REPENSANDO A FUNÇÃO DO PROFESSOR DE PRÁTICA CORPORAL: FUNÇÃO E DESEMPENHO



Vanessa Cássia Dias Alves[1]

Este trabalho visa estudar a função do professor de pratica corporal, bem como conhecer sua função e desempenho no uso das novas tecnologias, destacando ser fundamental ter boa capacitação para o manuseio desses equipamentos no processo de aprendizagem. Ressaltando que numa relação pedagógica e educativa, a formação de vínculos entre o educador e seus educandos é essencial para que o processo avance e produza aprendizagens significativas. O professor de prática corporal necessita de conhecimentos sobre atividades corporais adotando hábitos saudáveis relacionando-os na ação pedagógica.

Palavras Chave: Relação pedagógica, vinculo afetivo, prática corporal, ação pedagógica, aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objetivo estudar a função do professor de prática corporal, bem como conhecer sua função e desempenho no papel do professor no processo ensino-aprendizagem, tendo como ponto de partida significativas mudanças nos diversos segmentos envolvidos com a Educação física, principalmente nos tempos em que a tecnologia vem avançando, facilitando assim um acesso rápido e preciso às informações. Embora essa evolução tecnológica vem se desenvolvendo rápido, a maioria das escolas públicas não estão devidamente equipadas para se beneficiar dessas inovações.

A Educação Física é um importante componente curricular escolar que apesar de seu contexto histórico descaracterizado de uma prática educativa de formação integral dos educandos vem buscando seu espaço dentro do âmbito educacional.

Diante do desafio de reconstruir o papel da disciplina na escola e contribuir ativamente com o projeto mais amplo da Educação Escolar, a atuação do professor de Educação Física abarca grande responsabilidade, pois sua prática pedagógica deve ser coerente com os objetivos da escola, que giram em torno da aprendizagem relevante dos alunos nos seus mais variados campos de saberes do conhecimento. Assim, é importante destacar que o professor ao se comprometer com o seu trabalho na perspectiva de promover um ensino significativo para seus alunos, também está contribuindo com a sua formação.

O professor de educação física deve aliar na sua prática educativa essas novas tecnologias, para que a aprendizagem se desenvolva de forma mais eficaz e significativa, isso inclui o uso de equipamentos e uma boa capacitação para operar esses equipamentos.

A função do professor de prática corporal destaca-se devido sua atuação em diferentes contextos culturais e expressivos do movimento humano, que a cada dia mais busca fundamentar esta atuação. Assim, o profissional de Educação Física vem ampliando e ocupando maior espaço no contexto da nossa sociedade.

Ao destacar a função do educador, neste caso do professor de Educação Física, sabe se que a instituição escolar inclui em seu trabalho educativo, várias instâncias de tomada de decisão, avaliação, reflexão, discussão, com o intuito de atingir o objetivo principal de promover a aprendizagem dos alunos. Assim, o professor tem a possibilidade de aperfeiçoar a sua prática docente e os seus saberes também em outros espaços, que não a sala de aula, adquirindo uma compreensão mais dinâmica e ampliada das diversas questões que envolvem a Gestão Escolar.

Participar desses momentos de formação, integração e avaliação coletiva das práticas desenvolvidas por todos os gestores da escola é bem mais que uma exigência institucional, mas um comprometimento profissional, essencial, com o seu fazer, no sentido de buscar entender cada vez mais os alunos como sujeitos únicos que diferem entre si, ao mesmo tempo em que trazem consigo valores, significados e uma cultura própria de seu contexto.

REPENSANDO A FUNÇAÕ DO PROFESSOR DE PRÁTICA CORPORAL

O papel do professor de prática corporal é desenvolver uma prática educativa em educação física cumprindo vários objetivos pedagógicos, como por exemplo, trabalhar o movimento e a coordenação motora e ensinar os alunos a perceber as diferentes formas de brincar como manifestações da aprendizagem.

Através do processo ensino-aprendizagem o educador físico deve planejar, coordenar, programar, dinamizar atividades pedagógicas nas áreas de atividades físicas, desporto e lazer, atividades rítmicas e expressivas e outras inseridas no contexto de desenvolvimento da cultura corporal. O uso da tecnologia na sala de aula avança cada vez mais, facilitando assim o acesso rápido e preciso as informações. Porém, o avanço tecnológico se desenvolve de forma rápida, a maioria das escolas públicas de primeiro e segundos graus, não está equipada para se beneficiar com essas inovações.

