A preocupação com Jesus: João 6,16-21



Joacir Soares d'Abadia*

Caros irmãos! A Liturgia deste Sábado da II Semana da Páscoa, na qual Jesus caminha sobre as águas nos impulsiona a cantar: "A nós descei, divina luz! Em nossas almas acendei o amor, o amor de Jesus!" remetendo-nos, como os discípulos, ao reencontro com Cristo: "Eles queriam receber Jesus no barco" (Jo 6,21), depois de terem partido sozinhos. Pois bem! Aqui explorar-se-á três temas: a relação do relato de João com os dos sinóticos, a ausência e presença de Cristo e, por fim, uma atualização da mensagem.

Primeiramente, no relato do Evangelho de hoje encontra dois paralelos nos sinóticos: Mt 14,22-32 e Mc 6,45-52. Em S. Mateus dois fatos distinguem do Quarto Evangelho: Pedro caminha sobre as águas e Jesus entra no barco. Já em S. Marcos outros dois diferenciam de João: Jesus "forçou seus discípulos a embarcarem" (Mc 6,45) e, como em S. Mateus, Jesus entrou no barco (cf. Mc 6,51). Contudo, os três relatos se unem com a auto revelação de Jesus: "Sou eu. Não tenhais medo!" (cf. Mt 14,27; Mc 6,50 e Jo 6,20). Acrescenta em Mt e Mc a expressão "Tende confiança".

No entanto, este "tende confiança" sem a presença de Jesus fica afetada dando lugar para o medo. Isso foi manifestado pela preocupação dos discípulos, depois de estarem em alto mar e ter passado por tormentos: a escuridão, a ausência de Jesus e a agitação do mar. Além disso, "avistaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se do barco. E ficaram com medo" (v. 19). Por outro lado, há a calmaria no mar pela presença de Jesus, a qual é confortante e transmite segurança: "Eles queriam receber Jesus no barco, mas logo o barco atingiu a terra para onde estavam indo" (Jo 6,21), confirmando o que está dito no Salmo 107,29-30: "Transformou a tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram. Ficaram alegres com a bonança, e ele os guiou ao porto desejado".

Hoje a falta de Jesus na vida dos homens causa também insegurança e medo. Com as dificuldades da vida, facilmente homens e mulheres deixam de colocarem sua confiança Naquele que salva, Jesus Cristo. Depositam, todavia, suas confianças em si mesmos e partem para o mundo deixando Cristo para trás, como os próprios discípulos de Jesus fizeram (Jo 6,16-17). Porém, no primeiro confronto diante das agitações do mundo se deparam com suas fraquezas, debilidades e impotências frente às leis físicas da natureza. Jesus, então, tem o domínio absoluto do mar, o qual fatigava os seus discípulos e impedia-os de chagarem ao seu destino.

Este mar com suas águas agitadas, sobre o qual Jesus caminhou, pode ser comparado com o mundo, onde todos vivemos constantemente imersos nas ameaças físicas e espirituais, impedido-nos de chagar ao nosso destino: a Vida Eterna. Mas com Jesus atinge-se o porto "para onde estavam indo" (Jo 6,21). Que Maria Santíssima interceda por todos nós para que alcancemos, mesmo com as agitações deste mundo, o nosso "porto desejado" (Sl 107,30), em síntese.

*Diácono da Diocese de Formosa-GO.


Autor: Joacir Soares D'Abadia


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