Programa Eja Indígena, Dismistificando A Idéia Que Papagaio Velho Nao Aprende Ler



Educação de Jovens e Adultos Indígenas Xakriabá/ Alfabetização e Historia

• Nivanete Leite de Lima

Resumo: O município de são João das Missões conta com duas culturas, a indígena e do branco, cidade mista, reúne uma população de mais de 12.000 mil habitantes 70% da população e indígenas, situado no noroeste do Estado de Minas Gerais.

O processo histórico de contato que se pode verificar na origem mesma da área indígena, atestada no documento de doação de terras aos cabloco remanescentes da Missão de São João (Santo, 1997). Levou os Xacriabá a assumirem as modalidades características da região quanto às atividades de subsistência (são fundamentalmente pequenos agricultores e criadores de gados) em um processo por um lado de imposição cultural, que caracterizou os aldeamentos indígenas, e de intensa troca com outras populações, como os negros no período após a escravidão.
Hoje o município é privilegiado por ter a frente um dos diretores e professor indígena Jose Nunes de Oliveira Prefeito da cidade. E com base em ter uma população indígena, e uma política voltada aos Jovens e Adultos Indígenas, que estamos implantando o projeto EJA, com todo o apoio, de prefeitura, cacique, lideranças, secretários, comunidade escolares e organizações, e a lei reza que, a educação e um direito de todos aqueles que não teve oportunidade na idade própria, e que seja respeitado cada cidadão, e seja voltada para a valorização e aperfeiçoamento do homem no processo de vida e trabalho, e a interação social desse homem , através do seu reajustamento à família, à comunidade e a pátria. A dança do Toré, o uso corporal de adereços e de pinturas adotados de forma cada vez mais ampla e com orgulho pela população, a arquitetura das escolas indígenas Bukimuju e Xukururank, revelam os “sinais diacríticos” esperados pela sociedade nacional como referendos deste processo de reconstrução cultural, que é interpretado como a renovação, o reviver, nos dizeres dos índios.
Palavras – chave: faixa etária, políticas publica, formação de professores, embasamentos legais.

A escola é uma invenção que depende dos registros,E a escrita alfabética é o mais valorizados deles: Construir uma escola é criar um espaço de leitura e reflexão, De crítica, em fim, de pensamento. Mas também é criar um espaço de belezas, e de encontros, de alegrias. (CAPEMA). Introdução: A denominação “educação de jovens e adultos” é recente no país. Desde o Brasil Colônia, quando se falava de educação para a população não – infantil, fazia-se referencia apenas á população adulto, que também necessitava ser doutrinada e iniciada nas “cousas da nossa santa fé”. Como se pode perceber, havia um caráter mais religioso do que educacional. Há que se ressaltar a fragilidade da educação ou do sistema de educação (se assim pode ser chamado) naquela época via se a produtividade a partir do aumento do numero de escravos, o que refletia o descaso dos dirigentes com a educação. Vejamos que não é diferente da historia indígena pois já se passaram aqui vários programas, como o MOBRAL, o ensino elementar, cidadão nota 10, salto para o futuro EJA a distancia, entre outros , por sua vez, o desenvolvimento contribui para a valorização de adultos sob pontos de vistas diferentes. Havia os que a entendiam como domínio da língua falada e escrita, visando o domínio das técnicas de produção; outros como instrumentos de ascensão social; outros ainda, como meio de progresso do país; e , finalmente, aqueles que a viam como ampliação da base de votos. A reserva indígena não foi diferente com os governantes que aqui passaram. Não é sem objetivo a fala de uma liderança, em uma reunião para a formação de demanda e de opinião para criação do projeto EJA Indígena.

