O Sujeito da Identidade Docente



O Sujeito da Identidade Docente  A apropriação da personalidade profissional do docente pelo Estado neoliberal.

Revelar quem é o sujeito da identidade dos atores encarregados de alinhar, moldar, construir o caráter e a vida de nossos filhos e até mesmo as nossas, é tarefa hercúlea.

É pacífica a noção da importância estratégica do papel do docente para a formação do conceito político de Nação, já que a ele é atribuída a tarefa de reproduzir as doutrinas civilizatórias. Analiticamente, devemos considerar a missão agregada de formação da consciência construcional sem valores aferíveis, para o bem ou para o mal.

Tarefa antes exclusiva da igreja, por ordem dos Papas e Reis, foi delegada ao docente civil, por assim dizer, mormente após a reforma do Marquês de Pombal, alinhando a formação da consciência estudantil na razão direta dos interesses do Estado Nacional.

O Japão, quando emergiu dos escombros da guerra, inculcou nas mentes nipônicas a importância da aceitação do novo mundo representado pelos Aliados. O mesmo movimento ocorreu na Europa velha, na integração aditiva com a União Européia.

É curial que ou o homem se transforma se molda ou tenderá a desaparecer com as cinzas da história e com ele a sociedade a qual compõe.

As Nações cujas identidades oferecem certo grau de rigidez, seja em face da religião, do sistema político, são postas à margem da grande corrente liberal que avassala o mundo, a aclamada modernidade.

A descentração da identidade docente é um sintoma da pós- modernidade.

A partir dessas premissas traçaremos algumas reflexões sobre o hibridismo estatal na imposição e ressignificação da agenda educacional, tendo o preceptor como instrumento de concreção de seus objetivos.

MARX (1973) definindo a modernidade, afirmou que é o permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e movimentos eternos....... Todas as relações fixas e congeladas, com o seu cortejo de vetustas representações e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo que é sólido se desmancha no ar........

A estrutura docente foi deslocada de seu centro espacial de poder a partir de 1964, submetendo-se a um rompimento impiedoso com toda e qualquer condição precedente, mas como caracterizada por um processo sem-fim de rupturas e fragmentações internas no seu próprio interior (David HARVEY, 1989).

Assim, o sujeito da identidade docente que decidirá as políticas públicas, não será mais a classe burguesa que empurrou as revoluções francesa, gloriosa e a do novo mundo, mas o Estado, através de mecanismos de controle social, valendo-se da mediação das forças sistêmicas, repaginando assim a história da educação. O Estado compõe-se em fornecedor e detentor dos meios de produção, através de táticas estrategicamente colocadas a permitir o possibilismo permanente.

"Para que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude" (Tomasi di LAMPEDUSA, "O Leopardo," 1958). E é nesse contexto que se situa o professor, antes preceptor que envolvido em suas vaidades não anteviu o liberalismo e agora o neoliberalismo tendo a educação como meio de produção à serviço do sistema.

Todavia é uma temeridade abdicar da intervenção estatal, diante da complexidade da massa social, necessitada de contenção educacional. Mister será, adequar a posição do Estado na macro-estrutura do sistema, realocando-o da posição de protagonista para de coadjuvante, à serviço das necessidades humanas.

A reversão de papeis distorce a dinâmica da lógica geral da Educação, compondo-se a realidade dual.

Importante a ressignificação do papel intelectual do Docente, partindo do pressuposto de que o Estado não pensa, mas coopta. As políticas públicas são planejadas e definidas em sua maioria por sujeitos estrangeirados por doutrinas alienígenas focadas no cumprimento do compromisso neoliberal.

Os objetivos genéticos da Educação, teleologicamente analisados, residem na formação da consciência do formando no exercício da conquista da cidadania.

A nova configuração dos objetivos educacionais aponta para o treinamento de quadros que deverão servir ao sistema, sem o devido aprofundamento das questões aferíveis à consciência da conquista hedônica de geração à geração.

O homem tornou-se elemento descartável no quadro estratégico da Educação. Pois assim como as máquinas, é substituído por outro sem remorsos ou compromissos.

Destarte, a opção de Sorel ( O Vermelho e o Negro de STENDHAL 1958), nos remete à teoria da prática de Bourdieu; as ações sociais são materializadas pelos agentes sociais, mas as chances de efetivá-las estão estruturadas no interior da sociedade. Entre a vocação e a sua realização há condições (ou a falta delas) que escapam ao controle do sujeito. O agir dos agentes sociais encontra-se ajustado às chances objetivas originadas do individualismo como modus operandi de sua independência social.

A necessidade de formação continuada e aumento do nível cognoscitivo do professorado são metas indissociáveis para a classe correspondente.

DURKHEIM (1992) foi um dos sociólogos mais preocupados com o fenômeno do individualismo nas sociedades modernas, apontando a alta taxa de suicídio como uma das patologias causadas por esse processo, principalmente aqueles do tipo anômico. Como destacado no corpo deste trabalho, o docente provoca em si o suicídio inconsciente como forma de visibilidade social e tentativa de permanência.


Autor: Sebastião Fernandes Sardinha


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