 palavras de origem helênica.

Palavras como estas são usadas usualmente em Português, quer no registo oral quer  no escrito: Anjo, Étnico, Fantasia, Ídolo, Geografia, Quilómetro, Máquina, Matemática e etc...

Os primeiros Hinos Cristãos foram escritos em Grego. Todos os livros da Novo Testamento e os Evangelhos foram escritos em grego. O Apóstolo Paulo escreveu as suas Epístolas em Grego.

A história da lexicografia remonta a mais de 2000 anos, à Grécia Antiga. No século V a. C., Protágoras foi o primeiro a organizar um glossário de palavras raras em Homero.

Os primeiros escritos filosóficos sobre a origem da linguagem surgiram em Grego, escritos por Platão (427-347 a C).

A primeira gramática, a Gramática Grega, foi escrita em 100 a C por Dionísio Thrax.

Homero escreveu a Ilíada em Grego. Aristóteles escreveu todas as suas obras filosóficas em Grego. O famoso Píndaro escreveu os seus poemas em Grego. Eurípides e Sófocles escreveram as suas tragédias em Grego.

Os Imperadores Romanos, como Marco Aurélio por exemplo, escreveram em Grego. Os Oradores Romanos no "Athenaeum" de Roma, faziam os seus discursos em Grego.

 

O Sistema Escolar Grego

 ATHANASIUS PAPATHOPOULOS*

O objetivo, neste texto, é fazer uma apresentação do sistema escolar grego, assim como das suas diferenças e semelhanças relativamente ao sistema português.

Eis o sistema grego a partir do primeiro nível de escolaridade:

 

a) JARDIM DE INFÂNCIA

É facultativo, tem a duração de um ano e as crianças matriculam-se aos quatro anos de idade. Nas grandes cidades os jardins de infância situam-se em espaços próprios, ao passo que nas cidades pequenas, e no campo, estes funcionam juntamente com as escolas básicas.

A formação dos educadores de infância é feita nas escolas superiores de educação e tem uma duração de quatro anos.

Os jardins de infância são majoritariamente públicos, existindo, no entanto, alguns estabelecimentos são privados. Os seus currículos incluem matérias de nível pré-escolar na área da matemática, da escrita e, ainda, muitos jogos educativos.

 

b) ESCOLA BÁSICA OU PRIMÁRIA

É obrigatória, tem uma duração de seis anos e as crianças matriculam-se aos cinco anos de idade. O número de professores nas escolas básicas (E.B.) varia em função da dimensão do meio em que estas se inserem. Enquanto que nos grandes centros existe um professor para cada ano, nas regiões menores ou remotas cada escola pode dispor de apenas um professor para todos os anos, havendo, assim, uma única turma constituída por todos os alunos da aldeia. Nas grandes cidades os professores distribuem-se pelas seguintes disciplinas: geografia, matemática, física, química, ecologia, educação religiosa ortodoxa, música, educação visual, história, língua grega e educação para a cidadania grega. A disciplina de ginástica é lecionada por um professor especializado formado pela Academia de Ginástica, uma faculdade independente cujos cursos têm a duração de quatro anos. A língua estrangeira, usualmente o inglês, é também lecionada por um professor especializado que fez a sua formação na Escola Filosófica. O curso de Literatura Inglesa, que funciona nesta faculdade independente, tem uma duração de quatro anos.

O Estado Grego fornece gratuitamente, a todos os alunos e professores do ensino básico, os manuais escolares necessários para todas as disciplinas.

As E.B. nas grandes cidades funcionam ora de manhã (8.00h - 13.30h), ora de tarde (14.00h - 18.30h), em regime de alternância, por períodos de uma semana, enquanto que nas regiões rurais estas funcionam apenas de manhã. As crianças frequentam diariamente 5/6 aulas, todas elas intervaladas por pausas de cerca de 10 minutos. Não existe o hábito de as crianças tomarem refeições nas escolas, que, aliás, não dispõem de refeitórios.

O 2º. Ciclo, tal como se verifica em Portugal, não existe e, por conseguinte, a figura de professor do 2º. Ciclo.

Os professores das E.B. fazem a sua formação nas escolas superiores de educação. O curso "Professores do Ensino Básico" tem a duração de quatro anos.

A Grécia apresenta taxas de desemprego muito elevadas na área da Educação. O sistema de contratação dos professores do ensino primário e secundário é o seguinte: os titulares de um curso superior (ministrado em instituições públicas ou privado, nacional ou estrangeiro) candidatam-se à atividade letiva e, neste momento, são integrados numa lista de onde são recrutados por ordem cronológica. Assim, um professor que se candidate deverá esperar que todos os anteriormente inscritos sejam colocados. Em algumas áreas estas listas são tão extensas que um professor que se inscreva hoje só terá colocação daqui a algumas décadas. Por exemplo, os professores de Língua Inglesa que se candidatem hoje só terão lugar em 2.059. No ensino básico o tempo mínimo de espera é de 10 anos.

