Uma breve história da industrialização na cidade do Rio Grande apartir da segunda metade do século XX.







UMA BREVE HISTÓRIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO NA CIDADE DO RIO GRANDE A PARTIR DA DÉCADA DE 1950.


Caroline de Matos de Moraes
Graduando o curso de História ? Licenciatura na Universidade Federal do Rio Grande

Daiane Eslabão da Silva
Graduando o curso de História ? Licenciatura na Universidade Federal do Rio Grande


PALAVRAS ? CHAVE: Economia do Rio Grande, indústria petrolífera, setor pesqueiro, setor portuário, CIRG.



RESUMO
Na industrialização do Rio Grande na segunda metade do século XX, ocorreu uma perda de intensidade em relação ao primeiro período industrial da cidade, com o termino das atividades produtivas em algumas grandes empresas.
No decorrer dos anos, na cidade, os principais setores foram: o petrolífero, o portuário e o pesqueiro.
Em 1956, foi fundado o CIRG, estabelecido como uma sociedade civil, para defender a classe operaria industrial.
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RESUMO
En la industrialización de Rio Grande em la segunda mitad del seculoXX, huvo uma perdida de la intensidad em relación al primer periodo industrial de la ciudad, com el termino de las actividades productivas em algunas grandes empresas.
En el corer de los años, en la ciudad los principales sectores fueron: el petrolifero, el portuario y el pescero.
En 1956, fui fundado el CIRG, estabelecido como una sociedad civil, para defender la clase operaria industrial.



INTRODUÇÃO
No início da segunda metade do século XX, ocorreu a desaceleração do primeiro período industrial na cidade do Rio Grande. Com o término das atividades produtivas e grandes empresas como a têxtil, os frigoríficos, vale ressaltar, porém, que esta crise não se tornou mais aguda devido à implantação de setores como o petrolífero, pesqueiro e portuário.
Esses setores ampliaram-se devido à geografia que a cidade oferece. No ramo petrolífero iremos abranger neste artigo a mais significativa indústria deste setor, a Ipiranga S.a., onde esta utilizou a cidade do Rio Grande como seu segundo berço, e mais tarde sua moradia fixa, ajudando a fortalecer a economia nacional. Outro grande e importantíssimo setor que pode ser observado ao longo do texto é o pesqueiro, onde a Indústrias Reunidas Leal Santos ganha muita ênfase, isso porque, é uma das pioneiras no processo de industrialização na cidade. Ainda nesse mesmo conceito de priorizar setores de desenvolvimento temos o portuário, onde destacamos a majestosa empresa Tecon Rio Grande S. a., onde este terminal privado de contêineres, hoje, é considerado um dos mais imponentes a nível nacional.
Ainda se tratando da segunda metade do século XX e de desenvolvimento industrial na cidade, temos em 1956 a fundação do Centro de Indústrias do Rio Grande (CIRG), uma entidade representativa do ramo industrial da cidade. Todos esses aspectos geraram enorme desenvolvimento econômico para o Rio Grande.

Setores que merecem destaque
A industrialização na segunda metade do século XX cresceu significativamente na cidade do Rio Grande. Setores como petrolífero, pesqueiro e portuário foram os mais desenvolvidos neste período.
Ao falarmos em setor petrolífero é impossível negarmos a funcionalidade que a Ipiranga S.a. obteve, esta indústria teve seu apogeu aqui na nossa cidade. No ano de 1937 nasceu a Refinaria de Petróleo Ipiranga usando Rio Grande como um ponto estratégico para seu desenvolvimento. Porém, antes de Rio Grande, a cidade de Uruguaiana já possuía atividades da Refinaria, isso se deu pelos resultados de um projeto que começou em 1933 as margens do Rio Uruguai, na fronteira com a Argentina e o Uruguai.
Neste ano de 1937 o pecuarista e comerciante brasileiro João Francisco Tellechea, o argentino naturalizado brasileiro Eustáquio Ormazabal e os argentinos Raul Aguiar e Manuel Morales, uniram-se para produzir derivados básicos de petróleo destinados a atender o mercado do Rio Grande do Sul. Assim, nasceu a pequena unidade produtiva e pioneira em Uruguaiana.
Um motivo, o principal, para a vinda da cidade natal para Rio Grande, foi a burocracia que o petróleo trazia ao penetrar no Brasil. Este material era importado de paises como o Equador, onde os navios ? tanques contornavam o sul do continente e atracavam no porto de Buenos Aires. Dali, o petróleo seguia de trem até a cidade argentina de Paso de Los Libres, cruzava o rio Uruguai ate desembarcar em Uruguaiana na Destilaria. No ano de 1936, o governo argentino criou uma lei que proibia a reexportação de petróleo. Foi por este motivo que houve a necessidade de se ter um local onde o petróleo pudesse entrar no país diretamente, sem passar por demais paises. Por isso, a cidade do Rio Grande foi escolhida, devido a sua geografia e por possuir o único porto marítimo do Rio Grande do Sul.
Então, como citado anteriormente, em 1937 nasce na cidade do Rio Grande a Ipiranga S.a.
"A Ipiranga S.a. Companhia Brasileira de Petróleo foi fundada dia 7 de setembro de 1937, na cidade do Rio Grande, no extremo sul do país, sob um forte temporal que atrapalhava também as comemorações cívicas do 115º aniversário da Independência do Brasil."

