A AFETIVIDADE E O PROCESO ENSINO-APRENDIZAGEM



O presente artigo tem por objetivo principal analisar a importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem e na interação que ocorre em sala de aula na relação professor-aluno. O estudo desenvolvido através da pesquisa bibliográfica e qualitativa, constatou que a afetividade possui um papel de suma importância no desenvolvimento, nas relações interpessoais, e na construção do conhecimento. A entrevista foi realizada com professores e alunos de uma escola particular em Santa Maria  Distrito Federal. Palavras-chave: Afetividade; ensino-aprendizagem; interação; professor-aluno

1  INTRODUÇÃO:

A afetividade acompanha o ser humano durante toda sua vida e desempenha um importante papel no seu desenvolvimento e em suas relações sociais. Dessa forma este artigo tem por objetivo geral analisar a importância do papel da afetividade na relação professor-aluno e sua contribuição no processo de ensino-aprendizagem.

A escola, além de ser um ambiente em que a criança prosseguirá sua vida, é também um local onde dará continuidade no seu desenvolvimento em sua complexidade, ou seja, nos aspectos cognitivo, psicomotor e sócio-afetivo. A criança que possui uma boa relação afetiva, é segura, tem interesse para adquirir novos conhecimentos e, portanto, tem um bom rendimento escolar.

O professor assume um papel de grande destaque para a aprendizagem da criança, pois ele é o mediador no processo da aprendizagem e não o detentor de conhecimentos. Por meio da afetividade, o professor influencia no resultado da educação de seus alunos. A maneira como o professor se comporta em sala de aula, através de seus sentimentos, intenções, desejos e valores, afeta seus alunos, uma simples maneira de falar já faz toda diferença. Sendo assim, o respeito, a amizade, compreensão devem estar envolvidas neste processo.

O tema escolhido tem como objetivo esclarecer a importância do papel da afetividade e apontar suas contribuições na relação professor-aluno e no processo de ensino-aprendizagem.

2  A AFETIVIDADE SOB A ÓPTICA DA PSICOLOGIA E DA EDUCAÇÃO

Almeida e Mahoney (2007) afirmam que afetividade refere-se à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e interno por meio de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou desagradáveis. Ser afetado é reagir com atividades internas/externas que a situação desperta. Henri Wallon, citado por Almeida e Mahoney (2007) foi um autor que contribuiu efetivamente para a compreensão do papel da afetividade na vida psíquica e no processo de ensino-aprendizagem em sua teoria do desenvolvimento humano. A teoria de Wallon, segundo estas pesquisadoras, aponta três momentos marcantes, sucessivos, na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três resultam de fatores orgânicos e sociais, e correspondem a configurações diferentes e resultantes de sua integração: na emoção, há o predomínio da ativação fisiológica; no sentimento, da ativação representacional; na paixão, da ativação do autocontrole. A emoção é a exteriorização da afetividade, é sua expressão corporal, motora. Tem um poder plástico, expressivo, contagioso; é o recurso de ligação entre o orgânico e o social: estabelece os primeiros laços com o mundo humano e, através deste, com o mundo físico e cultural. A emoção é uma forma de participação mútua, que funde as interações interindividuais. Ela estimula o desenvolvimento cognitivo e, assim, propicia mudanças que tendem a diminuí-la. Já o sentimento é a expressão representacional da afetividade. Não implica reações instantâneas e diretas como na emoção. Tende a reprimir, a impor controles que quebrem a potencia da emoção.Os sentimentos podem ser expressos pela mímica e pela linguagem. O adulto tem maiores recursos de expressões de sentimentos: observa, reflete antes de agir, sabe como e onde expressá-los. Já a paixão, revela o aparecimento do autocontrole como condição para dominar uma situação Para tanto, configura a situação (cognitivo), o comportamento, de forma a atender às necessidades afetivas.

