La Muerte



Naquele dia  um vento soprava de forma muito insistente contra os gigantescos pinheiros, que se erguiam vale a fora, tentando meio que observar o que acontecia ao seu redor.

Por todo o vale, poderia se observar uma calmaria muito estranha e por vezes apavorante, naquele dia nenhum pássaro cantou, o sol se retirou mais cedo e a lua nem se atreveu a brilhar. A coruja correu para o seu ninho, a águia se retirou de mansinho e o mar resolveu ficar calado.

E no meio de tanto silêncio havia uma casa, com estilo bem campeira, janela entreaberta e um homem de joelhos colados ao chão e a face banhada em lágrima.

Ele não produzia som, apenas ficava com a face colada ao solo, como alguém que presta uma reverencia, ou que pede perdão com grande insistência e fervor.

Ficou imóvel por horas e horas, depois, vagarosamente se levantou, consigo nada levou, apenas se pós a caminhar.

E caminhou por horas e horas, ate que por fim chegou a um imenso penhasco.

Neste instante, novamente ele se ajoelhou, o seu rosto no solo novamente colou, como um alguém que não quer, mas precisa muito fazer algo. Levantou se, olhou tudo ao seu redor com um ar de quem se despede, com um ar de adeus. Voltou se novamente para si e começou a se despir em um geste onde se livrava de todo o seu pecado.

Por um instante refletiu sobre tudo o que passara no mundo, hesitou por alguns instantes, tomou fôlego e saltou.

E enquanto saltava sentia o vento tocar todo o seu corpo, ele não se sentia morto, ao contrário se sentia cada vez mais vivo. Por poucos instantes sentiu que pudesse voar e viu borboletas a bailar do seu lado. E quase que agindo por instinto soltou um grande grito, o sol que estava oculto saiu por um minuto, e com lindos raios lhe saudou.

Veio também a chuva, com sua fisionomia turva, talvez para proporcionar a melancolia que faltava e ele caia cada vez mais rápido, como se fosse um pássaro que acabara de perder as asas.

Houve um grande ruído quando o seu corpo se chocou contra o solo.

Houve também muito silêncio após o estrondo que se deu.

Ele ainda tinha força para abrir os seus olhos e esboçar um rascunho de sorriso.

Para o mundo inteiro aquele homem morreu, mas no seu coração foi o único instante em que se sentiu vivo...


Autor: Wirlei Lima


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