 

c) GINÁSIO

É obrigatório, tem uma duração de três anos e os alunos matriculam-se aos 11 anos de idade.

No Ginásio (G.) cada disciplina é lecionada pelo professor indicado. Para transitarem de ano, os alunos realizam exames anuais a todas as disciplinas, havendo uma 2ª. Chamada em Setembro. A nota mínima para transitar de ano é 10 (numa escala de 1 a 20).

Com o G. termina a escolaridade obrigatória que tem uma duração total de nove anos. Neste nível de ensino os livros escolares são fornecidos gratuitamente, não existem refeitórios e o horário de funcionamento é o mesmo das escolas básicas.

 

d) LICEU

É facultativo, tem uma duração de três anos e os alunos matriculam-se aos 14 anos de idade.

Existem três tipos de liceus (L.), que são:

 

1) LICEUS TECNOLÓGICOS E PROFISSIONAIS (L.T.P.)

Neste tipo de liceu os alunos podem optar por cursos tais como: assistente de laboratório, mecânico, "au pair", cultivo de árvores, etc. Os L.T.P. dão acesso aos Institutos de Educação Tecnológica (I.E.T.), dependendo da nota global atingida pelo aluno. Os I.E.T. reservam uma percentagem reduzida de vagas para os alunos provenientes dos L.T.P., pelo que, normalmente, é necessária uma boa classificação para conseguir entrar.

 

2) LICEU MULTI-RAMOS (L.M.)

Este tipo de liceu existe em número muito reduzido. Fornecem um tipo de educação semelhante aos L.T.P., no entanto são instituições com mais prestígio. Os L.M. dão acesso aos - I.E.T. e aos Institutos de Educação Superior (I.E.S.) (para quem opta pelo ramo de Educação correspondente). Também aqui a nota global dos L.M. é determinante no acesso às Escolas Superiores.

 

3) LICEU GERAL

Este é o tipo de liceu que existe em maior número porque tem a preferência da maior parte dos alunos. A popularidade destes liceus adere do fato de estes darem acesso a todas as Escolas, Institutos, Faculdades e Universidades.

O Liceu Geral pode funcionar em conjunto com o Ginásio, ao passo que o Liceu Tecnológico e o Multi-Ramos existem sempre separadamente.

Os alunos do L.G. dispõem de um conjunto de disciplinas obrigatórias e comuns. Paralelamente, cada um deles pode optar entre cinco áreas de estudo, cada uma das quais comporta um determinado número de disciplinas, a saber:

 

I) Área das ciências sociais:

" Matemática

" Sociologia

" História

II) Área das ciências médicas:

" Biologia

" Química

" Física

III) Área das ciências filosóficas:

" História

" Latim

" Língua Grega Clássica

IV) Área das ciências positivas:

" Matemática

" Química

" Física

V) Área neutral: que não tem disciplinas adicionais e se destina às pessoas que pretendem apenas terminar o liceu, sem ingressarem no ensino superior.

À semelhança das outras escolas referidas, os livros de estudo são fornecidos gratuitamente e não existem refeitórios. O horário de funcionamento é, também, o mesmo.

Tanto os professores dos Liceus como os dos Ginásios fazem a sua formação nas várias Escolas Universitárias, cujos cursos têm a duração de quatro anos, e não de cinco anos como se verifica em Portugal. Por exemplo, o professor de Química, quer no Liceu quer no Ginásio, deverá ser titular do curso de Química de uma Faculdade de Ciências e Tecnologias.

À semelhança do que acontece no Ginásio, os alunos dos Liceus têm de realizar exames globais para poderem transitar de ano, no entanto, só os estudantes dos Liceus Gerais fazem exames de caráter nacional no último ano (na Grécia tem o direito de realizar estes exames qualquer cidadão que tenha no mínimo 18 anos de idade). Estes exames determinam a entrada nos I.E.T. e nos I.E.S.

Esta forma de selecionar os candidatos às Escolas Superiores, assim como o sistema educativo Grego de uma forma geral, sofre alterações constantes por influência de novas orientações políticas dos governos gregos.

e) ESCOLAS SUPERIORES

O Ensino Superior comporta:

 

1) INSTITUTOS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA (I.E.T.)

Estas Escolas Superiores como já vêm anteriormente, oferecem cursos tecnológicos com uma duração de três anos (o equivalente ao bacharelato em Portugal). O grau acadêmico conferido por estes Institutos é inferior ao dos Institutos de Educação Superior (I.E.S.).

 

2) INSTITUTOS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR (I.E.S.)

