Resenha da Ilíada e Odisseia, de Homero



 

LÚCIO JOSÉ

MARIA JULIANA

PAULA COSTA

RODOLFO SANTIAGO

Alunos do curso de graduação em Letras da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RESENHA DAS OBRAS ILÍADA E OSISSEIA, DE HOMERO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARUARU

2010

      A obra a Ilíada do autor Homero, segunda edição da Marin Claret, com tradução por Odorico Mendes e impressão em 2003, apresenta-nos um texto com 532 páginas de excelente qualidade e em português casto e digno de plena poesia. Não só seus versos reclamam melodia em sua composição hexâmetra, mas a própria tradução nos apresenta um texto de profundo valor poético. Todos os seus 15.693 versos apontam para a construção de um texto latino, que mesmo sendo pejorativamente acusado de ser uma simples compilação e cópia de mitos e histórias gregas, não perde, de maneira alguma, seus valores históricos, estéticos e, principalmente, universais.

      Fato é que Homero nuca foi o autor de todos os mitos presentes na Ilíada. Fato é, também, que de maneira alguma precisaria ele ser o autor deles. A maestria com que compilou todas as histórias e a maneira com a qual estabeleceu ligação entre elas são fatos dignos de um verdadeiro artista que aprecia e equilibra em totalidade de perfeição sua obra de arte.

      Os valores temáticos presentes em toda a obra apontam para a construção de desenvolvimento argumentativo de princípios de conduta universal para a humanidade. Um leitor desavisado poderia perfeitamente acusar a obra de se portar como um tributo à violência e ao paganismo. A epopeia, entretanto, faz uso do pano de fundo da lendária guerra entre gregos e troianos (e por que não dizer entre gregos e seus valores, também?) para inicialmente construir uma atmosfera na qual paira um pleno determinismo da vontade dos deuses diante das vulnerabilidades humanas. O homem é figurado como atitude passional em potencial, a qual se realiza em plenitude hiperbólica nas figurações dos deuses. Eles seriam a máxima explosão da passionalidade humana. Como marionetes nas mãos dos todo-poderosos, a humanidade sucumbe diante de sua própria conduta guiada por sentimentos de egoísmo em contraste com piedade, honra em contraste com vaidade, desejo em contraste com obrigação, entre outros.

      Toda a história é dividida em livros que remontam cenas específicas nas quais homens e deuses são coparticipantes na construção do enredo de Homero. Os vinte e três livros narram não só eventos da guerra, mas o posicionamento humano diante dela e da manifestação de um possível fato personificado na existência divina. A obra é dividida da seguinte maneira: Livro I, a peste e a ira de Aquiles; Livro II, O sonho e a convocação dos exércitos; Livro III, Duelo de Menelau e Páris; Livro IV, Juramento violado e o início do combate; Livro V, Proezas de Diomedes e a participação dos deuses no combate; Livro VI, Proezas de Diomedes; Livro VII, Duelo de Heitor e Ájax; Livro VIII, Os deuses e a batalha; Livro IX, O desânimo dos gregos e a recusa de Aquiles; Livro X, A espionagem; Livro XI, Proezas de Agamêmnon; Livro XII, Heitor vence uma batalha; XIII, Combate próximo dos navios; Livro XIV, Júpiter é enganado por Juno; Livro XV, Novo confronto e a fuga dos gregos; Livro XVI, Ajuda de Aquiles e os feitos de Pátroclo; Livro XVII, Os feitos de Menelau; Livro XVIII, Manufatura das armas; Livro XIX, Aquiles vai ao campo de batalha; Livro XX, A guerra dos deuses; Livro XXI, O combate no rio; Livro XXII, Morte de Heitor; Livro XXIII, Jogos fúnebres para Pátroclo e Livro XXIV, O resgate do corpo de Heitor.

