Resenha do texto de Bizzo: Os graves erros de conceito em livros didáticos de Ciência Por: LIMA, Naíla Lima.



BIZZO, N. Graves Erros de Conceito em Livros Didáticos de Ciência. Ciência Hoje. v. 21 nº. 121, p.26- 35, 1996.

Nélio Marco Vincenzo Bizzo possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (1981), mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela Universidade de São Paulo (1984) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (1991), após ter sido aluno do curso de pós-graduação da Universidade de Liverpool (1990-1), leitor da British Library, e do Manuscripts Room da Universidade de Cambridge, onde foi credenciado para pesquisar os manuscritos e a biblioteca pessoal de Charles Darwin. Realizou estágio de pós-doutoramento na Universidade de Leeds. Com bolsa da CAPES (1993). É Livre-Docente em Metodologia de Ensino da Ciência e Professor Titular de Metodologia do Ensino de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo. É Fellow do Institute of Biology (Londres) e membro de diversas associações científicas. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, atuando principalmente nos seguintes temas: metodologia do ensino de ciências, História e Filosofia da Biologia, ensino de evolução, darwinismo e evolução e formação de professores.

No texto Graves Erros de Conceito em Livros Didáticos de Ciência, Bizzo aborda a questão dos erros existentes em livros didáticos que eram utilizados antes nas salas de aula como norte para a aprendizagem dos alunos. Ele dividiu toda essa discussão em alguns pontos de discussão que nos explicarão o porquê o MEC desde 1996 começou a ter um novo olhar para os livros didáticos e os submetendo a rigorosas avaliações.

No primeiro ponto a ser tratado no texto, Bizzo explica em por menores os motivos que levaram o MEC a modificar a sua forma de escolha dos livros didáticos. O mesmo esclarece que os livros sempre foram bem analisados pelos órgãos competentes da época, sendo que eles já faziam análises rigorosas dos livros didáticos, porém deixavam passar questão que "não tinham como tão importante", como um fator que implicaria no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos ou então passava desapercebido às suas análises e em 1995 passaram a analisar o conteúdo pedagógico desses livros.

Quanto aos Erros Conceituais Bizzo salienta que da mesma forma que nós quanto consumidores temos a total exigência com as coisas que consumimos e consequentemente não aceitamos erros, na aceitação do livro didático tem que ser da mesma forma. Acrescenta ainda que a pretensão da avaliação rigorosa quanto aos livros didáticos era a de evidenciar a displicência na pesquisa, na busca e na veiculação de informações corretas, tendo por objetivo diferenciar erros conceituais daqueles que dependem fortemente de contexto ou contingência específica.Lembrando que definições genéricas errôneas ou a utilização prática equivocada de algum conceito poderá levar o aluno a voltar a repetir o equívoco por diversas vezes.

No ponto em que trata sobre a Crítica Analítica o autor descreve que algumas matérias na imprensa sugerem ao cidadão que o motivo da precariedade da educação residia nos erros dos livros didáticos, cumprindo aí um papel ideológico de transformar o livro didático em um remédio de todos os males da educação no país. Acrescenta ainda que além de apontar tais erros em publicações didáticas, a crítica deve se voltar para a compreensão das precariedades da realidade educacional brasileira e dos fatores que contribuem para sua manutenção.

Bizzo ainda na Crítica Analítica ressalta que não se pretendeu fazer julgamento morais livros didáticos, mas sim uma análise de conhecimento ali veiculado preocupado com a correção de longas listas de perguntas, identificando erros conceituais capazes de comprometer o desenvolvimento intelectual do aluno.

Na Adequação dos Conteúdos o autor expõe que os conteúdos de ciências têm sido tratados de maneira lateral da escola elementar, que os conteúdos são apresentados apenas como um ornamento curricular, alertando então que é preciso evitar lista de nomes a serem memorizados. O professor e alunos devem encontrar conteúdos que permitam uma exploração inteligente da ciência e dos fenômenos estudados e a criança deve ser vista como aprendiz inteligente, capaz de entender e criticar o conhecimento científico dentro das características próprias da idade.

Quanto às Atividades Propostas, nos livros didáticos avaliados, a passividade do aluno é estimulada do aluno é estimulada através cópias, exercícios que se limitam a localizar no texto trechos a serem transcritos, memorização de enunciados, experiências mal formuladas quenão atingem os objetivos, ou mesmo meras demonstrações que se sabem os resultados.

Na Integração dos temas nos capítulos, Bizzo salienta que há livros didáticos destinados às primeiras séries do primeiro grau e que seus conteúdos são específicos para alunos das séries mais avançadas. Esclarecendo que os livros didáticos devem ser concebidos para os alunos aos quais se destinam, devendo compreendê-lo em sua totalidade e consequentemente perceber a ligação que deva existir entre suas partes.

