PIB Tradicional Versus PIB Ecológico



PIB Tradicional Versus PIB Ecológico

*Jarsen Luis Castro Guimarães

"Antes de tudo, você vê a fumaça de nossas chaminés. Isto representa alimento e bebida para nós. É o que há de mais saudável no mundo, sob todos os aspectos, especialmente para os pulmões..."

Charles Dickens(HARD TIMES, 1907)

* Professor de Economia da UFPA, Assistente III, com Mestrado em Economia Rural pela UFRGS e Doutorando NAEA-UFPA.

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PIB Tradicional Versus PIB Ecológico

Resumo: Este artigo utiliza conceitos econômicos para fazer comparações entre os conceitos do Produto Interno Bruto, levando-se em consideração o conceito tradicional, neoclássico, e o conceito verde ou ecológico.

Palavras-chave: produto interno bruto (PIB), externalidades, dano ambiental, bem ambiental, PIB neoclássico, PIB verde ou ecológico, cálculo tradicional e novo cálculo do PIB.

Abstract:This paper uses economic concepts to do comparisons among the concepts of the gross domestic product, being taken in consideration the traditional concept, neoclassicist, and the green or ecological concept.

1INTRODUÇÃO

O ser humano é diferente dos outros animais pela sua capacidade de raciocinar. Mas os animais ditos irracionais estão envolvidos com o meio ambiente, porém o homem age transformando-o e com isso forma a cultura, por ação do seu trabalho consciente, já que ele possui inteligência abstrata e os demais animais inteligência concreta. Assim sendo, o homem sente necessidade de respeitar o que ele denomina de natureza, propondo uma ação que modifique o conceito vigente sobre homem x natureza, emergindo a necessidade de um movimento que desperte o seu lado altruísta para desbancar essa dicotomia e reverter essa situação.

As últimas duas décadas desse século registram um estado de profunda crise mundial. É uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida: a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais da economia, tecnologia e política. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais, uma crise de escala e premência sem precedente em toda a história da humanidade[1].

A escassez dos recursos naturais é uma questão chave para as ciências econômicas. Micro e macroeconomia são ramos clássicos da teoria econômica. Elas representam o suporte teórico para todos os campos da economia, entre elas a economia dos recursos naturais[2].

Em um sistema econômico, tanto a matéria prima quanto o produto final não precisam ser necessariamente medidos em unidades monetárias[3]. A medição do que é produzido na economia de um país se da via Produto Interno Bruto (PIB). Porém, de acordo com as definições da economia ambiental, existe outra maneira, mais genérica, de se computar essa produção, que é através do PIB Verde ou PIB Ecológico.

2OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Mostrar a relação que existe entre os conceitos do Produto Interno Bruto tradicional, neoclássico, e o Produto Interno Bruto Verde ou ecológico.

2.2. Objetivos específicos

a) Comparar as duas grandezas por meio dos seus valores;

b) Mostrar a importância de cada conceito.

3A QUESTÃO AMBIENTAL

Nos últimos anos, a maioria dos Estados Membros que integram a questão ambiental em sua política geral, tem desenvolvido seus esforços para fomentar esse problema, devido ao crescente interesse que suscitam os problemas ecológicos e a função que incumbe os mesmos em sua resolução e prevenção, na perspectiva de um modelo de auto-sustentação para as sociedades.

Desde os primeiros movimentos ecológicos da década de 60, com a proposta de crescimento zero, da corrente malthusianica, passando pela Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente, em 1972, Estocolmo, na Suécia, a carta de Belgrado em 1975, a confer6encia de Tibilisi em 1977, na Geórgia, Congresso Internacional de Moscou, promovido pela UNESCO, em 1987, ECO-92 realizada no Rio de Janeiro, Conferência sobre Crescimento Populacional e Superpopulação realizada no Cairo, Egito, em 1994, entre outros, a questão ambiental sempre bastante discutida passou a ser ...

A forma de mensurar externalidades já é bastante difundida entre os economistas. Alier (1996), apresenta exemplos de valorização das externalidades e dos bens ambientais, onde podemos citar a "negociação coasiana", nome dado em referência ao seu autor Coase e o " Imposto Pigouviano", desenvolvidoporPigou . A primeira refere-se a uma negociação entre as partes, o que sofreu o dano ambiental e o que provoca esse dano, de tal forma que no decorrer das negociações a solução encontrada e positiva para as partes. Assim, a negociação é concretizada. Já Pigou sugere que seja fixado um imposto, denominado de Pigouviano, que cubra o custo externo marginal provocado pelo dano ambiental.