Segundo Galvão (1999), Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Cada fase tem um colorido próprio, uma unidade solidária que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade. As atividades predominantes correspondem aos recursos que a criança dispõe, no momento, para interagir com o ambiente. De acordo com a autora são cinco os estágios propostos pela psicogenética walloniana. No estágio impulsivo emocional, que abrange o primeiro ano de vida, o colorido peculiar é dado pela emoção, instrumento privilegiado de interação da criança com o meio; a exuberância de suas manifestações afetivas é diretamente proporcional a sua inaptidão para agir diretamente sobre a realidade exterior. No estágio sensório-motor e projetivo, que vai até os terceiro ano, o interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do mundo físico. A aquisição da marcha e o desenvolvimento da função simbólica da linguagem, são marcos os marcos fundamentais deste estágio. No estágio do personalismo, que cobre a faixa dos três aos seis anos, a tarefa central é o processo de formação da personalidade. A construção da consciência de si, que se dá por meio das interações sociais, reorienta o interesse da criança para as pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afetivas. Por volta dos seis anos, inicia-se o estagio categorial, graças a consolidação simbólica da função e à diferenciação da personalidade realizadas no estagio anterior, traz importantes avanços no plano da inteligência. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo às suas relações com o meio, preponderância do aspecto cognitivo. No estagio da adolescência, a crise pubertária rompe a "tranqüilidade" afetiva que caracterizou o estagio categorial e impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Este processo traz á tona questões pessoais, morais e existenciais, numa retomada da predominância da afetividade.

Como se pode notar, segundo autora, cada nova fase inverte a orientação da atividade e do interesse da criança: do eu para o mundo, das pessoas para as coisas, o que trata-se do principio da alternância funcional. Apesar de alternarem a dominância, a afetividade e cognição não se mantém como funções exteriores uma à outra. A esse respeito Almeida (1999), citada por Leite (2006), confirma: "A inteligência não se desenvolve sem a afetividade e vice-versa, pois ambos compõem uma unidade de contrários." (LEITE, 2006, pg. 21). Ainda segundo a autora: "A emoção e a inteligência são duas linhas do desenvolvimento que, percorrendo equilibradamente seu percurso, cruzam-se continuamente, superpondo-se uma à outra quando necessário." (LEITE, 2006, p. 21).

Dessa forma, podemos notar que a afetividade se constitui um fator de grande importância no processo do desenvolvimento humano, e, por conseguinte na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre pessoas. Para que essas relações sejam construtivas, a presença da afetividade é indispensável, pois ela irá nortear o processo de interação e de convivência entre elas.

3  A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO E A AFETIVIDADE

A relação professor aluno é o ponto de partida para um bom desempenho no processo de ensino-aprendizagem, pois nela estão inseridos elementos que irão resultar em produtividade para ambas as partes. Davis e Oliveira (1992) dizem que a presença do adulto dá à criança condições de segurança física e emocional que a levam a explorar mais o ambiente, e, portanto, a aprender. Por outro lado a interação humana envolve também a afetividade, a emoção como elemento básico. Assim é através da interação com indivíduos mais experientes no seu meio social que a criança constrói suas funções mentais superiores como afirma Vygotsky. Segundo a estudiosa do construtivismo vigotskiano, a professora da USP, Marta Kohl Oliveira, afirma que:

"Uma idéia central para a compreensão das concepções de Vygostsky sobre o desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é a idéia de mediação. Enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas um acesso mediado..." (OLIVEIRA, 1991)

Oliveira (1992) citando Vygotsky, diz que o indivíduo interage simultaneamente com o mundo real em que vive e com as formas de organização desse real dadas pela cultura, tendo como um de seus pressupostos básicos a idéia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. Dessa forma, o professor assume papel significante neste processo, sendo ele o mediador da aprendizagem.

Segundo Davis e Oliveira (1999), na interação professor-aluno, supõe-se que o primeiro ajude inicialmente o segundo na tarefa de aprender, porque esta ajuda logo lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter ao seu lado alguém que o perceba-nos diferentes momentos da situação de aprendizagem e que lhe responda de forma a ajudá-lo a evoluir no processo, alcançando um nível mais elevado de conhecimento. Por meio da interação que se estabelece entre eles, o aluno vai construindo novos conhecimentos, habilidades e significações, sendo a afetividade primordial neste processo, como afirma Almeida (1999), citada por Leite (2007):

"as relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto esta presente. (LEITE, 2006,p. 29, 30)

De acordo com Davis e Oliveira (1999), cabe ao professor conhecer de perto os seus alunos para estar familiarizado com os modos através dos quais eles raciocinam. Conhecendo bem o pensamento dos alunos, ele está em posição de organizar a situação de aprendizagem e, sobretudo, interagir com eles, ajudando-os a elaborar hipóteses pertinentes ao respeito do conteúdo em pauta, por meio de constante questionamento das mesmas. Com isso, os alunos podem, pouco a pouco, elaborar conceitos e noções.

