Os Iluminados Mergulhados na Escuridão
Por Assis Rodrigues
Sinto a necessidade - por precauções justas, ou seja, para evitar que eu venha a ser vítima de homicídio, de linchamento público - de informar ao leitor que a história que eu vou contar é pura ficção, qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais é mera coincidência. O autor fica isento de interpretações desvirtuadas, de superstições religiosas ou de fanáticos ainda contaminados pela peste nulista.
Já que não vou escrever uma tese, artigo acadêmico, coisas do tipo que se usa linguagem formal, não cabe aqui citações. Mas não há como resistir, por recordar, a introdução que a mais brilhante, intrigante/instigante e talentosa escritora Clarice Lispector fez no seu livro "A paixão segundo G.H". Assim, eu também diria que "este conto é como um conto qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada".
Leitor amigo, repleto de luz, imune às mazelas dos santos de "pau-oco", vou contar-lhe uma fábula. Então, era uma vez...
Há muitos anos atrás, num país da América do Sul, um dos mais pobres do mundo, surgiu uma peste que contaminou milhares de pessoas, uma verdadeira epidemia. Esta foi causada por vírus, bactérias e vermes. Foi um caos. Imagine a situação. A elite brasileira que vivia como se não possuísse os orifícios necessários ao fisiologismo do organismo, o que a deixou perplexa ao terem que reconhecer que têm ânus, pelo qual são expelidos excrementos fétidos. Tem quem ande até hoje de cabeça erguida, não por não terem que ter medo de nada, mas para disfarçar um "pum", ora, quem iria desconfiar, naquela época, que o odor fétido de um peido podia ter saído do orifício de uma madame, que só exala os cheiros dos perfumes franceses, que até pareciam bebê-los? Pensava-se logo que tinha sido um pobre qualquer. Ou seja, existiam os que viviam como se não possuíssem esses pequenos buracos. Não reconhecia que tinham cu (mil perdões pelo uso da palavra chula, que dói no ouvido de qualquer um, mas não usá-la aqui é ser pudico demais). Conforme os sociólogos da época, os menos nobre no sentido social-econômico, tinham menos pudor em reconhecer que como seres humanos tinham cu. (Tenho que abrir parênteses, aliás, vou abusar deles, e de você leitor, pois sei que a leitura fica mais cansativa). Parênteses: (É difícil escrever esta palavra chula. O autor desta fábula tem pavor de palavrões. Ele fala, no mínimo, "droga", "caramba", muito raro fala "porra". Homem falando palavrões já é algo que os deixa vulgares, - no futebol parece até ser regra o uso dessas palavras chulas- uma mulher, então falando palavrões lembram até as moças que trabalham nas empresas de prestação de serviços sexuais. Ouvir "vai tomar no cu" me deixa horas com penas de quem manda. Aqui para nós, será que quem manda na verdade não é que quer tomar?). Vamos ao que nos interessam, que é contar esta história que abalou o mundo. Como estava falando, os livros contam que, de repente, as lombrigas vieram à tona dos furículos dos ricos e pobres. Ah, preciso esclarecer que não tenho nada contra os ricos nem contra ninguém, desde que sejam honestos. Mas na época era comum aos pobres terem raiva dos ricos e vice-versa. Havia preconceito inverso. Por que ter raiva dos ricos por herança, ricos por seu trabalho, por ter ganho na loteria? Mas o que tinham de ricos- com dinheiro- mas que permaneciam pobres, numa pobreza que dava dó! Era o caso de muitos jogadores de futebol. Até hoje se sabe que ter dinheiro, mas não ter educação não leva a pessoa a muito longe. Volta-se ao assunto. Dizem os livros consultados que os vermes saltavam dos olhos, ouvidos, narizes, ânus, vaginas, pênis do povo. Uma calamidade pública. Pobres e ricos contaminados. Foi uma decepção geral de uma classe imaginada pura. Isonomia total. O homem discrimina, mas a natureza humana é isonômica. Para a natureza não há sociedade dividida em "castas". Os cérebros dos até então sábios também passaram a ser destruídos, neles instalaram-se verdadeiras bicheiras. Os vermes não perdoaram a ninguém.