O ingresso nestes institutos é a ambição de uma grande parte dos alunos dos liceus. A formação obtida nestes estabelecimentos é encarada na Grécia como um excelente meio de ascender socialmente, na medida em que permite aos seus detentores terem um trabalho com melhores condições e outro prestígio dentro da comunidade.

No termo Institutos de Educação Superior estão incluídas todas as Universidades e faculdades que oferecem cursos vários, com uma duração de 4 ou mais anos (o curso de Medicina, por exemplo, tem 6 anos). Todos os cursos dos I.E.S. conferem o grau de licenciatura.

Os I.E.S. funcionam das 8.30h às 20.30h e dispõem de refeitórios que servem pequeno-almoço, almoço e jantar. Em todas as cidades gregas cada faculdade, universidade ou instituto tem autonomia e instalações próprias. Só na cidade de Salónica existe uma enorme área universitária, a maior da Grécia, onde se concentra um conjunto de faculdades (à semelhança de Coimbra, só que com uma dimensão superior).

Para reforçar a autonomia dos I.E.T. e dos I.E.S., o governo grego criou a figura da imunidade universitária, que garante uma investigação científica livre, a circulação de idéias e uma gestão universitária independente. Para, além disso, a imunidade universitária não pode ser violada por quaisquer autoridades policiais ou militares sem prévia autorização do diretor da Universidade.

Aos estudantes dos IET e dos IES são concedidas algumas facilidades, tais como:

 

1) aos estudantes pertencentes a famílias com baixo rendimento (até 2.000.000 escudos anuais, com dois filhos) é facultado o acesso gratuito aos refeitórios e residências universitários;.

2) a todos os estudantes gregos o governo fornece, gratuitamente, todos os livros escolares (para a totalidade das disciplinas, cursos e faculdades);

3) bolsas para os estudantes que apresentam elevadas classificações nos exames globais (é atribuído o montante de 200.000$ ao aluno que apresentar, em cada ano letivo, e em cada curso, as classificações mais altas);

4) assistência médica (serviços médicos e produtos farmacêuticos) para os estudantes que não dispõem de seguro de saúde;

5) fornece, gratuitamente, as folhas de teste.

Nos IET e nos IES não existe tradição acadêmica. Não existe o termo "calouro". Não se celebram semanas acadêmicas ou queimas de fitas. As turnas ou os trajes acadêmicos não fazem parte do meio universitário grego. Enfim, a vivência acadêmica é, a este nível, bastante distinta da portuguesa.

O ingresso no ensino superior significa para os estudantes gregos o início de uma nova etapa e uma mudança no estilo de vida. Para muitos estudantes, a entrada para uma instituição de ensino superior é uma forma de escapar ao controlo e restrições impostos pelas famílias. Significa uma maior liberdade, limitada apenas pelas preocupações com o estudo.

Outros vêem no ensino superior uma forma de ganharem maturidade, enriquecerem os seus conhecimentos, firmarem o seu sentido de independência pelo fato de se desligarem da família, conhecer novas pessoas e estilos de vida, e darem início do seu contributo para a comunidade através da participação na Associação de Estudantes.

Vamos ver que significado tem esse contributo para os estudantes. A política tem penetrado nos IET e nos IES e já se tornou numa parte integrante e significativa da vida acadêmica.

As eleições realizadas nestes institutos são, no fundo, eleições políticas ao nível acadêmico. As diversas listas candidatas estão intimamente ligadas aos partidos políticos gregos. Assim, o voto do estudante numa determinada lista implica o apoio a um partido político em particular.

As eleições acadêmicas são um grande acontecimento na Grécia e são realizadas simultaneamente nos IET e nos IES. Os resultados de cada Escola Superior são introduzidos no computador central do Ministério da Educação e dali sai o resultado geral, que implica a vitória de um partido político. Vitória esta que é amplamente divulgada pelos meios de comunicação social. Por outras palavras, este resultado indica o clima político vivido no espaço universitário.

Deste modo, tanto os estudantes gregos como os estrangeiros (p. e. de França, Líbano, Palestina) transportam para o meio acadêmico o processo de resolução dos problemas sociais, políticos e outros, e também o esforço de melhoria e desenvolvimento da sociedade. O meio acadêmico, o pensamento crítico e científico, a liberdade de troca de idéias políticas e humanas geram um ambiente próprio à definição de soluções adequadas para os problemas da sociedade. O espaço universitário é o centro de movimentos de libertação e progresso que, protegidos pela imunidade universitária, vão originar as mudanças no futuro da sociedade. Não é isto uma importante contribuição para o desenvolvimento da sociedade? Não é isto o princípio do contributo dos estudantes para a sociedade, que será intensificado após a conclusão dos seus estudos?