Bizzo quanto a Valorização da experiência de vida do aluno explica que em alguns textos dos livros analisados os conhecimentos que os alunos trazem consigo para a sala de aula são conhecimentos descartados, como se fosse errado, partindo do pressuposto que os alunos são vazios intelectualmente. Esclarece que um texto didático por sua vez deve incentivar a exposição de idéias dentro do universo cultural e que o ponto de partida para o desenvolvimento do saber do aluno deve ser, o saber que o aluno já tem do mundo e dos fenômenos que conhece.

Nas Referências Bibliográficas, citações, sugestões de leituras, o autor explica que as publicações didáticas devem expor de forma franca e transparente as fontes utilizadas como base, citando origem de informação, não concordando com as formas que havia antes da análise dos livros didáticos, que eram frequentes plágios, cópias, etc..

A análise trouxe Resultados que, de fato, há um pequeno, mas sólido segmento editorial comprometido com a superação das precariedades e, portanto, se temos que lamentar a gravidade dos erros encontrados, podemos também nos confortar com a exigência de obras de boa qualidade, disponíveis e acessíveis para o professor.

No presente texto são apresentados os principais problemas encontrados e que podem ser divididos em duas grandes áreas, que se refere à preocupação com:

A formação geral do aluno e sua integridade: em livros que não foram ainda revisados apresentam recomendações de primeiros socorros que não pode ajudar a vítima, como também pode agravar o seu estado de saúde.

 A acuidade da informação veiculada com os conceitos centrais para a estruturação do conhecimento científico: muitos livros didáticos ainda explicam as estações do ano através da proximidade ou distancia do planeta Terra em relação ao Sol. As fases da Lua também são explicadas de forma incorreta. Conceitos tão elementares como o estado físico da matéria são transformados em argumentos irreconhecíveis, que apontam para a consistência dos objetos, sem a menor distinção entre substancias e misturas. O ar definido como "substancia em estado gasoso" (Joanita de Souza, s/d, III:31). A eletricidade está restrita como à corrente contínua que Em alguns livros ela vem como substancia líquida, com evidentes abusos metafóricos.A eletricidade estática seria produzida com fricção de objetos, que provocaria a agitação dos elétrons.A Fotossíntese e a respiração são encontradas de forma errada na maioria dos livros didáticos. Na definição de animal vertebrado, está errado na maioria dos livros didáticos, que utilizam a presença de esqueleto como critério.

Bizzo conclui o texto ressaltando que na área de ciências apresentou possivelmente os problemas mais sérios dentre quatro áreas analisadas e que alguns autores foram incentivados por editoras a ecrever livros didáticos

Partindo então da análise feita do livro de didático de Ciências, podemos vê por quanto tempo e quantas pessoas passaram por ensinamentos que não condiziam com a realidade, com ensinamentos que colocavam em risco a vida do aluno e consequentemente o seu conhecimento científico. Negando aos nossos alunos conhecimentos corretos, críticos e estimulantes.

Os alunos com os textos apresentados nos livros didáticos antes na análise erram "afogados" em um poço de passividade quando eram submetidos a excessivas cópias sem fundamentos e reflexões, não lhes dando a oportunidade de usar a criatividade, de pensar junto com o autor, de compreender de forma plena o assunto estudado.

A utilização de livros com erros grosseiros por um longo tempo nas escolas públicas junto com a passividade e falta de interesse de parte dos professores em pensar que o livro didático é o norte para os seus ensinamentos, desmotivado a pesquisar em outras fontes bibliográficas, mostra-nos por que estamos com a educação precária, com alunos desmotivados em sala de aula e muitos deles pertencentes a séries avançadas, porém com um desenvolvimento educacional atrasado, não trabalho o que deveria em seu tempo certo.

Deve o professor antes de escolher um livro didático para a sua disciplina, analisá-lo minuciosamente para perceber quais são os critérios relevantes para o ensino de Ciências de seus alunos, o que falta ou não e o que mais condiz com a realidade de seus alunos. Tendo em vista também a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos, as experiências vividas por eles ao longo de sua vida, aos ensinamentos passados pelos avós, e que eles (alunos) consequentimente acabam reproduzindo nas aulas, tais conhecimentos populares juntamente com ao conhecimentos científicos torna a aula e a disciplina mais parezerosa e significante para os alunos, pois se sentirão eles como contribuidores para o andamentos e ensino das aulas ministradas pelo professor.

Docente: Naíla Santos Lima

Aluna da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Departamento de Ciências Humanas e Letras

Curso de Pedagogia  VII semestre.


Autor: Naíla Santos Lima


Artigos Relacionados


Graves Erros De Conceito Em Livros Didáticos De Ciência

Resenha De ''graves Erros De Conceito Em Livros Didáticos De Ciência''

Afro-descendente Nos Livros Didáticos De História.

A Representação Da Cultura Negra Nos Livros Didáticos De História Da Modalidade Da Eja

O Livro DidÁtico E Suas ImplicaÇÕes No Contexto Educacional

Os ConteÚdos Desenvolvidos Nas Aulas De EducaÇÃo FÍsica Do 6º Ao 9º Ano Do Ensino Fundamental

O Livro Didático