Já era moda, na época, criarem igrejas para tudo, não com objetivos divinos, e sim no de praticarem estelionato. O estelionato da fé é inerente à origem do homem. Com o chamado protestantismo então. Basta colocar no início ou no final o nome Jesus, Cristo ou Deus. A igreja católica sempre tivera igrejas para tudo o que intitulam com santo. Mas os prédios das igrejas católicas do país em que ocorreu a história são patrimônios da humanidade. Belas arquiteturas. Lá tem um Estado com várias cidades que possuem igrejas lindas. Estive lá e conheci uma cidade chamada Ouro Preto. Fiquei encantado. Encantado pela arte arquitetônica, pela obra do mestre Aleijadinho, é claro. Ah, na época imperava a praga de igrejas evangélicas. Surgiu até um senhor chamado Bicho da Seda que usando de má-fé e da fé de milhões de otários ficou bilionário. Tudo porque a Constituição permitia a liberdade de crença que foi interpretada de forma equivocada. O órgão Supremo do Judiciário do país (STF), guardião da dita Constituição, sobre a qual tinha a última palavra, até então não tinha interpretação coerente para fazer distinguir a liberdade de crença do charlatanismo e do estelionato. Vamos citar, portanto o nome de algumas igrejas que existiam. Antes é preciso falar que todos, quase todos, recorreram às igrejas. Conforme consulta ao livro "Crentes: vítimas do estelionato da fé", escrito por Safado dos Santos, encontrei uma lista extensa com o nome de várias igrejas: Igreja Nossa Senhora dos Pecadores, Santo dos Pingunços, santo disso, santa daquilo... "Igreja da virgem que teve um filho", "igreja do santo pecado", "santas putas virgens", "Jesus só ama a quem dá mais ao pastor", "Mate sem problemas, desde que depois venha fazer parte da nossa igreja", "igreja da orgia celestial", "Morreu: o Chico te liga ao falecido". Diz o livro que a igreja mencionada tem contrato exclusivo com operadoras de telefones móveis para ligarem seja para o céu ou inferno, encontram o morto que virara pó. Incrível. Encontram o nada. Deve ter tido, concorrência acirrada entre as operadoras, pois não faltou clientela nas chamadas igrejas espíritas. O que tinha de gente viva querendo falar com os mortos. E vice-versa. Acredito que seja porque os vivos já não se suportavam mais. Os mortos, talvez, com saudades dos pecados terrenos. Infelizmente não é possível citar o nome de tantas igrejas. Hoje o povo está são, por isso acabou tal superstição. Digamos que estelionato. Quer saber mais? Dê uma "googlada". Falei disso para contar que a peste objeto desta humilde narração contaminou mesmo toda a sociedade. Ao ler livros e jornais (diga-se que parte da imprensa foi amordaçada pelo governo, uma vez que a peste era o próprio) da época em que tal catástrofe ocorreu. Deparei com trechos surpreendentes sobre uma dessas igrejas. A chamada "Igreja da masturbação em nome de Cristo", que quase perdeu seus fiéis. Para lá os pais encaminhavam os filhos que entravam na puberdade para aprenderem a manusear o seu órgão fálico, já em busca da auto-satisfação sexual. Havia também a "igreja inicial sexual com as irmãs de caridade sexual em cristo", que nada mais era do que prostíbulos. No caso da "igreja da ejaculação..." houve uma abstinência. Era um terror ejacular, cada jato era uma enxurrada de vermes expelidos. Surgiram duas correntes. Manter-se fiel à igreja, não deixar de ser masturbador por Cristo, até porque quanto mais ejaculações mais as chances de expelir todos os micróbios. E os pastores incentivam dizendo: tem que seguir Cristo. Ele se masturbou até na Santa Ceia com seus apóstolos. E iam além, ao dizerem que até mesmo já na cruz, esperando a morte, ao ver Maria Madalena não resistiu,pediu para ela fazer algo nele, lá nas partes íntimas. A tese oposta foi da mais avançada medicina. Era um risco mortal. Mas é mais do que sabido que a superstição religiosa sempre quis superar a ciência.
