Fel

FEL

Como você pôde inventar um lugar que não existe e levar tantos pra lá?

Como você consegue carregar uma mascara tão pesada em suas costas?

È para cavar a própria cova? Para ter certeza de que jamais verá o arco íris?

Existe tanto, tão perto de você e você simplesmente prefere morar em um fruto podre...

E quando eu olho pra você vejo uma música triste sem fim, e até seus sorrisos são só uma névoa, que jamais trará paz...

Eu não posso pecar, então, com não te odiar? Se for só isso que você me pede?

As estrelas não estarão lá para sempre, e suas mentiras vão explodir seu falso castelo...

O sol, em breve não te aquecerá mais e você terá de rastejar para onde nunca quis estar...

Mas você sabe que ainda a tempo de fazer morrer seu passado...

Ainda é possível destruir sem culpa uma floresta...

Você ainda verá a porta aberta quando voltar, se precisar sair...

Pra que sujar pra sempre suas roupas de ouro?

Pra que viver nesta triste escuridão?

Solte sua voz e deixe que a verdade ensurdeça seu velho silêncio...

Eu também estive neste precipício, a beira da morte... Eu vivo em planícies, eu olho pra cima e não temo os furacões...

Você vive perto do chão e ainda quer descer mais...

Eu já não posso mais te ajudar, mas há uma sombra a sua espera...

Eu vejo a verdade e vejo o perdão...

E todos os dias eu remexo as antigas gavetas, não me esqueci de nada, mas tudo foi perdido,

Não é possível viver sem uma bela melodia...

Não há garantias, sua cama de espinhos logo te ferirá para sempre, e até lembrar-se de você será impossível...

Sua pele se secou e toda noite seus olhos não se fecham, mas você não pode ver nada,

Toda noite,

Toda a noite,

E enquanto segura sua mortalha, fere os que ainda conseguem te amar...

Não existem garantias que seu lugar é aqui, mas prove a leveza de uma folha em branco...

Autor: Luciene Sala

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