Interdisciplinaridade na Prática: Em escolas particulares de Brasília - DF
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo analisar o conceito e a abordagem interdisciplinar na práxis pedgogica. Verificar se o corpo docente está sabendo trabalhar de forma a acabar com a fragmentação do conhecimento que dificulta no processo de ensino-aprendizagem. Observar se a interdisciplinaridade é de fato uma ferramenta de auxílio; investigar se os docentes de escolas particulares sabem o que é, realmente, interdisciplinaridade; como aprenderam a trabalhar desta maneira e como se deve trabalhar desta forma; averiguar se faz necessário algum requisito, técnica ou conhecimento para que ocorra a interdisciplinaridade de forma efetiva para que assim se consiga obter o auxilio no processo de ensino-aprendizagem. Palavras - chave: Interdisciplinaridade; capacitação docente; processo ensino-aprendizagem; escola particular.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa surgiu do interesse em saber se a interdisciplinaridade está sendo trabalhada, utilizada, aperfeiçoada pelo corpo docente e se tem ajudado no processo de ensino-aprendizagem do corpo discente, ou seja, verificar se o assunto interdisciplinaridade já saiu da teoria e encontra-se na prática; pois, foi observado, durante o curso de Pedagogia, muitos debates a respeito da baixa qualidade de formação e atuação de alguns profissionais que distanciam a teoria da prática. Durante o curso foi desfeito a visão equivocada a respeito do conhecimento já adquirido; houve a compreensão de que cada disciplina completa as demais disciplinas e que o conjunto delas é o próprio conhecimento; aprendemos, então, a adquirir novos conhecimentos e a vincular-los aos já internalizados.
Interdisciplinaridade não é um tema recente, porém encontra-se ainda em desenvolvimento, muito vem sendo trabalhado, pesquisado, estudado, analisado, citado, abordado, por educadores, filósofos, epistemólogos, dentre outros; mesmo assim houve o interesse em abordar o tema focando alguns questionamentos que foram surgindo ao longo do curso: as escolas estão preparadas e capacitadas para trabalharem de forma interdisciplinar? Alguns educadores dizem que sim, porém eles sabem o que é interdisciplinaridade? Eles sabem trabalhar de forma interdisciplinar? Como se preparam e estão se preparando para essa nova transformação/fase que esta ocorrendo na educação?
No decorre da pesquisa identificaremos professores que sabem o que é interdiciplinaridade; os que compreendem como se deve trabalhar e o que é trabalhar desta maneira; se trabalham nesta perspectiva; onde aprenderam a trabalhar de forma interdisciplinar; verificar se as instituições onde trabalham oferece cursos, palestras, estudo sobre o tema; observar se o corpo docente dessas escolas sabe se são necessários requisitos básicos para se trabalhar de forma interdisciplinar; e, se a interdisciplinaridade ajuda no processo de ensino-aprendizagem dos educandos; ou seja, analisar a abordagem interdisciplinar na práxis pedagógica de escolas particulares, de Brasília - DF, nos anos iniciais do ensino fundamental 1º ao 5º ano.
A importância da pesquisa está no fato de averiguar se o tema abordado está sendo praticado e se está ajudando no processo de ensino-aprendizagem. A pesquisa foi realizada em oito escolas da rede privada de Brasília. Nosso trabalho é a consequencia de uma pesquisa qualitativa e quantitativa firmada nas análises dos dados adquiridos por questionários entregues ao corpo docente.
1 A NATUREZA DA INTERDISCIPLINARIDADE
Não está sendo fácil lidar e trabalhar com um tema que se encontra em desenvolvimento e que possui vários conceitos; o trabalho está sendo árduo e exigindo o meu deslocamento da acomodação; pois, a interdisciplinaridade pode ser considerada como um conceito, ou uma prática, ou ainda, um movimento; o tema consegue, ainda, abranger mais quatro conceitos que estão correlacionados multi/ pluri/ trans/ disciplina.
Segundo Fazenda, em seu livro Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa (2009), dois pontos deram início à pesquisa do assunto interdisciplinaridade; o primeiro, que foi dito por Sócrates, é o "Conhecer-te a ti mesmo" em sua totalidade; o segundo, dito por Descartes, "Penso, logo existo", só conheço quando penso, o pensar te leva as dúvidas que precisam ser provadas, analisadas, testadas, avaliadas; ela, Fazenda, também aborda a possibilidade de fracionar o tema para fins didáticos e o subdivide em três décadas; década de 1970, que trata da parte epistemológica; década de 1980, que aborda as contradições decorrentes da epistemologia da palavra; e, década de 1990, onde setrata da produção de uma nova epistemologia.Ao analisar os materiais adquiridos para a pesquisa, diria que poderia haver mais uma fração, a da década de 2000, onde se trataria da parte prática, ou seja, colocar-se em ação todo conhecimento adquirido.