Mas alguns felizardos ficaram imunes. Não se sabe como. Acho normal essa exceção, sabe-se que em toda desgraça é da própria natureza preservar alguns para desvendar os mistérios. Lutar pela cura. Salvar uma nação doente não foi fácil. A nação estava realmente asquerosa. Fedia nos quatro cantos do país. Da Vieira Souto, bela avenida de uma cidade chamada Rio de Janeiro, passando pela Rocinha, famosa favela desta cidade, indo ao Sertão do país. Banqueiros, empresários em geral e intelectuais, por incrível que pareça, deixaram ser contaminados. Falo assim porque faltou esperteza dos ditos sábios, a peste decorreu, como demonstrou os cientistas sãos, de uma cegueira mental. Os que recebiam diretamente esmolas (era usado o eufemismo de bolsa-família) do demônio que causou a desgraçada peste até é fácil compreender a facilidade com que foram contaminadas. É preciso deixar claro que na classe que vivia de esmolas, mesmo alguns sendo iletrados também eram cultos. O escritor Pedro Edro escreveu que a pobreza intelectual não é conseqüência da pobreza econômica. E tem razão. Chamá-los de cultos, na verdade, é um insulto, melhor dizer sábios. O problema mais grave foi com os intelectuais que dizem ser donos da verdade, que têm poder para discernir melhor, também ficaram com o cérebro vazio, ou melhor, cheio de micróbios, cegos, dementes.
Os que logo perceberam qual era a origem da peste tornaram-se inimigos do povo (cf. a magnífica peça "O inimigo do povo", do escritor Henriq Ibsen). Dizem que tinha um sertanejo, quase anão, que foi quem mais lutou para ajudar o povo, a curá-los, ele sabia que só voltando a enxergar que os doentes poderiam ficar livres dos vermes que lhes corroíam todo o corpo e mente e toda a sociedade. Ele sempre soube que o ser que fora eleito não passava de mais um impostor. Um tartufo. Um vampiro dos cofres públicos. Vou contar logo a origem do mal. Não se assustem. O germe da peste era originário do presidente daquele país, do seu partido político e de outros políticos pertencentes a outros partidos. Chamavam de corrupção, mensalão, enfim, era a roubalheira. O dito presidente, que chegou ao poder devido ao desespero do povo que resolveu apegar-se a qualquer ser flutuante, apegar-se-ia, com certeza, a qualquer coisa que boiasse. Esqueceu esse povo, que tudo que flutua também afunda. De vez em quando se vê algo boiando nas praias, nas lagoas da cidade do Rio (já mencionada), quando vão ver é um excremento "daqueles". Há quem diga que elegeram um "daqueles" excrementos, repleto de vermes, bactérias e micróbios.
Recorri aos livros de história da época. Verifiquei que a peste foi denominada de nulismo. No dicionário existem vários significados para o termo: cegueira política, corrupção, imoralidade política, fanatismo etc. No livro "Políticos, impostores e imorais da história da política brasileira", escrito pelo cientista político Amadeus dos Prantos, diz que o "termo refere-se a um presidente de um país chamado Brasil. Uma vez que o sujeito era tão sujo que espalhou uma doença fatal na população. Que foi o maior impostor da história do mencionado país. Sujeira era com ele mesmo. Governou sem respeitar os direitos humanos, a democracia, agiu como ditador, foi um verdadeiro déspota, líder do esquema de corrupção, análogo a uma organização criminosa. Para ter sido um impostor, como foi, deve ter lido e relido Moliére. Algo impossível, pois a história conta que ele não sabia ler. Nulismo foi, portanto, a pior peste conhecida no mundo, não somente na área política".
Com a peste nulismo, o país que já era miserável, afundou. Tudo foi sucateado. Escola pública para quê? Tinha que dar campo aos empresários que exploravam a educação particular. Ora, entendia que só quem podia pagar tinha o direito de aprender a ler e escrever. E não saber muito. A leitura de algumas obras literárias não era permitida. Não tinham autonomia para pensar. Que as escolas fizessem lavagem cerebral nos alunos. O mesmo foi feito com a saúde. Totalmente sucateada, também para os interesses dos empresários dos planos de saúde. Saúde de qualidade para pobre, nem pensar. Que amontoassem os coitados nos chãos dos hospitais públicos até morrerem. E a segurança pública? Nada diferente. Para quê? Deixaram que cada um se defendesse como pudesse dos bandidos. Estes proliferaram no país. A criminalidade atingiu os mais altos níveis. Violência em toda parte do país. Também tinha como interesse fortalecer a chamada segurança privada. O que deu ensejo a criação de empresas de segurança ilegais. A chamada segurança-bico, pois feitas por policiais. Boa parte era de bandidos. Assassinos natos e oficiais. Muitos pertencentes às organizações criminosas que eram chamadas de milícias, que também tinham o apoio muitos políticos. Aliás, estes, parte deles, diga-se, eram membros de diversas organizações criminosas.