O comportamento do professor e dos alunos estão, portanto, dispostos em uma rede de interações envolvendo comunicação e complementação de papéis, onde expectativas recíprocas são colocadas. Nessas interações é importante que o professor procure colocar-se no lugar dos alunos pra compreendê-los, ao mesmo tempo que os alunos podem, com a ajuda do educador, conhecer as opiniões, os propósitos e as regaras que este busca estabelecer pra a sala de aula.

Na troca de influências que então acontece, o professor procura entender, a cada momento, os motivos e dificuldades dos aprendizes. Suas maneiras de sentir e reagir diante de certas situações, fazendo com que as interações em sala de aula prossigam de modo produtivo, superando obstáculos que surgem no processo de construção partilhada de conhecimentos, Assim, comportamentos como perguntar, expor, incentivar, escutar, coordenar e participar de debates, explicar ilustrar e outros podem ser expressos pelos alunos e pelo professor numa rede de participações onde os indivíduos consideram-se, reciprocamente, como interlocutores que constroem o conhecimento pelo diálogo.

3  AFETIVIDADE E COGNIÇÃO

Davis e Oliveira (1992) afirmam que as emoções estão presentes quando se busca conhecer, quando se estabelece relações com objetos físicos, concepções ou outros indivíduos. Afeto e cognição constituem aspectos inseparáveis, presentes em qualquer atividade, embora em proporções variáveis. A afetividade e a inteligência se estruturam nas ações e pelas ações dos indivíduos. O afeto pode, assim, ser entendido como energia necessária para que a estrutura cognitiva possa operar, além disso, ele influencia a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais facilidade. A respeito disso, La Taille (1992) nos diz:

"... afetividade é comumente interpretada como uma "energia", portanto como algo que impulsiona as ações. Vale dizer que existe algum interesse, algum móvel que motiva a ação. O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida, que a motivação possa ser despertada por um número cada vez maior de objetos e situações. Todavia, ao longo desse desenvolvimento, o princípio básico permanece o mesmo: a afetividade é a mola propulsora das ações, e a Razão está a seu serviço." (LA TAILLE, 1992, p. 65)

Davis e Oliveira (1992) em concordância, dizem que o afeto é um regulador da ação, influindo na escolha de objetivos específicos e na valorização de determinados elementos, eventos ou situações pelo individuo. Segundo as autoras, na interação que o professor e aluno estabelecem na escola, os fatores afetivos e cognitivos de ambos exercem influencia decisiva. Na interação, cada uma das partes busca o atendimento de alguns dos seus desejos, como proteção, subordinação, realização, etc. Para que a interação professor aluno possa levar a construção de conhecimentos, a interpretação que o professor faz do comportamento dos alunos é fundamental. Ele precisa estar atento ao fato de que existem muitas significações possíveis para os comportamentos assumidos por seus alunos, buscando verificar quais delas melhor traduzem as intenções originais. Além disso, o professor necessita compreender que aspectos da sua própria personalidade - seus desejos, preocupações e valores - influem em seu comportamento, ao longo de interações que mantém com a classe.

Dantas (1992) citando Wallon, diz que a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento, sendo também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. Diz ainda que o ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo; da afetividade diferenciou-se, lentamente a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira.

4 AFETIVIDADE E PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Ensino e aprendizagem são faces da mesma moeda, sendo assim para que este processo se desenvolva de forma bem sucedida, o afeto é essencial, pois é ele que motivará tanto professor como aluno rumo a resultados produtivos. É necessário que haja também uma ação conjunta por parte dos demais integrantes da escola, pois o trabalho em equipe proporciona um enriquecimento para o desempenho do papel do professor e, por conseguinte para a aprendizagem do aluno.

