O PRECONCEITO SOCIAL POR PARTE DOS PROFESSORES NAS ESCOLAS PÚBLICA



RESUMO:Este artigo vem esclarecer o conceito de preconceito em uma linguagem técnica em diversas visões teóricas. Fazendo um entendimento do que venha a ser o preconceito, e os seus tipos preconceitos, os níveis de preconceitos, as formas de estereótipos e o seu grupo alvo. Há uma reflexão sobre o envolvimento da sociedade no âmbito escolar, partindo do pressuposto de que a escola é o reflexo da sociedade em que estar inserida, porém, esta tem o papel fundamental na vida de seus educandos que é o de transformador para uma visão crítica e participativa de todos. O preconceito social nas escolas públicas do Vale do Amanhecer de Planaltina-DF é um dos itens a serem relatados neste artigo de forma esclarecedora, a fim de mostrar a realidade da comunidade, escola e sala de aula, as dificuldades enfrentadas pelos educandos e educadores daquela região. A pesquisa realizada nestas escolas demonstra uma realidade não só daquela região, mas de todo um pedaço de Brasil esquecido. Palavras Chaves: Preconceito, Social, Escola, Estereótipos

1.INTRODUÇÃO

Este o artigo vem explorando as diversas formas que os autores conceituados encontraram para definir o preconceito. De forma clara e sucinta com o objetivo de transmitir informações de esclarecimentos sobre as diversidades de preconceitos, a forma como é gerado.O preconceito nas escolas é um fator crucial na aprendizagem dos educandos, principalmente quando se parte de dentro de uma sala de aula.

A pesquisa de cunho quantitativa trás como objetivo verificar o preconceito social por parte dos professores nas escolas públicas do bairro Vale do Amanhecer em Planaltina-DF em sala de aula das escolas deste bairro, cujos entrevistados são os educandos e educadores dessas escolas, para saber se existe ou não o preconceito.

Este tema foi escolhido devido a comunidade em questão que era mística devido a religião que prevalecia, e nos dias de hoje está comunidade mudou muito, podendo observar isso na pesquisa realizada. Nota-se que os professores mudou muito os seus conceitos, e mesmo aqueles que pertencem a outra religião ou moram em outra localidade superior a está mudou para melhor o seus conceitos. E como na década de noventa eu pertencia a corpo de educandos do Centro de Ensino Fundamental Mestre D`Armas e tanto fui vítima do preconceito como também vivenciei o preconceito com outros alunos dentro da escola, se fez a necessidade do estudo deste artigo fundamentado teoricamente sobre o preconceito para melhores esclarecimentos aos leitores.

2.ENTENDENDO O PRECONCEITO

Desde o surgimento das sociedades verifica-se a existência do preconceito devido a um grande índice de fatos em que a sociedade se divide em classes e se discrimina por várias razões tais como renda, cor de pele, peso, opção sexual, dentre outras. Uma das razões mais comuns é o preconceito social devido a fatores econômicos, uma vez que o cidadão pode vir a sofrer preconceito por estudar em escola pública ou morar num bairro mais humilde do que os demais que será caracterizado como incapaz de se profissionalizar e contribuir de forma ativa e atuante para a vida em sociedade; o que resulta também para alguns surgir o pensamento de que ser pobre e não ter oportunidade é sinônimo de roubar para ser alguém.

Preconceitomuitas vezes é entendido como sendo o julgamento pré-determinado em relação a alguma coisa ou pessoa sem se ter certo conhecimento do que está sendo julgado. Os preconceitos mais habituais que se encontra é o social, o sexual, o racial. A manifestação mais comum do preconceito é a discriminação, discriminar épraticar uma atitude a um individuo em relação a sua cor, sua religião, sua sexualidade, sua colocação social na sociedade ocasionando a uma discriminação sociológica. O senso comum coloca que o preconceito é algo pré-julgado, através de atitudes e expressa a verdade de forma bem discriminativa diante de determinados grupos. Indica também termo pejorativo sobre pessoas ou lugares que ainda não tem o conhecimento de como é ou como funciona.

