Dislexia: Um jeito Diferente de Aprender



Mariléia Barros Pinto.
Orientadora: Dra. Rosângela Lemos da Silva
Universidade Vale do Acaraú-UVA

RESUMO
A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem que vem sendo estudada e questionada através de uma multiplicidade de pontos de vista, desde o final do século XIX. O presente estudo tem o objetivo de nos aproximar do que tem sido pesquisado e publicado sobre dislexia, buscando compreender suas origens, possíveis comprometimentos para o seu portador e possibilidades de intervenção. A dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem em leitura, soletração, escrita; em linguagem expressiva ou receptiva; em razão e cálculo matemáticos; na linguagem corporal e social. A dislexia não é considerada uma doença, mas sim um funcionamento peculiar do cérebro para processar a linguagem. Não tem cura, mas pode ter seus sintomas amenizados. No tratamento, os profissionais que forem trabalhar com o disléxico deverão dar orientação continuada à família e à escola e lembrar que cada caso de dislexia é um caso à parte.
Palavra-chave: Dificuldades de aprendizagem. Dislexia. Intervenções psicopedagogicas.
RESUMEN
La dislexia es una dificultad de aprendizaje que se ha estudiado y se ha cuestionado a través de una multiplicidad de punto de vista, del fin del siglo XIX. El estudio presente tiene el objetive de acercarse de lo que se ha investigado y se ha publicado en la dislexia, mientras buscando para entender sus orígenes, el posible compromisings para portador del la y posibilidades de la intervención. La dislexia es una dificultad específica de aprender del idioma leyendo, mientras deletreando, escribiendo,; en el idioma expresivo o receptivo; en la razón y matemáticos del cálculo; en el idioma corpóreo y social. La dislexia no es considerada una enfermedad, pero un funcionamiento peculiar del celebre para procesar el idioma. La no tiene la cura, pero los pueden tener sus síntomes ablandados. En el tratamiento, los profesionales que los trabajarán con el disléxico que ellos deben dar la orientación continue a la familia y la escuela y para recordare que cada uno embala de dislexia es un caso a la parte.
La palabra importante: Las dificultades aprendiendo. La dislexia. El psicopedagogicas de las intervenciones.

INTRODUÇÃO

O presente artigo terá posicionamento sobre a dislexia, um jeito diferente de aprender, abordagem que será desenvolvida com base em uma pesquisa cientifica fundamentada em idéias defendidas por renomados autores sobre sua importância, o objetivo de aproximar-nos do que tem sido pesquisado e publicado sobre dislexia, buscando compreender suas origens (abordando o aparecimento da dislexia enquanto dificuldade de leitura e escrita, suas definições e suas classificações), os possíveis comprometimentos para o seu portador e possibilidades de intervenção.
Diante disso tudo crianças com dificuldades de aprendizagem não conseguem aprender através de métodos pedagógicos convencionais e mesmo assim, são capazes de aprender
É preciso considerar que a maior recomendação que se poderia fazer a educadores e terapeutas que trabalham com crianças e jovens disléxicos é que aceitem o que uma criança pode fazer bem e não a inferiorizem pelo que ela não é capaz de realizar.
Portanto cada um de nós temos nossas próprias capacidades e dificuldades e se uma criança não é capaz de operacionalizar cálculos matemáticos, e daí? Compre-lhe uma calculadora e ela há de sentir-se muito melhor consigo mesma do que com o rótulo de ?burra? para o resto de sua vida
Precisamos estar preparados para buscar as soluções quando os problemas aparecem, tendo os conhecimentos básicos das várias dificuldades de aprendizagem e sendo conscientes do seu papel na sociedade e na vida de cada educando.

1- FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Origem da dislexia e as descobertas ao longo dos tempos, as primeiras referências à dislexia se dão no final do século XIX, quando profissionais da área da medicina começam a questionar o motivo pelo qual algumas pessoas hábeis em diferentes atividades, com inteligência normal ou superior, tinham grandes dificuldades ao iniciarem aprendizagem da leitura e da escrita.
Em 1887, Rudolf Berlin, outro médico alemão, apresenta seis casos que observou durante 20 anos. Ele usa o termo dislexia para o que considera uma forma especial de cegueira verbal em adultos que perderam sua capacidade de ler depois de uma lesão cerebral. Em 1895, o oftalmologista Dr. James Hinshelwood relata o caso de um senhor de 58 anos, de nível de escolarização elevado, que numa determinada manhã, descobre que não consegue ler mais. Este declarou poder ver as letras com clareza, mas não conseguir dizer o que significam. O mesmo não acontece com os números, os quais ele pode ver muito bem.
Após alguns testes, são descartadas as hipóteses de perda na acuidade visual e de problema mental. O Dr. W. P. Morgan, de Seaford, está estudando um caso parecido com o do Dr. Hinshelwood. No entanto, o seu paciente jamais havia aprendido a ler. Em 1896, o Dr. Morgan publica a caracterização de seu paciente, dizendo que o menino Percy, de 14 anos, é uma criança brilhante e inteligente. Seus olhos são normais e sua visão boa, que sua grande dificuldade é a incapacidade de ler. Conclui que o menino tem cegueira verbal congênita.
Segundo Rotta e Pedroso (2006.p.55), diz que:
"Após o termo dislexia ter sido criado em 1872, pelo oftalmologista alemão, Dr. Rudolf Berlin e, posteriormente usado por James Kerr, o termo ressurge em 1917 com o Dr. Hinshelwood, que encontra um paciente com inteligência normal e com dificuldade para aprender a ler e escrever. "
Dessa forma se observa distorções perceptivas em crianças que não conseguem reconhecer ou compreender palavras impressas, ele conclui que a causa mais provável desse grave distúrbio de leitura é um defeito congênito no cérebro, afetando a memória visual de palavras e de letras. Os oftalmologistas são os profissionais que primeiro auxiliaram no reconhecimento da dislexia. Suas observações mostraram que a dificuldade não estaria nos olhos, mas no funcionamento de áreas de linguagem no cérebro.
Rotta e Pedroso (2006, p.59) ainda descrevem que:
"Em 1925, uma pesquisa sobre as causas de encaminhamento de crianças para unidades de saúde mental, nos Estados Unidos, mostra que as dificuldades para ler, escrever e soletrar se constituem nas causas mais freqüentes. Em 1928, o neurologista Dr. Samuel Orton se dedica ao estudo dos transtornos da aprendizagem e publica um trabalho clínico descrevendo as distorções perceptivas lingüísticas específicas em crianças com graves habilidades de leitura. "
Muitas dessas crianças fazem inversões e imagens espelhadas de letras e palavras. O autor sugere que o fenômeno é provocado por imagens competitivas nos dois hemisférios cerebrais devido à falência em estabelecer dominância cerebral unilateral e consistência perceptiva.
Em 1937, o Dr. Orton conclui que o único fator comum em tais situações é a dificuldade de redesenhar ou reconstruir, na ordem de apresentação, seqüência de letras, sons ou unidades de movimento. Estuda famílias de disléxicos e encontra algumas alterações, como escrita espelho, e chama a atenção também para o aspecto genético.
De acordo com Grégoire e Piérart (1997), o Dr. Orton afirma que os distúrbios de leitura da criança diferem fundamentalmente dos distúrbios de leitura adquiridos manifestados pelo adulto, mesmo que os sintomas se assemelhem. Ele é surpreendido pelo número considerável de confusões em espelho de letras e palavras curtas, durante as leituras orais e os ditados. Ele rejeita a hipótese de um déficit cerebral como origem dos distúrbios de leitura e conclui, pela de um atraso no estabelecimento da dominância hemisférica cerebral. Orton é o primeiro a desenvolver a idéia de que é possível tratar os distúrbios de leitura da criança.
Segundo Luczynski (2002, p.125) descreve que:
"Em 1994, o Dr. Galaburda e a Dra. Tallal apontaram o processamento celular rápido, visual e auditivo, como responsáveis pelos problemas de aprendizagem do disléxico. Essas descobertas interpretadas podem significar que a dislexia é, em sua base, uma imperfeição em um específico circuito cerebral que processa o fluxo rápido da informação."
