Violência e Educação



Thereza Bordoni[i]

Nos últimos dias, muito se tem falado de atos de violência praticados por jovens e crianças. Esta não é uma discussão simples. Precisamos analisar dentro do contexto da sociedade e família atual e a partir de diversos pontos de vista; e mesmo assim, provavelmente, não encontraremos uma resposta que nos satisfaça. Afinal e mais fácil buscar e apontar culpados, do que assumir que somos todos culpados e partirmos para a busca efetiva de soluções.

Proponho uma reflexão pessoal, deixando de lado a família, o governo, a escola e encarando todos, como parte desta sociedade: eu, você e eles.

O jovem (menor de idade ou criança) não é violento sozinho, ele é parte da sociedade e a repete em suas ações. A sociedade de hoje é tão violenta (na verdade sempre foi, embora de outra forma e sem a repercussão social que hoje se tem) porque o modelo de vida e de pessoa que ela propõe inclui a violência como valor, recurso, meio ou fim.

Que tipo de cidadão temos hoje em nossa sociedade? Independente da idade, temos pessoas cada vez mais hedonistas, que desejam que todos estejam aqui para satisfazer imediatamente suas necessidades (custe o que custar ao outro), e assim possa ser feliz! Uma sociedade onde a felicidade se mede pelo que se tem e a tolerância a frustração é zero (Ter vale mais que Ser).

Precisamos educar nossos jovens e crianças para a paz, porem, paz não é só ausência de violência, mas uma forma de ser, viver e se relacionar, praticando a verdadeira justiça; e uma sociedade que não valoriza a paz não pode educar para a paz.

Para mudar este quadro, é preciso que nós adultos passemos a oferecer modelos positivos para os jovens e crianças. Mas, precisamos ter claro que transmitimos não aquilo que falamos é sim os exemplos concretos que damos. É preciso policiarmos os valores que transmitimos e os que de fato vivemos. São as nossas ações e atitudes para com os outros e para com o ambiente, que verdadeiramente educam.

Nós, educadores, temos uma enorme responsabilidade. O que as crianças e adolescentes descobrem ao olhar para seus professores e educadores? A que exemplo, estamos correspondendo, em nossas ações cotidianas dentro e fora do ambiente escolar. O que avaliamos e o que valorizamos? Se não tivermos critérios diferentes dos que a sociedade tem, pouco adiantará nosso trabalho e esforço em prol de uma educação humana para um mundo melhor.

Nossos menores infratores só estão reproduzindo as ações que fazem parte do seu cotidiano. O velho ditado popular: "faça o que eu digo e não o que eu faço", já não cola mais! Devemos nos re-educarmos para a Paz, do menor ao maior.


[i] Doutora e pesquisadora em Educação. Diretora da Academia de Projetos e Idéias. Palestrante e consultora. direçã[email protected] ou [email protected]


Autor: Thereza Bordoni


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