CORAÇÃO DE PAPEL -AZUL: O PERIQUITO COMPANHEIRO



 

AZUL  o periquito companheiro.

 

Era o último mês de gestação de meu primeiro filho e eu estava na casa de meus pais observando as árvores que floresciam no pomar, pois era primavera. Estávamos comentando sobre o nascimento do bebê que poderia ocorrer a qualquer momento quando, de repente, passou sobre minha cabeça um pássaro. Era um periquito azul com algumas penas acinzentadas e a cabeça branca que dava a ele um ar alegre e muito belo.

 

Ele pousou num pé de mexerica e depois veio bem pertinho de onde eu estava sentada e ficou próximo aos meus pés. Estranhei a calma do pássaro e pensei que talvez ele tivesse fugido de alguma casa da vizinhança.

 

Abaixei-me num ato reflexo para tentar pegá-lo ou mesmo acariciá-lo e ele ficou quieto deixando-se pegar e permanecendo na palma aberta de minha mão. Coloquei água em uma vasilha e um pouco de mistura para periquito, que meu pai costuma sempre ter em casa para jogar aos pássaros que freqüentemente vêm ao quintal por causa das árvores.

 

Como ele estava muito quietinho, meu pai sugeriu que deixássemos os alimentos e a água dentro de uma gaiola com a portinha aberta caso o pássaro quisesse entrar para se alimentar e também para evitar que algum gato ou cachorro o pegasse durante a noite. A porta da gaiola ficou sempre  aberta caso ele quisesse sair e voar para ir embora. Naquela mesma noite eu fui para o hospital e dei a luz ao meu filho que, infelizmente, faleceu três dias após o nascimento, deixando-nos totalmente desesperados.

 

O periquito Azul continuou na casa de meus pais durante o tempo em que por lá eu fiquei tentando me recuperar e me recompor emocionalmente da perda do meu filho.

 

Passados alguns dias, eu voltei para minha casa e levei o Azul comigo e, por muitas vezes, eu perguntava como é que um pássaro tão esperto veio aos meus pés deixando-se pegar bem no dia do nascimento do meu primeiro filho?  Por que ele não ia embora já que a porta da gaiola estava sempre aberta?

 

Ainda hoje acredito que ele tenha vindo para poder me ajudar a superar os momentos difíceis, pois após a perda do meu filho era com aquele periquito que eu me distraia um pouco e dedicava a ele a minha atenção e afeto.

 

Alguns meses depois, eu constatei que estava grávida novamente e após dar a boa noticia a todos, fui até a gaiola do Azul e vi que ela estava vazia, pois ele tinha voado e ido embora sem que ninguém visse.


Autor: Valdessara Constancio


Artigos Relacionados


CoraÇÃo De Papel - Pastinha O CanÁrio

O Pássaro E O Rei

Um Filho Na Porta

Liberdade

Quem Sou Eu!?

Deus Guarda Os Seus

O Mistério De Um Pássaro