A narrativa da sedução
Stephanie Mayer construiu uma narrativa encantadora, onde a ficção ganha um contorno de sensibilidade e sofrimento humano admiráveis. Para os apreciadores de uma boa escrita, a história em si da família de "vampiros vegetarianos" (que só se alimentam de sangue de urso) é o tom menor em uma escala musical que comporta graves e agudos que não destoam. A autora conduz sua escrita envolvendo o leitor que para além do mundo fantástico rememora suas próprias experiências de sofrimento por um "amor impossível", sua angústia em ser abandonado, o obscurantismo de segredos que devem permanecer ocultos, além de toda a dor que o amor pode impingir à pessoa amada.
Dierentemente de outros autores que transitam pelo mundo do romance literário internacional, Stephanie consegue compor uma obra prima, especialmente no livro 2 (Lua Nova). É certo que os filmes deixam muito à desejar na tentativa de incorporar a literatura e o modismo juvenil, logo, melhor voltar-se às páginas e viajar na degustação de uma leitura prazerosa, capaz de mexer com os sentidos de quem é demasiadamente humano.
Para além das campanhas que circulam em Blogs e sites com o slogan "vários motivos para odiar Crepúsculo" ou o protagonista que está muito melhor no filme "Remember me", lembrando James Dean em início de carreira, Crepúsculo e companhia (os livros) reciclam antigas fórmulas de sedução do leitor pela via da profundidade dos sentimentos, todavia sem tornar-se piégas.
E se não bastassem esses agumentos para ler os volumosos livros, deve-se ressaltar o serviço que essa nova literatura têm prestado à educação ao incentivar a leitura de jovens que outrora acostumados à diminutas "sms" de celular e "Twitters" ou aos reduzidos vídeos do YouTube haviam classificado a leitura de livros físicos (na era da internet, wikpédia e genéricos) como uma atividade monótona, alienando-se assim de um aprofundamento cultural. É certo que a saga Crepúsculo não equipará-se à cânones da literatura como Káfka, Goethe, Victor Hugo ou Machado de Assis, mas abre o leque para a juventude desenvolva o gosto pela leitura e passe à explorar outros contextos.
Então, viva à leitura, mesmo que "vampiresca"!
Autor: Enrique Darnello
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