      A obra Ilíada inicia seu enredo com a desavença entre Aquiles e Agamêmnon por causa da posse de espólios de guerra. O rei, após sofrer com castigos do deus Apolo, devolve para os troianos a escrava Criseida e toma para si a escrava de Aquiles, Briseida. O filho de Peleu e da ninfa Tétis pensa em matá-lo, porém Minerva aconselha-o e sua mãe Tétis pede a Júpiter que o vingue. Juno, esposa de Júpiter ameaça-o diante dos outros deuses pedindo para que Júpiter não interceda por Aquiles. Zeus fica, assim, receoso, pois teme uma vingança de sua esposa. Uma assembleia entre os gregos é realizada para que se discuta a atitude tomada diante dos troianos. Zeus, em sonho, ordena que Agamêmnon arme seus exércitos. O rei faz sacrifícios a Zeus e cumpre a ordem. Os exércitos armados e em atitude de confronto provocam medo no líder troiano Páris, que recua e faz proposta de lutar com Menelau por Helena. O grego aceita e antes de matar Páris, o vê desaparecer de sua frente (foi transportado por Afrodite para seu quarto) e passa a reclamar seu prêmio a seu irmão. A segunda assembleia entre os deuses acontece no Olimpo. Zeus propõe que a guerra acabe com a paz entre os dois povos, porém Juno, indignada, recusa-se a aceitar e Zeus decide entregar os troianos nas mãos de Juno com a condição de que ele destruísse a cidade troiana. Minerva, enviada por Zeus ao campo de batalha, faz com que uma flecha seja atirada contra Troia, violando o tratado de não combate entre os exércitos. Após alvoroço entre os gregos, Apolo reanima-os lembrando-os de Aquiles. A batalha já ia longa e com grande interferência desordenada dos deuses. Júpiter, assim, proíbe os deuses de ajudar os gregos e os troianos, atitude que não acontece na íntegra, pois o próprio Zeus salva um troiano com seus raios. Os gregos desanimados seguem em direção de Aquiles, que plenamente revoltoso contra seu rei, recusa-se a lutar pelos gregos. Aquiles, indignado e desconsolado pela morte de Pátroclo, recebe consolo de sua mãe Tétis e certo de vingança quer voltar à guerra, já revestido por uma armadura feita pelo próprio Vulcano. Após vários feitos em batalha, chega a vez de Aquiles guerrear com Heitor. Heitor é salvo pelos deuses, porém Aquiles, após desavença com Apolo, volta aos muros de Troia arrependido e tem sua oportunidade de lutar contra Heitor, que é morto pelo filho de Tétis, que volta feliz aos gregos para trazer os jogos fúnebres a Pátroclo. A maldade e hostilidade de Aquiles em relação aos troianos se manifesta com sua atitude de passar três vezes em frente ao túmulo de Pátroclo arrastando o corpo de Heitor. Apolo despreza a atitude do filho de Peleu. Os deuses intervêm reclamando a Júpiter o corpo de Heitor. Aquiles o entrega a Príamo e este faz as honras fúnebres.

      Durante os milênios da humanidade a obra tem sido estudada de diversas maneiras. Ora rechaçada assumindo roupagem de paganismo, ora elevada aos patamares da genialidade humana. Cabe a cada época estabelecer seus pilares morais e éticos. Cabe a nossa época resgatar valores morais sólidos que ficaram perdidos em uma literatura de excelente valor artístico. Não seremos de maneira alguma acusados de anacronismo ao louvarmos as figuras construídas por toda a obra e nem muito menos seremos acusados de paganismo alienado diante do deleite e da beleza da mitologia greco-latina. Seremos, antes de tudo, presenteados com tamanha explosão catártica. Seremos contemplados com impressionante criação estética e aprisionados pela paixão que o homem desenvolve pela leitura após contato com obra de tamanha importância para a humanidade.

 

 

 

 

 

 

Obra resenhada:

STEPHANIDES, Menelaos. A Odisseia. São Paulo: Odysseus, 2001.

 

Autor:

Clássico atribuído a Homero, adaptado em prosa por Menelaos Stephanides numa linguagem acessível e atual, seguindo a ordem do original (escrito provavelmente nos anos 700 a.C.).

 

Argumento:

A Obra conta a história do regresso de Odisseu, após a destruição de Troia, para sua terra Ítaca, e de todos os tormentos pelo qual passou devido à fúria de Possêidon, que impedia o seu retorno.

 

Síntese:        

O autor pede ajuda da musa, deusa para cantar os tormentos de Odisseu, que passou muitos anos nos mares, desde o fim da guerra de Troia. Enquanto os deuses queriam sua volta, Possêidon a dificultava. Porém como se encontrava distante, os outros deuses se reuniram no Olimpo e decidiram pela volta de Odisseu desde a ilha em que Calipso mantinha-o aprisionado.

Atena voa do Olimpo até Ítaca e aparece a Telêmaco na forma de Mentor, rei de Tafos. Telêmaco a acolhe e queixa-se a respeito dos pretendentes à mão de sua mãe, que dilapidam os bens de seu pai. Atena exorta-o a tomar uma posição e afirma que Odisseu está vivo. Manda que vá se informar sobre isso em Pilos, com Nestor e em Esparta, com Menelau. Transformando-se em águia e alçando voo, Telêmaco percebe que falava com a própria Atena.