 

 

A Grécia como inspiração

 

O pensamento neo-helênico encontra na obra de E. Moutsopoulos sua mais importante expressão. Esse filósofo, nascido em Atenas em 1930, doutor em Letras por Paris em 1958, antigo professor na Universidade Aix-em-Provence e na Universidade de Tessalônica (1965), foi professor na Universidade de Atenas desde 1969 e seu reitor em 1977. É membro da Academia de Atenas, do Instituto Internacional de Filosofia, do Colégio Acadêmico Universal de Filosofia e de muitas outras instituições. É presidente de diversas associações de Filosofia Neo-Helênica e fundador e diretor da revista Diotima, publicada em Atenas. Os campos da estética, da ontologia, da antropologia filosófica, da história da filosofia, da axiologia e da estética estão implicados no conjunto de suas investigações. O humanismo de Moutsopoulos tem como fulcro a noção de kairós, atualizada e enfocada como categoria espacio-temporal. Kairós significa, em nosso filósofo, o instante propício por excelência, onde a busca de um ser-mais se exprime pela adequação entre verdade/realidade/valor, na vida humana.Um dos campos privilegiados em que se desenvolve a meditação de Moutsopoulos é a reflexão sobre a cultura grega. A filosofia da cultura é, nele, um esforço de compreensão do significado e do alcance atual da herança grega. Esta filosofia da cultura grega é uma disciplina nova que tem como tarefa "proceder à avaliação dos problemas filosóficos, rigorosamente tradicionais, que uma abordagem da cultura grega torna evidentes e relacioná-los entre si". A fenomenologia e o estruturalismo acham-se na origem desta reflexão, assim como as meditações sobre a história da filosofia de Mario dal Pra e de Lucien Braun. A noção de "novo espírito científico" e o método histórico-crítico bachelardianos é utilizada por Moutsopoulos a fim de examinar a filosofia de história da filosofia. Enfim, o modelo de cultura grega proposto por Jaeger serve-lhe também de inspiração. É pela meditação sobre as diferentes contribuições oferecidas por essas fontes filosóficas que Moutsopoulos chega a compreender a cultura como processo de estruturação contínua e de reformulação de sistemas de valores. Trata-se pois, em primeiro lugar, para nosso filósofo, de esclarecer o termo cultura; depois, de compreender a especificidade da cultura grega.O que a Grécia antiga nos legou como herança é uma certa concepção do homem e do destino humano: " 'a particularidade' desta cultura consiste, além de todo particularismo, numa concepção universalista do mundo e das sociedades humanas". Ela aparece na realização de um tipo de expressão do ser humano, que valoriza a liberdade e o significado de pessoa humana e, finalmente, o poder criador do homem. Esta atividade criadora se exprime na arte grega: na dança, na poesia, na arquitetura, na música, nas artes plásticas. A tragédia, por exemplo, realizando a trans-estruturação do mito, provoca a libertação do homem, a despeito de sua fragilidade. A escultura desencadeia esta libertação mediante a celebração da beleza. A filosofia é o próprio exercício de liberdade enquanto investigação "autônoma do significado do mundo e do valor". O pensamento grego teve ressonância em toda a história de filosofia do Ocidente durante a Idade Média e nos pensamentos moderno e contemporâneo. O estudo desta nova disciplina, que Moutsopoulos trata de esboçar, foi objeto de uma primeira abordagem durante a Semana de Filosofia da Cultura Grega, ocorrida em Chios, em 1977. O objeto, os princípios e os métodos de investigação da filosofia da Cultura Grega foram estabelecidos num importante estudo de Moutsopoulos, Prolegômenos à Filosofia da Cultura Grega, apresentado em Kalamata, durante a Segunda Semana Internacional de Filosofia da Cultura Grega. E em 1990, em Delfos, a Terceira Semana Internacional de Filosofia da Cultura Grega teve como tema o estoicismo e a cultura. A filosofia da cultura grega tem como objetivo a promoção do estudo da filosofia grega antiga, medieval, moderna e contemporânea e da repercussão desta filosofia na cultura européia e em outras culturas, bem como o exame de cultura grega enquanto cultura-paradigma e enquanto critério axiológico para avaliação da crise do mundo atual. A amplitude desta disciplina e seu caráter sintético fizeram destas investigações um ponto de encontro e de convergência das contribuições de diferentes disciplinas tradicionais: a história das idéias, a história da cultura, a história da filosofia, a filosofia da história, as ciências filológicas. Seu objeto é "a apreciação, no plano axiológico, do passado de cultura grega (...) a definição de suas incidências sobre o estudo presente de toda cultura que se reclama dela e o estabelecimento das condições de sua sobrevivência e de sua renovação. Diversamente de filosofia da história, que estuda a trajetória da humanidade através dos séculos, a nova disciplina acentua a importância da sobrevivência da cultura grega, para o homem de hoje e de amanhã. Trata-se de mostrar que a cultura européia é um produto e um prolongamento da cultura grega, que religa o presente da cultura européia o seu passado e que permite, assim, a realização do ser humano e a compreensão de sua universalidade e de seu destino. A realização desse programa de investigações escreve Moutsopoulos, poderia ser colocada sob a égide de uma Fundação dedicada ao estudo das fontes da cultura européia, sediada na Grécia. Esta instituição poderia promover a investigação dos fundamentos gregos do pensamento antigo, medieval, moderno e contemporâneo, no Ocidente. Esse programa já está sendo realizado, em certa medida, pelo Centro de Investigação sobre a Filosofia Grega da Academia de Atenas, sob a direção do Professor Moutsopoulos. A meditação sobre a cultura grega e sobre sua influência em nosso mundo é capaz de por em relevo o valor do homem. Pode-se dizer que esta valorização da pessoa humana, esta compreensão universalista do sentido da vida, esta orientação em direção ao futuro, são as principais possibilidades da filosofia grega tradicional. A influência da cultura grega propagou-se através da Europa, do Oriente Médio e do Norte da África, graças à difusão de uma língua universal e de um pensamento teórico que traduziram, em toda a parte, os valores eternos que ela veiculou. A filosofia da cultura grega se apóia em princípios e métodos já estabelecidos. Esses princípios são o esforço para superar o estoicismo e o tecnicismo, permanecendo uma disciplina estritamente filosófica, e "a necessidade de controlar toda tendência e consideração que extrapole os problemas"; a harmonização dos diferentes aspectos das disciplinas que contribuem para o nascimento da disciplina em questão. Os métodos desta nova disciplina são os seguintes:

a) o método histórico;b) os métodos comparativo e dialético;c) o método estrutural;d) os métodos hermenêutico e axiológico.

 

É recorrendo "a todos esses métodos no mesmo tempo, que se completam sem se contradizer", que a disciplina em questão poderá desabrochar. A obra de Moutsopoulos, filósofo, compositor e pintor, seguem a antiga tradição que faz da filosofia uma "arte das Musas", "a música suprema". É um exemplo da nova disciplina que ele próprio esboçou. O enorme leque de suas publicações mostra que seu itinerário intelectual sempre foi orientado para a busca de pensar a Grécia, sua cultura e sua dinâmica criadora, enquanto inspiração para a meditação filosófica. O livro de Moutsopoulos, Filosofia da Cultura Grega, resume textos escritos em francês e publicados em diversas revistas e Atas de congressos. Dividido em sete partes, apresenta um grande quadro histórico do pensamento grego: antes de Platão, em Platão, em Aristóteles, depois de Aristóteles. Enfoca a herança platônica, sobretudo em Proclo e Dionísio Areopagita. Mostra e presença de Platão e Aristóteles na filosofia bizantina e examina a repercussão dos mestres da Antiguidade no pensamento de Psellos e de Demétrio Cidonio. A última parte da obra concerne ao pensamento neo-helênico e a alguns de seus representantes, C. Paparrigopoulos e P. Brailas-Armênis. É preciso sublinhar, nesta última parte de seu livro, os capítulos dedicados ao estudo de permanência da cultura grega no universo europeu e ao exame do fermento grego na cultura mediterrânea e na cultura européia.São principalmente as fontes platônicas e neo-platônicas que se acham representadas nos escritos de Moutsopoulos, a despeito do conhecimento profundo que tem da filosofia de Aristóteles e de outros autores. Encontramos a meditação sobre as relações entre a filosofia e a música em: A música na obra de Platão; A filosofia da musical dramaturgia antiga; A crítica do platonismo Bérgson; O problema do imaginário em Plotino; As estruturas do imaginário na filosofia de Proclo. Essas obras atestam o vai e vem entre a meditação antiga e a meditação contemporânea, característica do método de Moutsopoulos.Seu livro Kairós. A posição e o desafio reúnem textos apresentados ao longo de muitos congressos. Esses textos se referem à noção de kairós, retomada por Moutsopoulos e estudada segundo quatro ângulos diferentes: a perspectiva ontológica (ser e kairós); a perspectiva antropológica (consciência e kairós); a perspectiva estética (arte e kairós). De um lado, esses estudos testemunham a permanência do interesse de nosso pensador pelo tema da cultura grega, bem como a atualidade e a originalidade de sua contribuição; de outro lado, apresenta-nos um dos eixos de investigação mais fecundos do autor, o que lhe valeu a qualificação de "filósofo de kairicidade". Outra reunião de textos, Poiésis e Techné, apresenta a filosofia da arte de nosso pensador. Esses escritos estão estritamente ligados à obra precedente Kairós..., e a Uma filosofia da Karicidade, bem como à Realidade da Criação. A meditação sobre a verdade na arte, a inspiração na música (v.g. Logos mousikos. Ensaio de ontologia musical), a temática de kairós (v.g.. A violação das simetrias e o kairós como métron de arte), o exame do conceito tradicional de Kalokagathia e de sua repercussão no pensamento ocidental , enfim o estudo histórico-crítico da estética grega antiga e medieval e de suas ressonâncias no pensamento moderno e contemporâneo (no terceiro volume da obra) fazem desses textos um exemplo da riqueza e da fecundidade da reflexão de Moutsopoulos. A cultura grega, a filosofia e a artes gregas ocupam uma grande parte da meditação desse pensador. Esta cultura, na qual mergulham as raízes da cultura ocidental, ilumina a obra de Moutsopoulos. Ela oferece ao mundo bárbaro e vazio da sociedade de consumo, uma nova esperança e uma nova possibilidade de recriar o sentido da vida e de responder às antigas questões: que é o homem? E o que faz do homem um ser humano?Celebração da vida, da beleza, da liberdade, o pensamento grego, desde sua mais antiga tradição até nossos dias, no seu desabrochar, no interior do pensamento neo-helênico, é a afirmação, sempre renovada, do valor do homem e de seu destino de universalidade e de transcendência. Constança Marcondes César é Doutora em Filosofia pela PUC de São Paulo, livre-docente em Filosofia pela PUC de Campinas, pós-doutorado em Filosofia na Universidade de Toulouse-le Mirail (França).bolsa FAPESP. Professora titular da Faculdade de filosofia da PUC de Campinas, professora do PG em Filosofia da PUC de Campinas, editora da revista Reflexão, da PUC de Campinas, membro do Instituto Brasileiro de Filosofia, do Instituto de Filosofia Luso Brasileira (Lisboa), premio Georges Bastide de Filosofia da Academia de Ciências de Toulouse (1990), membro do corpo de colaboradores da Revista Brasileira de Filosofia e da revista Utopia y Práxis Latino-americana (Venezuela), membro da Academia Brasileira de Filosofiarego desde sua mais antiga tradição (...) é a afirmação sempre renovada, do valor do homem e de seu destino de universalidade e transcendência". Compreender essa herança e a permanência desses valores é o objetivo dos estudos - sobre a história da filosofia e a filosofia da história - desenvolvidos pelo filósofo, nascido em Atenas, em 1930. Reitor da Universidade de Atenas são também músico e pintor, membro da Academia Internacional da Filosofia da Arte, da Sociedade Francesa de Musicologia, da União de Compositores Gregos. Um dos campos privilegiados nos quais se desenvolve a meditação do filósofo - com várias obras publicadas originalmente em grego e em francês, traduzidas em diversas línguas - é sobre a cultura. "A filosofia da cultura grega é, na sua obra, um esforço de compreensão desta cultura e da atualidade de sua herança, enquanto processo de reestruturação contínua e reformulação de sistemas de valores".