G. GUSDORF, que para Fazenda é um dos principais precursores do movimento, foi quem abordou o tema "totalidade" tema que mobililzou as discussões sobre interdisciplinaridade e que foi categoria de reflexão em 1970; desencadeando novas pesquisas, análises (FAZENDA, 2009); e com isso, dando início às pesquisas à respeito do tema abordado que nasce da indispensabilidade de desfazer, e se opor, da ciência multipartida, ou seja, fragmentada da construção de conhecimento que, seria, provavelmente, a decadência do conhecimento; teve seu surgimento na Europa na França e Itália, primeiramente na década de 1960, século XX (época marcada pelos movimentos estudantis). No Brasil, segundo estudos realizados, só chegou ao final da década de 1960 e é um assunto que tem presença na Lei de Diretrizes e Bases LDB, Leinúmero 9.394/96, e nos Parâmetros Nacionais PCN (FAZENDA, 2009); temos como autor da primeira obra significativa Hilton Japiassú, seu registro é considerado por Fazenda (2009, pg. 26) como "um dos pressupostos básicos para a realização de um trabalho interdisciplinar".
Para compreender epistemologicamente o conceito de interdisciplinaridade, segundo GONÇALVES citando JAPIASSÚ (1976) que fez adaptações dos estudos de Eric Jantsch quem criou os termos, é preciso entender o significado termológico dos quatros conceitos que estão relacionados ao tema disciplina, multidisciplina, pluridisciplina, transdiciplina. A disciplina são os conteúdos ou matérias do conhecimento científico que são ministrados nas escolas; saberes que possuem suas características próprias; são "partes" ou "frações" do conhecimento,como exemplo temos aMatemática, Português, História, Geografia, Artes, etc. A multidisciplina é composta por disciplinas diversas que possuem uma temática em comum, mas não há uma relação direta entre elas, um exemplo é a "soma" de Português com Artes com Matemática. Já a pluridisciplina é composta por disciplinas diversas que, além da temática comum, possuem alguma relação entre si, Português e História podem ser uns bons exemplos. Na transdiciplina temos o conjunto de disciplinas e conteúdos que geram uma premissa comum, por exemplo, a Biofísica (Biologia mais Química).
Após compreensão da origem do tema e dos termos que estão correcionalizados à ele fica mais fácil entendermos o conceito/significado do termo interdisciplinaridade que será abordado no próximo tópico.
2 PARA ALÉM DA FRAGMENTAÇÃO DO CONHECIMENTO: A INTERDISCIPLINARIDADE
A interdisciplinaridade é a interação entre as disciplinas duas ou mais; algo comum as diversas disciplinas ou conteúdos, que tem como base a edificação do saber na formação pessoal e total do indivíduo; é um processo contínuo e interminável, fazendo com que haja comunicação entre os diversos conteúdos. Exige envolvimento do corpo docente, técnico, administrativos, ou seja, de todos que participam do processo de ensino e aprendizagem direta ou indiretamente.
Interdisciplinaridade é, segundo Fazenda (2008), educar, usando técnicas econhecimentos que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem,o educando respeitando seus saberes; traz a interdisciplinaridade como sendo uma busca que provem de uma pergunta/pesquisa; considera um processo que necessita ser vivenciado e praticado, onde a ministração do conteúdo é transmitida por meio de todo o conhecimento adquirido pelo docente; e, que o objetivo do tema é mostrar o talento que há em cada educador. Já para Gonçalves, citando Japiassú (1976), a interdisciplinaridade " é caracterizada pela presença de uma axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas e definida no nível hierárquico imediatamente superior, o que introduz a noção de finalidade"; é a fase onde as disciplinas comunicam-se entre si e trocam 'idéias' mutuamente, com a finalidade de esclarecer um assunto, tendo como resultado final uma co-integração e cooperação. Os PCNs (2002, p.88-89) abordam que a interdisciplinaridade
"...supõe um eixo integrador, que pode ser objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários" (PCN's, 2002, p.88-89).
Após analisar todos os conceitos encontrados sobre o assunto, fica nítido o que vem sendo abordado neste artigo, que o tema não possui um único conceito ou significado; que é um tema que se encontra em desenvolvimento e que não basta, simplesmente, achar o assunto interessante, legal, moderno e saber o seu conceito. Para se trabalhar de forma interdisciplinar, faz-se necessário alguns requisitos, pois o assunto exige dos docentes características mínimas para seu bom desenvolvimento, aproveitamento e auxílio ao processo de ensino-aprendizagem; por isso, abordaremos no próximo tópico essas características mínimas exigidas ao docente que trabalha ou que pretende trabalhar de forma interdisciplinar.