Dizem que o presidente X chegou ao Poder prometendo cumprir o chamado Estado Democrático de Direito, consagrada na Constituição do país. Dizem que era uma Constituição bem avançada. Mas ao tomar o Poder esqueceu que o país quis efetivar uma democracia, porém ele preferiu a ditadura, e também deu retorno ao chamado coronelismo. Ora era um ditador, ora um típico coronel, tanto que achava que era o senhor de tudo. Tentou passar a imagem de santo, e que era vítima de preconceitos por ser nordestino e semi-analfabeto (antiga ortografia). Era um típico "grosseirão", muito tosco ao falar e nos comportamentos. Não podia ver holofotes e jornalistas que já ia fazer comício. A voz dele era extremamente irritante a qualquer audição. Que em vez de dizer "nunca antes na história deste país houve tanta corrupção", dizia ser mérito seu o que na verdade era mérito do seu antecessor. Foi usurpador de méritos.
Foi tão contra os burgueses que logo ao assumir a Presidência resolveu brincar com os cidadãos: comprou um avião para fazer suas viagens de turismo pelo mundo todo. Ele e sua mulher, uma senhora que parecia uma múmia ao lado dele. E muito dinheiro dos cofres públicos para o botox e plásticas da sua mulher. Dizem que ela parecia mesmo com uma múmia.
Era estranho a primeira- dama ser uma inútil, tal qual era o marido. Ora, geralmente, naquele país e nos demais, as chamadas primeiras-damas sempre se ocupam em trabalhos sociais. Às vezes de fachada. Mas todos sabem que a mulher que fora casada com o antecessor do presidente X, teve um relevante papel político e social na história do país. Infelizmente faleceu tão cedo. Segundo o antropólogo Espertino Humano, a atitude de inércia da primeira-dama tinha como causa ser casada com um típico coronel, com um homem arcaico, para entender melhor: um machista patriarcal. É a tese do antropólogo.
Dizem que o país onde ocorreram tamanhas desgraças ainda não está livre de outros vermes no governo. Está na raiz de sua formação. No caso da peste nulismo, dizem que ele quis dar continuidade da sua maldade querendo eleger uma senhora Botox. Há notícias de que ela é mentirosa. Até inventou títulos de alto nível acadêmico para impressionar. Chegou a usar de uma doença para tentar convencer os ainda não curados da peste nulismo. Dizem os historiadores que ela pretendia implantar no país a ditadura tal qual ocorria em outro país vizinho. Imprensa livre, nem pensar. Queria ser a mulher Fidela, devido à doutrina que seguiria de ditadores e criminosos, grandes inimigos dos direitos humanitários, como um Senhor chamado Fidel, lá de um país chamado Cuba. Ainda queria criar a bomba atômica, discordassem dela: bomba nos dissidentes. Contam que, em si, ela era uma bomba.
As fontes são quase unânimes em dizer que o homem que era presidente, que causou sérios distúrbios na população do país, espalhou vermes, micróbios, bactérias, vírus para cegar o povo, seria capaz de matar milhões de pessoas para ficar no poder. Ele não tinha limites na sua imoralidade.
Há relatos de suicídios em série. As pessoas não suportaram a podridão. Cada notícia de um mensalão do governo e do seu partido, milhares de pessoas alguns já tinham voltado a enxergar, sabiam que as notícias vinham de fontes fidedignas, que não eram conspirações como diziam alguns, mas ainda impotentes, por não suportaram o trauma de por muito tempo não querem ter enxergado o óbvio, viam-se numbeco sem saída - resolviam dar fim à própria vida. Era muita decepção. Faziam filha na Ponte Rio-Niterói, nos prédios mais altos das cidades para se jogarem e darem adeus. Muitos deles, talvez tentem ligar para os parentes vivos, pelos meios disponibilizados ainda hoje nas igrejas já mencionadas (sim, apesar de tantos anos terem sido passado, alguns lunáticos ainda existem).
