Sobre a pequena Isabella Nardoni



       Todo o caso Nardoni é uma tristeza, a verdade é essa. Desses desgostos irreparáveis de que somente pode saber de fato quem já perdeu alguém muito amado assim, de forma atroz. A menina Isabella é morta, os supostos culpados - e indubitavelmente muito estranhos réus - são condenados, a mãe e a família padecem profundamente.

       Muito bem, está correto, vitória da Justiça, pode ser que tenham acertado dessa vez. Que acertem sempre. Bom para a sociedade, bom para todos, é óbvio, sim, sim, tem-se sede de probidade por estas bandas tão sofridas. Pelos noticiários acompanhamos interessadíssimos todo o decorrer dos fatos, e, quando se deu a sentença, golfamos nossa ira acumulada desde sempre em nossas entranhas e satisfizemo-nos como carrascos eletrônicos, lançando sobre o frio casal todas as nossas maldições.

       Mas a crueldade, infelizmente, continua e continuará a ocorrer, crônica, enregelada, silenciosa, na grande maioria das vezes sem que a população tome disso conhecimento.

       Estas palavras, portanto, mais que um desabafo de cidadão, deixo-as para nossa reflexão. Temos assistido anestesiados a tantas outras mortes, a tantas outras maldades e desvios éticos, e, não obstante, tudo parece passar despercebido; são número nos jornais, nas rádios, na tevê, na web. Se observarmos com atenção, sem nenhum respingo de hipocrisia, compreenderemos o poder que a mídia tem na contemporaneidade, como ela na realidade, quando quer, pode, até mesmo, dominar os sentimentos do povo.

       A questão maior é: quem manda, afinal, em nossas emoções?


Autor: Fabbio Cortez


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