A maioria das escolas até o momento possuem poucos recursos tecnológios, mas vem canalizando todos os seus esforços no sentido de aparelhar a estrutura escolar com equipamentos de qualidade, acompanhado de uma boa capacitação, para que os professores possam ter recursos disponíveis, auxiliando no processo educacional que visa o desenvolvimento integral do aluno e a construção de uma sociedade democrática, visando o ensino-aprendizagem. Os equipamentos, ou seja, novas tecnologias requerem aparelhos sofisticados, de custos elevados, por outro, a capacitação para operar com tais equipamentos, pois os professores necessitam aprender a manuseá-los para depois ensinar os alunos a operar com eles.

Todavia, esquecem que no processo de ensino e aprendizagem, existe um fator de extrema relevância que suplanta em muito a busca de informação rápida e precisa. Destacando as relações interpessoais que estabelecem na ação educativa, ou seja, da relação aluno-profesor e da relação aluno-aluno. Pois no âmbito das pra´ticas corporais, é essencial pensar que essas relações se concretizam com a aproximação de corpos, nessas situações, a comunicação é rica e diversificada. O olhar, o gesto, a mímica, a expressão corporal e facial e o contato corporal servem de união da comunicação que se estabelecem no decorrer do ato pedagógico.

As novas tecnologias de que já dispomos e outras que surgirão e continuarão sendo meios auxiliares de extrema relevância na busca de informação. Para falar do perfil do professor de Educação Física e sobre sua função e desempenho devemos ressaltar que o professor de educação física deve desenvolver atividades,e atitudes de respeito mútuo, dignidade, solidariedade, despertando a agilidade mental e corporal e trabalhando a coordenação motora e o equilíbrio. Trabalhando com jogos e brincadeiras, ensinando a cumprir etapas, respeitar regras, despertar o espírito de equipe, socialização, enfrentar desafios corporais, capazes de aprender novas modalidades físicas e motoras.

O papel do professor sempre foi e continua sendo tema de debate e a discussão fica cada vez mais centrada sobre sua função, já que seu valor será sempre proporcional ao seu desempenho, porém muitos poderão argumentar que não se pode discutir a função do professor sem definir a especialidade daquele que atua como referencia o professor de Educação física.

O que se quer destacar, é que o professor justifica sua função social, e destaca a cidadania como eixo norteador, entendendo que a Educação Física na escola é responsável pela formação de alunos que sejam capazes de participar de atividades corporais adotando atitudes de respeito mútuo, conhecer, valorizar respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da cultura corporal., pois o professor de Educação Física deve permitir que os alunos joguem de forma sistemática, a rotina estabelecida faz com que o papel do facilitador perca o principal significado que é o de intervir para provocar situações pedagógicas diferenciadas.

O professor que acredita efetivamente naquilo que faz, planeja, organiza, orienta e propõe diferentes atividades de ensino, tornando-se, com o passar do tempo, uma referencia singular para os alunos. Acredita-se o papel que o professor desempenha na direção de um grupo classe é determinante para criar motivações para a disciplina da qual é responsável.

Para marcar diferenças fundamentais no que diz respeito à atuação do professor ou da psicomotricista que atua no campo das práticas corporais. A função do professor em qualquer prática pedagógica deve ser intencional, deve saber para que e quando intervir, já que uma das funções do professor é ajudar seus alunos a avançar. Portanto, o professor exercerá sempre um espaço de difusão de informações, de desafios que alimentam a comunicação entre as pessoas e de experiências múltiplas e variadas. O professor, como comunicador, deve ser entendido como aquele que informa, que provoca situações para que muitas coisas aconteçam. O professor como facilitador é aquele que difunde informações. Entretanto, ao difundi-las, deve se esforçar para promover aprendizagens significativas sem perder de vista que uma aprendizagem pode se processar em dois níveis: na real e no potencial.

O nível real de uma determinada aprendizagem se testemunha quando se percebe que uma determinada tarefa proposta pode ser realizada pela criança sem a ajuda de ninguém. O nível potencial de uma determinada aprendizagem se testemunha quando se percebe que uma tarefa ainda não pode ser realizada pela criança, mas se percebe que é capaz de realizá-la parcialmente.

