A narrativa da sedução



Quando Stephanie Mayer alegou ter sonhado com a história do vampiro Edward e sua "trupe" dando início à uma saga com 4 livros e até agora 2 filmes (que multiplicam-se) muitos acharam-na uma tola. O mundo da literatura já estava cansado de "seres imaginários" ou "com poderes incríveis" e qualquer coisa que se aproximasse disso poderia soar como plágio de Harry Potter. Bem, aqueles que fizeram sua aposta na derrocada da escritora perderam na bolsa de ações.
Stephanie Mayer construiu uma narrativa encantadora, onde a ficção ganha um contorno de sensibilidade e sofrimento humano admiráveis. Para os apreciadores de uma boa escrita, a história em si da família de "vampiros vegetarianos" (que só se alimentam de sangue de urso) é o tom menor em uma escala musical que comporta graves e agudos que não destoam. A autora conduz sua escrita envolvendo o leitor que para além do mundo fantástico rememora suas próprias experiências de sofrimento por um "amor impossível", sua angústia em ser abandonado, o obscurantismo de segredos que devem permanecer ocultos, além de toda a dor que o amor pode impingir à pessoa amada.
Dierentemente de outros autores que transitam pelo mundo do romance literário internacional, Stephanie consegue compor uma obra prima, especialmente no livro 2 (Lua Nova). É certo que os filmes deixam muito à desejar na tentativa de incorporar a literatura e o modismo juvenil, logo, melhor voltar-se às páginas e viajar na degustação de uma leitura prazerosa, capaz de mexer com os sentidos de quem é demasiadamente humano.
Para além das campanhas que circulam em Blogs e sites com o slogan "vários motivos para odiar Crepúsculo" ou o protagonista que está muito melhor no filme "Remember me", lembrando James Dean em início de carreira, Crepúsculo e companhia (os livros) reciclam antigas fórmulas de sedução do leitor pela via da profundidade dos sentimentos, todavia sem tornar-se piégas.
E se não bastassem esses agumentos para ler os volumosos livros, deve-se ressaltar o serviço que essa nova literatura têm prestado à educação ao incentivar a leitura de jovens que outrora acostumados à diminutas "sms" de celular e "Twitters" ou aos reduzidos vídeos do YouTube haviam classificado a leitura de livros físicos (na era da internet, wikpédia e genéricos) como uma atividade monótona, alienando-se assim de um aprofundamento cultural. É certo que a saga Crepúsculo não equipará-se à cânones da literatura como Káfka, Goethe, Victor Hugo ou Machado de Assis, mas abre o leque para a juventude desenvolva o gosto pela leitura e passe à explorar outros contextos.
Então, viva à leitura, mesmo que "vampiresca"!
Autor: Enrique Darnello


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