Produção Textual Através da Coesão e Coerência



PRODUÇÃO TEXTUAL ATRAVÉS DA COESÃO E COERÊNCIA


MARIA CIRLENE DA SILVA E SILVA


RESUMO


O objetivo do presente artigo é abordar questões relevantes sobre como levar o educando a compreender em situação real de uso, a importância da utilização eficaz de mecanismos de coesão e coerência textual para a promoção da interpretação de textos diversos, visando à aplicação desses recursos por parte do mesmo na criação de seus próprios textos.

Palavras-chave: Importância. Coesão. Coerência. Texto. Interpretação.



RESUMEN


El propósito de este artículo es abordar las cuestiones pertinentes acerca de cómo llevar al estudiante a entender la situación real de uso, la importancia del uso eficaz de los mecanismos de cohesión y coherencia textual en la promoción de la interpretación de diversos textos con el fin de aplicar esos recursos parte de ella en la creación de sus propios textos.

Palabras clave: Importancia. Cohesión. Coherencia. Texto. Interpretación.


INTRODUÇÃO

A necessidade de construir uma nova prática pedagógica, de acordo com os novos tempos.
A busca pelo conhecimento está diretamente ligada à nossa área de trabalho, pois, como professores, acreditamos que o melhor profissional é aquele que ensina sem deixar de aprender e de buscar uma forma de tornar o ensino mais prazeroso para os alunos.
Houve um tempo em que acreditávamos que ensinar era simplesmente fazer o aluno "entender" e "decorar" regras. Nessa postura, enxergávamos o processo ensino e a aprendizagem apenas sob o ponto de vista do ensino, ignorando que nesse processo existem duas faces diferentes, ou seja, além do professor, existe a figura do aluno, alvo principal deste trabalho. Além disso, o fato de se estar ensinando nem sempre implica no fato de que o aluno esteja realmente aprendendo, pois, reproduzir o conhecimento é muito diferente de construí-lo e de produzi-lo.
As modernas concepções metodológicas incentivam o professor a mudar sua postura diante do desafio de ensinar e, por este motivo, torna-se importante buscar novas estratégias que capacitem o aluno a interagir nas diversas situações discursivas além de levá-lo ao domínio da língua no seu padrão culto.
Acredita-se que o ensino de uma leitura crítica seja parte do processo de desenvolvimento e ampliação da consciência do indivíduo e de seu papel na sociedade. A postura crítica na leitura pode ajudar o indivíduo a adquirir uma reflexão mais cuidadosa e uma perspectiva crítica em relação aos atos sociais em que se está inserido.
É indispensável contemplar criticamente as partes que integram os tipos de texto, para que o leitor e o ouvinte como agente social, possa adotar uma perspectiva nova para refletir mais cuidadosamente sobre como esses textos podem intervir no fluxo - aparentemente natural - da vida como forma de produção cultural. Trata-se assim, de um trabalho através do qual se visa contribuir para a formação do leitor proficiente e para um ensino, além de eficaz, atrativo da língua portuguesa.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este trabalho, com os elementos de coesão e coerência, baseou-se nos pressupostos de Koch e Travaglia (2001), que mostra que o sentido do texto deve ser obtido do todo, pois, a coerência é global e só há uma unidade de sentido no todo do texto se este é coerente.
Segundo Koch (2003) mostra que a base da coerência é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativado pelas expressões do texto, que terminam por construir o que chamamos de tópico discursivo o que será, a meu ver, a ponta do novelo de qualquer trama textual.
Como são muito estreitas as relações entre coesão e coerência é necessário que se defina as mesmas através da apresentação de vários aspectos, para que se possa perceber o que esses termos realmente significam, levando-nos a identificá-los e aplicá-los, evitando cometer erros que poderiam levar à construção de incoerentes.
Para Othon M. Garcia (1995:477), o que causa os problemas de falta de unidade levando à incoerência e tornando um texto um conjunto aleatório de orações são: a falta de paralelismo semântico (pela associação de ideias desconexas), a ausência ou inadequação das partículas de transição e palavras de referência (conjunção, advérbios, locuções adverbiais, pronomes) e a ambigüidade ou o acúmulo de informações.
Esse estudo sobre coerência e coesão, vem mostrando o que as particulariza e as diferencia. De acordo com Koch (2001), a coesão textual é importante para se estabelecer a coerência, pois revela a importância do conhecimento dos elementos da língua, seus valores e usos, para o cálculo do sentido do texto, porém, não só ela colabora para que um texto seja coerente, incluindo-se nesse processo também a relação do texto com o contexto, como outro importante fator para a percepção do sentido. Nesse ponto, cabe ressaltar a importância do conhecimento de mundo. Que este seja partilhado tanto pelo compositor quanto pelo ouvinte.