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente.no entanto o termo "dislexia" foi criado pelo Dr. Rudolf Berlin, para nomear uma específica dificuldade em leitura apresentada por um de seus pacientes:
Para Luczynski (2002 p.134) define que :
"Dislexia é muito mais do que uma dificuldade em leitura embora, muitas vezes, ainda lhe seja atribuído este significado circunscrito. Refere-se à disfunção ou dano no uso de palavras. O prefixo "dys", do grego, significando imperfeita como disfunção; isto é, uma função anormal ou prejudicada; "lexia", do grego, referente ao uso de palavras (não somente em leitura). E palavras dão sentido à comunicação através da Linguagem ? em leitura, sim, porém também na escrita, na fala, na linguagem receptiva. Palavras que, na escola, são usadas em todo o ensino como na Matemática, Ciências, Estudos Sociais ou em qualquer outra atividade. "
Percebe-se que para outros autores definem a dislexia como uma síndrome complexa de disfunções psiconeurológicas associadas, tais como perturbações em orientação, tempo, linguagem escrita, soletração, memória, percepção visual e auditiva, habilidades motoras e habilidades sensoriais relacionadas.
Entretanto, eles têm como finalidades educacionais a dislexia em auditiva e visual. Na dislexia auditiva, são observadas dificuldades significativas na discriminação de sons de letras e palavras compostas, além de falhas na memorização de padrões de sons, seqüências, palavras compostas, instruções e histórias.
Na dislexia visual, há dificuldades em seguir e reter as seqüências visuais, na análise e a integração visual de quebra-cabeças ou em tarefas similares. Ocorrem freqüentes reversões e inversões de letras, sendo que o disléxico visual confunde com facilidade palavras e letras. O mais freqüente é a associação das duas formas, mesmo que tenha iniciado por uma delas, o comum é que em seu desenrolar apareçam sempre falhas mistas.
Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem em leitura, soletração, escrita; em linguagem expressiva ou receptiva; em razão e cálculo matemáticos; na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade. Nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Também está presente em indivíduos com condições intelectuais normais.
A dislexia não é resultado de má alfabetização, de desatenção, de situação socioeconômica ou de pouca inteligência. Existem indícios de que seja uma condição hereditária com modificações genéticas. Ainda assim, não é considerada uma doença, mas sim um funcionamento peculiar do cérebro para processar a linguagem.
Segundo Ajuriaguerra (1984.p.48):
"A experiência demonstra que não é possível encontrar explicações uni causais aplicáveis a todos os disléxicos. Geralmente estão envolvidos vários fatores, como dificuldade de lateralização, no espaço-temporal, na memória de curto prazo e problemas emocionais. A dificuldade de conhecimento e de definição do que seja dislexia faz com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações, que confunde e desinforma. Além do que a mídia, no Brasil, nas poucas vezes em que aborda esse grave problema, somente o faz de maneira parcial, quando não de forma inadequada e mesmo fora do contexto global das descobertas atuais da Ciência."
É necessário dizer que a dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país e uma das causas do chamado "analfabetismo funcional", é, por permanecer envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado.
Lembra-nos Luczynski (2002, p. 88):
"Um bom professor pode transformar a vida de uma criança. Com idêntico conteúdo de força, o mau profissional, o professor incompetente e insensível, pode destruir todas as possibilidades na vida de uma criança disléxica. Acréscimo de dificuldade que pode trazer o desencontro e o desencanto, desequilíbrio e desengano em sua mente, ainda infantil, que poderão gerar graves problemas emocionais e sociais."
Os disléxicos mistos reúnem as dificuldades desses dois tipos e freqüentemente apresentam confusões espaciais. Pela própria conceituação, há necessidade de que um grupo de profissionais proceda à investigação e à análise dos déficits funcionais, trace o perfil de desempenho da criança, formule hipóteses explicativas e especifique os objetivos terapêuticos.
2- SINAIS DA DISLEXIA