Telêmaco convoca uma assembleia onde se queixa dos pretendentes e manifesta o desejo de combatê-los sozinho. Exorta-os a voltarem para suas casas, ou serão castigados por Zeus. Zeus envia duas águias que voam sobre a assembleia e são vistas, por Aliterses como um sinal: Odisseu voltará irreconhecível depois de vinte anos e de ter perdido todos os seus companheiros.

Com a ajuda de Euricleia e Atena, na forma de Mentor, Telêmaco parte em viagem e atinge Pilos, onde Nestor conta-lhe que Zeus fez com que ele se perdesse de Odisseu na viagem de volta de Troia e que desde então não mais teve notícia dele. Telêmaco vai ter com Menelau, juntamente com Psístrato, filho de Nestor. Menelau conta as provações suportadas por Odisseu e diz saber que ele está vivo, mantido à força na ilha da ninfa Calipso.

Hermes chega até a ilha de Calipso para avisá-la que os deuses decidiram pela volta de Odisseu. Esta sem ter o que fazer, concorda e dá a notícia a Odisseu. Pela manhã dá-lhe um machado, formão e serrote e leva-o até um bosque para fazer uma jangada que o leve à sua terra. Possêidon volta da Etiópia e descobre que os deuses decidiram-se pela volta de Odisseu. Tendo jurado lhe trazer a morte, faz soprar os ventos e uma forte onda mergulha Odisseu no mar. Ajudado por Leucoteia, Odisseu nada até o país dos Feácios, aonde chega exausto. Atena vai até o palácio do rei Alcino e aparece em sonho a sua filha Nausícaa, pedindo-lhe que fosse até o rio lavar seus vestidos e lençóis, junto com algumas amigas.

Ao acordar, Odisseu escuta as vozes das garotas que estavam no rio. Estas se assustam com sua presença mas são tranquilizadas pelo próprio Odisseu que pede ajuda a Nausícaa. Atena mostra o caminho do palácio e instrui Odisseu a ter primeiro com a rainha Arete. Todos se comovem e querem ajudá-lo. Após ouvir uma canção sobre Troia, Odisseu põe-se a chorar. O rei Alcino o pergunta por que sempre chora ao ouvir canções sobre os aqueus. Odisseu revela seu nome e começa a contar sua história: o encontro com os lotóforos e sua fruta que causava amnésia; como foram presos na caverna do ciclope Polifemo até, ajudado por alguns companheiros, furar o olho do ciclope filho de Possêidon, despertando toda sua ira; a chegada à ilha de Éolo, que o ajuda encerrando todos os ventos dentro de um odre, os quais, libertados pela inveja dos companheiros, o leva ao encontro das pedras errantes e dos rochedos de Cila e Caribdes, criaturas abomináveis; como seus companheiros, ignorando o oráculo de Tirésias e Circe, mataram e comeram os bois de Hélios, que se queixou a Zeus, que prometeu exterminá-los, tendo somente ele escapado e indo parar na ilha de Calipso.

Os Feácios levam Odisseu até Ítaca, deixando-o na areia da praia, juntamente com vários presentes. Atena o disfarça de mendigo e o manda até a casa do porqueiro  Euneu, onde pouco tempo depois se encontra com Telêmaco e revela sua identidade. Combina com o filho um plano para destruir os pretendentes.

Chegando ao palácio encontra-se com Penélope e lhe diz que Odisseu voltará. Atena põe na cabeça de Penélope a ideia de uma competição onde quem conseguisse fazer passar uma flecha pelo buraco de doze machados colocados lado a lado, seria tomado como esposo. Todos tentam retesar o arco de Odisseu, mas não conseguem. Somente Odisseu, que pede para participar da prova consegue o feito, dando início a uma brutal luta que culminaria com a morte de todos os pretendentes.

Penélope reconhece Odisseu através de um segredo sobre a cama do casal. Odisseu vai ao encontro do pai, Laerte. Alguns parentes dos pretendentes implementam uma luta contra Odisseu. Laerte mata o pai de Antinoo. Com um raio Zeus faz parar a luta e Atena, na forma de Mentor, declara a conciliação. Chegara, enfim, o tempo de paz.

 

Crítica do Texto:

O texto possui uma linguagem atual, em prosa, elaborada, nos parece, com a intenção de alcançar um público diferenciado, como jovens ou pessoas menos familiarizadas às traduções em versos, como a versão de Odorico Mendes. Possibilita, pois, um maior contato do estudante (ou do interessado)  com esta obra, tão importante para a cultura ocidental.

 


Autor: Lúcio Torres


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