Outra forma de valorização das externalidades e dos bens ambientais pode ser adquirida com o Método do Custo de Viagem, o qual serve para valorizar os benefícios (hipotéticos), que podem sair do espaço natural em questão. Esse método averigua a disposição que os visitantes têm de pagar pelo espaço natural, supondo que essa disposição a pagar é uma medida dos benefícios sociais que esse espaço natural proporciona.

Assim, levando-se em consideração a mensuração da riqueza produzida em um país, vejamos as conceituações do PIB propostas pelas vertentes ecológicas e tradicionais.

4AS DUAS CONCEITUAÇÕES DO PIB

4.1. Conceituação Neoclássica.

Segundo essa definição, o PIB é tudo aquilo que é produzido dentro dos limites geográficos de um país, por empresas nacionais e estrangeiras.

A economia neoclássica tem como base a analisa dos preços, tendo assim uma concepção "metafísica" da realidade econômica, funcionando como uma busca constante pelo dinheiro[4], conforme podemos verificar no esquema abaixo.

Figura 1

4.2.Conceituação Ecológica ou Verde

Segundo essa versão, no cálculo do PIB deverá ser computado o PIB Neoclássico mais os desgastes dos elementos da natureza (externalidades), ocorridos na produção do PIB, levando-seem conta o processo de reciclagem dos resíduos materiais e a utilização dos mesmos no processo produtivo, conforme podemos verificar no esquema abaixo.

Figura 2

A Economia dos Recursos Naturais, aliada a Economia Ecológica, vê o planeta terra como sendo um sistema aberto a entrada de energia solar e diversos materiais. A economia produz dois tipos de resíduos: calor dissipado (segundo a lei da termodinâmica), e resíduos materiais que durante a reciclagem podem voltar a ser parcialmente utilizados[5].

O funcionamento da economia exige uma maneira adequada da utilização da energia e dos resíduas materiais. Os serviços que a natureza presta a economia humana não estão bem valorizados no sistema da contabilidade "cremástica" próprio da economia neoclássica.

5. CONCLUSÃO

Com a popularização da questão ambiental e a propagação do movimento ecológico, as medidas adotadas há tempos pelo mundo central, como estudos e relatórios de impactos ambientais, passaram a ser uma constante na vida cotidiana.

São vários os níveis de atuação em defesa do ambiente. Há os que se preocupam com a sanidade da própria casa, o lixo; os que defendem as praias, as árvores; os que lutam contra a poluição das águas, da liberação do monóxido de carbono e ainda; os que não se esquecem do homem como integrante da natureza.

A dificuldade na mensuração e quantificação dos problemas ambientais dificulta que se incorpore nos custos privados, os custo "reais" de preservação ambiental. Mecanismos como taxas, impostos e tarifas, não são propostos eficientemente, de tal modo que se assuma a forma do princípio poluidor-pagador.

A preservação do meio ambiente é um investimento cujo retorno é de difícil quantificação, e muitas vezes envolvem responsabilidades globais. Porém, a implementação desse novo estilo de desenvolvimento definirá as bases necessárias de uma nova sociedade.

6. BIBLIOGRAFIA

ALIER, Joan Martínes.Economia Ecológica, texto para discussão, n° 9, 1996.

ANAIS DA CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, Carácas-Venezuela, 25 a 30 de julho de 1995.

DESARROLLO Y MEDIO AMBIENTE. Hacia un enfoque integrador, ed. CIPLAN, Chile, 1991.

ELY, Aloísio.Economia do Meio Ambiente, Porto Alegre, RS, 1990.

FRIJOT, Capra.O ponto de Mutação, tradução Álvaro Cabral, ed. Culipix, São Paulo.

MOREIRA, José Roberto. Ecologia e Economia prática: Meio ambiente e Condições de Vida, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, outubro de 1989.

RELATÓRIO DO BRASIL PARA A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. "O Desafio Sustentável". Brasília, 1991.

SEITZ, John L. "Política do Desenvolvimento, uma introdução aos problemasglobais". ed. Zahar, Rio de Janeiro, 1991.

[1] Frejot, Capra.Ponto de Mutação.

[2] Ely, Aloísio. Economia do Meio Ambiente.

[3] Alier, Joan Martínez. Economia Ecológica.

[4] Idem 3

[5] Idem 3


Autor: Jarsen Guimarães


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