 

A contribuição grega

 

Desde o início de sua expansão, a partir do século IX a.C., os gregos exerceram grande influência na formação literária de Roma. Ocuparam uma vasta extensão da Europa Ocidental, deixando como legado milhares de vocábulos, além do modelo da gramática que serviu de base aos latinos.

 

A história do nosso alfabeto

 

A palavra alfabeto deriva-se do grego alpha (primeira letra do alfabeto grego) e beta (segunda letra do mesmo alfabeto). Para ficar fácil a compreensão, é resumidamente um conjunto de sinais gráficos que juntos podem formar uma imensidão de palavras. Os sinais, em geral, recebem o nome de letra. O som que elas representam recebe o nome de fonema. Além dos alfabetos, existem outros meios de escrita por meio de sinais, um deles é o silabário. Se no alfabeto cada sinal representa o que conhecemos como letra, no sistema silabário, cada sinal representa uma sílaba. Também existe o sistema pictográfico, neste os objetos são representados por desenhos, estes desenhos são os sinais desse sistema e recebem o nome de pictograma. Quando os objetos não podem ser representados por desenhos, os pictogramas são combinados e recebem o nome de ideogramas. Assim sendo, ideogramas são pictogramas combinados para representar o que não pode ser desenhado.  É claro que não trataremos de cada alfabeto apresentado de forma exaustiva, minha aspiração não fazer deste livro uma enciclopédia, mas com certeza perceberemos a evolução da escrita ao entendermos a dos alfabetos. Agora, depois desta pausa, é necessário que o leitor preste bastante atenção em cada explicação a seguir, já que vem bastante resumida e a compreensão de uma depende da outra.

 

 

 

 

Alfabeto Semítico setentrional

 

Se você é um leitor muito detalhista, já deve ter reparado que este alfabeto não possui vogal. O semítico setentrional é o alfabeto mais antigo que se tornou conhecimento. Formado por 22 consoantes, gerou os alfabetos hebraico, árabe e fenício. O alfabeto árabe possui 28 consoantes e suas vogais são representados por pontinhos acima delas.