É com o psicólogo norte-americano Gordan Allport (1954) que são feitos os primeiros estudos sobre preconceito, que o classifica em níveis. O primeiro nível é aantilocução, situação em que um grupo que majoritário, faz piadas estereotipadas com imagens negativas, excitando o ódio no individuo, mas a maioria diz se inofensiva. A antilocução não tem o objetivo de causar danos, mas pode levar a estereótipos mais sérios, como exemplo piadas de loiras, negros etc. muito comuns no Brasil. O segundo nível é o esquivo, esquivo é quando o grupo majoritário que não quer ter contatos com o grupo minoritário edifica o isolamento do grupo minoritário, muito comum no DF, e chega até mesmo a ser institucionalizado quando, no próprio planejamento urbanístico da criação do Plano Piloto, se criou quadras para pobres  no caso, as quadras 400 e as 200  e quadras para os ricos, como as quadras que ficam situadas nas 100 e 300; além disso, mais recentemente, a criação de bairros com super-valorização imobiliária,como o setor sudoeste e o futuro setor noroeste, enquanto que as regiões administrativas distantes do Plano Piloto, sofrem uma desvalorização muito grande. No terceiro nível é a discriminação, o grupo minoritário sofre discriminação na ação. O grupo minoritário é obstruído de alcançar seus objetivos privando as oportunidades como, por exemplo, na educação e de emprego. Segundo Allport (1954), na discriminação, o grupo minoritário tenta ativamente prejudicar o minoritário. O quarto nível acontece quando há ataque físico, o grupo majoritário faz agressões ao grupo minoritário, ataques violentos, danos físicos, por exemplo, os casos recentes de ataques a homossexuais, e em alguns casos, contra mulheres. Já no quinto nível é o extermínio, o grupo majoritário tem o objetivo extinguir o grupo minoritário. Na história da humanidade temos vários exemplos, como é o caso dos alemães nazistas contra os judeus, e na década de 1980, na antiga Iuguslávia, em que a maioria Sérvia tentou exterminar população inteira de muçulmanos. Esse último nível, Allport (1954) deu grande ênfase.

O preconceito muitas vezes é um elemento muito visível sentindo principalmente nas escolas. O aluno que pertence a um grupo seja ele majoritário ou minoritário está sujeito a ser manipulado pelas pessoas que querem ter a verdade absoluta por se considerarem seres melhores em termos físicos, cognitivos e sociais. A nível macro pode perceber o preconceito dentro das relações e com isso, podemos entender que a sala de aula, ou as relações existentes em uma escola, são também relações sociais sócias na medida em que estão presentes vários representantes dos mais diversos setores da sociedade.

O psicólogo francês, Henri Wallon (1975) a respeito desse tema, e dando ênfase a questão da consciência, afirma que:

"A consciência não é uma célula individual que deve um dia abrir-se sobre o corpo social, é o resultado da pressão exercida pelas exigências da vida em sociedade sobre as pulsões dum distinto ilimitado que é o mesmo do indivíduo representante e joguete da espécie." (WALLON, 1975, p.152)

O preconceito de forma generalizada chama-se "estereotipo", um tipo de tratamento precoce que em muitos casos discrimina e desrespeita o cotidiano social, ocasionando um desequilíbrio da construção do conhecimento e na ação dos indivíduos na sociedade. (Sousa, 1999). Ao estudar o estereótipo em casos clínicos, Fernández, González, et all (2008), produziram o artigo "Influencia de los estereotipos en la percepción de la obesidad", afirmaram que "os estereótipos fazem com que percebamos os indivíduos com características específicas, de acordo com o grupo ao qual pertencem".Acrescentam ainda afirmando que os estereótipos, que agregam crenças acerca de um grupo, são o componente cognitivo do preconceito.

A respeito dos estereótipos, Sousa (2009) faz a seguinte reflexão:

"Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada objeto na Psicologia, conteúdo de piadas de mau gosto. Preconceito é uma atitude aversiva ou hostil de uma pessoa para uma pessoa que pertença a um grupo." (SOUSA, 2009, p.125)

No processo de aprendizagem em sala de aula o professor, ao trabalhar com seus alunos pode verificar claramente as diferenças sociais entre eles. Partindo do pressuposto de que a família representa a realidade de cada aluno dentro de uma escola,professores que comentam entre si sobre as condições sociais destes alunos concluem que, esses alunos poderão obter o sucesso ou fracasso nas atividades pedagógicas aplicadas, e vale salientarque o educando, vítima da discriminação, reflete baixa auto-estima, baixo rendimento na aprendizagem em sala de aula e futuramente bloqueios em seu desenvolvimento cognitivo e mental.

