ENSINO DA ORTOGRAFIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO



Vanessa Carla Barros

O processo de alfabetização tem por objetivo levar o aluno a aprender a escrever e ler com fluência. Para que isso aconteça é necessário que o professor organize situações didáticas que possibilitem ao aluno não só construir suas hipóteses e estratégias de leitura e escrita como também se faz necessário organizar de maneira sistemática o estudo de algumas regras ortográficas.

No tocante ao ensino das regularidades ortográficas é importante que o professor esteja consciente que o aluno não vai sair escrevendo corretamente logo no primeiro ano de alfabetização. Ao contrário, o aluno só irá dominar essa habilidade ao longo do ensino fundamental.

Em contrapartida, isso não significa que o professor alfabetizador não precise promover o ensino da ortografia nos primeiros anos da alfabetização. É fundamental que durante o processo de alfabetização o professor oriente o aluno a ir percebendo como funcionam as relações entre grafemas e fonemas, construindo progressivamente as regularidades ortográficas de sua língua materna.

Para o ensino das regularidades ortográficas é imprescindível, desta forma, que o professor alfabetizador oriente atividades que contemplem o estudo dos grafemas e fonemas de uma forma significativa e contextualizada para o aluno.

Tomando como referência estudos de Emilia Ferreiro, Piaget e Vygotsky reconhece-se a necessidade de o aluno aprender a sua língua materna em situações sócio-comunicativas do seu cotidiano. Isso significa substituir as atividades mecânicas e repetitivas por atividades que encantam e motivam o aluno, levando-o a pensar sobre a escrita e seus usos em diferentes contextos.

Uma estratégia didática que pode resultar em frutos produtivos é o trabalho ortográfico com histórias infantis.

As histórias têm o poder de encantar e maravilhar as crianças. Nos primeiros anos de alfabetização o trabalho com histórias infantis é importante tanto para despertar o gosto pela leitura como também para orientar o estudo sobre a língua escrita.

Ao trabalhar com histórias infantis o professor alfabetizador pode explorar atividades que levem os alunos a perceberem que os grafemas podem ter valor sonoro distinto conforme o contexto em que é usado bem como pode facilitar o processo de compreensão da formação das palavras, trabalhando a morfologia da língua.

No conto "Chapeuzinho Vermelho", por exemplo, o professor alfabetizador pode ousar e criar atividades variadas, trabalhando as regularidades ortográficas. Como exemplo dessas atividades, pode-se citar a criação de listas de palavras que permitam aos alunos perceberem a posição dos grafemas em diferentes posições (o L no começo ou no final da sílaba e o H na formação de dígrafos, por exemplo); localizar palavras em trechos das histórias; criar glossários ou incentivar a consulta ao dicionário pesquisando palavras retiradas das histórias, e outras. Vale salientar que cabe ao professor alfabetizador organizar as atividades conforme a realidade da escola, a faixa etária e o nível de desenvolvimento dos alunos.

Seja individual ou em grupo atividades desse porte contribuem tanto para o aluno desenvolver sua habilidade de interpretação textual como também o leva a compreender o sistema da escrita e a utilizá-lo adequadamente.

O importante, porém, é que as histórias infantis não percam sua espontaneidade e magia. Qualquer atividade proposta de forma mecânica não incentiva a construção do conhecimento e tampouco encanta o aluno para o aprendizado. É preciso que as atividades sejam trabalhadas de forma pedagógica sem influenciar negativamente a percepção que aluno possui acerca das histórias infantis.

Portanto, cabe ao professor ter bom senso e criatividade para ousar a fantasia e a magia das histórias infantis para trabalhar as regularidades ortográficas e ao mesmo tempo despertar no aluno o prazer de ler e ouvir histórias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua escrita. Trad. Diana Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corso. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1986.

FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. Trad. Sara Cunha Lima, Marisa do Nascimento Paro. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

REGO, T. C. Vygotsky uma perspectiva histórico cultural da educação. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 1995.


Autor: Vanessa Carla Barros


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