Viver...Esperar...Decepcionar?



 

Muitas pessoas investem uma quantidade extraordinária de tempo e energia, desqualificando, insultando, desmerecendo a si próprias e ao outro, pelos mais variados motivos. A grande maioria das vezes isso acontece, porque um dia, muitas vezes até mesmo bem distante, se tomou determinada decisão, por acreditar nela, e mais tarde percebeu que não era a mais acertada. Criticamos veemente a maneira de ser do outro, suas atitudes, mas tantas vezes repetimos na nossa vida, nos nossos relacionamentos, estas atitudes tão firmemente condenadas por nós. Vivemos nos esquecendo que acertar sempre, não é possível. Apesar deste ser um desejo da maioria, é totalmente impossível de ser realizado. Tenho certeza, que queremos viver bem, sentir felicidade, alcançarmos tudo que desejamos. Quantas vezes, apesar de termos o real desejo de agradar alguém, falhamos, e magoamos. Ou ainda, outras tantas vezes nos sentimos magoados por alguém. Decepcionados com a atitude do outro. Ninguém vem ao mundo, com um manual detalhado de como fazer tudo de maneira absolutamente correta. Não chegamos por aqui neste mundo, completamente prontos, com tudo calculado. Não passamos por nenhum treinamento de como sempre fazer tudo absolutamente certo. A nossa vida não é como uma equação matemática, onde o resultado pode ser calculado sem possibilidade de erro. Viver não é sempre alcançar, muito menos acertar sempre. Muito menos agradar sempre e a todos que nos rodeiam. Cobramos a todo momento do outro, e muitas vezes de nós mesmos, uma postura infalível. E apesar de tantas vezes constatarmos a impossibilidade de atender a esta cobrança, insistimos nela. E vivemos acumulando decepções, experimentando inúmeras frustrações, diante dos imprevistos, dos resultados distantes daqueles que desejamos. Mas não desistimos. E quantas vezes, diante de algum comportamento do outro que não condiz com o que queremos dele, ficamos irritados. Tristes. Simplesmente por não termos sido atendidos na expectativa que criamos. Agimos como crianças mimadas. Que esperneia, chora e faz uma cena bem desagradável, pela dificuldade que temos de lidar com frustrações. Quantas vezes passamos boa parte da nossa tão curta existência nos martirizando, porque erramos, e não conseguimos o resultado esperado. Ou condenando e torturando o outro, por ele ter errado (de acordo com nosso julgamento). Temos cada vez mais, uma dificuldade tão grande de simplesmente relevar, perdoar os deslizes, os erros nossos, ou do outro. Viver é tentar. Algumas vezes ter sucesso, outras tantas fracassar, se frustrar. Mas se passamos o tempo inteiro valorizando mais os erros, tanto os nossos como o do outro, corremos um risco imenso de não aproveitar os acertos. Ou ainda, de diminuir muito toda e qualquer possibilidade de acertos. Quando assumimos uma posição de amargura, de constante rancor diante do mundo, nossa visão fica diminuída, nossa capacidade fica limitada. Pois passa a prevalecer o sentimento de desânimo, e ele é um bom alimento para a nossa lentidão diante das situações da vida. Viver sentindo constante arrependimento nos enfraquece. Se relacionar com o mundo de maneira amargurada, nos deixa bem propensos ao fracasso, a uma vida de constantes frustrações. Se cobrar a perfeição, exigir do outro que corresponda sempre a tudo que eu espero dele, é se candidatar a perder a oportunidade de realmente viver. O ideal muitas vezes passa bem longe do real. Principalmente quando idealizamos sobre a maneira de ser, de agir e de viver do outro!

 

 

 


Autor: Maria Francisquini


Artigos Relacionados


Lamento Ou Condicionamento De Vida

Por Que Magoamos Tanto A Quem Amamos?

Fé Na Vida

O Céu Ou O Inferno é O Outro

O Amor Não Morre, Mas Nos Condena

Reflexão

Conseguimos Perder Sem Que Também Nos Percamos?