O professor é o elo entre o conhecimento teórico e a construção prática no processo de formação e participação social de seus alunos. Freire (1996) coloca que o professor é de suma importância para a construção do conhecimento do aluno, de forma que o educando e o educador cria um elo entre suas relações, contribuindo para a formação de cidadãos críticos, e com isso, mostra a realidade que deverá se enfrentada fora da escola, o professor estará contribuindo para a formação do ensino-aprendizagem do aluno.

Sousa (2009) coloca que para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude baseado nos estudos da Psicologia Social. Segundo Sousa (2009) para as atitudes existem os conceitos racional e cognitivo - valores afetivos ligados aos sentimentos, crenças e culturas. A cognição se refere a um objeto que pode ser uma pessoa, grupos de pessoas, instituição social. O afeto pode gerar sentimento positivo ou negativo que vem a ter suas atitudes positivas ou negativas. O conceito comportamental vindo do indivíduo que só expressa sentimentos negativos, conclui que só levarão à aproximações negativas em seu processo de construção do conhecimento.

O preconceito tem como característica, ser um fenômeno histórico e excessivo. A sua intensidade leva a uma justificativa e legitimação de seus fatos (fenômeno histórico). Uma vez que não se pode mudar o pensamento da sociedade sem que o indivíduo que sofre o preconceito não se considere participante do grupo em que o mesmo está inserido.

Adorno, (1950) diz que:

"a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante, as pessoas temem e rejeitam todos os grupos sociais aos quais não pertencem. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita". (ADORNO, 1950, p.168)

Uma forma de preconceito mais presente na sociedade é o racismo, que é expresso de forma negativa no pensar sobre a origem do indivíduo. Trás a certeza de que as características físicas e hereditárias, ou até mesmo culturais podem dizer a que grupo pertence.

SOUZA (2009) relata que:

"O racismo não se trata de uma teoria científica, mas de um conjunto de opiniões pré-concebidas que tem como maior objetivo a valorização entre as diferenças biológicas entre os seres humanos, onde alguns acreditam serem superiores a eles devido a sua raiz racial. A existência das raças superiores e inferiores é justificada pela escravidão, onde alguns povos "os negros" eram comandados por outros grupos". (SOUZA, 2009, p.82)

O homem acaba tendo um preconceito sobre determinado grupo, não que seja racismo, mais sim, pelo simples fato deste mesmo grupo ocupar o seu status ou posição na sociedade.

Baseado na afirmação SOUZA (2009) diz que:

"As pessoas nas sociedades tendem a repudiar ou não aceitar tudo que é novo ou estranho quando está fora de seus costumes e hábitos. O preconceito é um juízo desfavorável em relação a vários objetos sociais. O preconceito se dá também quando existe um julgamento das pessoas por suas atitudes." (SOUZA, 2009, p.120.)

Na visão de Fernandes (2008) em seu texto Breves reflexões sobre o preconceito, é refletido o que vem a ser o preconceito, e especifica se tratar de um sentimento vindo apenas de um grupo dominante em direção ao grupo dominado, uma relação majoritária- minoritária, e nunca o inverso. O grupo dominado dispõe da experiência, da sensibilidade, de rejeição e de inferioridade que discorre dos transtornos causados pelo próprio grupo, expressando sentimentos de hostilidade e recusa aos grupos majoritários, ficando claro que não se pode denominar estes sentimentos de preconceitos. Tonnies (1977), citando Blumes diz que "o preconceito tem sua manutenção garantida mediante a posição dos grupos, e não apenas a partir das representações que um grupo possui em relação aos outros". As ações humanas podem ser: positivas ou negativa que apresentam de tal modo que tendem a conservação, ou a destruição do ser opostos (TONNIES, Ferdinand. 1977, p.106).

Os próprios grupos ao se compararem uns com os outros, concebem o preconceito social entre eles. Nos grupos minoritários é visível o desfavorecimento e o desprivilégio social e é aonde mora o perigo de serem corrompidos a fazeres desonestos.