3 REQUISITOS NECESSÁRIOS AO DOCENTE
Para Fazenda Práticas Interdisciplinares na Escola o profissional que se descobre interdisciplinar passa por uma experiência gratificante; mas, trabalhar de forma interdisciplinar requer alguns requisitos básicos. Tudo isso porque a interdisciplinaridade não é algo que se ensine ou se aprenda, mas sim "algo que se vive" (FAZENDA, 2002, p.15). Para a autora um dos requisitos é conhecer os limites de seu próprio conhecimento para que assim seja possível agregação das contribuições das demais disciplinas (FAZENDA, 2006). O saber trabalhar com parcerias é primordial e um dos requisitos mínimos; o corpo docente, querendo ou não, trabalha com parcerias; eles são parceiros dos alunos, de outros docentes, de teóricos, autores, filósofos... e mesmo sendo parceiros, é importante saber que trabalhar de forma interdisciplinar é um trabalho solitário, pois ainda há nas escolas aqueles que estão acomodados e não querem o novo (FAZENDA, 2007). Diz também que é importante saber que a autoridade adquirida em sala é conquistada e não imposta e que para isso o profissional deve trabalhar em si os conceitos exigidos pela interdisciplinaridade, e praticá-los, como a satisfação, humildade, cooperação, compromisso, envolvimento; deve ser trabalhador, resistente, generoso, ousado ao inovar, competente, procurar produzir novos conhecimentos, ter simplicidade de atitudes, saber falar, ouvir, etc. (2009, p. 63; 16ºed., 2009, p.31 ).
Além dos requisitos, Ivani Fazenda aborda, no livro Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria, cinco elementos que são importantes para o desenvolvimento de seu trabalho e são valiosos dentro da sala de aula o espaço físico, o horário, o corpo docente, a disciplina e a avaliação (2007, p.81).
Depois de analisar cada requisito citado a cima, compreendemos que o profissional que adquire os requisitos básicos, que não deixa de buscar novos conhecimentos e que pratica a disciplinaridade, possui um elevado grau de maturidade; ele sabe que um fato, tema, assunto ou matérianunca é isolado, porém um resultado natural da relação entre as diversas disciplinas; e agora poderemos analisar no próximo tópico os dados adquiridos pela pesquisa em campo.
4 INTERDISCIPLINARIDADE: do conceito à prática
Nossa pesquisa foi realizada em oito colégios da rede privada de Brasília Santo Antônio; São Camilo; Reino Encantado; La Salle; Alencar; Smiton; Marista João Paulo II e colégio Logosófico. O único colégio escolhido sem ser de forma aleatória foi o Colégio Logosófico de Brasília, onde nos foi permitido ter um contato maior e observar o cotidiano dos professores que responderam ao questionário; as demais foram escolhidas aleatoriamente, sem pré-seleção. Antes da entrega do questionário foi explicado aos docentes o objetivo da pesquisa.
O Sistema Logosófico de Educação que foi fundado por Carlos Bernardo González Pecotche criador da logosofia tem 40 anos, mas o Colégio Logosófico de Brasília existe há 25 anos e atende crianças de 2 a 5 anos Educação Infantil; crianças de 6 a 10 anos e de 11 a 14 anos Ensino Fundamental anos iniciais e finais. Segundo dados fornecidos pela secretaria da instituição e do departamento pessoal, ao todo são 31 docentes e 289 discentes; a coordenação trabalha em conjunto, possui uma gestão democrática e um sistema de capacitação dos docentes e funcionários; atendendo as normas da Secretaria da Educação dados retirados do Regimento Interno do colégio.Contudo, pelo que podemos constatar,percebemos que, há uma grande contradição, pois segundo a LDB, a gestão democrática só acontece em escolas públicas, porém, devido a um discurso de democratização do ensino, a escola Logosófica esta querendo se inserir nesse contexto. Por se tratar de uma escola particular, a direção e os órgãos gestacionais da escola, são cargos de exclusividade da mantenedora da instituição.
