BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM RELACIONADOS COM ACIDENTES DE TRABALHO



BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM RELACIONADOS COM ACIDENTES DE TRABALHO

Biosecurity in nursing services related to accidents at work

GAMA, Fernanda de Brito ¹
GOMES, Robertha Lorenn Ribeiro ²
SOUZA, Alessandra Machado de ³

Resumo: Este estudo tem como objetivo analisar publicações a cerca de biossegurança relacionados com acidentes de trabalho e a postura do profissional enfermeiro frente a equipe de enfermagem exposta aos riscos biológicos. Isso porque para o Ministério da Saúde (2002) biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer à saúde humana, animal e vegetal e o ambiente.
Palavras-chave: enfermagem, biossegurança, acidente de trabalho.

Abstract: This study aims to analyze publications about bio-related accidents at work and the position of professional nurse nursing team front exposed to biological hazards. This is because for the Ministry of health (2002) bio-security condition is achieved by a set of actions designed to prevent, control, reduce or eliminate risks inherent in activities prejudicial to human health, animal and plant and the environment.
Keywords: nursing, biosecurity, accident at work.

¹ Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas ? Funorte. E-mail: [email protected]
² Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas ? Funorte. E-mail: [email protected]
³ Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas ? Funorte. E-mail: [email protected]

Introdução

Para Costa e Costa (2002) a construção da concepção de biossegurança iniciou-se na década de 70, na reunião de Asilomar na Califórnia, onde a sociedade científica iniciou a discussão sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. Ao longo dos anos, o conceito de biossegurança vem sofrendo alterações.
De acordo com Teixeira e Valle (1996) apud Queiroz (2009) biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando a saúde humana, animal e vegetal, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados.
Brasil (2002) confirma que biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer à saúde humana, animal e vegetal e o ambiente.
A biossegurança no Brasil está formatada legalmente para os processos envolvendo organismos geneticamente modificados, de acordo com a Lei de Biossegurança, n.º 8974 de 05 de janeiro de 1995.
O ambiente hospitalar, como outros cenários de trabalho, também oferecem riscos quando expõe os profissionais de saúde e demais trabalhadores a uma diversidade de materiais, especialmente os biológicos. Acredita-se que as atividades laborais exercidas, como por exemplo, no setor de clínica médica, se constituem fonte de riscos ocupacionais. A natureza do trabalho exige momentos de muita atenção na execução das tarefas, o que pode fazer com que o profissional esqueça de si mesmo e de sua segurança (PINHEIRO; ZEITOUNE, 2008, p. 259).
Existe uma distância entre o cuidado ao paciente e o autocuidado do profissional que cuida. Esta dicotomia dificulta a promoção da saúde do trabalhador de saúde. O conhecimento recebido na condição de aluno e após formação para realização da prevenção e tratamento das doenças não pode estar direcionado somente para o paciente, e sim, também, para o profissional de saúde (PINHEIRO; ZEITOUNE, 2008, p. 259).
Segundo Pinheiro e Zeitoune (2008) os profissionais da área da saúde que estão mais expostos a materiais biológicos, são os profissionais de enfermagem. Este grande número de exposições refere-se ao fato da equipe estar presente nas diversas áreas da saúde, ser o maior grupo e ter contato direto na assistência aos pacientes.

Metodologia

Este trabalho é um estudo de revisão bibliográfica, em que se pretende analisar as publicações sobre biossegurança bem como acidente de trabalho.
Este levantamento foi realizado no período dos dias 13 ao 21 de agosto de 2009, na seguinte base de dados: REBEN, SCIELO, BVS, BIRENE e literaturas. Para tanto se empregou as palavras-chave: biossegurança, enfermagem, acidente de trabalho.