Aranha (2006) relata que o preconceito social dividia as mulheres, confinadas no lar, que tinham como obrigação de cuidar de suas crianças e afazeres domésticos. O grupo majoritário tem o privilégio em relação aos direitos políticos e aos saberes tecnológicos, o que o grupo minoritário fica em desvantagem. Tendo início, então, o dualismo escolar, que tinha duas formas de ensinar, uma para o povo, e outra para os filhos dos nobres e de altos funcionários que lucra com a vantagem. A grande maioria da população era excluída da escola e submetida à educação familiar informal. Com o conhecimento da escrita restrita, devido ao seu caráter sagrado e esotérico, apenas os filhos dos majoritários conseguiam atingir os graus superiores.

No próximo item iremos falar sobre um assunto bem específico que é o preconceito nas escolas. Preconceito este que é muito comum e que procuraremos analisar com mais profundidade.

3.O PRECONCEITO NAS ESCOLAS

A escola é um espelho da sociedade e reflete tudo que acontece dentro e fora dela. Se a sociedade é preconceituosa ou racista, a escola também é, porque ela é constituída por elementos da sociedade. Assim, nas escolas é muito comum o preconceito, o racismo e a discriminação, apesar do discurso democrático que estas acabam por fazer. Mazzitelli e Mazzon (2009) relatam que nas escolas o preconceito vem com a discriminação na sala de aula com professores e alunos, com todos os participantes do processo escolar inclusive os pais. Uma vez que negros e deficientes também são os alvos desse preconceito.

A pesquisa realizada pelo jornal Estadão em todos os estados do país, com quinhentos e uma escolas e dezoito mil e quinhentos e noventa e nove educandos envolvendo pais, corpo docente das escolas públicas constatou que noventa e nove vírgula três por cento, dos entrevistados oitenta por cento queria se manter distante socialmente, dos deficientes, dos homossexuais, pobres e negros. Com isso a pesquisa resulta que é a partir das escolas que há o surgimento do "bullying", onde alunos e corpo docente sofrem algum tipo de humilhação gerada pelo grupo dos majoritários, sendo eles os negros, os homossexuais, os idosos e os pobres, que sofrem a ação vinda do preconceito que é tanto física quanto verbal.

Na pesquisa de Altenfelder (2009) "preconceito é construído nas relações sociais. Isso pode ser modificado". Projetos direcionados para as questões do preconceito são desenvolvidos para se trabalhar nas escolas envolvendo pais, alunos, corpo docente e comunidade. Podem também favorecer a participação de membros dos grupos majoritários fazendo-os com que se fortaleçam de conhecimentos não preconceituosos para que haja transformação das ações nos grupos aos quais pertencem.

De acordo com o site noticiaterra.com.br (Agência Brasil-2009) dentro da escola existem professores que não separam seus princípios religiosos e pessoais na execução de sua função como educador, e na maioria das vezes agem de forma discriminatória com alunos homossexuais, negros, pobres, etc;os tratando diferentemente dos demais. "Toni Reis (2009) presidente da Associação Brasileira de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (ABGLT) diz que os educadores levam para a escola os seus conceitos religiosos fundamentalistas".Esses educadores que tem a sua opinião formada e não mudam, tem dificuldades em trabalhar com esses alunos. Reis (2009) sugere, que com uma formação continuada adquirida nos cursos de capacitação para educadores, se obtenha metodologias para se trabalhar o preconceito em sala de aula sem que sejam expostos princípios e valores pessoais, levando em consideração a realidade social dos educandos tendo sempre ética profissional e respeito às diversidades.

Libâneo (1994) acredita que:

"A característica mais importante da atividade profissional do professor é a mediação entre o aluno e a sociedade, entre as condições de origem do aluno e sua destinação social. É de responsabilidade do professor o seu permanente empenho na construção educacional dos seus alunos, dirigindo o ensino e a atividade de estudo de modo que estes dominem os conhecimentos básicos e as habilidades, e desenvolvam suas forças, capacidades físicas e intelectuais, tendo em vista equipá-los para enfrentar os desafios da vida, prática no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da sociedade". (Libâneo, 1994, p.32)

A escola é vista como um espaço de construção da aprendizagem e do fortalecimento do indivíduo como ser participante da sociedade em que está inserido. Uma vez que o processo de aprendizagem inicia-se no seio da família, passa-se para a escola onde acontece a socialização, o trabalho de conhecimentos teóricos e fundamentação de práticas para a conscientização e formação do ser crítico e participante na sociedade. OLIVEIRA (2009) afirma que "a escola visa transmitir ao indivíduo o patrimônio cultural para integrá-lo na sociedade, a criança, por exemplo, se torna socializada desde pequena, porque aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu" e assim a escola é a instituição específica para a formação e construção do conhecimento.

