POR UMA FORMAÇÃO REFLEXIVA DO EDUCADOR DE GEOGRAFIA



RESUMO

 

A busca pela melhoria da qualidade do ensino deve ser uma constante na vida dos educadores. Partindo desta concepção, entende-se que repensar a ação docente é um desafio cotidiano, principalmente quando se almeja formar um aluno cidadão, consciente, crítico, ético, criativo e atuante na sociedade em que vive. Esse desafio se intensifica diante das rápidas e profundas transformações nos mais variados setores da vida contemporânea, acentuadas com a Terceira Revolução Técnico-Científica, acelerando a produção e disseminação de novos produtos e informações.

 

PALAVRAS-CHAVE:Geografia  Formação profissional - Sociedade

 

 

A Geografia como disciplina escolar, oferece sua contribuição para que educandos e educadores enriqueçam suas representações sociais e seus cconhecimentos sobre as múltiplas representações sociais e históricas .

As atuais abordagens do conhecimento geográfico,no Brasil,resultam de várias correntes de pensamento,desde aquelas influenciadas pela escola de Vidal de La Blahe até as contemporâneas .A formação de uma Geografia com caráter cientifico no país, efetivou-se a partir de 1930, ao serem criadas as primeiras faculdades de Filosofia, o Conselho Nacional de Geografia e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

No caso específico da disciplina geografia, percebe-se que a mesma tem sido, numa primeira análise, principalmente por parte dos alunos do ensino fundamental e médio, vista  como uma disciplina inútil e decorativa. De acordo com PEREIRA ,

        Sem pretender que a  formação acadêmica dos professores seja perfeita, reconheçamos, entretanto, que deixa menos a desejar que a formação didática e pedagógica. O desequilíbrio é maior no ensino secundário e otimiza-se no ensino superior, já que uma parte dos professores universitários assumem este papel sem nenhuma formação didática (1999: 03).

 

Já faz algum tempo que ensino da Geografia vem sendo colocado em questão e repensado no Brasil. Sentiu-se a necessidade de mudanças, pois a Geografia que era aplicada no país, descritiva, voltada para decorar conteúdo, portanto chamada de Geografia tradicional, nesta prática, não havia preocupação nenhuma quanto o que constitui a Geografia como ciência, pois há uma quase ausência de assuntos ligados ao cotidiano e a temas políticos e econômicos, Limitam a idéia de pedagógico às técnicas de ensino e não como prática profissional ética e coletiva mais ampla. Para Bazzo,

 

(...) ao tratar de problemas e questões advindas de

uma prática social - a educação, escolar ou não,a

Pedagogia envolve-se em questões de ordem

axiológica e política. Conseqüentemente, além do

conhecimento específico sobre os processos

escolares e educativos, lidando com os conteúdos

de disciplinas como a didática e as metodologias,

passando pelas estratégias de ensino e pelas

teorias da aprendizagem, a pedagogia trabalha

principalmente com valores individuais e sociais, 

                                                                           num emaranhado de questões do mundo da                     política e do poder (2001, p. 41).

 

No mesmo sentido,Burton afirma que, em um mundo sem teorias, todos os fenômenos são únicos.se a Geografia deseja verdadeiramente ser considerada como ciência, deve recorrer a observações das regularidades em seu campo de conhecimento.

As mudanças das sociedades e consequentemente, da dinâmica do espaço geográfico, impõem para avanços do conhecimento da Geografia, bem como as metodologias adotadas por está ciência, enquanto disciplina curricular.

Levando em conta a contribuição que a Geografia pode dar para o conhecimento e interpretação da realidade, no sentido de formar cidadãos,

deve surgir uma preocupação com o profissional desta área, conforme Vesentini (2002,p.66) afirma  A preocupação com a formação do professor de Geografia, em especial, é quase inexistente nos cursos de licenciatura em Geografia, mesmo nas melhores universidades do país.

O professor em todos os níveis de atuação tem um papel social na formação dos educandos. A profissão não se realiza somente na sala de aula, mas na perspectiva que este profissional tem no seu ambiente de trabalho, que favorece ou não um trabalho que envolva ensino e pesquisa.Nesta perspectiva, a formação de professores necessita passar por um processo planejado que,gradualmente, constitua-se em um todo, teórico e pedagógico, conectado a realidade de atuação profissional e necessariamente se realizando a partir das necessidades da realidade social. Neste sentido,educar tem significado mais amplo do que preparar para o mercado de trabalho. Educar não é somente transferência de conhecimento, mas conscientização e testemunho de vida.

 

É construir, libertar o ser humano das cadeias do

determinismo neoliberal, reconhecendo que a

história é um campo aberto de possibilidades. Esse

é o sentido de se falar de uma educação para além

do capital: educar para além do capital implica

pensar uma sociedade para Além do capital.

                                                                    (MESZAROS,2005,p.13)

 

 

O valor da escola e do professor é algo diretamente ligado a cultura e as prioridades da sociedade. Tanto a educação quanto o educador neste contexto, não tinham um papel importante. A partir da ditadura militar reformulou- se o sistema brasileiro deixando transparecer a desvalorização da carreira docente.