De início entregamos o questionário a 20 docentes 5 no Colégio Logosófico, 5 no Colégio São Camilo, 3 no Colégio Marista João Paulo II, 2 na Escola Alencar, 2 na Escola La Salle, 1 no Colégio Santo Antônio, 1 no Sminton e 1 no Colégio Reino Encantado; e obtemos os seguintes resultados: desses 20, tivemos o retorno de 15 professores ( 5 do Colégio Logosófico, 4 do São Camilo, 1 do Marista, 1 da Alencar, 1 do La Salle, 1 do Santo Antônio, 1 do Sminton e 1 do Reino Encantado) , ou seja, 75% de aproveitamento; no que diz respeito ao sexo dos entrevistados, 100% são representadas por mulheres, o que podemos concluir que ainda nos anos iniciais, continua a antiga ideologia de que o magistério é uma profissão materna; 100% dizem saber o que é interdisciplinaridade, afirmam trabalhar com desta forma, são a favor do trabalho interdisciplinar e ministram aulas para os anos iniciais do Ensino Fundamental. A entrevistada mais nova tem 22 anos e a mais experiente 52 anos, nos dando uma média de 35 anos. Os gráficos a seguir revelam o tempo de experiência das docentes que responderam a entrevista e mostra que 46,6% possuem o conhecimento da docencia pela prática; e, a formação das mesmas, onde apenas uma possui mestrado e três possuem pós-graduação (Especialização).
K.A.B é a mais nova das entrevistadas, está com 22 anos, é professora do 5° ano na escola Smiton; nos dados adquiridos da entrevista consta que aprendeu sobre interdisciplinaridade na faculdade e que a escola onde trabalha não oferece cursos de aperfeiçoamento sobre o assunto pesquisado; afirma que trabalhar de forma interdisciplinar é importante para o aluno e torna o ensino mais amplo e eficaz; e, acredita que o conhecimento e a didática sejam rerquisitos necessários para se trabalhar de forma interdisciplinar. A M.A.S. está com 25 anos, trabalha no Marista, já trabalhou com as turmas do 3°,4° anos e neste ano esta com a turma do 5° ano; afirma que aprendeu trabalhar de forma interdisciplinar na época do estágio supervisionado e observando a forma de trabalho do corpo docente na escola onde atua; é graduada e alega que a escola oferece treinamento ao corpo docente neste assunto.
Já a M.S, a K.B.A, a D.F.A. e a I.S.S. de 26, 26, 29 e 29 anos, respectivamente - trabalham no colégio São Camilo há 2, 1, 2 e 3 anos, respectivamente; segundo os dados adquiridos, aprenderam sobre interdisciplinaridade na escola onde atuam mesmo ela não oferecendo aos seus docentes cursos ou palestras que abordem o tema.
K.L. de 27 anos e que ministra aulas na escola Alencar há um ano, aprendeu a trabalhar de forma interdisciplinar na faculdade; acredita que os requisitos necessários para se trabalhar desta forma é adquirir conhecimento, estudar, aprimorar-se, conseguir observar um mesmo assunto em diferentes formas. Para D.P. de 29 anos que trabalha no Reino Encantado há um ano, afirma que o docente tem que procurar adquirir novos conhecimentos e ser comprometido com o processo de ensino-aprendizagempara conseguir trabalhar de forma interdisciplinar. A C.S.A trabalha no LaSalle há 11 anos, acredita que trabalhar de forma interdisciplinar favorece no processo de ensino-aprendizagem por proporcionar ao educando a oportunidade de estudar os componentes curriculares diversos, de prismas diferentes, mas trabalhando o mesmo assunto; diz que para conseguir trabalhar de forma interdisciplinar é preciso estudar e pesquisar sobre a matéria que será abordada na aula e verificar como a mesma pode ser trabalhada nos diversos componentes curriculares. K.G.D. de 47 anos, professora da Escola Paroquial Santo Antônio, que trabalha com turmas de 4ª. e 3ª. séries,com 8 anos nessa instituição é a única que tem mestrado. Segundo dadosda entrevistada, a escola incentiva os professores no seu aperfeiçoamento e na educação continuada, tendo inclusive um plano de cargos e salários; afirma que trabalha com interdisciplinaridade desde que essa postura metodológica (ver isso no referencial teorico) originou-se, porque sempre procurou se atualizar como professora. Para ela, aprendeu sem que houvesse uma leitura cientifica a respeito dos assunto.