Onde a liderança coloca bem claro: espero que este programa não seja iguais a tantos que aqui passaram sem objetivo, sem saber ao menos a quem procurar, nem se quer sabemos quem passa de ano, pois esta é uma grande preocupação, pois nos estudamos, e ninguém deu certificado, ficou professores sem receber até hoje, e quem vai pagar os professores, é a prefeitura? Ele pergunta e responde. E a escolha dos professores somos nós que escolhemos não é? Fala da liderança Sr. Emilio. Observamos nesta conversa desta liderança que é grande as incertezas, pois os mesmo programas já tiveram passado por ali varias vezes sem resposta nenhuma, e vejamos que não é diferente das políticas de educação do governo por anos e anos. As dificuldades com a educação em massa são acompanhadas de propostas técnicas - pedagógicas para a educação de adultos que não se limitam à escolarização. As criticas aos métodos de alfabetização da população adulta, por sua inadequação á clientela, bem como pela superficialidade do aprendizado no curto período de alfabetização, remeteram a uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e á consolidação de uma nova pedagogia de alfabetização de adultos que tem como principal referencia o educador Paulo Freire. Alfabetização: a principal motivação dos jovens e adultos que procuram programas de alfabetização ou iniciam sua escolarização é , certamente, aprender a ler e escrever. Entretanto, muitos jovens e adultos que já viveram essa experiência referem se a outras conquistas a ela relacionadas que são igualmente importantes. Quando a opção é o trabalho a partir de eixos temáticos, ou de temas geradores que são realmente importantes para sua região e localidade, foi assim através do método de Paulo Freire que iniciamos o primeiro curso de capacitação, onde trabalhamos bastante a questão do nome seria o primeiro eixo importante para a nossa região, depois trabalhar com o dinheiro. Na percepção de Paulo Freire, os conceitos de alfabetização e educação estão muito próximos, para não dizer que se confundem. “Alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler.

Com efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos conscientes. É entender o que se lê e escrever o que se entende. (...) Implica uma auto formação da qual pode resultar uma postura atuante do homem sobre seu contexto. Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, apenas ajustado pelo educador. Isto faz com que o papel do educador seja fundamentalmente dialogar com o analfabeto sobre as situações concretas, oferecendo-lhe os meios com os quais possa se alfabetizar”. Vale dizer que o homem, como sujeito e não como objeto de sua educação, tem um compromisso com sua realidade e nela deve intervir cada vez mais. Uma versão que se ocorre entre alfabetizar adultos e que eles tem uma enorme bagagem de vida, e por estes conhecimentos de vida que um adulto em uma reunião destas para formação do EJA, onde a professora deu o depoimento que estava muito feliz, em ser professoras dos analfabetos, e terminando o seu depoimento o adulto pediu a palavra e falou: que ele não era analfabeto, e que se fosse ver ele tinha ate mais conhecimento que a professora pois era uma pessoa já idosa mas não podia saber ler e escrever, mas tinha conhecimentos de mundo, e para ele era o que estava valendo ate aquele momento. Falo do Sr. Vardinho.

Onde entrei depois e conversei com cada um dos professores para se ter cuidado, ao falar, pois e um publico muito frágil de se lidar, pois muitos ali já tinham passado por uma escola e na qual já tinham sido discriminados, levado palmatória na mão, ficado de castigo em cima de milho, levado pinicões, chamados de burros e por ai vai, e cada um tem em mente o que passou. Paulo Freire e seu livro Pedagogia da autonomia oferecem contribuições valiosas para conduzir a reflexão sobre a competência do docente. “Ensinar exige disponibilidade para o diálogo (...) nas relações com os outros que não fizeram necessariamente as mesmas opções que fiz, no respeito às diferenças entre mim e elas ou eles”.... Cabe ainda evidenciar alguns pontos importantes sobre o tratamento dado pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB (Lei n. 9.394/96) no que se refere á educação de jovens e adultos. Em seu artigo 3º determina a LDB, dentre os principais que devem servir de base ao ensino, “(...) pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; (...) garantia de padrão de qualidade; (...) valorização da experiência extra- escolar; (...) vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as praticas sociais”. Tais princípios estimulam a criação de propostas alternativas visando a promoção de igualdade para acesso e permanência do aluno, a adoção de concepções pedagógicas que valorizem a experiências extra – escolar e a vinculação entre educação, trabalho e praticas sociais. A psicopedagoga Emilia Ferreiro em seus estudos que realizou com os adultos analfabetos mostrou que eles, assim como as crianças, possuem uma série de informações e hipóteses sobre a escrita que é desprezada pela escola, com graves prejuízos para o processo de ensino - aprendizagem.