Oliveira (1992) diz que a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. A importância da intervenção deliberada de indivíduos sobre outros como forma de promover desenvolvimento articula-se com um postulado básico de Vygotsky: a aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança. A aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas. O processo de ensino-aprendizagem que ocorre na escola propicia o acesso dos membros imaturos da cultura letrada ao conhecimento construído e acumulado pela ciência e a procedimentos metacognitivos, centrais ao próprio modo de articulação dos conceitos científicos.

Davis e Oliveira (1992) dizem que a aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos e gradativamente ampliará suas formas de lidar com o mundo e construir significados para as suas ações e para as experiências que vive.

A escola é um lugar onde a criança passa boa parte de seu tempo, onde irá conhecer coisas novas e estender suas relações sociais, o afeto é, portanto primordial na continuidade do processo de sua formação psicológica. Dessa forma, a escola assume um papel de grande importância na vida da criança, onde professores e demais componentes irão trabalhar valores, ética e atitudes, não apenas conteúdos. Como diz Marchand (1985) "é preciso preparar a pessoa para a vida e não para o mero acúmulo de informações." (MARCHAND, 1985, pg. 5).

A afetividade influi e facilita na aprendizagem, pois nos momentos informais, o educando aproxima-se do educador, trocando experiências, expressando seu ponto de vista e fazendo questionamentos, sendo tais atitudes significantes para a construção do conhecimento. Dessa forma o professor deve sempre estar aberto ao diálogo e atitudes que favoreçam o aprendizado de seus alunos, mantendo com eles um bom relacionamento.

Na pratica educativa o professor não deve usar de autoritarismo, mas aliar seu conhecimento à afetividade em sala de aula, pois os educandos reagirão psicologicamente de acordo com o tratamento a eles direcionados. A esse respeito Marchand (1985) diz:

"O conteúdo da psicologia afetiva da criança é, freqüentemente, resultado da posição sentimental do mestre: o autoritário provocará o temor inibitório no aluno; o que procura se fazer amar provocará na criança reações de complacência; aquele que se mostra maldoso despertará sentimentos e atitudes de oposição que levarão a uma educação contraria à desejada." (MARCHAND, 1985, p.18)

A afetividade estimula a criança a alcançar seus objetivos e a ter êxito em seu processo de aprendizagem, por isso, deve estar presente em seu cotidiano escolar, pois envolve atenção, carinho, respeito e interesse, logo quando existe uma relação de troca, o processo de ensino-aprendizagem será efetivamente produtivo.

5  A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO E A AFETIVIDADE EM UMA ESCOLA PARTICULAR EM SANTA MARIA  DF

Segundo o site santa on line, a cidade de Santa Maria surgiu no início da década de 90 e oficialmente no mapa do Distrito Federal no dia 10 de fevereiro de 1993, com a publicação do decreto de nº 14.604. A cidade é composta de área urbana, rural e militar. Segundo dados administrativos disponíveis no site, estima-se que a população seja de 128.000 habitantes. Santa Maria é uma cidade com um grande potencial de desenvolvimento devido a sua situação geográfica, estratégica, a criação do pólo de desenvolvimento JK, a viabilização da área de desenvolvimento econômico e a regularização de lotes comerciais.

A escola pesquisada no presente estudo foi fundada em 10 de fevereiro de 1995, conforme ata de criação, esta localizada na CL 302, conjunto D, lotes 03 e 04 de Santa Maria - Distrito Federal e foro em Brasília. A escola integra o Sistema de Ensino do Distrito Federal, ministrando a Educação Infantil e o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série/ 1º ao 5º ano, em consonância com a legislação em vigor.

É importante enfatizarmos que se trata de uma escola evangélica e inspira-se nos ideais de liberdade humana e tem por objetivos e finalidades desenvolver educação que propicie aos alunos vivencia responsável, critica, solidária e democrática, possibilitando a interpretação cristã da vida e do mundo e formar o aluno como cidadão livre, consciente, agente do processo de construção, do conhecimento e de transformação das relações entre homens na sociedade.

