Resenha de ''Graves Erros de Conceito em Livros Didáticos de Ciência''
O autor do texto, Nélio Bizzo, coordenador da equipe técnica da Faculdade de Educação da USP, apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a qualidade dos livros didáticos.
No primeiro momento do texto, o autor escreve sobre uma nova forma mais aprofundada de análise e seleção dos livros didáticos para as escolas públicas, levando em consideração o conteúdo pedagógico. Agora os professores teriam acesso aos tipos de livros que são indicados ou não aos seus alunos. Eram expostas duas listas, uma com os livros recomendados e outra com os livros rejeitados.
Neste sentido, alguns pesquisadores, tais como Hilário Fracalanza, Adriana Mohr e Nadir Delizoicov ao analisarem determinados livros didáticos, apontam erros conceituais graves e preconceitos. Eles chamam a atenção para a necessidade de uma parceria entre universidades e escolas públicas, investimentos na formação continuada de professores para que eles possam se aperfeiçoar e analisar melhor os livros didáticos.
Quanto aos erros conceituais, encontramos algumas considerações no texto falando que o erro é humano, mas que é preciso tomar cuidado para que isso não aconteça, pois um erro na educação é tão grave quanto um erro médico. "Definições genéricas errôneas ou a utilização prática equivocada de algum conceito poderá levar o aluno a voltar a repetir o equivoco em diversas situações, comprometendo sua atuação social e profissional no futuro, podendo inclusive expô-lo a riscos". Por isso é preciso levar a sério o ensino correto das coisas, alguns erros podem ser evitados, os encontrados nos livros analisados poderiam ter sido concertados se estivesse o cuidado de pesquisar em uma fonte segura.
Em um outro momento, o texto discorre sobre as críticas feitas aos livros didáticos, elas pouco contribuem para a melhoria do ensino. Aparecem na impressa uma ideologia que sugere que a causa da má qualidade de ensino está diretamente relacionada nos erros dos livros didáticos.
"A crítica deve se voltar para a compreensão das precariedades da realidade educacional brasileira e dos fatores que contribuem para sua manutenção", ou seja, devemos tentar superar um ensino que somente reproduz o que está posto, alunos que copiam e memorizam textos. Isso depende do professor incentivar que os alunos busquem, pesquisem, e o livro didático não pode ser culpado por isso, claro que ele pode contribuir para manutenção desse sistema, mas o professor tem a opção de não seguir arrisca o que o livro está pedindo.
Os conteúdos encontrados nos livros didáticos têm reforçado "a posição secundaria e lateral do currículo", são conteudistas e apresentam listas e classificação de nomes para serem memorizados sem nenhum, incentivo a consciência crítica, são atividades de copias, exercícios limitados que podem ser transcritos dos textos, experiências mal formuladas, desvalorizando, assim, a aprendizagem significativa.
Os assuntos dos livros são encontrados de forma desconexa com trechos de series posteriores, achando necessário o aluno ver, de forma prévia, o que ele vai precisar nas próximas séries, deixando de levar em consideração o que o aluno está apto a aprender. Ainda deixam de valorizar o que aluno já sabe (os conhecimentos prévios), a cultura do aprendiz, ou seja, como se o conhecimento cientifico fosse mais importante do que o conhecimento popular.
A pesquisa também revelou que alguns livros didáticos não apresentam referencias bibliográficas, citações ou sugestões de leituras, levando as editoras acusarem-se de plágio, como se eles fossem os "detentores do saber".
Os resultados da pesquisa mostram que em muitos dos livros didáticos, encontram-se recomendações de primeiros socorros, na qual encontramos instruções equivocadas, tais como, no caso de picada de cobra, chupar o sangue, provocar hemorragias ou cortes com pregos, esses procedimentos podem causar necrose, gangrena, infecções etc. Além disso, sugestões de experiências perigosas que podem causar acidentes; hábitos inapropriados, como compartilhar alimentos com animais; hábitos contrários ao convívio social, como imagens de pessoas negras relacionada a pobreza, entre outros tipos de preconceitos. Podemos perceber que estas recomendações não foram previamente analisadas por pessoas habilitadas.
Enfim, a pesquisa mostra que apesar de haver um pequeno grupo de editoras com livros de boa qualidade disponíveis para o professor, a grande maioria dos livros didáticos apresentam graves erros conceituais sobre o conteúdo de ciências, um ensino equivocado sobre estação do ano, fases da lua, estado físico da matéria, temperatura, ilustrações mal elaboradas, primeiros socorros e ainda erros de português.
A conclusão do texto parte do pressuposto de que é necessária uma reflexão a cerca dos resultados apontados pela pesquisa, pois esses problemas podem causar graves conseqüências, uma educação de má qualidade afeta na vida do educando, tornando-o despreparado e prejudicados num mundo que exige pessoas preparadas e qualificadas.
Resenhista: Grazielle Almeida de Jesus
Curso: Licenciatura em Pedagogia
Disciplina: Met. e Téc. do Ensino Fundamental de Ciências. [i]
[i] Disciplina ministrada pelo professor Paulo Marcelo, lotado no DCB.
Autor: Grazielle Almeida De Jesus
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