Um jovem escritor e jornalista da época, Wilcolve Lctid, primeiro ganhador do prêmio Nobel de Literatura daquele país, apesar do nome, era nordestino, foi outro que muito alertou para a doença nulismo. Só que devido à gravidade dos fatos chegou a pensar que estava esquizofrênico. Não podia ser real o que estava acontecendo em seu país naquele século, em que as pessoas já estavam mais informadas, mais esclarecidas sobre seus direitos, estavam menos alienadas. Não era possível, para ele, as pessoas não sentirem a podridão do governo. Ora, só podiam ser fantasmas de sua cabeça. Não havia mensalão. Nada de corrupção. O país estava bem governado. Então, ficou desnorteado, pois se sentia um conspirador contra um homem e um partido do bem, de pessoas de "reputação ilibada", honestas, compromissados com o bem comum. Nada de pensarem somente em encher os bolsos, calcinhas, cuecas, meias, buracos corporais e outras coisas de dinheiro, para depois enviarem para os chamados paraísos fiscais. Ora, pensar mal do citado presidente era uma ato infame, ele iria largar a presidência, o Palácio do Planalto, todo conforto e residir no Complexo do Alemão (conjunto de favelas da cidade do Rio de Janeiro). Que as pelancas da sua senhora caíssem de vez, assim o escritor imaginou que o presidente havia decidido. Se a Dercy Gonçalves (grande comediante da TV da época) viveu bem por tantos anos, ela também poderia viver. Ela, sua digníssima esposa para cama, mesa, banho e cachaça tinha que deixar de pensar que era igual à Hebe Camargo, pois não era. A Hebe tinha dinheiro, ganho de forma honesta. Trabalhara a vida inteira ganhando altíssimos salários. Eles ao contrário. Não trabalharam para ter tanto dinheiro, nem participaram de esquema sujo enquanto governo. Logo seu destino seria mesmo uma favela. Um puxadinho, uma laje para tomar sol, no mínimo. Não era possível ele ter apartamentos avaliados em milhões. Como? Ele sempre foi um S. Francisco. Tudo aos pobres, para ele, nada. Antes pensou em suicidar-se, como tantos outros fizeram diante da impotência de não poder fazer com que os outros encarassem a realidade corruptiva e maléfica que o governo X vinha causando ao país. Sentiu-se impotente. Depois perceber que errara. Ao raciocinar assim, fez o seguinte discurso (quase uma oração):
"Desculpas. O cego sou eu. As escolas e hospitais públicos estão "prá lá" de modernos. Nada de sucatas. A pobreza inexiste. Não há famintos, desempregados, mendigos, favelas, enfim, miséria não existe neste país. Os pobres, que pobres! Não existe pobreza no país. Os miseráveis só na França, nem na França nunca existiu, é coisa de ficção do escritor Victor Hugo. Aqui, neste país, vive-se uma vida digna. Veja, Wilcolve Lctid (ele discursava para si mesmo), seu povo sertanejo e nordestino miseráveis já eram. O Brasil mudou. A utopia virou realidade. Observe, não existem mais pedintes nas ruas, não existem mais milhares de mendigos nas praças, não existem flanelinhas extorquindo dinheiro dos motoristas, a segurança pública do país é a melhor do mundo, acabaram com as favelas, hoje tudo foi recuperado, voltou a ser florestas, os que lá moravam ganharam moradias dignas, todos têm casa, emprego, saúde e escolas de qualidade. Acabou. No governo do presidente X a moralidade tomou conta do país. Não há mais corrupção em nenhuma esfera do poder. O homem (presidente) por saber quem eram os ladrões do seu partido e de outros ajudou no processo para condená-los. É um homem exemplar. Ele não é um impostor, não espalhou vírus, não cegou a sociedade. Eu não acredito em milagres, nem em Jesus, mas o "Homem" veio para comprovar que Jesus ainda não tinha nascido. Ele era o Cristo. Amém".
Após a oração (que oração! o escritor era ateu, estava além de qualquer superstição), de imediato voltou à lucidez. E gritou: 'Quase fico contaminado pela nulismo. Parece que os vírus, os vermes e bactérias dessa peste quase me atacam. Ainda bem que continuo imune. Com a mente sã. Não deixo jamais ser alienado pelo presidente X e pelo seu partido Y, lavagem cerebral nem pensar. Melhor o manicômio.
É lamentável que as substâncias altamente tóxicas do governo X não foram detectadas a tempo. O que contaminou o cérebro de muita gente "pensante" do país. Muita gente aparentemente imune teve o cérebro comido pelos vermes. O presidente X foi em si mesmo um verme dos mais nojentos que existiu.
Com a nova Presidência da República desse país, o câncer da corrupção foi extirpado. A peste que existia e que levou à loucura milhares de pessoas sensatas foi exterminada. Lá, passou a se viver numa verdadeira democracia. E todos passaram a ser felizes. Felizes para sempre.
FIM
Assis Rodrigues é escritor.
Autor: Assis Rodrigues
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