No próximo item iremos relatar dados da pesquisa de campo, sobre o preconceito social nas escolas públicas do Vale do Amanhecer.

4.O PRECONCEITO SOCIAL NAS ESCOLAS PÚBLICA NO VALE DO AMANHECER-DF.

O Vale do Amanhecer surgiu em meados de 1969, local este que era uma pequena fazenda, onde um grupo de seguidores pertencentes à doutrina daria o nome à comunidade de Vale do Amanhecer inspirado na geomorfologia do local que se apresentava como uma área rodeada de vales que fica a seis quilômetros de Planaltina-DF, fundado pela sergipana, Neiva Chaves Zelaya ou simplesmente, "Tia Neiva" nasceu no interior de Sergipe-AL na cidade de Propriá e como a maioria dos nordestinos, mudou-se para Brasília no início de sua construção, ficando conhecida na década de sessenta como uma das primeiras mulheres habilitada em veículos de grande porte (caminhões); mas ela não ficou conhecida mundialmente por esse atributo e sim pelo fenômeno raro da clarividência.

A população do Vale do Amanhecer cresceu rapidamente e infelizmente com esse crescimento vieram às dificuldades e os problemas que são comuns a qualquer bairro de classe baixa do Distrito Federal. Hoje depois de 40 anos da fundação da comunidade do Vale do Amanhecer, ela se caracteriza por outra realidade onde sua população anteriormente, que era constituída apenas de adeptos da doutrina, dividiu-se em vários segmentos religiosos, respeitados pelos então seguidores da doutrina.

As pessoas dessa comunidade perdem muitas oportunidades de empregos de estudos por sofrerem ainda o preconceito por morarem nessa localidade. Apesar das pessoas serem diferentes, mas os problemas enfrentados são os mesmos por qualquer outra comunidade de baixa renda, a mesma atenção deve ser dada independentemente de etnia, sexo, classe social e religião.

A criação de uma escola na comunidade se fez necessária para os adeptos da doutrina que ali estavam moram mantivesse seus filhos na escola e ao Orfanato Lar das Crianças de Mãe Tildes, fundado por Tia Neiva, que abrigava crianças que não tinham onde morar a até mesmo os filhos dos adeptos.Hoje o Lar de Mãe tem o nome de Projeto Casa Grande de Tia Neiva que atende crianças de toda comunidade que funciona apenas aos sábados e aos domingos pela manhã, é oferecido um trabalho pedagógico direcionado por uma coordenadora e com educadores da área de educação que pertencem ou não a doutrina do Vale do Amanhecer.

Segundo o Projeto Pedagógico da Escola CEF Mestre D`Armas (2008), recebeu o nome de Escola Rural Mestre D`Armas que contava apenas com uma sala de aula, construída de madeira com alojamento para professores. Em 1978 foi fundada a Escola Classe Mestre D`Armas, com três salas de aula, secretária, direção, cantina e banheiros. Em 1985, foi alterado para Centro de Ensino Mestre D`Armas, em 1988 foi construída mais seis salas. Em 1995 foi construída mais seis salas e uma menor destinada a biblioteca que funcionava com dezesseis turmas. Em 2005 passou a atender os alunos de 1ª a 4ª série, em 2008 teve-se a implantação do BIA (Bloco de Iniciação a Séries Iniciais) na escola e atualmente é integral. O CEMD conta com alguns níveis e modalidades da Educação e do Ensino Fundamental, sendo que três turmas são do 2º ano período da Educação Infantil e com o Ensino Fundamental que dispõe de seis turmas do 1º ano de nove anos; onze turmas de 1ª série; oito turmas de 2ª série e seis turmas de 3ª série. A escola trabalha com uma Pedagogia de Projetos que visa os alunos e professores a organizarem a classe em torno das metas, que é definida pelos temas relevantes que possam trabalhar paralelamente com os conteúdos, além de contar com o reforço extraclasse do BIA (Bloco de Iniciação a Séries Iniciais) e o maternal que é supervisionado pelos Pedagogos e Coordenadores. Dados da secretariada escola aponta que hoje a escola conta com trinta e quatro professores efetivos e doze contratos para atender novecentos e oitenta e dois educandos.

