Sobre a Pena de Morte



Toda vez que nós, brasileiros, nos deparamos com um crime de maior comoção, pricipalmente aqueles com requintes de crueldade, urge um clamor pela pena de morte. Mas é preciso cautela na análise da prática dessa pena capital.
Está claro que quando a sociedade é estimulada, prega a execução de forma passional daqueles que supostamente cometeram um crime bárbaro. Isso, de fato, gera um sentimento de vingança e ameniza a dor da perda daqueles que brutalmente foram assassinados.
Entretanto, amenizar a dor não significa acabar com ela por completo. É no mínimo incoerente ? e aí podemos extender ao campo filosófico - que o homem, para atingir o bem maior, que é a vida, mate por justiça. É difícil imaginar que o Estado diga ao cidadão que ele não pode matar, mas se isso acontecer, ele, o Estado, vai matá-lo.
Um país equilibrado não pode pensar em pena de morte quando o aborto e a autanásia são rejeitados. Repugnamos qualquer atentado contra a vida, mas podemos autorizar o Estado a atentar contra a vida de alguém a título de punição? Essa lógica nunca será verdadeira.
Portanto, o que se espera de uma pena é que o condenado saia dela recuperado e que o seu retorno à sociedade seja de forma digna. Não podemos ter a pretensão de abreviar a vida de ninguém, mesmo daqueles que de alguma maneira tiraram outras vidas. A pena desses monstros deverá ser paga em vida e não com a morte.

André Lopes Fialho
Autor: André Fialho


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