Com o passar do tempo, a Ipiranga obteve grande desenvolvimento, tornando-se uma das principais indústrias do país. No entanto, em 1953, ano em que a Ipiranga inaugurou suas novas instalações com a presença do presidente da republica Getulio Vargas, também foi sancionada a lei 2004, onde tornava monopólio da União a pesquisa e lavra de jazidas de petróleo em território nacional; o refino de petróleo bruto de origem nacional e dos derivados produzidos no país e o transporte. A lei determinava, ainda, que esse monopólio ficasse sob o controle direto do Conselho Nacional de Petróleo (CNP), e passava a ser exercido pela Petrobrás, empresa estatal criada por esta mesma lei.
As empresas privadas como a Ipiranga continuariam produzindo, mas ficavam impedidas de promover qualquer aumento de sua capacidade de produção, porque, o refino de petróleo passava a ser reservado à Petrobrás. Então, após a inauguração das novas instalações a Ipiranga passou a ser proibida de aumentar sua capacidade de produção.
A partir da década de 1970, a Ipiranga ganha o país, em 1972 entrou em funcionamento o complexo petroquímico de São Paulo, e sete anos mais tarde o pólo petroquímico do nordeste. Neste momento a Ipiranga conquista o país e dá um grande salto na economia do mesmo, o conhecido "milagre econômico" dos anos 70.
Atualmente, depois de longos períodos de prosperidade econômica, a Ipiranga S.a. em março de 2007 foi adquirida pela Petrobrás, Ultra e Braskem. Os novos controladores definiram um grupo de trabalho, coordenado pela Diretoria da Refinaria Ipiranga, com integrantes representando o governo do Estado do Rio Grande do Sul. A empresa possui novo nome, hoje é chamada de Refinaria de Petróleo Riograndense S.a.
Outro grande setor da cidade que se desenvolveu na segunda metade do século XX foi o setor pesqueiro. A empresa que podemos dar destaque nesse ramo é a Leal Santos, onde esta indústria desde o século XIX fez história para a industrialização do Rio Grande. A produção inicial era de conservas e biscoitos, os quais deram a empresa muito reconhecimento e prestígio por todo o país.
Em 1947, a Indústrias Reunidas Leal Santos S.a. formou sua frota de barcos pesqueiros, os quais buscam cardumes. A centralização dos esforços no setor pesqueiro se concretizou em 1950. Já no ano de 1968 associa-se ao Grupo Ipiranga e tornou-se a maior empresa de pescados a nível nacional nesta mesma época. Essa associação perdurou até o ano de 1994, onde a Ipiranga se desfez de todos os negócios que não estavam ligados ao petróleo, então, a Leal Santos foi comprada pelo grupo argentino Benvenuto que vendeu ao grupo espanhol Actemsa, em 2006. Nos dias atuais, se dedica inteiramente à pesca e á industrialização do atum , onde é exportado para Israel e Espanha através do Porto do Rio Grande, tudo isso é produzido por centenas de mulheres riograndinas.
Não podemos nos esquecer do setor que mais enriquece a cidade papareia, é o portuário.
A empresa que se destaca é o Tecon Rio Grande S.a., este terminal foi fundado em março de 1997, onde se tornou o primeiro porto privatizado brasileiro para suas exportações. Essa fundação contou com a associação de três grandes empresas: Wilson Sons Ltda., Fator Projetos e Assessoria Ltda. E Serveng Civilisan S.a.
Em 1º de março do ano de 1997, essas três empresas formaram este grande terminal de contêineres, onde já estava funcionando nesse mesmo mês. Começou suas atividades com cerca de 60 funcionários, agora em 2009, o Tecon possui quase mil trabalhadores, a empresa movimenta hoje 99% da carga conteinerizada que passa pelo Porto do Rio Grande, operando 24 horas por dia, sete dias da semana, e possui equipamentos de ultima geração. "Até 2008, o Tecon investiu U$ 100 milhões de dólares na ampliação e modernização do terminal de cargas do porto de Rio Grande. Entre os investimentos, estão a triplicação do cais de atracação para 850 metros, compra de novos e modernos guindastes e construção de dez novos gates."
No entanto, vale ressaltar que as indústrias que aqui se estabeleceram prosperaram, tudo para que a máquina industrial gaúcha pudesse aumentar sua competitividade, enriquecendo e valorizando nossa região.


