O lanche e o gesto carinhoso



O lanche e o gesto carinhoso

 

Edson Silva

 

Cada vez mais me convenço que todos ganharemos muito investindo sempre na humanização do ser humano. Antes que pensem ser redundância explico: é preciso valorizar e fazer multiplicar gestos de amizade, carinho, solidariedade, numa saudável e saudosista corrente do bem. O que me inspirou a escrever este artigo foi um pequeno grande gesto ocorrido dentro de um ônibus da Viação Ouro Verde, agora EMTU, linha Campinas-João Paulo II.

 

Ao entrar no ônibus, no ponto da Rodoviária, para seguir para o bairro, uma senhora entregou duas pequenas sacolas ao motorista e a cobradora, nas quais havia um lanchinho e uma garrafinha de refrigerante. A expressão de agradecimento e contentamento dos trabalhadores do transporte urbano foi algo de emocionar. Em frações de segundo, pensei que a boa ação da senhora era muito mais que recompensa pelos bons serviços prestados pela dupla de trabalhadores responsáveis.

 

Aquele gesto era de quem teve educação desde o berço. De alguém que aprendeu as maiores lições que todos podemos e devemos aprender e que devemos aperfeiçoá-las pelo resto de nossas vidas, seja nas escolas, no lar, no trabalho, nos eventos sociais e esportivos e em qualquer idade. São as lições de amor ao próximo, de ética, de moral, de solidariedade, enfim de humanização e aperfeiçoamento do ser humano.

 

Coincidentemente, um dia desses, numa conversa com um amigo de Sumaré, o Tito, que é professor de Filosofia e Teologia, ele dizia que o mundo globalizado exige o máximo possível de formação técnico-profissional, mas pouco ou quase nada se fala ou se faz em relação à pré-formação desses futuros profissionais. Se na infância não foram solidificados conceitos de moral, ética e outros valores, o que se esperar de profissionais que, embora cheios de cursos e diplomas, não aprenderam como tratar as demais pessoas?

 

O gesto da senhora entregando o lanche ao motorista e a cobradora me levou ao tempo de infância. Quantas e quantas vezes eu vi meu pai pedindo para minha mãe preparar e depois ele servir água, suco ou um lanchinho para trabalhadores anônimos, que limpavam ou consertavam ruas em nosso bairro. Hoje, enquanto tanta gente de desculpas que não são solidários, pois tem medo de ser artimanha para assalto, é comum que meus familiares repitam os gestos de nossos pais...

 

Não nego o eventual perigo da violência, mas viver sempre será arriscado tanto para o solidário quanto para quem se omite, se cala, consente... Como dizia o Geraldo Vandré, nos anos 60, ...se alguém tem que morrer, que seja prá melhorar!.     

 

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

Email: [email protected]


Autor: Edson Terto Da Silva


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