Revisão de Literatura

Conforme Oliveira et al (2004) com o passar dos anos, para os profissionais da área da saúde, principalmente para a equipe de enfermagem tornou-se um grande desafio a adoção de normas de biossegurança.
Todos aceitam teoricamente as normas de biossegurança, no entanto, elas ainda não permeiam a prática diária com a mesma intensidade. Valores diferenciados são atribuídos ao risco de infecção conforme a categoria profissional, a atividade executada e o tempo de experiência na assistência a pacientes considerados de ``risco´´, de modo que, mesmo havendo consenso quanto à existência do risco, ele não se aplica ao ``tipo de risco´´ (OLIVEIRA et al; 2004, p. 246).
Segundo Rapparini (2008): a freqüência de exposições é maior entre atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem, quando comparados a profissionais de nível de instrução superior (enfermeiros).
Já entre os médicos de enfermarias clínicas o número de exposições variam de 0,5 a 3,0 exposições percutânias e de 0,5 a 7,0 mucocutâneas por profissional/ano (RAPPARINI, 2008).
Viana et al (2008) existem precauções, como a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s), de maneira que usá-los de forma correta permite tanto para o profissional quanto para o paciente, efetuar procedimentos de forma segura, o que mostra o quanto seu uso é importante. Explica ainda que, EPI´s são todos os dispositivos de uso individual, destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador que tem o seu uso regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego em sua norma regulamentadora NR-6. Tal norma abrange as seguintes precauções: Lavagem das mãos; Uso de luvas (não estéreis); Uso de aventais limpos não estéreis; Máscara, óculos e protetor facial; Equipamentos devidamente manuseados e higienizados.
A Norma Regulamentadora 32 estabelece diretrizes para promoção de medidas de proteção e segurança à saúde dos trabalhadores do serviço de saúde e daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2008).
Pinheiro e Zeitoune (2008) confirmam que tal norma corrobora com as medidas de biossegurança que os profissionais devem obedecer com o objetivo de prevenir doenças de trabalho.
De acordo com o Brasil (1993) a NR-32 considera risco biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos, ou seja, aqueles que se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde. Isso porque a segurança dos trabalhadores da área da saúde dependem de vários fatores, dentre eles, características do local, material utilizado, cliente a ser assistido, informação e formação da equipe bem como o tipo de atividade realizada ou o setor de atuação nos serviços. Vale ressaltar que são considerados de alto risco, profissionais da área cirúrgica, emergência, odontólogos, laboratórios, estudantes, estagiários e pessoal da limpeza.
Para Brasil (1993) a maioria dos casos de acidentes estão relacionados com venopunção, administração de medicamentos no acesso venoso e reencape de agulhas após o uso. O risco de tais acidentes resulta em infecção é variável e está associado ao tipo de acidente, ao tamanho da lesão, à presença e ao volume de sangue envolvido no acidente, à quantidade de vírus presente no sangue do paciente e à utilização de profilaxia específica.
Dentre os fatores de risco, acidente com material perfurocortante é a causa mais comum de exposição ocupacional, nas instituições de saúde, representando até 87,5% dos acidentes ocorridos em uma instituição de saúde (CANINI et al, 2008).
Oliveira et al (2004) salienta a falta de credibilidade em relação a eficácia das medidas de proteção individual associadas as dificuldades de capacitação de pessoal, e desrespeito a normas pré estabelecidas e desinteresse do trabalhador.
Logo torna-se importante desenvolver um sistema organizacional, assegurando o ensino de precauções e avaliação constante de adesão as mesmas, o seu aperfeiçoamento e adaptações para atender as necessidades circunstanciais.

Conclusão

Viana et al (2008) considera o enfermeiro como elo da equipe e formador de opinião, por isso é necessário que ele adote mudanças para evitar exposições ocupacionais. A adoção de medidas de biossegurança e comportamentais afim de ampliar estratégias para um trabalho seguro. Assim o enfermeiro deve supervisionar a realização dos procedimentos e a obediência a técnica asséptica, informar a equipe sobre a importância de EPI`s e desenvolver a educação continuada a cerca dos riscos aos quais os profissionais estão expostos além de realizar as condutas pertinentes na presença de acidentes de trabalho.

Referências


COSTA, Marco Antônio F. da. COSTA, Maria de Fátima B. da. Biossegurança:elo estratégico de SST. Revista CIPA [período on line] 2002. Disponível em: www.scielo.com.br Acesso: 21/agosto/09

GIR, Elucir. TAKAHASHI, Renata F. OLIVEIRA, Maria Amélia C. de. NICHIATA, Lucia Y. I. CIOSAK, Sueli I. Biossegurança em DST/Aids:condicionantes da adesão do trabalhador de enfermagem às precauções. Revista Escola de Enfermagem USP [período on line] 2003. Disponível em: www.scielo.com.br Acesso: 19/08/09

RAPPARINI, Cristiane. Riscos biológicos e profissionais de saúde. Disponível em: www.riscobiologico.org

PINHEIRO, Joziane. ZEITOUNE, Regina Célia G. Hepatite B: o conhecimento e medidas de biossegurança e a saúde do trabalhador de enfermagem. Escola Anna Nery Revista Enfermagem [período on line] 2008. Disponível em: www.scielo.com.br Acesso: 17/08/09.

QUEIROZ, Rogério. Biossegurança. Fundação Oswaldo Cruz ? Centro de Pesquisas René Rachou [período on line] 2009. Disponível em: www.scielo.com.br Acesso: 19/08/09.

VIANA, Juliana X. MAFRA, Denise A. Lopes. FONSECA, Isabela C. SANTANA, Julio César B. SILVA, Mariana Pereira. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos EPI`s para riscos biológicos em um serviço de atendimento móvel de urgência. Revista O Mundo da Saúde São Paulo [período on line] 2008. Disponível em: www.scielo.com.br Acesso: 17/08/09.

Web: www.ministeriodasaude.gov.br Acesso: 17/08/09; 21/08/09

Web: www.mte.gov.br Acesso: 21/08/09

Autor: Robertha Lorenn Ribeiro Gomes


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