Em meio a realidade vivida em 1972, onde surgiu apenas o interesse no poderio industrial e militar, emergindo apenas preocupação em uma pequena formação técnica, onde a formação do professor não tinha um papel tão importante.Desse modo, todos os professores sentiram na pele a pouca atenção dada a seu trabalho, principalmente o professor de Geografia que teve sua carga horária reduzida, evidenciando desprezo a disciplina.

Em decorrência desses fatos, que perpetuou por muitos tempos, temos ainda hoje frutos dessa época.Professores com metodologias ultrapassadas e conteúdos desvinculados do cotidiano.

As mudanças ocorridas de maneira cada vez mais rápidas , exigem uma postura de buscar o entendimento e compreensão para transformar a sociedade e com ela o mundo, numa constante interação com os homens, como afirma Andrade (1993,p.96).

 

               O espirito iniciativa...criatividade de uma geração que vive um momento histórico dinâmico em que os objetos e as idéias envelhecem rapidamente, tornando necessário ao pensador, ao estudioso, uma grande capacidade de mudança;mudança que não será feita com simples abandono de saber acumulado através de gerações, mas com a sua renovação, preservando o que se conserva atual e mudando o que envelheceu.

 

 

O desfio de buscar o novo, estímulo de seguir adiante, levando em consideração a realidade presente. O professor de Geografia, como profissional, precisa dar conta de interpretar a realidade, fazendo análise do espaço enquanto resultado do trabalho humano.

Quanto a  formação do profissional de Geografia, Marques(1992, p.163) diz:

 

Não se trata de formar um profissional fechado no casulo de um saber exclusivo e auto-suficiente , mas de formar, no profissional, o homem da competência comunicativa, que construa seu saber no diálogo fecundo e provocador no serviço da sociedade ampla e plural, no mundo da vida , compartilhado entre iguais.

 

No plano prático, a perspectiva marxista define uma atitude do profissional em sua relação com a sociedade, sempre crítico e pronto para denunciar as armadilhas ideológicas  montadas pelo saber comprometido com o status quo.A prática cientifica deve oferecer a ligação entre saber e transformação social.Contudo, exatamente como A. Comte, a ciência  para  Marx se torna o único meio positivo de instruir a verdade e deve servir áqueles  que querem agir na sociedade.

 Sabendo que a Geografia se ocupa dos estudos que envolvem questões voltadas para o social, decorrentes da influência que a política e a economia exercem sobre a população refletindo na cultura, entendemos que o estágio deve voltar-se também para o entendimento desta realidade. 

 

 

O professor de Geografia, não deve resumir-se a um competente veiculador de conhecimentos e acontecimentos atuais, mas precisa ser um profissional preocupado com as conseqüências dos conhecimentos, com a formação política do aluno, com a sua capacidade crítica (GUIMARÃES, 2000, p. 21). 

     Assim subentende-se nas palavras de Pimenta e Lima (2004, p.35) que a profissão de professor também é prática, porém necessita da teoria. Não raro durante a graduação, percebe-se que as disciplinas destinadas ao estágio ou à licenciatura acham-se desvinculadas da teoria, ou possuem pouca teoria, fato que não acontece isolado, mas tem-se repetido ano após ano nos cursos de licenciatura. Partindo para uma dimensão mais ampla, verificamos que as disciplinas teóricas parecem não precisar da prática e que as práticas ficam aquém do seu conteúdo teórico. No cerne desta afirmação percebemos ainda que a profissão de professor se aprende e concretiza apenas na prática, como se o estágio ou até mesmo a atuação posterior à graduação, fosse o único momento em que a prática irá ocorrer, o que na verdade não condiz com o real objetivo da existência de disciplinas teóricas e práticas durante a formação universitária

Pode-se dizer que o profissional de Geografia tem uma missão a realizar: não somente tentar compreender o mundo, como, também buscar soluções para diversos problemas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

ANDRADE,M. Correia. Geografia Econômica.São Paulo;Adas, 1993.

 

GUIMARÃES, Iara Vieira. Ensinar e Aprender Geografia: Contexto e perspectivas de professores e alunos como sujeitos sócio-culturais. In Revista Olhares & Trilhas, v. 1, n.1, 2000. Escola de Educação Básica. Uberlândia.  

MARQUES, Mario Osório. A Formação do Profissional de Educação. Ijuí (RS): Ed. UNIJUÍ, 1992.

MESZARÓS,István.A Educação para além do capital.São Paulo;Boitempo,2005.

 

PEREIRA, Diamantino. Geografia escolar: uma questão de identidade. In:  Cadernos CEDES. (39): p. 47-56, dez. 1999

 

PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.  

PONTUSHKA,N.PAGANELL,T.Para Ensinar e aprender Geografia.São Paulo:Cortez.2007

 

VESSENTINI, José William. A formação do professor de Geografia :Algumas reflexões. In:PONTUSCHKA, Nidia Naci;Oliveira,Ariovaldo Umbelino.São


Autor: Helena Da Silva Miranda


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