Mendigos



Você já reparou nos mendigos que perambulam pelas ruas?

Alguém já se perguntou de onde eles vieram e para onde vão?

Boa parte deles, certamente, são escritores que criaram um "blog" para mostrar seu trabalho e não deu certo. Outro grupo de mendigos é formado por ex-guardas de trânsito, obviamente. Sem falar naquela parcela considerável de mendigos que eram políticos que tentavam fazer um trabalho sério. Professor, em função do salário, quando se transforma em mendigo, ninguém nota.

Não sei se alguns de vocês já tiveram essa experiência, de ter convivido com alguém, na sua infância ou juventude, que era um cara completamente normal (se é que isso é possível!) e que hoje você encontra comendo lixo e falando sozinho (parecendo alguns casamentos em que a mulher cozinha mal e não há diálogo).

Eu conheço um que foi meu colega na escola.

Era um cara normal, cuja única característica mais marcante era a sua indisciplina.

Não quer dizer que indisciplinados tenham uma grande chance de virem a ser mendigos. Se fosse assim, o jogador Edmundo estaria catando lixo na rua e os políticos, no que diz respeito à disciplina com a verdade, estariam andando por aí esfarrapados (esfarrapadas, por enquanto, só suas desculpas).

Na minha cidade, tem uma figura dessas que anda pela cidade, O Zé Louco.

O Zé Louco, já ultrapassa fronteiras com o seu jeito folclórico, com suas tiradas impagáveis e sempre acompanhado de um ou dois cachorros.

Essa é outra característica desses andarilhos, sempre tem um cachorro junto com eles. O que nos dá um alento para o dia em que a vida nos aprontar algum revés mais contundente e que tenhamos que acabar virando latas nas ruas, um cachorro companheiro (ao contrário dos companheiros cachorros que nos acompanharam a vida toda), certamente não nos deixará a andar sozinho por aí.

Mas o Zé Louco faz um sucesso com suas frases inteligentes e bem-humoradas e o que é melhor, está sempre pronto para atender pedidos dos fãs, respondendo, prontamente, a qualquer pergunta cuja resposta faça parte de seu repertório.

Uma dessas respostas fantásticas do Zé Louco é quando a gente pergunta para ele sobre o que é bom para a gripe? Ele, esfregando a manga da camisa no nariz, receita: "manga!"

Mas, uma das perguntas mais famosas feitas ao Zé , cuja resposta nos faz repensar no que nos transformamos , participando dessa corrida insana pela sobrevivência é a seguinte:

- E aí, Zé, você não vai trabalhar? Ele com um sorriso desdentado, responde com uma segurança de dar inveja: "O Zé não é louco".

Sérgio Lisboa.


Autor: Sérgio Lisboa


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