Devido à grande migração para o Distrito Federal as pessoas procuram essa região, o que ocasionou em um crescimento populacional no Vale do Amanhecer, havendo a necessidade da construção de uma nova escola para comunidade. Em 2005 Foi inaugurada a nova escola o Centro de Ensino Fundamental do Vale do Amanhecer, para que os alunos não precisassem de se deslocar para o centro em Planaltina. A escola hoje atende alunos de uma realidade econômica e sociocultural bem diversificada. É uma comunidade carente de recursos financeiros, a escola conta com cinqüenta e um professores efetivos e trinta e um professores de contratos para atender mil setecentos e quarenta alunos desde o 5° ano até o 2º grau.

A comunidade do Vale do Amanhecer também conta com duas escolas particulares. A Escola Cosme e Damião que atende a comunidade a dez anos e a sete anos teve a sua portaria licenciada, disponibiliza desde Maternal ao 2° ano do Ensino Fundamental, conta com quatro professores que estão ingressados no curso superior para sessenta e cinco alunos matriculados dentre eles possuem bolsistas parciais, de quarenta por cento e até mesmo bolsa integral. Sua mensalidade é de cento e quinze reais a cento e cinqüenta reais mensais. A sua clientela é mesclada, média para baixa renda.

A escola do Centro de Ensino Infantil Piu-Piu funciona há nove anos, e oferece a comunidade do Maternal até o 1º do BIA do Ensino Fundamental, atualmente são três professores para atender quarenta e cinco alunos. A sua mensalidade é de noventa reais mensais. Sua clientela pertence à classe de baixa renda.

PESQUISA

A pesquisa foi realizada com professores das escolas públicas do Vale do Amanhecer de Planaltina-DF que são: Centro de Ensino Fundamental Mestre D`Armas e o Centro de Ensino Educacional do Vale do Amanhecer.

As escolas pesquisadas do atual estudo ficam situadas na comunidade do Vale do Amanhecer em Planaltina-DF. O questionário foi aplicado no período de 01 a 20 de outubro de 2009, com os professores das escolas públicas. As escolas atendem alunos que pertence aclasse social de baixa renda. A escola Centro Ensino Fundamental Mestre D`Armas ofereceaos alunos o ensino integral o que é optativo pelos pais, mas que tem a grande participação dos alunos. Na escola Centro Ensino Educacional do Vale do Amanhecer oferece aos alunos aula de informática com computadores semi-novos e em breve uma sala de vídeo.

Os professores do Centro Ensino Educacional do Vale do Amanhecer entrevistados têm entre 28 e 43 anos de idade e com 5 a 12 anos de experiência profissional, sendo que somente um dos entrevistados tem o mesmo tempo de experiência na mesma instituição. Esses professores têm formações em Matemática, Letras, Geografia, Biologia e Pedagogia, com 3 especialistas (pós) em Ciências Humanas, Ciências Naturais e Botânica. Sendo que três moram em Sobradinho, dois em Planaltina e um na comunidade do Vale do Amanhecer. Com religiões distintas, tendo 3 espíritas, 2 católicos e 1 que deixo em branca a pergunta.

RELATÓRIO DE ENTREVISTA.

A faixa estaria dos alunos que freqüenta as duas escolas entrevistadas é entre cinco a dezessete anos de idade. Os problemas mais freqüentes que afetam o ensino-aprendizagem entre ambas as escolas é a falta de interesse dos alunos, a falta do acompanhamento familiar, a desestrutura financeira, a falta de materiais pedagógicos, a super lotação da sala de aula entre outros como o desequilíbrio social. Os professores citam que para solucionar esses problemas é necessário que haja a integração familiar com a escola, um espaço físico juntamente com materiais didáticos adequados, atividades que desperte o interesse dos alunos, ao respeito e valores éticos. Ao perguntar sobre o Projeto Político Pedagógico sessenta por cento dos entrevistados tem conhecimento do Projeto e quarenta por cento não conhece e um por cento conhece um pouco. Ambos os professores relatam que a maiores dificuldades encontradas durante o exercício na educação é lidar com a falta de interesse dos alunos e dos pais, a agressividade, o desrespeito, a dificuldade de aprendizagem, a auto-estima e a sexualidade. As escolas entrevistadas se localizam em uma cidade que a maioria de seus educandos são adeptos de religiões espíritas, os professores afirmam que não há diferença e que não interfere em seus trabalhos pedagógicos, e que como educadores cabem-lhes o respeito a todos os credos, pois servem para a organização da sociedade. As escolas contam com educadores determinados, com seus objetivos, porém egoístas, mas comprometidos com os seus trabalhos pedagógicos. Procurando saber sobre a razão social existentes nas escolas a maioria dos entrevistados não respondeu, sendo que apenas três responderam que sabiam que existia uma razão social na escola que trabalham. Para saber sobre a relação professor aluno oitenta por cento dos professores consideram terem uma relação boa entre seus educandos, mas acham que eles são agitados e sem educação. A maioria dos professores sabem que precisam fazer cursos de capacitação e sabem de suas existências, mas questionam a dificuldade de acesso, e por isso fazem somente quando necessário.