A atuação do professor ou da psicomotricista que trabalha dentro do enfoque funcional sempre é de comando, ele é quem dirige as atividades o tempo todo. E quando um professor de Educação Física ou um pedagogo propõe trabalhar com intervenções pedagógicas, pela via corporal com a criança em idade pré-escolar e adota uma metodologia diretiva, logo percebe que aquilo que imagina que vai funcionar e não funciona, este se depara com um grande desafio.

Porém, o grande problema da diretividade relacionada ao ensino da Educação Física, e por extensão a psicomotricidade funcional.tem outros ingredientes que não podem passar despercebidos de uma análise que se centra na função do professor. No âmbito das atividades físicas, os métodos diretivos sempre estiveram relacionados a estratégias pedagógicas voltadas à correção.

A questão de correção de determinado movimento é um ponto a ser evitado, uma vez que causam conseqüências negativas a construção pscimototriz da criança. Tomar consciência da linguagem como instrumento pedagógico é tão importante como discernir sobre as diferenças entre os jogos cooperativos e competitivos. Estimular a prática de jogos cooperativos em detrimento dos competitivos.os primeiros promovem a inclusão, não há perdedores. Os segundos promovem a exclusão.

E o mesmo ocorre ao solicitar qualquer tipo de produção plástica, seja desenho, pintura, modelagem, etc. do ponto de vista pedagógico, somente tem sentid quando o professor prevê um tempo suficiente para que cada criança fale de suas produções.

Outros aspectos críticos dos métodos diretivos utilizados pela psicomotricidade funcional é que , na rotina da sessão dentro dessa vertente, não há espaço para que a criança realize atividades que permitam explorar o mundo simbólico, uma vez que os movimentos técnicos são estereotipados.

Em oposição a psicomotricidade funcional ou a educação física infantil, surgiu a psicomotricidade relacional ou a sociomotricidade., define Andalúcia Málaga, afirmando que :Psicomotores são aqueles com os quais a pessoa atua isoladamente, sem nenhuma interação instrumental com outro co-participante. Os sóciomotores são definidos como sendo os que suscitam necessariamente interaçãoes motrizes entre os co-particpantes. Aos professores que atuam na educação física cabem, fundamentalmente utilizar a via corporal como estratégia de ajuda aos aspectos de desenvolvimento e aprendizagem.

O principio básico metodológico básico é que a criança durante a sessão tenha liberdade guiada para realizar o que mais lhe apetece dentro do que se oferece. A liberdade e ação, como conseqüência, determina que a criança tenha vários modelos, uma vez que, ao agir, ela tome emprestado os modelos de outras crianças, ao mesmo tempo em que serve de modelo aos seus pares.

O professor deve em muitos casos, provocar o contato corporal com essas crianças, estabelecer estratégias de formação de vínculo, e esse pode ser um processo longo. Quando se dá liberdade para a criança atuar, delimitando o espaço físico e oferecendo materiais, percebe-se que, com muita freqüência, ocorre o contato corporal, seja como o próprio professor pelas solicitações de ajuda da criança. O papel da psicomotricidade relacional é sempre de ajuda, entretanto, ele também interage, sugere, propõe, estimula e escuta a criança.

ALUNOS AGRESSIVOS! E AGORA?

Certas atitudes intempestivas adotadas por uma ou por outra criança são as que mais geram conflitos nas relações interpessoais, seja na relação da criança com seus iguais, seja na relação com o adulto. Sabe-se que o mais inquieta os professores sao crianças que: 1. não seguem normas estabelecidas; 2. que apresentam dificuldades nos relacionamentos; 3. que apresentam dificuldades nos relacionamentos sociais. Os professores pouco experimentados querem saber como lidar com essas situações. Alguns buscam receitas, como se houvesse alguma para ser aplicada a todas as situações difíceis com as quais o professor se depara.

O que se costuma denominar no campo pedagógico desequilíbrios afetivos emocionais estão sempre relacionados às emoções e aos sentimentos, sendo que as emoções são públicas, voltadas para fora. As três variáveis que podem influenciar o comportamento infantil, geradores de problemas efetivo-emocionais:

1  falta de uma provisão ambiental positiva na infância;

2  falta de padrões de referencia;

3  falta de comunicação;

A conjunção desses fatores acaba determinando comportamentos agressivos, sejam eles diretos ou indiretos, manifestados de forma verbal ou física.