Podemos encontrar alguns sinais comuns da dislexia em cada nível de estudo, que auxiliam no seu reconhecimento. Algumas dessas características podem estar presentes num quadro de dislexia. É importante ressaltar que não é necessário apresentar a totalidade desses. Os mesmos podem ser percebidos pela família ou pela escola. Portanto, ambos devem estar atentos para os seguintes sinais para se definir o quadro.

2.1- Na Educação Infantil

Início da fala tardiamente; dificuldade para pronunciar alguns fonemas; demora para incorporar palavras novas ao vocabulário; dificuldade para rimas; dificuldade para aprender cores, formas, números e escrita do nome; dificuldade para seguir ordens e seguir rotinas; dificuldade na habilidade motora fina; dificuldade de contar ou recontar uma história na seqüência certa; dificuldade para lembrar nomes e símbolos.

2.2- Na Classe de Alfabetização e 1ª série do Ensino Fundamental

Dificuldade em aprender o alfabeto; dificuldade no planejamento motor de letras e números; dificuldade para separar e seqüenciar sons (ex: p ? a ? t ? o); dificuldade com rimas (habilidades auditivas); dificuldade em discriminar fonemas homorgânicos (p-b, t-d, f-v, k-g, x-j, s-z); dificuldade em seqüência e memória de palavras; dificuldade para aprender a ler, escrever e soletrar; dificuldade em orientação temporal (ontem ? hoje ? amanhã, dias da semana, meses do ano); dificuldade em orientação espacial (direita ? esquerda, embaixo, em cima); dificuldade na execução da letra cursiva; dificuldade na preensão do lápis; dificuldade de copiar do quadro.

2.3- Da 2ª à 8ª série do Ensino Fundamental

Nível de leitura abaixo do esperado para a série; dificuldade na sequenciação de letras em palavras; dificuldade em soletração de palavras; falta de ler em voz alta diante da turma; dificuldade com enunciados de problemas matemáticos; dificuldade na expressão através da escrita; dificuldade na elaboração de textos escritos; dificuldade na organização da escrita; possível dificuldade na compreensão de textos; possível dificuldade em aprender outros idiomas; dificuldade na compreensão de piadas, provérbios e gírias; presença de omissões, trocas e aglutinações de grafemas; dificuldade de planejar e organizar (tempo) tarefas; dificuldade em conseguir terminar as tarefas dentro do tempo; dificuldade na compreensão da linguagem não verbal; dificuldade em memorizar a tabuada; dificuldade com figuras geométricas; dificuldade com mapas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola tem um papel fundamental, desde as estratégias de apoio até a adaptação do modo de avaliar o aluno disléxico. No tratamento, os profissionais que forem trabalhar com o disléxico deverão dar orientação continuada à família e à escola e lembrar que cada caso de dislexia é um caso à parte
A criança disléxica deve freqüentar a escola regular, é importante que a equipe escolar conheça os aspectos característicos da dislexia, o funcionamento leitor do disléxico e esteja pronta e disponível para atender a essas necessidades especiais.
Por terem grandes dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, os disléxicos podem ser considerados portadores de necessidades educacionais especiais. Como tais, são amparados por leis que garantem os seus estudos em escolas regulares. Todas as crianças têm direito fundamental à educação.
É necessário que tenhamos uma ação efetiva junto a essa realidade que está inserido o disléxico, representando um desafio ao mostrar que é necessária a reavaliação do paradigma atual de aprendizagem, buscando uma mudança na mentalidade escolar porque o papel primordial da escola é atuar como suporte facilitador do desenvolvimento potencial acadêmico, social e formativo. No entanto, muitas vezes, vemos a escola excluindo alunos pela falta de capacidade de saber trabalhar com ele.
Precisamos urgentemente repensar a escola brasileira, e fazer o necessário para que os professores busquem qualificação para receber alunos com dificuldades de aprendizagem das mais variadas. Sabemos que não é fácil estar preparado pedagogicamente para todas as dificuldades, como dislexia, deficiência visual ou auditiva, hiperatividade, entre tantas outras.
Sintetizando tudo que foi dito, faz-se necessário conhecer melhor o bque sejam dislexia e outras dificuldades de aprendizagem, para repensar o sistema educacional brasileiro, bem como para que os alunos, em sua totalidade, possam efetivamente exercer seu papel na sociedade, em vida plena.

REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, Julian de . A dislexia em questão: dificuldades e fracassos na aprendizagem da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
GRÉGOIRE, Jacques; PIÉRART, Bernadette. Avaliação dos problemas de leitura: os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas. Porto Alegre: Artmed, 1997.
LUCZYNSKI, Zeneide Bittencourt. Dislexia: você sabe o que é? Curitiba: 2002.
ROTTA, Newra; PEDROSO, Fleming. Transtornos da linguagem escrita ? dislexia. In ROTTA, Newra; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
SHAYWITZ, Sally. Entendendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Autor: Marileia Barros Pinto


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