O ''O Que'' e o ''Como''



Inegável a evolução tecnológica que a raça humana obteve ao longo das últimas décadas. Sensação estranha essa a de viver em um mundo totalmente diferente daquele onde fui "criado". Lembro-me dos primeiros dias de trabalho naquele escritório de contabilidade onde iniciei a minha carreira profissional. Da "gelatina" para passar no livro diário. Da máquina de calcular que ficava girando, girando, girando e girando até "cuspir" na fita de papel a conta de multiplicação da base de cálculo do ICM (ICMS atualmente) pela alíquota de 15%. Da caneta tinteiro que ganhei de minha mãe, para escriturar os livros fiscais e da cândida usada para corrigir eventuais erros no momento da escrituração. Alguns anos antes estava lá eu vivendo os últimos dias da minha infância; fazendo carrinho de rolimã com tábua que sobrou da construção do vizinho, jogando "bolinha de gude", empinando pipa. Fazendo chá de melícea colhida no terreno de frente de casa e pescando (com vara de bambu, anzol e minhoca) o galo da "dona" Angélica. Chutando a bola de capotão; debaixo de chuva? Melhor ainda. E o Godofredo, meu "galo de estimação" (essa é uma história a parte que qualquer hora conto)?

A escola.... Os alunos que ficavam todos em pé ao lado da cadeira em sinal de respeito ao professor quando da entrada do mesmo em sala de aula e que somente sentavam após a autorização deste. Lembro-me do professor Fernando de Geografia e o seu inesquecível fusca azul 1967, em torno do qual ele dava várias voltas antes de deixá-lo no estacionamento da escola, para certificar-se de que todas as portas, tampa do motor e capô estavam devidamente fechados. O seu tradicional "fooooora da sala" quando algum aluno cometia indisciplina. Eu mesmo fui punido certa vez em que ele me flagrou jogando uma bolinha de papel em outro aluno. Tínhamos que ficar escondidos até o final da aula, pois se o Cândido nos vi-se no pátio da escola em horário de aula, era diretoria na certa.... O professor Hélio que dava "tarefa" (me lembro até hoje do seu tom de voz repetindo essa palavra) aos alunos que esqueciam alguns dos materiais de desenho para sua aula. A gente tinha que repetir 5, 10 ou até vinte vezes alguns desenhos como penalidade pelo esquecimento de algum material. Professor Hélio tinha um Gordine; Qual não foi a surpresa e o espanto da garotada quando ele apareceu na escola com um Passat zerinho zerinho.

E o DKW do professor de educação física? Batizamos de "bomba atômica". Algumas quadras antes dele chegar à escola para as suas aulas matinais, já ouvíamos o "barulhinho" do motor........

O Belair 1951 de meu pai; nossa que carro..... Lembro-me da placa dele até hoje. Era CB 2479. Tá certo que sofria de mal de Parkinson quando atingia 100 km/h, mas era simplesmente lindo. Ele era membro da família. Tinha até nome: "Cheva". Era azul pavão com teto branco. Cruelmente "assassinado" por um comprador que o levou do meu pai, sem o nosso prévio consentimento, em troca de um montante de dinheiro que permitiu, ao meu pai, comprar, em 1972, um Itamarati 1968. Como diria aquele apresentador de TV "simplesmente um luxo". O trauma de infância foi gerado pelo fato do comprador do "Cheva" tê-lo "assassinado" de forma cruel, alguns meses depois da compra, para usar o motor em uma caminhonete. Insensatez total. Um crime!

Lembro-me do bazar Rubi que ficava no caminho da escola e onde eu comprava os materiais do dia a dia; as minhas folhas para os dias de prova, as cartolinas para os trabalhos escolares, a caneta "futura".......

Passei por lá alguns anos atrás. Precisava urgentemente de um pacote depapel sulfite para imprimir a minha dissertação de mestrado. Era sábado; Estava com pressa, carro na calçada, sujeito a multa. Pedi ao caixa sepoderia me "dar" um pacote de papel e cobrar, pois estava realmenteatribulado. Recebi a "seca" resposta de que deveria respeitar a fila. Mascaramba, era só pegar o pacote de papel e receber o dinheiro que estavatrocado. Um movimento de braços e estaria tudo resolvido. Eu não queriaatrapalhar ninguém, mas estava realmente na correria. Nada feito. Que falta de consideração. Sabia ele da minha história com aquele local para me tratar assim tão friamente? Sabia ele que em tempos remotos tinha sido eu além de consumidor um fornecedor de pipas para aquele estabelecimentocomercial? O "japa" (com todo respeito) ficava surpreso com os meus"peixinhos" que ficavam com a folha toda esticadinha. Queria saber qual erao meu "segredo industrial". Nunca contei a ele que depois que a cola davareta secava eu simplesmente soltava um pouco a linha e ela"automaticamente" esticava a folha. Simples! Nunca mais retornei ao BazarRubi, já não era a mesma coisa....

