A INCRÍVEL ESTÓRIA DE EDGAR POSTERFINSTER



São Luiz das Palmas, 1916.Edgar Posterfinster trabalhava como balconista num Armarinho. Tinha 25 anos naquele ano em que conheceu Alma Alterra, filha de um advogado que recém havia se mudado para a cidade com a família. Alma e a mãe passaram a fazer compras na loja e logo Edgar se apaixonou pela moça. Mas Alma era arrogante, orgulhosa e vaidosa, se divertia com a situação, e por isso Edgar recorreu ao auxilio de uma mandigueira. A mulher ensinou-lhe uma mandinga capas de fazer com que a moça se apaixonasse por ele. Ela deu-lhe os ingredientes necessários com uma recomendação: - Não faça nada errado!Confiante que tudo daria certo, Edgar voltou para a pequena casa onde morava, na periferia da cidade. No assoalho de madeira desenhou com cal um triângulo e colocou dentro dele algumas gotas de mel, pétalas de rosa vermelha, uma folha de arruda, um par de pernas de sapo e o nome de Alma escrito com sangue numa folha de papel. Tudo pronto, agora é só pronunciar as palavras mágicas: Veteris Vestigia Flamae! Edgar calou-se concentrando seus pensamentos em Alma.Imaginou que tudo daria certo. Mas, de repente relâmpagos e estalos abalaram a casa, o assoalho rangeu e partiu-se com um estrondo. Edgar tentou se segurar em alguma coisa, mas não conseguiu, caiu na escuridão e a casa sobre ele.Dez anos depois...Uma violenta tempestade caiu sobre São Luiz. Um raio atigiu o solo exatamente no lugar onde era a casa do balconista que sumiu há dez anos. Quando a tempestade passou, o sol surgiu por entre nuvens. O solo estava encharcado e dele subia uma bruma úmida. Gotas da chuva ainda caiam das folhagens. De repente, em certo ponto a terra começou a se erguer, torrões de barro rolaram para os lados e uma mão escura surgiu. Edgar ergueu-se repirando fundo. Olhou para os lados e não reconheceu o lugar onde estava. A única coisa que se lembrava era do seu amor por Alma Alterra. Ele sentiu necessidade de encontrá-la e falar com ela. Com passos lentos, seguiu para  a cidade. Nas ruas as pessoas o evitavam, olhando-o com certo temor e repugnância. Ele chamava por Alma e ela não respondia. Garotos começaram a jogar pedras nele e ele teve que fugir. Cambaleando, saiu da cidade e subiu uma colina. Lá em cima havia túmulos, túmulos de centenas de pessoas que morreram na epidemia de gripe que assolou São Luiz em 1918. Ofegante, Edgar estaca, não consegue mais caminhar, o ar lhe falta, o coração pára de bater e ele cai sobre um túmulo. Na lápide está escrito: Aqui jaz Alma Alterra, nascida à 24 de outubro de 1891, falecida aos 19 de outubro de 1919.FIM antonio stegues batista
Autor: Antonio Stegues Batista


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