Diante de crianças que costumam reagir agressivamente, ou mesmo daquelas que procuram se excluir do grupo por vontade própria, sem motivos aparentes, a postura de um educador infantil deve ser a busca permanente de formar vínculos. Para tanto, o professor deve traçar estratégias que permitam abrir canais de comunicação significativos entre ele e a criança-alvo.Quando se traçam estratégias para atingir esse fim, e se consegue com o passar do tempo, as dificuldades aparentes passam a ser sanadas com isso, melhoram as relações, o professor fica mais confiante, passa a acreditar mais naquilo que faz, as crianças passam a se integrar, demonstrando avanços através do desempenho escolar e das relações sociais.

O fato de se estabelecer estratégias para formar vínculos com alguém, não significa que vá ter sucesso em todas as investidas, uma vez que o estabelecimento de vínculos obedece não apenas uma lógica. A forma como a criança vê a ação do adulto que interage com ela pode desencadear transferências relacionadas com sua história prévia.

De qualquer forma, se por um lado, a ética que deve nortear o comportamento do terapeuta é primeiramente traçar estratégias de vínculos com seus pacientes antes de pensar em qualquer diagnóstico ou estratégias de ação profissionais, por outro lado, somos de opinião que o professor psicomotricista ou o professor de Educação Física que estabelece uma relação pedagógica de intervenção, isto é, ter uma proposta de trabalho, tendo muito claro que o domínio de algumas técnicas motrizes não será suficiente para cumprir sua missão. É fundamental que ele saiba que, para atingir seus objetivos, necessita de conhecimentos sobre as dinâmicas das relações interpessoais, seja para passar sua mensagem, seja para dar significado à ação pedagógica, seja para ajudar aqueles que necessitam de um olhar diferenciado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo possibilitou-nos identificar a função do professor de pratica corporal, através de sua função e desempenho. Destacando que os avanços tecnológicos ocorridos nas escolas, traz mudanças dos processos de produção e sua contribuição na educação, trazem novas exigências na formação de professores. Pois é de fundamental importância que os educadores tenham uma formação continuada de qualidade para utilizar de forma adequada esses avanços tecnológicos, pois esses veículos de informação de comunicação de aprendizagem, onde o professor os utiliza como recurso didático, trabalhando de forma diversificada.

Assim, Cabe a educação física nas séries iniciais propiciar ações que levem o educando a uma compreensão de cidadania, de participação social e política através da internalização de valores éticos e morais. Estas ações deverão ser vivenciadas na atividade prática uma vez que a vivência propicia o entendimento do que é a regra, de seu acatamento como expressão do grupo e de sua função social, isto passa necessariamente pelas discussões sobre estratégias do jogo;

O educador exerce várias funções no contexto educacional, como a função de comunicador, facilitador, onde o referencial é promover aprendizagens significativas com atividades físicas, incluída num contexto de qualidade de vida, tenta se contrapor ao estilo de vida sedentário que a sociedade adotou como resultado da moderna tecnologia.

Equivocadamente, para uma parcela da sociedade a Educação Física e os professores desta disciplina são considerados como educadores à parte do processo de formação escolar. Para que isso aconteça estes educadores devem buscar o seu espaço e justificar, em primeira instância, a importância da Educação Física na escola, enfatizando a sua relevância para além da técnica, da atividade física, da diversão e do prazer. Ainda que desenvolvam um trabalho sério e comprometido com a aprendizagem dos alunos, imbricada no processo educativo que a Educação Física como qualquer outro componente curricular se fundamenta. Somente desta forma, conseguiremos realmente legitimar a Educação Física e a profissão de professor da mesma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Revista Nova escola, novembro de 2008.

MATTOS, Mauro G. de & NEIRA, Marcos G. Educação Física Infantil: construindo o movimento na escola. 5ª edição. São Paulo: Phorte, 2005.

FREIRE, João B. Educação como prática corporal: pensamento e ação no magistério. São

Paulo: Scipione, 2003.

FREIRE, João B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1997

Revista E-Curriculum, São Paulo, v. 4, n. 1, dez. 2008.

http://www.pucsp.br/ecurriculum


[1] Graduada em Licenciatura plena em Pedagogia, pela Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ceres. Cursanda em Docência Universitária, pela UEG  GO.


Autor: Vanessa Cássia Dias Alves


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