G.M.S. de 50 anos, J.L.P. de 38 anos, L.F.A. de 46 anos,V.M.B. de 52 anos, já possui uma aposentadoria e M.R.A. de 39 anos trabalham no colégio Logosófico de Brasília há 5, 6, 7, 7, 20 anos, respectivamente; afirmam que a escola oferece cursos, palestras, estudos sobre o tema, não só sobre interdisciplinaridade, mas temas que envolvem assuntos relevantes à educação e que ocorrem em sala de aula; afirmam que as características básicas vem do planejamento prévio das disciplinas, do trabalho em equipe com os docentes e discentes envolvidos, ter domínio de diversos conteúdos e não abrir mão de metodologias e recursos adequados para as aulas, incentivar os alunos mantendo-os atentos e interessados; concordam que a interdisciplinaridade ajuda no processo de ensino-aprendizagem mostrando aos discentes que as disciplinas estão interligadas entre si gerando um conhecimento maior.
DISCUSSÕES E ANÁLISES
Durante o trabalho foram analisados elementos conceituais e elementos adquiridos pela vivencia de alguns docentes. O desafio foi verificar se o corpo docente ativo de algumas escolas particulares de Brasília - DF sabem o que é realmente interdisciplinaridade (teoria), o que é trabalhar de forma interdisciplinar (prática), se trabalham numa perspectiva interdisciplinar; onde aprenderam a trabalhar desta maneira, se a instituição onde trabalham oferece cursos, palestras, estudo sobre o tema; observar se o corpo docente dessas escolas sabem dos requisitos básicos para se trabalhar de forma interdisciplinar; e, se a interdisciplinaridade ajuda mesmo no processo de ensino-aprendizagem. Ao longo da pesquisa foram analisadas quinze professoras de idades, escolas, personalidades, formação diferentes, que aprenderam a trabalhar dessa forma nas escolas onde atuam e com as vivencias adquiridas ao longo dos anos; as entrevistadas também possuem alguns elementos em comum: todas afirmaram conhecer o termo interdisciplinaridade, garantem trabalhar de forma interdisciplinar, mesmo que algumas dessas escolas não ofereçam abordagens ao tema pesquisado, estão exercendo a profissão de docente em anos iniciais do Ensino Fundamental; os dados indicam ainda que foram verdadeiras nas suas respostas, pois não há contradições e de forma diferente conceituaram o termo e exemplificaram como fazem na prática; ou seja, o termo interdisciplinaridade ainda está sendo estudado, mas não está só no conceito; o corpo docente, com base nos dados coletados, já utiliza deste mecanismo para modificar, aperfeiçoar, motivar, encrementar suas aulas. As entrevistadas sabem que para trabalhar de forma eficiente é necessário se atualizar constantemente, sair do tradicionalismo, utilizar o livro didático como auxílio e não como única forma de ensino, deve ser criativo, deixar o corpo discente participar ativamente das aulas. As entrevistadas indicam que a interdisciplinaridade facilita o processo de ensino-aprendizagem e promove a troca de informações entre as disciplinas; ou seja, como foi dito no referencial, a interdisciplinaridade acaba com a visão fragmentada do conhecimento.
5 - CONCLUSÃO
Interdisciplinaridade palavra extensa, de difícil pronuncia, que pode ser encarada como algo complexo, real, moderno, utópico, instigador, inacabado, ou ainda, palavra comprometedora; e por isso, trabalhar com esse tema não foi fácil. Palavra que existe há quase 40 anos, mas ainda não é um assunto acabado; envolve outros conceitos como disciplina, pluridisciplina, multidisciplina, transdiciplina e outros tipos de questões metodológicas; abrange ainda o termo político, ético, social e econômico do ensino. Não deve ser um termo trabalhado apenas pelo corpo docente, para que ela seja efetiva tem que haver a participação dos colaboradores, ou seja, de todos que estão envolvidos, direta ou indiretamente, com a educação.
É visualizada pelos estudiosos como ferramenta para unir os saberes promovendo conexão entre os mesmos, contextualizando os conteúdos com a realidade dos educandos fazendo do ensino algo mais significativo, trazendo para sala de aula a realidade social onde os discentes estão inseridos. O aluno deixa de ser um ser passivo para se tornar um ser ativo, parceiros; as salas de aulas, como diz Fazenda (2006, pg. 69-71), tornam-se habitat da interdisciplinaridade onde as regras utilizadas cotidianamente são transgredidas O docente, aos poucos, conquista autoridade, vai prevalecer a satisfação, cooperação, a vontade de aprender cada vez mais e a generosidade valores que estão sendo esquecidos em algumas escolas.
O assunto é amplo e por isso existe a vontade de futuramente fazer um aprofundamento do tema, não focando apenas o corpo docente, mas trazendo as idéias do corpo discente. Tentar abranger escolas do Distrito Federal e não apenas de Brasília; observar se a interdisciplinaridade continuará sendo a ferramenta utilizada contra a fragmentação do conhecimento ou se está sendo utilizada como modismo.
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Autor: Jose Francisco De Sousa
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