LINGUAGEM ORAL FERRAMENTA DINÂMICA DA LINGUAGEM ESCRITA.
Por volta dos 3 anos de idade as crianças normalmente são introduzidas na Educação Infantil, e esta etapa educacional desemborca questões intrínsecas ao aprendizado. Mensurar a complexidade da linguagem oral e escrita garante uma visão adepta ao desenvolvimento dos pré-requisitos essenciais a alfabetização, porque estes se constituem em chaves para a íntegra aquisição do sistema alfabético de escrita. São pré-requisitos o esquema corporal, a coordenação ampla e fina, a organização temporal-espacial, a percepção e discriminação dos sons das palavras e a inclusão de classes. Estes pré-requisitos são simultâneos e abordam sucessivamente a conscientização da função que a linguagem desempenha socialmente, através de habilidades inerentes do desenvolvimento físico, emocional e cognitivo. De imediato trabalha-se a noção do eu, da articulação das mãos, pés, os movimentos do corpo, a exploração do equilíbrio, da lateralidade, e com a coordenação motora ampla permanece o amadurecimento da destreza. A organização temporal-espacial dispõe a exploração dos ambientes onde a criança percebe a relação seqüencial que a auxiliarão posteriormente na direção da escrita. A percepção e discriminação dos sons das palavras facilitam as crianças perceberem as semelhanças e diferenças sonoras entre as palavras, relacionando-as a objetos, nomes de familiares, etc. Criando uma consciência fonológica de maneira livre e sem cobranças. A inclusão de classes é o fruto ou conseqüência de uma análise analítica onde o todo é composto por partes e as partes formam o todo, este aspecto quando bem enfatizado pautará a composição e decomposição das palavras, bem como a segmentação, que podem ser trabalhados por meio de brincadeiras e jogos como quebra-cabeça, encaixe, dentre outros. Assim, dentro desta esfera educacional o conhecimento é edificado por vivências concretas, simultaneamente a todos estes aspectos comentados distinguem-se três tipos de conhecimento o social passado de gerações, o físico que diz respeito ao reconhecimento de características dos objetos e o lógico-matemático que comporta a comparação mental entre elementos dispondo da abstração.
Sendo a linguagem função superior do cérebro, instrumento de comunicação e elaboração do pensamento, o trabalho da Educação Infantil deve corroborar a aquisição fonológica completa, sem troca surdo-sonora na escrita, pois o mesmo é fator primitivo para o desenvolvimento da escrita. Nesse bojo um espaço alfabetizador, do ensino da linguagem oral e escrita ao ver desta dissertadora dentro da Educação Infantil, constitui-se em um autêntico espaço de intercâmbios entre sujeitos, meio e conhecimento, partindo este processo do movimento corporal, da observação, do descobrir, agir e falar. Porquanto, o professor deste estrato educacional deve propor atividades concretas que agucem a capacidade perceptiva visual-auditiva, levando a criança identificar similaridades e alterações em posição de cores, objetos, etc., possibilitando um controle de seleção e manipulação do meio. O desenvolvimento da linguagem oral com os pequenos é cultivado nos momentos formais e informais de diálogo, geralmente são os que mais ampliam a linguagem oral de maneira significativa, pois são nos momentos de diálogos das rodas de conversas, e nos momentos que as crianças se dirigem a outros interlocutores que os pequenos aprendem a linguagem fazendo uso dela própria.
Desenvolver a linguagem escrita implica em amadurecer desenvolturas não só na área cognitiva, mas também motora, e neste contexto a coordenação motora ampla e fina devem ser trabalhadas permeadas pelo lúdico. No aspecto da composição sonora e discriminação visual da disposição e combinações das letras, sílabas e palavras, o foco norteador exige um nível abstrato de desafio com a participação das crianças, visto que neste período elas elaboram suas hipóteses sobre a escrita e o que ela representa assim como Emilia Ferreiro e Teberosky evidenciam em seus trabalhos. Por este motivo o trabalho com os pares ou grupos em níveis de desenvolvimento da escrita semelhantes é relevante, nesta perspectiva todas as crianças socializam suas informações-hipóteses sobre a escrita em um recinto onde todos aprendem em conjunto, pois todos ensinam, mesmo tendo níveis díspares, até alcançarem a fonetização da escrita. É primordial ao educador não somente conhecer e identificar estas etapas do desenvolvimento da linguagem escrita, porém é de suma relevância que saiba direcionar sua prática a fim de possibilitar as crianças a reelaborarem suas idéias sobre a escrita até ampliarem a construção da escrita convencional. Um dos fatores responsáveis pelo sucesso desta construção volta-se sobre a convivência com os tipos de textos, ou seja, na Educação Infantil esta abordagem se restringe a Literatura Infantil. A mesma compreende o contexto real e imaginário de certos desfechos, adaptando uma linguagem infantil, saiba e contundente de textos destinados a elas como fábulas, contos, trava-línguas, quadrinhas, tirinhas que assegura a ampliação do vocabulário por partes das crianças, enriquecendo por esta via sua linguagem oral e escrita.
Ouvir histórias é o inicio de aprendizagens especiais, pois ele fundamenta o ato posterior do exercício da escrita, brinca-se com a imaginação e em paralelo forma-se a compreensão de mundo ao lidar com emoções, sonhos e auto-descobertas. Esta sintonia como caminho infinito da pluralidade constitui a ludicidade como proposta estratégica de intervenção pedagógica que oportuniza momentos de brincadeira com as palavras em livros, revista, etc. A literatura infantil é um norte que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa, bem como desenvolver as capacidades de produção. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as, contribuindo assim para o processo de alfabetização, pois as mesma fazem leitura de imagens, construindo por esta via o seu próprio texto, além de fazerem uma pseudo leitura. Neste sentido a leitura e o ouvir histórias são fundamentais para a aquisição de conhecimentos, recreação, informação e interação. Existem dois fatores que contribuem para que a criança desperte o gosto pela leitura: curiosidade e exemplo. Então enquanto educador deve-se despertar e desenvolver este hábito saudável em nas crianças, dando o exemplo, pois segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. Diante disso as histórias são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade, compreendendo melhor as relações sociais, além de ofertar uma consciência fonológica às crianças, o que facilitará o processo de alfabetização.
REFERÊNCIAS
Universidade Norte do Paraná. Curso Superior de Pedagogia: módulo 3. Londrina: UNOPAR, 2007.
Pezzini, Marcio França. Lehnen, Clarice Wolff. Moojen, Sônia. Tellechea, Newa Rotta. A aquisição da linguagem oral-relação e risco para a linguagem escrita. Arq Neuropsiquiatr 2004; 62 (2-B).
Autor: Karla Wanessa
Artigos Relacionados
Escrita E Leitura:como Tornar O Ensino Significativo
Alfabetização De Crianças De Baixa Renda No Ensino Fundamental
A Influência Da Psicomotricidade Na Alfabetização
Trabalho Com Gêneros Textuais
Reflexão Teórica Sobre A Linguagem Escrita Em Vygotsky
Cordel De Aquisição Da Escrita
O Papel Da Atividades Lúdicas No Desenvolvimento Da Linguagem Oral Contemplado ás Areas Do Conhecimento.