A palavra semítica vem do nome Sem, o filho mais velho de Noé.

Qual foi a biografia mais admirável que você presenciou, acredite a que a bíblia relata sobre Sem é bem mais. Noé possuía três filhos, Sem, Cam e Jafé. Certo dia Noé inventa o vinho com um experimento e, sem saber do efeito embriagatório do líquido, ele exagera na dose até ficar alucinado o suficiente a ponto de tirar a roupa e ficar, é claro, nu. Enquanto estava nesta situação, chegou seu filho, Cam, que achou, digamos, engraçadinho o acontecimento e chamou seus irmãos para sarrar o patriarca junto dele. Seus irmãos mais idôneos, vão de costa até Noé com uma manta com a qual o vestem.

Quando Noé recobrou os sentidos, ficou zangado com Cam e abençoou Sem e Jafé pelo ato heróico. A partir daí, Sem começa a ser muito abençoado, vive por seiscentos anos e depois dos seus noventa e oito anos consegue sete filhos. Seus descendentes habitaram a alta Ásia e a média, estendendo-se do mar Mediterrâneo até a Índia. O seu terceiro filho, o Arfaxade, gerou Sala que gerou Heber. Deste Heber, um afamado guerreiro, veio o hebraico, língua que na escrita eram usadas apenas consoantes mais para frente com pingos em cima que indicavam as vogais a serem usadas. Quando ocorre na bíblia a ocupação da terra de Canaã (a oeste do rio Jordão, na palestina) pelos israelitas, a língua que eles falavam era já o Hebraico. Por serem muito próximas, perceba que as duas línguas (semítica e Hebraica) apresentam um alfabeto muito parecido. Quando a língua hebraica caiu em desuso, os conservadores populares criaram o aramaico que originou a língua árabe, uma das três línguas atuais do tronco semítico apresentados acima. Nos tempos de Cristo, a língua considerada vulgar de raiz semítica e cognata ao aramaico e árabe era a fenícia. Embora assim seja considerada, os escritores gregos e romanos concordam que o alfabeto foi ensinado aos gregos pelos fenícios. Existe uma crença que diz que foram eles que inventaram o alfabeto, mas isso esta longe de ser comprovado.

 

 

 

Alfabetos gregos e romanos

 

Como já foram relatados anteriormente, os gregos adotaram a variante fenícia do alfabeto semítico, isso aconteceu entre os anos 1000 e 900 ac. Depois do ano 500 AC, o grego se difundiu por todo mundo Mediterrâneo e dele derivaram outras escritas como, por exemplo, o romano e o etrusco. Agora perceba a proximidade do alfabeto grego ao que usamos no português, com certeza este conjunto de informações já estão te deixando exausto, então vai aí um conselho, descanse um pouco e depois reflita sobre o que você já aprendeu, pois o grande desfecho do assunto esta chegando no próximo subtítulo, a seguir você continuará viajando pelo tempo até chegar ao ponto idiomático que estamos.

 

Alfabeto cirílico

 

Por volta do ano 860 dc, os religiosos gregos, que viviam em Constantinopla, evangelizaram os eslavos e idealizaram um sistema de escrita conhecido como alfabeto cirílico. Suas variantes são as escritas russa, ucraniana, sérvia e búlgara.

 

Alfabeto árabe

 

Também tem sua origem no semítico e, possivelmente, surgiu no século IV de nossa era. Foi utilizado nas línguas persa e urdu. É a escrita do mundo islâmico.

 

Até que veio o português

 

Algumas curiosidades a respeito de nossa língua são inevitáveis, como por exemplo, a de que foi a última a ser formada, isso é se puder dizer assim, pois particularmente acredito que nenhuma língua estará um dia formado, mas pelo menos sabemos que o português foi a última ser considerada língua oficial de um ou mais países. Mas como será que ela passou a existir, continuamos então nossa viagem. Retomando o assunto, falávamos a respeito da propagação do grego e do surgimento do romano e etrusco. Por volta do séc. VI AC, chega à península itálica uma língua trazida dos povos provenientes do norte, oriunda das famílias das línguas indo-européias, também possuía forte relação com o sânscrito, o grego e com as subfamílias célticas e germânicas, era o início do latim. A língua passou a ser falada em Roma, rapidamente se tornou língua oficial da igreja católica e dos nobres passando a existir assim o latim clássico que era a forma culta da língua. Quando o império romano começou a conquistar novas terras, os soldados que eram enviados para proteger e explorar estes domínios não falava o latim clássico, mas sim o desprezado latim popular. Os soldados queriam impor sua língua e as misturas do latim popular com as línguas nativas formavam novas línguas de origem latinas, mas com características das já existentes em cada lugar. Ao chegar à península ibérica, o domínio romano foi se propagando até chegar ao Condado Portucalense, que hoje corresponde à região de Portugal. A língua falada nesta região era o galego que no processo de mixagem com o latim popular resultou no português de Portugal. O latim deriva de línguas antigas faladas no Lácio em Roma, e o português foi a ultima língua neolatino a se formar, por isso ela é conhecida com a ultima flor do Lácio, uma citação deste termo, provavelmente a mais famosa, esta no poema de Olavo Bilac a ultima flor do Lácio. Por demorar tanto para se formar, o português possui a maior proximidade com o latim dentre as línguas neolatinas. No ano de 1500, tropas portuguesas ingressaram para a América, colonizaram o Brasil e impuseram como língua oficial, porém, aqui já existia um povo com língua própria, eram os índios cujas línguas principais eram o tupi e o guarani. A mistura do tupi-guarani com o português resultou no português brasileiro que ao passar do tempo sofreu outras modificações decorrentes a outras influencias lingüísticas. E assim surgi o nosso alfabeto.