Como instrumentos para coleta de dados da referida escola, foi elaborado um questionário exploratório sobre a relação afetiva entre professores e alunos do ensino fundamental, 1º ao 5º ano. A entrevista foi realizada com a professora de cada série e com cinco alunos de cada série. O questionário dos professores foi de sete perguntas e o dos alunos de cinco.

As professoras entrevistadas têm entre 20 e 35 anos de idade e de 3 a 13 anos de experiência profissional. Das cinco professoras entrevistadas, duas são formadas em pedagogia e as outras duas estão cursando.

Os alunos entrevistados tem entre 6 e 10 anos de idade.

Na questão numero um (questionário dos professores) indagamos sobre a visão dos mesmos a respeito da importância da afetividade na educação. A professora A.R. do 1º ano respondeu que as crianças só aprendem aquilo que tem significado para elas, aquilo que os afeta, no bom ou no mal sentido e que uma boa relação afetiva é fundamental. A professora M.A, do 2º ano disse que a afetividade é importante porque cada criança possui uma natureza singular, como ser que sente e pensa o mundo de forma peculiar e que é necessário conhecer, compreender e avaliar o jeito de cada uma.A professora do 3º ano, S.R. respondeu que a afetividade é fundamental para um bom desenvolvimento. Para a professora do 4º ano, S.M., ela é uma forma de incentivo para as crianças aprenderem. Finalizando a questão, a professora do 5º ano, A.C., respondeu que a afetividade com toda certeza precisa fazer parte do ensino-aprendizagem, porque as crianças precisam gostar e confiar em seu educador, e este, demonstrar afeto.

Na questão numero dois, indagamos às professoras que sentimentos elas consideram importantes na sua relação com os alunos, as respostas das cinco foram semelhantes: amizade, companheirismo, carinho, confiança, amor e respeito.

Na questão numero três, foi perguntado aos professores, de que maneira a afetividade é utilizada na questão do domínio de classe. As professoras responderam de forma geral que dialogam com a turma de uma maneira clara, mas não autoritária.

Na questão número quatro, perguntamos aos professores como é sua relação com seus alunos em sala de aula. As respostas foram semelhantes, responderam que é ótima, pois estão envolvidos os sentimentos citados na questão número dois, acrescentando que a professora M.A. do 2º ano disse que a cada dia aprende com eles.

Na questão numero cinco, perguntamos as professoras de que maneira elas trabalham a afetividade para contribuir na construção do conhecimento de seus alunos. De um modo geral, as professoras responderam que a afetividade é trabalhada todos os dias, através do diálogo, no fato de estar sempre presente, na relação de troca, no apoio aos alunos, nas aulas práticas e na aprendizagem em si. A professora M.A. complementa dizendo que para a construção do conhecimento é necessário um olhar claro e afetivo em relação aos alunos e ao próprio trabalho pedagógico.

Na sexta questão, pedimos aos professores que exemplificassem atitudes do cotidiano que contribuem afetivamente na relação professor- aluno. As respostas foram semelhantes, um bom diálogo, abraços e momentos de descontração.

Na sétima e ultima questão, perguntamos aos professores se eles trabalham com atividades direcionadas à interação e a afetividade, e quais seriam estas atividades. As professoras em geral responderam que realizam trabalhos de grupo, jogos, musicas, dinâmicas, estimulando o companheirismo, o respeito e uma maior interação entre os alunos.

Na entrevista com os alunos, perguntamos na primeira questão, o que é afeto para eles. Os alunos do 1º ao e 5º de um modo geral, responderam que é carinho, amor. Os alunos do 3º ano deram uma resposta unânime, que afeto é um sentimento. A aluna L.M, do 5º ano, acha que é algo que afeta uma pessoa.

Na questão número dois, perguntamos aos alunos como é a relação deles com sua professora e se achavam que poderia melhorar alguma coisa. Todos os alunos do 1º ao 5º ano, responderam é boa, e duas alunas do 2º ano, CK e ME responderam que podia melhorar no sentido de que a professora gritasse menos.

