É Díficil Falar Em Juridiquês



Excelentíssimo, Meritíssimo, Senhor, Doutor, Magistrado, seria excesso de formalidade, demonstração exagerada de respeito que os juizes cobram por ser do Poder Judiciário ou absurdo?

Cada profissão possui um tratamento próprio como os médicos, policiais, psicólogos, empresários, entre outros, mas estes não possuem tanta necessidade de se comunicar com o grande público como o juiz. E este deveria ser mais acessível à imprensa e não cobrar tanta formalidade para divulgar um processo ou uma petição porque é claro que qualquer tipo de informação vai parar no Fórum, desde os "barracos" corriqueiros até casos de corrupção que são de interesse público e precisam ser informados.

Esse excesso de formalidade acaba se tornando uma barreira para a própria sociedade que, na maioria das vezes, é a mais prejudicada porque as informações contidas nos processos tornam-se incompreensíveis e a informação fica restrita apenas aos advogados, magistrados e pessoas ligadas ao Poder Judiciário.

Muitos jornalistas acreditam na divinização da atividade do magistrado, é certo que ele estudou muito para atuar em sua área, mas é certo ele não atender a imprensa pelo fato dela não compreender sua linguagem rígida e formal?

Existem muitas discussões em volta dessa polêmica entre juiz x jornalista. A linguagem precisa sofrer alterações, mas o procedimento dessa mudança é demorado, para isso é preciso que o jornalista prepare-se melhor para entender a linguagem jurídica para traduzi-la para os leitores, ouvintes e telespectadores que buscam informações através da mídia. Já que o Fórum divulga notas quase impossíveis de se compreender.

É preciso entender que ambas as profissões precisam aprender a se comunicar para comunicar-se com a sociedade, aproximar-se da linguagem do cidadão, sem agredir ambas as partes. Cada um possui um tratamento, os jornalistas também possuem uma linguagem americanizada, mas isso fica dentro da redação, nas notícias o cidadão não é obrigado a entender o que significa um lead, que é a cabeça da notícia, ou clipping, que é o arquivo de notícias veiculadas na imprensa sobre uma instituição ou empresa, porque isso não é de interesse público, da mesma forma que palavras como "data vênia" que significa, com todo respeito, ou "nesse diapasão" que significa nesse contexto também não esclarecem nada para o cidadão comum em uma informação.

Essa ligação precisa ser estabelecida porque é por meio dos veículos de comunicação que a população toma conhecimento do que ocorrem dentro do Poder Judiciário e nos outros poderes, como o Executivo e o Legislativo. A imagem que se tem desses poderes e principalmente do Judiciário é de uma entidade poderosa e de difícil acesso, fechada entre si, extremamente burocrática, que gera um conceito negativo nas pessoas que buscam informação e auxilio da justiça.

Não é somente a imprensa que tem a ganhar com este tipo de relacionamento, mas o Poder Judiciário também, pois as autoridades poderão esclarecer ao público o que é o próprio Poder Judiciário, e vai mostrar as coisas positivas que este poder tem a oferecer para a sociedade. A imprensa é considerada o Quarto Poder, pela capacidade de percorrer as diversas mídias, e ser absorvidas por um número de pessoas muito grande.

Fica claro que tanta formalidade atrapalha não só a imprensa, mas os procedimentos nos andamentos das petições e dos processos, uma vez que estes possuem mais de cem páginas contendo as vezes apenas uma reclamação trabalhista, o juiz por sua vez não terá tempo para ler toda a lauda e o jornalista não tem tempo para perder traduzindo um processo cheio de palavras complexas, as vezes mal compreendidas até pelos advogados. Tempo é a palavra-chave para essa discussão, a notícia precisa ser dada a tempo, e esse excesso de palavras estranhas ao vocabulário comum faz com que a imprensa apele aos Excelentíssimos, Meritíssimos, Senhores, Doutores e Magistrados que compreendam o que é jornalismo!


Autor: Sandi Soriano


Artigos Relacionados


Locação De Imóveis E O Direito Constitucional

Eu Jamais Entenderei

Tu és...

Levanta-te

O Que é Texto?

Blindness

Comunicação E Brevidade