Dízimo



JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ Osni de Figueiredo A epístola aos Gálatas foi escrita às igrejas situadas na província romana da Galáxia (com muita probabilidade, às do sul da Galáxia, as quais foram fundadas por Paulo e Barnabé por volta do ano 47 a.D. conforme relato de At 13:14 e 14:23), para adverti-las que não caíssem do Evangelho da liberdade da graça à instigação daqueles que queriam lhes ensinar que sua salvação dependia de serem circuncidados e de observarem certas exigências da lei judaica. Aqueles mestres sem dúvida apresentavam tais exigências como adicionais à única exigência da fé em Jesus como Senhor o qual o Evangelho de Paulo insistia, mas aos olhos de Paulo, tais exigências não era apenas um acréscimo ao Evangelho, era uma perversão do mesmo, tal ensino anulava o princípio de que a salvação é dada pela graça e recebida pela fé. Direcionava aos homens méritos daquela glória (a salvação) que, de acordo com o Evangelho, pertence exclusivamente a Deus. Todo o esquema proposto por aqueles mestres judaicos era um evangelho diferente daquele que Paulo pregava; na verdade não era evangelho nenhum, pois não era nenhuma "boa nova". Em seu esforço para mostrar aos seus irmãos Gálatas onde estava a verdade nessa matéria, Paulo levanta a fundamental questão da justificação pela fé. Mas como os seres humanos podem, de fato, saber que estão justificados no que diz respeito à dívida deles para com Deus? Se fosse possível aos homens ser justificado perante Deus pelo cumprimento das exigências da lei judaica tal qual estavam ensinando aos cristãos da Galáxia, qual foi então o papel desempenhado pela morte de Cristo, ponto central do Evangelho? FÉ E OBRA Fé, e não obras: esta é uma antítese que Paulo, escrevendo aos Gálatas salienta. Uma antítese associada a esta, em sua argumentação é: espírito e não carne, a nova vida que eles tinham recebido quando creram no Evangelho era vida comunicada e mantida pelo Espírito Santo, era inimaginável que p fruto do Espírito, pertencente a uma nova e viva ordem exigisse suplementação de uma antiga aliança centrada na velha ordenança de obras mortas da "carne" como a circuncisão e todo o seu séqüito. A tentativa de viver em parte "segundo o Espírito" e em parte "segundo a carne" estava fadada ao fracasso, porque as duas ordens estão em franca oposição uma a outra "a carne milita contra o Espírito e o Espírito contra a carne". Transcrevi o texto acima da resolução de Santo André, (pode ser encontrado no site oficial da Ass. de Deus Belém.) 22ª Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, reunida na cidade de Santo André, Estado de São Paulo. A salvação é um ato da graça de Deus pela fé em Jesus. A Bíblia ensina que somos salvos pela fé em Jesus (Rm 3.28; Gl 2.16; Ef 2.8-10; Tt 3.5). Todos os crentes são salvos porque um dia ouviram alguém falar de Jesus e creram nessa mensagem. Ninguém fez nada, absolutamente nada para ser salva, a não ser a crer em Jesus, como conseqüência da salvação passamos a produzir o fruto do Espírito (Gl 5.22). A vida de santificação é resultado da nova vida em Cristo, e não um meio para a salvação. Cristianismo é religião de liberdade no Espírito e não um conjunto de regras e de ritos. Acrescentar dogmas da lei a fé em Jesus como condição para salvação é heresia e desvio da fé cristã (Gl 5.1-4). Quando os gentios de Antioquia se converteram à fé cristã a igreja de Jerusalém enviou Barnabé para discipular aqueles novos crentes (At 11.20-22). Ele Entendia que ensinar costumes, culturas e tradições como condição para salvação, é heresia e caracteriza seita. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional e que isso em nada implicaria na salvação desses novos crentes, portanto, não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15.19, 20). O PRECENDENTE DE ABRAÃO Caso semelhante ocorre também em Romanos, é o apelo ao precedente de Abraão. Desde que a ordenança judaica da circuncisão se baseava na aliança feita por Deus com Abraão (Gn 17:10-14), aqueles que insistiam em que os gentios convertidos ao cristianismo deviam ser circuncidados, argumentavam que doutro modo não poderiam reivindicar nenhuma participação nas bênçãos prometidas a Abraão e a seus descendentes Paulo replica a isto dizendo que a base sobre a qual Deus aceitou Abraão não foi a circuncisão deste, nem qualquer "obra" legal