Estrada



Quando eu for embora restarei talvez em pensamento.
A minha carne conhecerá a libertação da dor e a dor da libertação.
Serei um ajuntamento de ossos num saco branco no fundo de uma sepultura.
Minhas impressões do mundo serão o que o mundo me imprimiu na alma.
E todo o tempo que vivi será o breve espaço em que a mente apaga a minha existência sobre a terra.

Nas primeiras horas barulhentas virão os amigos de sempre
E os amores que deixei na estrada que caminhei.
Um filho chorará por mim e gritará ao cosmos a minha ausência prematura.
Depois e silenciosamente passarei à condição de passado recente submetido aos rituais dos vivos.

Mais adiante silêncio e uma lápide com o que não fui. Passarei!


Autor: Nara Junqueira


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