Antes da pesquisa ser realizada, foi feito um projeto-piloto, cujo objetivo era investigar de forma não sistemática, a opinião dos professores. Contudo, ao aplicarmos este questionário, sentimos que as respostas não foram satisfatórias. Dessa forma, sentimos então a necessidade de aplicarmos noutro questionário, muito mais profundo na qual exploramos mais detalhadamente a questão do preconceito no Vale do Amanhecer, em Planaltina-DF, pelos professores da rede publica.

E podemos observar que o caso em questão realmente está mudando, os professores estão se conscientizando de como a sua função é muito importante no processo ensino aprendizagem, e na formação de cidadões. Alguns alunos declaram que a escola melhorou muito depois da mudança da direção e equipe, que estão organizando a escola, colocando o uso do uniforme no noturno e que a diretora fica no portão fazendo a recepção dos alunos de um por um. Hoje estão satisfeitos com a escola.

A pesquisa de campo foi realizada com os alunos do Centro Educacional do Vale do Amanhecer. Os alunos entrevistados têm entre treze e quarenta e três anos de idade, e todos residem na comunidade do Vale do Amanhecer em residências próprias com cinco a seis pessoas na família e são católicos, espíritas e evangélicos. Sessenta por cento de seus pais tem o primeiro incompleto. Os alunos acham que os problemas mais freqüentes em sala de aula é a bagunça dos alunos, a falta de atenção, o desinteresse dos alunos, a conversa paralela e o lixo que eles próprios jogam no chão e nos colegas. Acreditam que para melhorar essa situação é preciso parar com a bagunça, ter aulas interessantes, ter incentivos por parte dos professores, que os alunos se conscientizem que estão em uma escola, que não podem jogar lixo no chão prestando atenção em tudo que ocorre em sua volta. Os alunos colocam que tem uma boa relação entre os seus professores, e alguns acham até que é excelente. Oitenta por cento dos alunos responderam que não se sentem constrangidos na sala de aula em relação a sua religião e vinte por cento responderam que já se sentiram constrangidos em relação a sua religião. Quando pergunto se já foram vítimas de algum tipo de preconceito em na escola oitenta por cento responderam que não e vinte por cento responderam que já foram vítima do preconceito na escola. Oitenta por cento dos entrevistados responderam que nunca presenciou alguém sendo vítima do preconceito e vinte por cento responderam que já presenciaram exemplificando que um professor insinuou que o aluno parecia com um marginal. Esses alunos entrevistados sessenta por cento pertence à classe de baixa renda e quarenta por cento a classe média renda. Apenas um por cento responderam que já se sentiu descriminada por causa de sua classe social.

5.CONCLUSÕES

A realização desse artigo foi se suma importância para a formação de pedagogos trazendo relatos importantes sobre o preconceito social do professores em relação aos alunos da comunidade do Vale do Amanhecer  Planaltina  DF. Conforme as pesquisas realizadas com professores e alunos a respectiva comunidade pode perceber que ambas respostas indicam que houve uma superação em relação ao preconceito, sendo quase inexistentes entre eles na escola, porém a falta de material pedagógico a super lotação na sala de aula e sem aulas diversificadas, há a desmotivação dos alunos e conseqüentemente a o baixo índice de ensino-aprendizado.

Os alunos colocam que devem ser mais interessados e disciplinados na sala de aula, e os professores acreditam que quando os alunos tomarem essa consciência o rendimento do ensino-aprendizagem terá produtividade.

6.REFERENCIA

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Autor: Jose Francisco De Sousa


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