Processo de perda da língua Tivemos em uma época marcada por aceleradas transformações nos processo econômicos, culturais e políticos que determinam novas exigências para que os indivíduos possam partilhar das riquezas e conhecimentos socialmente produzidos, exercendo plenamente sua cidadania e ensinando-se no mundo do trabalho. Enquanto tivemos e estamos em épocas de aceleração transformação, o povo Xakriabá fói proibido de falar sua própria língua materna, de exercer suas cidadania de ser cidadão, foram muitos assassinados, lembramos aqui de duas historia quase iguais, a historia bíblica de quem falasse o nome de Jesus era morto; a outra a questão dos portugueses que fez do Brasil escravos sem poder reivindicar os verdadeiros donos para roubar o ouro, e aqui não dói diferente, fazendeiros queriam tirar o ouro que eles tinham a terra mãe. Um breve relato da índia mais velha Terra é mãe, meu fio. Óia, meu fio, Quando os possero invadiu aqui, quer dizer: foi invadido pelos talo donos. Porque muitos xacriabá vendero a metade deles da terra. Vendeu, vendeu pros povo de fora. Masimiro vendeu dois lugar, quer dizer: Um lá em´riba vedeu pó finado Santo. Vendeu e não recebeu, ficou lá de graça, Lá na passage pra cá´sim, ante cá embaixo. E que você não sobe lá, da posição adonde é, adonde tem um pe de manga grande, lá na beira do riacho pra ca´sim dela, do Son Gonsale até cá mais pra baixo.

Vimos aqui diversas formas de preconceito e de exclusão social, e, sem duvida, a negação do direito de aprender a ler e a escrever. Penso aqui um mundo como um lugar social e ecologicamente mais justo, um mundo onde homens e mulheres mais que seres históricos sejam compreendidos como a própria historia. Neste sentido e que a vida de homens e mulheres se transforma em existência a partir do momento em que estes se dão conta de sua condição de seres que vivem em sociedades, talvez, o mais importante, se sintam capazes de mudarem-se a si mesmos num primeiro momento e a partir de um darem o mundo em que vivem. (BARCELOS, 2001) Para Freire (1985) é desta relação indissociável que se deve partir no processo educativo. Freire (19985) por toda sua vida tentou mostrar que não é dentro da cabeça de educando e educador que sua educação. Mas sim, que o educador - se é um processo que se dá em um contexto histórico político, ideológico. Enfim, é um processo permeado pela cultura de um tempo e de um lugar. Por outro lado, sabemos que as relações ente os seres vivos em geral, e entre os seres humanos em particular, é uma troca de significados e experiências. Entre as importantes relações particulares que vem dão entre os seres humanos estão (segundo GAUTHIER, 1998) as nossas praticas pedagógicas. Um dos fatos decorrências disto é o fato de que a educação nunca foi não é, e jamais será um processo neutro. Como seres inacabados são capazes também da invenção e (ré) invenção deste processo de devir que é a viabilização de nossa existência. Temos um processo de formação que procura estar sempre em dialogo com a memória, com os saberes, com as diferenças e com os diferentes, com o contraditório e com os contrários, com os desejos, com os conhecimentos científicos adquiridos de todos (as) aqueles (as ) envolvidos no redemoinho que é a vida em suas más complexas e curiosas formas de manifestação. Sim, por que a vida e todas as pessoas curiosas como fez questão de lembrar o poeta Fernando Pessoa, nesta poesia: Pela saudação poética: A educaçao de jovens e adultos è uma modalidade que é direito quem nao teve a oportunidade na idade propria, e este projeto vem dismitificando os outros projetos que aqui teve na reserva indigena, no qual tem 8 meses de funcionamento, e temos varios depoimentos que os adultos de 70 anos ja estao fazendo o seu nome e estao ja reivindicando a sua carteira de identidade como um cidadao que ja sabe sua assinatura, e te- la para estar assinando, e falando hoje me sinto honrado em poder assinar meu nome, estou enxergando, é com base nesse depoimento que estamos dismistificando os varios projetos passado por aqui e nao surtiram efeitos.
Autor: nivanete lima sousa


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