Nação e nacionalismo



              A imagem de nação para a Europa do antigo Regime se confunde com o território do monarca. Afinal de contas, num ambiente amplamente favorável ao absolutismo, "o Estado é dele", numa alusão ao rei francês Luis XIV.

 

            A obra da Revolução Francesa irá fundar uma nova concepção de nação. Se antes a nacionalidade se refere a uma dinastia, no século XIX o Estado passa a buscar uma identificação do coletivo, do povo. Este processo é longo, penoso, mas terá êxito.

 

            Este fenômeno ocorrerá em todo o mundo. Não há lugar que não conhecerá discussões e conflitos envolvendo o princípio da nacionalidade. E muitos permanecem até os nossos dias.

 

            O nacionalismo, antes de mais nada, é uma afirmação de particularidade de um povo. Seja pela origem em comum, pela língua, religião, costumes ou por estes aspectos juntos, o estímulo ao sentimento de pertencer a uma nação e por ela doar a sua vida é um dos grandes desafios do século XIX.

 

            Não é só o sentimento que a idéia de nação irá despertar. Outro desafio será trazer racionalidade, complementando o serviço de atingir o coração dos indivíduos. Neste sentido, os intelectuais serão peças fundamentais. Escritores, pintores, escultores, historiadores, gramáticos, lingüistas, filólogos e filósofos, uma gama enorme de pensadores e formadores de opinião irão estabelecer a história de um passado glorioso, uma língua nobre, um povo guerreiro, entre outros elementos. Tudo isso irá se juntar ao universo dos símbolos, das bandeiras, dos mitos, dos hinos e de tantas outras coisas que irão alcançar o povo em cheio, a ponto dele se convencer que é parte daquilo. O Estado deixa de ser a propriedade do rei e se transfere ao conjunto dos cidadãos.

 

            O ideal nacionalista ultrapassa barreiras. Estará presente em regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas; fará parte do universo de países democráticos, liberais e ditaduras; poderá ser definido como de direita e de esquerda; será um dos fenômenos universais da História.


Autor: Luiz Eduardo Farias


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