Ética: A doença e seus remédios



BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Cap.I . Ética: a doença e seus remédios. Petrópolis: Vozes, 2004.

O texto ressalta a crise do mundo, e enfatiza que a causa está nas revoluções do neolítico, industrial, conhecimento e da comunicação, e principalmente por que a prosperidade se desenvolveu em nível puramente material, sem ter um acompanhamento ético e espiritual, acarretando, portanto, um vazio existencial e devastação da natureza.

Para que o ser humano seja perspicaz em sua vida num âmbito geral ele deve ter duas forças que são interdependentes para a evolução: auto-afirmação, na qual cada um consegue se valer e garantir sua sobrevivência e sua possibilidade de continuar a co-evoluir, e a força de integração onde se reforçam as relações inclusivas, garantindo a cooperação de todos com todos, assegurando o melhor futuro, todavia, a auto-afirmação exacerbou-se e deixou de lado a integração, sobrepondo-se aos demais, colocando-se contra eles, enfim, gerando arrogância e autocentração, ruptura fatal.

O ser humano precisa ter plenitude em suas relações, com todas as coisas, com todas as formas de vida, culturas, consigo mesmo e com Deus, para que o reencantamento não se irrompa por ele mesmo, engrandecendo-se.

É preciso entrar em contato com a parte feminina de cada um de nós, que é onde se encontra a dimensão do zelo, da sensibilidade, do cuidado, que constitui a essência e a precondição necessária para que a vida continue vida. Do feminino e do cuidado surge um novo paradigma ético, que coloca a vida no centro, vida compartilhada com outros, nela está a cura do pecado de origem.

O homem tem necessidade de conquistar, portanto, surgiu o paradigma da conquista que em suma é a autocompreensão do ser humano e de sua história, quase tudo está sob signo da conquista, conquistar a terra, os oceanos, povos, enfim, conquistar os segredos da vida, não obstante este valor entrou em crise por causa da iminência da destruição planetária. As conquistas que realmente devem ser efetuadas são as de autolimitação, austeridade, compaixão e cuidado com todas as coisas. A sobrevivência depende destas conquistas.

Faz-se necessário focar no paradigma cuidado, este que se faz presente desde os primórdios do universo e que fora esquecido atualmente. Tudo que recebe cuidado dura mais, portanto, deve-se resgatar essa prática, como ética mínima e universal para preservar o universo e acultura, garantindo assim o futuro, vale ressaltar também que o cuidado ocorre na consciência coletiva, então cabe a cada ser humano absorver essa prática para que o cuidado deixe de ser esporádico e passe a ser contínuo e eficaz.

A civilização da re-ligação de tudo com tudo dará centralidade à religião, menos como instituição do que como dimensão antropológica, qual força que se propõe a re-ligar todas as coisas entre si, com o ser humano e com o supremo Ser.

Morrem ideologias. Passam filosofias. Mas sonhos permanecem. O sonho vigente é o da inclusão de tudo e de todos de forma igualitária numa vida plena.

Leonardo Boff é considerado um exímio escritor, teólogo e filósofo, entre seus livros encontram-se, A águia e a galinha, Virtudes para um outro mundo possível e Ética da vida.

Larissa Rodrigues Araújo. Acadêmica do curso de Letras Português Espanhol. FUNORTE.


Autor: Larissa Rodrigues Araújo


Artigos Relacionados


O Cuidado Como Pedagogia Do Ser-no-mundo

A ConstruÇÃo De Um Ethos Ambientalista A Partir Do Cuidado De Si

Por Uma ética E Uma Espiritualidade Planetárias

Gestalt-terapia

Sobre Moral E Meio Ambiente

Resenha: A Águia E Galinha

Afinal, O Que é ética? Todos Sabem Usa-lá?