 

Ascensão grega

 

É preciso, antes de qualquer coisa, diferenciar a Grécia histórica da Grécia simbólica. A Grécia histórica é hoje uma das nações mais pobres da Europa e enfrenta problemas similares aos dos países do chamado Terceiro Mundo: instabilidade política ameaça contínua à democracia, economia subordinada a Estados mais poderosos, atraso tecnológico, dominação cultural, impotência militar etc. Já a Grécia simbólica não é um Estado europeu: está espalhada por todo o mundo. Trata-se do berço da democracia, que a todas as ciências modernas empresta seu idioma, como base pelo menos de sua terminologia. Sua filosofia, sua literatura, suas artes e ciências são à base da cultura ocidental. A origem de todos os idiomas derivados do latimportuguês, francês, castelhano, italiano etc.  têm participação do grego (e até mesmo a do inglês, cujo uso vem se universalizando). É fácil observar isso no léxico, ou seja, nas palavras e no processo de sua construção, com prefixos, radicais e sufixos. O estudante conhece uma grande quantidade de palavras formadas por radicais gregos. Tomemos como exemplo duas palavras: datilografia e telescópio. (Ver quadro1) Embora saiba o significado de ambas, talvez o aluno não possua a habilidade de analisá-las, segmentando- as em partes que podem ser observadas isoladamente:

 

Datilografia / Telescópio

 

Essa separação ajuda a interpretar, deduzindo os significados e o sentido de cada parte.

A partir dessa análise se torna possível mobilizar um conhecimento que parece novo, mas é apenas a reorganização de um conhecimento anterior: Assim, a partir das palavras datilografia e telescópio, o aluno pode formar duas outras  datiloscópico e telegrafia, e inferir seus  significados:

 

Tele scópio

(distância) (visão/estudo)

 

Datilo  grafia

(dedo) (grafia/escrita)

 

Datilo (dedo) + scópio (visão/estudo) = datiloscópico (Visão/estudo do dedo)? O que haveria para ver ou estudar nos dedos? Mesmo que demore um pouco, o aluno certamente lembrará-se das impressões digitais. Sabendo que um telescópio é um aparelho, pode inferir que um datiloscópico é igualmente um aparelho. E, pela dedução, concluir: dactiloscópico é um aparelho empregado para analisar as impressões digitais. As mesmas habilidades ajudarão a compreender o sentido da palavra telegrafia. Tele (distância) + grafia (grafia/escrita) = telegrafia

Ao desenvolver a habilidade de analisar e interpretar as partes da palavra, o aluno verá se abrir um mundo de conhecimentos insuspeitos, com a ampla possibilidade de palavras que pode conhecer. Recorrendo à memória lingüística, ajude o aluno a intuir esse mundo no qual encontrará um vocabulário semi-oculto.

O estudante se surpreenderá ao descobrir que já conhecia, sem saber, inúmeras palavras em grego  e também em latim e em outras línguas como o tupi, o inglês, o francês etc. A Grécia simbólica está em toda parte. Principalmente dentro da gente. Mesmo que a gente nem suspeite.

 

O assunto da mitologia grega é sempre fascinante pra qualquer pessoa que tenha o privilégio de ouvir alguma das histórias dos personagens que a compõe. Até hoje, as constelações estrelares possuem nomes como Vênus (Afrodite), Marte (Ares), Cinturão de Orion, entre outros. Quando tivemos que pesquisar sobre a contribuição histórica que nossa língua herdou, não dá pra pensar em outro povo a não ser os gregos. Sem sombra de dúvidas este foi um assunto muito gratificante e que podemos ter uma noção de o quanto foi valiosa a contribuição desse povo.

 

 

 

Fonte: www.cacp.org.br

Fonte: www.gnto.br

 

 


Autor: Isabela Oliveira


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