Histórias e lembranças de poucos anos atrás, que no alge dos meus 44 anosrecordo como se tivessem acontecido ontem. Ninguém falava em "internet", "intranet", "e-mail", "ipod", "torpedo","twiter". Ninguém imaginava que em alguns segundos poderia falar ou mandaruma mensagem eletrônica para alguém do outro lado do mundo.

Ar condicionado, retrovisor elétrico, trava central, air bag, CD player? Senha de acesso, DVD, blackberry, Iphone, TV digital? Nem pensar....

Eu queria mesmo era um autorama. Não tive. Pena que a gente cresce eabandona alguns sonhos. Hoje eu até poderia comprar um, mas já não quero.Meus filhos pouca ou nenhuma importância dariam a ele. Agora eles querem oWii. Pois é, e tudo isso foi sendo incorporado em nosso dia a dia, e nem nosdemos conta.  Assim como o meu segredo industrial de produção dos"peixinhos", alguém sabe, em detalhes, como tudo isso foi produzido? Qual atecnologia empregada? Conhecemos "o que", mas não "o como".

Sabemos apenas que existem, são reais, estão, quer queiramos ou não, emnosso dia a dia e funcionam. Isso é o que importa! Será?

Afinal, Tostines vende mais porque esta sempre fresquinho ou esta semprefresquinho porque vende mais?

Alguém sabe me dizer a diferença de um sinal GPRS de um EDGE que aparece nomeu celular? Alguém sabe exatamente como o satélite transmite asinformações? Como funciona o wireless? O bluetooth? Como o programa zipa oarquivo?Não quero nem saber. O importante é que esteja ai a minha disposição e comqualidade para consumo. O micro-ondas não produz fogo, mas esquenta. O CD player não tem agulha de"vitrola" mas toca, o carro não tem mais carburador mas anda. Simplesmenteimpressionante.Fico imaginando alguns desses inventos sendo a mim demonstrados quando euera ainda uma criança e certamente eu acreditaria que seriam feitos deextra-terrestres.Alguém sabe me explicar como é que o telefone celular funciona sem ternenhum fio ligado a nada? Como é que aquela "luzinha" (laser) do caixa eletrônicolê os dados do código de barras? Como posso baixar um arquivo mp3 e ouvirno meu celular? Meu irmão mais velho cortaria novamente o velho rádio"Speaker" de meu pai para descobrir quem estava escondido lá dentrofalando? Certamente que não; as crianças hoje em dia também sofreram um "upgrade". São muito mais "espertas".

Pobre do Tomé nos dias de hoje....

Temos que crer em milhões de coisas que não conseguimos mais ver!

Hoje é tudo tão virtual. Até o sexo virtual já "inventaram". Putz grila!

Pois bem. Convivemos com milhões de coisas que não conhecemos (tecnicamentefalando), mas que temos plena convicção que existem. Poucas pessoas,proporcionalmente à população mundial conhecem profundamente.Certo é que para conhecermos como essas coisas funcionam precisaríamos deanos e anos de dedicação e estudo, mas para que? Se não são a nossa área deespecialização profissional, esses conhecimentos ficariam no "roll" da nossacultura geral. Bom para demonstrarmos superioridade "intelectual" emrelação às outras pessoas no papo do buteco, só isso. Será mesmo?

Pois bem. Fico aqui a pensar com os meus botões da minha "brusa"..... Seráque fato correlato também não ocorre no que se refere ao lado por assimdizer "esotérico" de nossas vidas?

Existência da alma (o "fecho da abóboda" como definiu Kardec),reencarnação, possibilidade de comunicação entre o mundo espiritual e omundo material, não são coisas que estão ai, no nosso dia a dia, jádevidamente comprovadas?

Mas parece que nesse campo, o "O que" não nos basta. Queremos também,quando realmente nos interessamos pelo tema, saber o "Como".

A medicina evolui cada vez mais para o conceito do tratamento da "alma"antes de tratar o corpo que simplesmente sofre as suas conseqüências. Corpoetéreo, aura, fotos Kirlian, estão todos ai provando que existe algo alémda matéria. A obsessão sofrida por seres desencarnados ou encarnados já fazparte do catálogo de doenças. Você sabia disso?

Quando o tema é reencarnação, provas não faltam. São livros, filmes,estudos comprovando a existência desse processo. Evidências não faltam;basta estudar. TCI a Transcomunicação Instrumental está ai firme e forte, comprovando aspossibilidades de intercâmbio entre os dois planos (material e espiritual).Já imaginou quando tivermos um "celular" ou um equipamento de vídeoconferência para nos conectarmos com o "outro mundo"? Impossível? Acho quenão, basta vermos os "inventos" das últimas décadas.

Será que estamos aqui falando simplesmente de religião, de dogmas? Ou defatos já comprovados pela ciência?

Será que eles são tão pouco importantes para nós, para darmos assim tãomais importância à vida material?

Até quando vamos preferir acreditar nas estórias de lobo mal e os trêsporquinhos?Reflitamos.


Autor: Silney De Souza


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