A terceira pergunta feita aos alunos, foi o que eles mais admiram em sua professora. Os alunos do primeiro ano deram respostas variadas como a bondade, a atenção e como ela os chama para brincar. Dos cinco alunos entrevistados do 2º ano, três deram respostas referentes ao aspecto físico, como o sorriso, a beleza e a maneira de vestir, os outros dois responderam que o que mais admiram em sua professora, é a maneira que ela dá aula. Já os alunos do 3º ano, responderam de um modo geral, que é o ensino que ela os oferece. Os alunos do 4º ano deram respostas variadas como, a criatividade, a forma de dar aula e a beleza. Os alunos do 5º ano também deram respostas diversificadas, como a personalidade, a maneira de conviver com eles em sala de aula, e o fato de ser legal.

Na quarta questão, indagamos os alunos, se eles gostam de fazer as atividades que a professora propõe. A maioria dos alunos do 1º ao 5º ano, responderam que sim porque contribui para o aprendizado. Somente alguns responderam não ou às vezes, relacionando a disciplina de Matemática.

Na quinta e ultima questão feita aos alunos, perguntamos se eles acham que sua professora dá carinho e atenção para eles. Todos os alunos do 1º ao 3º ano responderam unanimimente que sim, Já no 4º ano, uma aluna M.V., respondeu que não, e no 5º ano, o aluno LF, disse respondeu um pouco, a aluna EB, respondeu que não e a aluna A.C., respondeu mais ou menos. Dos vinte e cinco alunos entrevistados, vinte e um responderam positivamente.

6- ANÁLISE DE RESULTADOS

Podemos perceber que na visão dos professores entrevistados, a afetividade assume papel importante no processo educacional, pois esta relacionada ao bom desenvolvimento dos alunos, ao incentivo para aprendizagem, à compreensão, às boas relações em sala de aula e a demonstração de afeto.

No quesito relação professor-aluno, as professoras consideram importantes os seguintes fatores: amizade, companheirismo, carinho, confiança, amor e respeito. Os alunos em geral, responderam que o relacionamento com sua professora é ótimo, com a observação de que duas alunas do 2º ano, responderam que poderia melhorar o fato de a professora não gritar em sala de aula.

Com relação à maneira que a afetividade é trabalhada para contribuir na construção do conhecimento dos alunos, os professores dizem que essa questão é trabalhada todos os dias, através do diálogo, no fato de estar sempre presente, na relação de troca, no apoio aos alunos, nas aulas práticas e na aprendizagem em si.

O trabalho com atividades direcionadas a interação e a afetividade realizadas pelos professores, como trabalhos de grupos, jogo, musicas e dinâmicas, favorecem e estimulam os alunos nas relações interpessoais, na construção do conhecimento, no companheirismo e no aprendizado coletivo.

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dados os estudos e as análises do tema em pauta, podemos concluir que a afetividade se constitui um aspecto indissociável na vida do ser humano em todos os aspectos. Exerce papel de suma importância no processo de ensino aprendizagem, pois esta diretamente ligada a fatores que influenciam na relação professor aluno, sendo esta base para uma boa qualidade na aprendizagem. Entende-se que o trabalho do professor enquanto mediador do conhecimento, deve ser permeado por sentimentos de acolhimento, respeito, compreensão e apreciação, contribuindo assim para boa relação em sala de aula e para a construção do conhecimento dos seus alunos.

BIBLIOGRAFIA

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GALVÃO, Isabel. Henri Wallon  Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 13ª ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de & DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. 6ª ed. São Paulo: Summus, 1992.

LEITE, Sérgio Antônio da Silva. Afetividade e práticas pedagógicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

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OLIVEIRA, Marta Kohl de. O problema da Afetividade em Vygotsky. In LA TAILLE, Yves; OLIVEIRA, Marta Kohl de & DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. 6ª ed. São Paulo: Summus, 1992.

Referência eletrônica:

Histórico de Santa Maria  DF. Disponível em:

http://www.santaonline.com.br. Acesso em: 05 de novembro de 2009, 23h40min.


Autor: Jose Francisco De Sousa


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