Teoria da relatividade: não muito relativa



A distorção do significado de teorias científicas é muito comum nos dias atuais. Pessoas sem ou pouco entendimento e\ou bagagem teórica para o entedimento delas divulgam a desinformação científica. Em muitos casos, trata-se de algum oportunista que tenta, a todo custo, corroborar alguma idéia fajuta para induzir massas ou, simplesmente, vender livros, todavia, na maioria das vezes, trata-se apenas de ignorância. Um ótimo exemplo disso é a tentativa de aplicar a teoria da evolução à sociedade com o objetivo de fazer com que as pessoas pensem que existem raças mais evoluídas e, portanto, essas têm o direito de impor essa superioridade evolutiva aos seus, supostos, inferiores.
Apesar da má interpretação do darwianismo ter tido maiores consequências, um cientista que sofreu (e sofre) com o entendimento errôneo de suas teorias é o físico alemão Albert Einstein. Hoje, Einstein é, praticamente, sinônimo de gênio ou homem da ciência, contudo, às suas teorias, são atribuidas algumas idéias que não correspondem à realidade. O exemplo mais clássico disso é falsa idéia que pessoas leigas têm de relatividade. Essas pessoas tendem a acreditar, em função do nome, que essa teoria trata da total variabilidade dos fenômenos do mundo ao seu redor, traduzindo isso em uma simples frase que até uma criança entenderia: "Tudo é relativo". Essa interpretação não poderia estar mais equivocada.
O surgimento da relatividade começou na tentativa do cientista de ressuscitar o pricípio da relatividade de Galileu aplicando-o ao eletromagnetismo. Um dos postulados desse propunha a invariância das leis da física em qualquer referencial inercial. Ao introduzir em seu trabalho idéias e resultados de Lorentz, Michelson e Morley, Einstein tinha sua famosa teoria. No final de 1910 Einstein trabalhou em uma generalização dessa teoria, através da relatividade geral, para que esta pudesse ser aplicada, também, a referenciais acelerados o que acabou culminando em importantes formulções como a equivalencia entre massa e energia. Como pode-se observar, essa teoria não trata da relatividade das leis da física, mas, justamente do oposto, da invariância delas.
Chamar seu trabalho de "teoria da relatividade" talvez, tenha sido um grande erro de Einstein. Se tivesse dado outro título, menos sugestivo, além de evitar que escritores de livros de auto-ajuda, oportunistas, lessem o título e tirassem uma conclusão precipitada e incoerente, evitaria que pessoas desinformadas, influenciadas também pelo título, chegassem à mesma conclusão desses escritores. Um título melhor seria teoria da invariabilidade. Não geraria muito ibope, no entanto pessoas não arriscariam uma interpretação leviana e ,consequentemente, não seria possível causar uma desinformação científica em massa, como a que ocorre nesse caso específico. É isso que, de fato, acontece, ao tentar simplificar uma teoria científica cujo real entendimento exige anos de preparação em disciplinas como eletromagnetismo e álgebra de tensores, algo que os leigos nunca ouviram ou, provavelmente, ouvirão falar, em apenas uma humilde frase: "Tudo é relativo".

Autor: Matheus Vidotti Monteiro


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