2. O CONHECIMENTO DE MUNDO NO ATO DA COMUNICAÇÃO

Observa-se muitas vezes que os alunos não são capazes de perceber os mecanismos discursivos utilizados no texto, e assim, tornam-se passivos não exercendo qualquer postura crítica diante do que lhes é apresentado.
Grande parte dos estudiosos afirmam que coesão e coerência estão intimamente relacionadas no processo de produção e compreensão do texto, sendo dois conceitos nucleares da Linguística Textual, que dizem respeito a dois fatores de garantia e preservação da textualidade. Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto; a coesão é a associação consistente desses elementos. Porém, essas duas definições literais não contemplam todas as possibilidades de significação dessas duas operações essenciais na construção de um texto. As definições apresentadas constituem apenas princípios básicos de reconhecimento das duas operações. Observa-se que, a coerência se estabelece na dependência de uma multiplicidade de fatores, passando a ser percebida como um princípio de interpretabilidade do texto. Pois, a coerência depende de diversos fatores, como: os elementos linguísticos; o conhecimento de mundo; o grau em que esse conhecimento é partilhado; a estrutura informacional do texto; os fatores pragmáticos e interacionais.
Assim, o conhecimento de mundo estabelece uma relação estreita entre a interpretação e a construção do mundo textual e sua adequação aos modelos de mundo do produtor e do receptor do texto. Essa construção do mundo textual vai depender largamente das inferências que o interpretador faz
Em linhas gerais pode-se afirmar que a coerência não é uma característica inerente ao texto, mas deve ser percebida como um princípio de interpretabilidade decorrente de uma multiplicidade de fatores de diversas ordens, que ocorrem na interação do produtor e do receptor.
O estabelecimento da coerência é visto como um processo cooperativo entre produtor e receptor. Devendo, portanto, ocorrer na interação texto-usuário, isto é, a construção de um sentido possível só se dará, por exemplo, na música, quando houver a compreensão do mesmo. Não há equações que permitam concluir com exatidão a coerência textual. Nisto se distingue a coerência da coesão, que possui um grau de resistência bem menor. É possível, então, a partir daí, determinar regras gramaticais de coesão e sistematizar processos de construção textual.
As condições em que o texto é produzido, as intenções comunicativas, bem como o contexto de que depende o enunciado é que determinam o nível de coerência reconhecido e o estabelecimento do sentido. Não se busca a coerência simplesmente na sucessão unidimensional ou linear dos enunciados, mas em uma ordenação não hierárquica e pluridimensional que une a linguagem verbal à linguagem musical.
Não é difícil perceber que, em contextos diferentes, o sentido muda, enquanto o significado de um vocábulo permanece estável. Os sentidos se movem vivos dentro de uma macro-estrutura; enquanto que o significado é cristalizado, existindo apenas como abstração. O que determina a escolha de certo sentido pelo sujeito é a motivação criada pelo contexto. Assim, cada texto possui sempre um subtexto, um pensamento oculto por de trás das palavras. Portanto, para se compreender o texto de uma música, não basta entender apenas as palavras que estão inscritas nele. Mas, muito mais do que isso, é preciso compreender a motivação por de trás das palavras.
Nesse caso, mais do que os conhecimentos normativo, teórico e léxico-enciclopédico, são importantes o conhecimento de mundo e as convicções dos participantes no ato de comunicação, desta forma fica quase impossível traçarmos uma fronteira entre a semântica e a pragmática. A coerência textual é o resultado da articulação das idéias de um texto; diz respeito à estruturação lógico-semântica, que faz com que, numa situação verbal, palavras e frases, juntamente com a melodia da música, componham um todo significativo para os interlocutores. A coesão textual, por sua vez diz respeito às articulações gramaticais existentes entre as palavras, frases, orações, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexão seqüencial, colaborando para o seu entendimento.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que, uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si.
Os textos musicais fornecem ótimos exemplos para o estudo dos elementos linguísticos, referentes à coesão e a coerência, pois esses textos evidenciam que existe uma grande diferença entre interpretar, cantar e compreender uma vez que os indivíduos devem acionar diversas áreas do saber para que a compreensão se realize.
Buscou-se, portanto, com esse trabalho, mostrar de que forma os mecanismos de coesão e de coerência contribuem para a construção de um determinado efeito de sentido nas letras das músicas, e como esses fatores desencadeiam os processos cognitivos que facilitam a recepção e a compreensão desse gênero textual, colaborando para formar uma visão crítica por parte principalmente, dos educandos. Mas, para conseguirmos alcançar nossos objetivos é necessário não só um bom conhecimento linguístico mais também um amplo conhecimento de mundo. E assim que entramos como orientadores na formação de leitores proficientes levando-os a compreender, inferir e produzir textos coesos.
Se faz necessário lembrar ainda que todas as questões aqui levantadas sobre a coesão e a coerência e seu estabelecimento têm implicações profundas no trabalho pedagógico, desenvolvido desde a produção até a compreensão de textos, sejam eles letras de músicas ou não. É necessário observar também que uma vez que se propõe que não existe o texto incoerente em si, mas que a incoerência se dá apenas para "alguém" em determinada situação de comunicação, onde professor ao trabalhar a produção e a compreensão de textos, precisa deixar muito claro em que situação discursiva o texto a ser compreendido ou produzido.
Dessa forma, a avaliação que se fará, então, terá por parâmetro todos os elementos de adequação a esta situação de comunicativa proposta.
A concepção de texto apresentada aqui desta forma subjaz ao postulado de que o sentido não está contido no texto, mas se constrói a partir dele pela interação. Assim sendo, a coerência só se estabelece quando se concretiza uma situação de atividade verbal, levando à identificação do texto como sendo realmente um texto e não um amontoado de frases desconexas.
A coesão trata da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes e a coerência trata da relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.

REFERÊNCIAS

CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1998.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar, 16ª ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1995.

KOCH, Ingedore G.V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2001.

KOCH, Ingedore G. V; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Autor: Maria Silva E Silva


Artigos Relacionados


A ImportÂncia Dos Recursos Gramaticais De CoesÃo E CoerÊncia Na ComunicaÇÃo Escrita

Resumo Do Texto:''a Organização Do Texto: Articulação De Elementos Temáticos?.

Os Conectores Na Elaboração De Textos

A ProduÇÃo Textual No Âmbito De Suas Diversidades

ProduÇÃo Textual Na Atividade Verbal

A ProduÇÃo Textual Como A SistematizaÇÃo De IdÉias

Resenha Livro IntroduÇÃo A LinguÍstica Textual