Dalva e Herivelto



Dalva e HeriveltoAh, o Brasil.Esse país imenso, com tantas belezas naturais, com tantos desníveis sociais e tantos desafios a serem enfrentados.E se pensarmos na história desse gigante ainda adormecido, aí a situação fica ainda mais crítica.O que sabemos de nós enquanto nação? O que conhecemos de nossa história verdadeiramente? O que se conta nos livros didáticos é pouco, pouquíssimo diante dos silêncios, das reticências, das frestas que só permitem entrever um naco do todo enorme que é este país.Que o povo tem memória curta, a gente sabe.Mas a memória se constrói de fatos elucidados, de conhecimentos bem repassados e a verdade tem que permear todo o processo, caso contrário tudo vira história da carochinha, fantasia, uma Disney tupiniquim. E basta uma vontade bem alimentada, associada a uma técnica bem cuidada e a um bom trabalho de pesquisa e a gente vê o resultado.Prova? A mais recente minissérie global: Dalva e Herivelto.Um primor, na minha modesta opinião.Digo modesta porque não sou expert em produções televisivas, mas sou uma assídua telespectadora.E raramente assisti a uma história tão bem conduzida.Achei a reconstrução da época do rádio simplesmente primorosa.E o que dizer da interpretação de Adriana Esteves? Foi de uma sensibilidade única.Mostrou o seu amadurecimento como atriz, despertando em mim( e creio que em muita gente) a mais pura emoção.É gratificante também ver Fábio Assunção mais centrado, dando a volta por cima, vencendo a si próprio.E todos os ilustres artistas da época, que o Brasil não conhece, apareceram de forma brilhante, maravilhosamente caracterizados.O que mostra que a televisão pode e deve oferecer ao seu público o que tem de melhor.E se hoje a galera mais jovem desconhece a riqueza de nossa música, muito se deve ao descaso dos meios de comunicação que deixaram de lado nomes como Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Maysa ( recentemente homenageada de forma brilhante também), Elizete Cardoso, Nélson Gonçalves, Orlando Silva, entre outros que foram ídolos numa época em que a televisão não existia.E quanto à conturbada história de Dalva e Herivelto, mais uma vez a paixão foi o que fez a diferença, o que conduziu a atuação dos protagonistas e que comoveu a todos que ficaram grudados na telinha.Como toda relação apaixonada, as idas e vindas do casal, as brigas e as pazes feitas, os arroubos, os beijos, a libido exacerbada, as farpas trocadas, a roupa suja lavada em público,o sofrimento e o desassossego, tudo o que compõe uma paixão a história mostrou e a gente se comoveu até as lágrimas.O que ficou depois da última lágrima? Acho que uma vontade de ver outras biografias bem contadas, outros resgates feitos de forma verdadeira, onde a fantasia esteja tão somente a serviço da arte, sem escamotear os fatos mais importantes, aqueles que dão aos seus protagonistas o seu real valor.E acho que a minissérie conseguiu isso.Ou alguém duvida que quem assistiu a esse bela história não tenha se encantado com Dalva e reconhecido o talento imenso de ambos?Tomara que as boas intérpretes de hoje atrevam-se a regravar algumas canções primorosas da maravilhosa Dalva de Oliveira.Não importa que o tom seja outro, até porque os tempos são outros também, mas que o coração esteja na voz e que a emoção fale mais alto.
Autor: Amarília Couto


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