parecida, mas, sim, sua fé: "Abraão ...creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça".Na verdade tinha este ritual força de pacto não só com Abraão, mas com sua descendência depois dele (Gn 17:10-12) não obstante, não foi por esta atitude que o nosso pai na fé alcançou aceitação de Deus, e sim pela fé para que a graça não se deteriorasse pela dívida da obra, "Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus". (Rm 4:2). De igual maneira, muito menos força de mandamento teria um outro rudimento que, à exemplo deste, também foi adotado pela lei mosaica, porem tendo sua primeira menção antes da lei quando Abraão, voltando vitorioso da guerra contra os quatro reis confederados, se depara com Melquezedeque, dá lhe o dízimo dos despojos (percebam que não consta ali os seus bens, e sim aquilo que retirou dos quatro reis vencidos, como era comum nas guerras)"Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos" (Hb 7:4). CIRCUNCISÃO E DÍZIMO O paralelo entre a circuncisão e o dízimo é de uma semelhança indiscutível: 1-A circuncisão foi antes da lei, o dízimo também, 2-A circuncisão se estendeu durante a lei de Moisés, o dízimo também, 3-A circuncisão foi alvo de instigação dos adeptos da lei para ser juntada ao Evangelho, o dízimo também o é hoje pelos cobradores de dízimos. Não da para afirmar que o dízimo não é da lei por ser praticado antes da lei, pois a circuncisão também foi. Se a circuncisão, que veio antes da lei na forma de aliança entre Deus e Abraão com seus descendentes, não alcançou lugar de participação na justificação da graça oferecida a sua igreja pela morte e ressurreição de Jesus, muito menos lugar nesta mesma justificação teria o dízimo oferecido por Abraão a melquizedeque, que foi sem mandamento, esporádica e apenas daquilo que Abraão obteve num momento ocasional de sua vida. Não consta que este ato tenha sido continuado por ele, seu filho Isaque nunca dizimou, seu neto Jacó fez na verdade um voto ao Senhor, deve ser observado a condição um tanto quanto exigente da proposta feita por ele no fato narrado em Gêneses 28:20-22 "Fez também Jacó um voto, dizendo: "Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus, então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo." tal voto fez quando já era adulto e estava temeroso pelo ato que praticara contra seu irmão, ou seja, não era dizimista". A FARSA DOS FARIZEUS Quando Jesus fala de dízimo em Mateus 23:23, o atento estudioso deve observar dois pontos: 1o - Que ele não esta dando ensino para seus seguidores como de costume, e sim, esta criticando conduta hipócrita dos fariseus e escribas. 2º - O próprio Jesus afirma com todas as letras que o dízimo era da Lei quando diz:- Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei. (Mt 23.23) 3o Jesus não estava ali deixando mandamento para sua igreja cumprir, pois seria necessário cumprir toda a lei, o que já havia sido provado que era impossível. Corrobora com este raciocínio o que Jesus havia dito um pouco antes no verso 3; "Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam." Dizer que Jesus aprovou o dízimo em Mt 23:23 é dizer que Ele também aprovou para sua igreja todos os rituais judaicos que os farizeus ensinavam quando diz "Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai", pois, o que eles ensinavam era a lei. É de plena aceitação que Jesus queria desmascarar a hipocrisia dos fariseus que se diziam cumprir a lei e não o fazia de maneira correta e não que os discípulos fossem judaizados, pois Ele mesmo era a mudança deste sacerdócio. "Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei". (Hb 7.12) Justificação pela graça através da fé significa que a salvação depende não dos sacramentos, nem do que faça ou não qualquer crente da atualidade, mas da simples resposta dada pelo coração à palavra de Deus em Jesus Cristo. Ora, afirmar que o não-dizimista é ladrão é afirmar que o não-dizimista não tem salvação, e isto seria uma heresia absurda. "nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus".(I Cor.6.10) Quando aceita a doutrina da justificação, o leigo, o homem comum, de um salto passa a ocupar o centro, de morto passa para vivo, pois esta doutrina (graça) coloca o homem face a face com Deus, o homem que assim procede para com Deus, jamais poderá ser escravizado por outro homem, pois conheceu a verdade e a verdade o libertou, Deus não precisa de meias-verdades para que sua igreja alcance os seus propósitos, dizer que sem dízimos a igreja não anda e que o fim justifica os meios é no mínimo falta de fé em Deus, me recuso a crer que o crente só contribui se for tapeado, existe uma denominação CCB (abençoada por sinal) que não lançaram mão do engodo deste imposto da lei e estão muito bem, todos seus templos são próprios, pena serem exclusivistas. A PROVA DA EXPERIÊNCIA PESSOAL A experiência de cada um, ou de determinado grupo não é base sólida para implantar uma doutrina, pois só a Bíblia Sagrada pode produzir doutrinas. Alguém contando com a ingenuidade alheia disse: "Se coloquem de pé todos aqueles que deram o dízimos piamente e formam, em troca disto, abençoados pelo Senhor", a maior parte da igreja se levantou (nem todos se levantaram), ele então satisfeito concluiu, "isto não é prova suficiente"? Claro que não, imaginem um padre leva-lo a uma grande reunião católica, e lá chegando, querendo convencê-lo dissesse ao seu povo, "fiquem de pé todos aqueles que já receberam alguma benção pela intercessão de nossa senhora Aparecida", com certeza se levantaria todos, eu pergunto, isto seria suficiente para convencê-lo? A experiência sem nenhuma prova Bíblica seria motivo cabal para confirmação de um dogma religioso? Só o satisfaria provas extraídas da própria Bíblia, O povo esta tão apegado a tradição que já não se importa se a tal passa ou não em uma exame exegético, soma-se a isto o medo embutido nos ensinos, "olha o devorador, olha a locusta, cuidado com as pragas, seu carro vai furar o pneu, vai bater, você vai ficar doente e gastar muito mais", e vai por aí á fora, e quando algo do gênero acontece, (pois neste mundo sempre teremos aflições e somos passivos destas coisas) então se conclui que foi realmente a praga vaticinada. Em resumo, peço e aceito qualquer repreensão á luz da Bíblia, mas fora dela, não convence, Jesus deixou o exemplo, quando foi confrontado pelo demônio respondeu em todos os ataques com "está escrito". A INTOLERÂNCIA Martinho Lutero foi acusado de "incitar revolução", dando à "gentinha" (segundo seus acudadores) consciência de sua prodigiosa dignidade perante Deus. Como poderia ele repelir a acusação? Ele combateu um rendoso artifício da época que era o pagamento de indulgências que havia se intensificado pelos gastos com a construção da basílica de São Pedro, o que para eles era a própria vontade de Deus, e por isto Lutero estava se colocando como um demônio combatendo a obra de Deus. O Evangelho como aprendeu de Paulo, confirma terminante. A nossa comunhão com Cristo se firma na legítima participação da Santa Ceia, ou quem não dizima não pode participar da ceia também?. "Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo, Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?" ( ICor 10:15-16). Não se deve perder de vista que uma das "virtudes" que o fariseu apontou em seu favor em detrimento de um publicano da Parábola foi o de "pagar o dízimo de todos os seus rendimentos"(Lc 18,12) coisa que o publicano não fazia, fica aqui a pergunta, qual dos dois saiu justificado? Não sou contra o dízimo ou qualquer outro conceito doutrinário, apenas me dou ao direito de examinar o que se ensina á luz da bíblia que é a verdadeira lâmpada para meus pés e luz para meus caminhos, tanto que minha preocupação não se resume ao dízimo e sim na própria investigação da Bendita Palavra de Deus para não ser vitimado pelo erro e pelo engano. Paulo elogiou tal atitude dos Bereanos dizendo assim: "Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim". At.17.11 Fontes - REVISTA DEFESA DA FÉ ? ICP Adaptação do livro de F.F.BRUCE , ROMANOS introdução e comentário, Editora MUNDO CRISTÃO, SÉRIE CULTURAL BÍBLICA. SITE OFICIAL DA ASS. DE DEUS BELÉM. Osni de Figueiredo - É Cooperador na Ass. de Deus setor séde j. Angela - certificado em teologia pelo ICP Instituto Cristão de Pesquisa, CAPED e em liderança bíblica. (se não concordou, não me deteste, conteste-me com argumentos bíblicos, terei prazer em te ouvir). e.mail [email protected]
Autor: Osni Figueiredo


Artigos Relacionados


É Deus Quem Guerreia As Suas Guerras E Te Faz Vencer.

Ser De Cristo é Ser Descendência De Abraão.

Eu E Você Já Estamos No Mesmo Barco De Jesus.

Pregar A Palavra

O Chamado Dos Apóstolos

Sete Verdades Fundamentais Sobre A Salvação

A Chamada De Abraão.