Centro de Indústrias do Rio Grande
O Centro de Indústrias do Rio Grande foi fundado em 13de junho de 1956, porem sua inscrição foi lavrada no dia 13 de agosto de 1956. Constituindo-se como uma sociedade civil de direito privado, estabelecida para agrupar empresas que exerçam atividades industriais na cidade do Rio Grande.
Em 31 de agosto de 1956, às 20h30min horas, na câmara do comercio realizou-se a primeira eleição da diretoria. Estavam presentes os seguintes associados: Indústrias Reunidas Leal Santos S.A.; Wigg S.A. Comercio e Indústria; Frigorífico Anselmi S.A.; Lucio Souto Cia; Fiação e Tecelagem Rio Grande e Cia União Fabril; Ipiranga S.A. Cia Brasileira de Petróleo; Cunha Amaral Cia LTDA; F.R. Amaral Cia LTDA; Frigorífico Armour do Rio Grande do Sul S.A.; Frigorífico Anglo; Indústria Brasileira de Peixe S.A.; J.G. Sequeira.
Elegeu-se por unanimidade, com dezesseis votos, como primeiro presidente, o engenheiro João de Miranda Rheingantz. A reunião terminou às 21h30min com os agradecimentos do presidente.

O Centro de Indústrias Hoje
A representatividade desta entidade, juntamente com os valores evidenciados pela composição de sua estrutura associativa, a tem constituído em um instrumento importante e altamente conceituado na defesa dos interesses do setor empresarial da indústria. O CIRG é a representação legitima desse segmento perante os poderes constituídos em todos os níveis relacionando com as autoridades do executivo, legislativo e judiciário.
Integrado com a comunidade riograndina e gaúcha o CIRG tem representação oficial em órgãos colegiados das mais importantes instituições e entidades regionais.
O crescimento e a modernização do Porto de Rio Grande e a capacidade de abrigar novos investimentos na área industrial, notadamente no Distrito Industrial do Rio Grande, dada à disponibilidade de área e da infra-estrutura necessária, tem envolvido cada vez mais o trabalho e interferência desta entidade.
A sua composição atualmente é composta por vinte e seis integrantes, dos mais variados segmentos industriais, tais como: quatro indústrias de fertilizantes; um do setor de óleos vegetais e graneis sólidos; três do setor petrolífero e petroquímico, oito do setor de pescado e nove de construção civil.
A finalidade principal do CIRG é a de defender os interesses da classe, gestionar soluções juntamente com os poderes públicos, buscando resoluções que melhor se adaptem ao momento. Igualmente buscam a promoção de instalação de novas indústrias agindo em sintonia com a Prosul, Coredesul, Universidade Federal do Rio grande, Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Social do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal do Rio Grande.
Dentre os trabalhos desenvolvidos pelo CIRG está a realização de cursos de orientação e aperfeiçoamento de mão-de-obra visando à melhoria de qualidade e especialização do pessoal associado, tanto como o da comunidade em geral.
O CIRG também tem uma participação muito significativa junto à comunidade riograndina, procurando sempre corresponder a todas as reivindicações que lhes são solicitadas. Mantém comissões de caráter permanente, buscando integrar representantes dos associados no estudo e resoluções dos assuntos que se façam necessários.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao levarmos em consideração todo o processo de industrialização ocorrido no Rio Grande do Sul, nos deparamos com uma vasta listagem de empresas de peso comercial, que se instalaram, mais precisamente na cidade do Rio Grande. Isso tudo proporcionou para a cidade grande desenvolvimento econômico e cultural para a população riograndina.
Contudo, todas as empresas que escolheram Rio Grande tiveram crescimentos significantes, tudo devido ao fator geográfico da cidade. A questão de Rio Grande possuir um porto marítimo possibilitou grandes conquistas e reconhecimento de nível internacional, tornando a cidade atraente para novos investidores, oferecendo, assim, melhores condições de vida para seus habitantes.



















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ASSIS, Célia (org), Uma história de realizações: Empresas Petróleo Ipiranga 60 anos, São Paulo: Ed. Premio, 1997. 144 p.

BUENO, Eduardo; TAITELBAUM, Paula. Indústria de ponta: uma história da industrialização do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Buenas Idéias, 2009. 264 p.

MARTINS, Solismar Fraga, Cidade do Rio Grande: Industrialização e Urbanidade (1873 ? 1990). Rio Grande: Ed. da Furg, 2006. 234 p.

Certidão de fundação do Centro de Indústrias de Rio Grande, tornando-o legitimo. Rio Grande: Cartório Américo, 1956.

Autor: Daiane Eslabão Da Silva


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