Papel do Enfermeiro no APH, frente a criança politraumatizada



RESUMO

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa realizada em uma Unidade de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel da cidade de Ceres-GO. Participaram do estudo 04 Enfermeiros plantonista da Unidade de Atendimento Pré-Hospitalar. O estudo teve por objetivo descrever as principais dificuldades na assistência prestada pelo enfermeiro a criança politraumatizada. Os dados foram coletados por meio de entrevista contendo perguntas abertas e subjetivas, registradas em gravador de voz, realizada nos meses de Março e Abril de 2009. Depois de coletado e analisado os dados foram obtidos as categorias sendo elas: 1ª- Equipe de Enfermagem qualificada para o Atendimento Pré-Hospitalar, 2ª- Reações da Criança, família e ambiente como fatores que interferem no atendimento e 3ª- Eventos externos como principais situações vivenciadas pelos Enfermeiros. Mediante as entrevistas os enfermeiros relatam experiências vividas no atendimento ao pequeno traumatizado, podendo concluir o perfil da criança traumatiza atendida pelo serviço e com isso dinamiza

INTRODUÇÃO

O trauma é uma doença do século XX sendo considerado um problema de saúde pública em função da grande morbimortalidade que gera, sem respeitar sexo, idade, etnia, credo ou estrato social ( ABRAMOVICI,et al 2005).
"O trauma permanece como a principal causa de morte e incapacidade nos pacientes pediátricos, cerca de 80% dos traumas são contusos, representados principalmente por veículos a motor, bicicletas ou quedas" (PEREIRA JR et al., 1999, p. 262).
O Trauma é definido como uma lesão corporal causada pela exposição aguda a uma forma de energia.
Pode-se definir politraumatizado como o indivíduo vítima de traumatismo de média e grande intensidade que atinja no mínimo dois compartimentos corporais representados por crânio, tórax, abdome, coluna vertebral e extremidades exigindo necessidade imperiosa de intervenção cirúrgica com objetivo de salvar a vida ou recuperar funções orgânicas bem como do aparelho locomotor. Infelizmente, o tratamento do paciente politraumatizado tem sido feito de forma imprecisa e indiscriminada, sem dar o devido valor à associação das lesões.
Nos acidentes automobilísticos, as vítimas ou foram atropeladas ou ocupavam o veículo. Dentre passageiros vítimas de acidentes por veículo as lesões mais comuns são os traumas crânioencefálico e da coluna cervical. Os atropelamentos são a principal causa de morte entre crianças de 05 a 09 anos. As vítimas de atropelamento comumente apresentam a tríade de Waddell: fratura de fêmur, trauma crânioencefálico e lesões do tronco. Os acidentes de bicicletas resultam em trauma crânioencefálico após a queda sem o uso de capacete ou lesões viscerais do abdome superior associadas ao impacto contra o guidão. Quedas de alturas resultam em lesões cranianas, fraturas de ossos longos e lesões do tronco sendo sua gravidade diretamente relacionada à magnitude do deslocamento vertical (ABROMIVICI; SOUZA, 1999).
Na década de 80, as mortes por acidentes e violência passaram a responder pela segunda causa de óbito no quadro de mortalidade geral, ensejando a discussão de que se tratava de um dos mais graves problemas de saúde publica a ser enfrentado. A partir dessa situação, a morte representa cerca de 15% dos óbitos ocorridos no Brasil, perdendo apenas para as doenças do aparelho circulatório. Em 1996, os acidentes e violências foram responsáveis por aproximadamente por 120.000 óbitos.
Se formos levar em conta as causas externas (Acidentes e violência) representam em nosso país, a principal causa de óbito nas crianças e adolescentes na faixa etária de 05 a 19 anos. Contribuem com 57% do total de mortalidade na faixa de 0 a 19 anos, segundo dados do Ministério da Saúde de 1995, publicados em 1998, sendo que os acidentes de transporte representam 30% deste total. A região sudeste do país contribui com o maior número de mortos devidos a esta causa, seguida da região nordeste (ABROMIVICI; SOUZA, 1999).
O trauma pediátrico desarranja a estrutura familiar, com conseqüentes distúrbios emocionais e comportamentais, além de financeiros. Os irmãos de uma criança traumatizada apresentam distúrbios emocionais e afetivos. Freqüentemente, ocorrem distúrbios entre os pais, os quais podem culminar com a separação do casal. Todos esses problemas tornam indispensável uma assistência psicológica à criança e sua família (PEREIRA JR et al.,1999).
O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) teve inicio há pelo menos 30 anos atrás na América do Norte e Europa, sendo impulsionado principalmente pela Guerra do Vietnã. No Brasil, o atendimento Pré - Hospitalar foi regulamentado em 1989 após o surgimento oficial dos Serviços de Atendimento as Emergências Médicas (VARGAS, 2006).
O atendimento Pré-hospitalar é o conjunto de medidas e procedimentos técnicos que objetivam o suporte de atendimento a vitima, podendo se básico ou avançado, estabelecendo-se padrão vital que mais se assemelhe à normalidade, tendo como conceito supremo não agravar lesões já existentes ou gerar lesões que não existiam (iatrogenias), bem como transportar a vitima/paciente/cliente para o centro hospitalar terciário apropriado ou centro de trauma credenciado (Vargas; 2006 p.38).

Em 2003, foi lançado no Brasil o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU 192, é um programa inspirado em um modelo Francês. É um programa do Governo Federal, com a participação dos Estados e Municípios, para a melhoria do socorro as urgências e emergências médicas, de qualquer natureza: traumáticas, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e psiquiátrica.
Com a implantação do serviço, o número de mortes em acidentes graves e também as seqüelas pela falta de socorro rápido diminuíram. Isso evita uma série de complicações que geralmente o paciente apresenta pela falta de socorro e que, na maioria dos casos, leva a morte. (CONASS, 2006).
A partir da década de 90 a atividade do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar vem se desenvolvendo, tornando-se então participante ativo da equipe assumindo em conjunto a responsabilidade pela assistência prestada às vítimas em situações de urgência e emergência. Dessa forma participa da previsão de necessidades da vítima, definindo prioridades, iniciando intervenções, estabilizando, reavaliando o estado geral e realizando o transporte da vítima para tratamento definitivo; requerendo assim, conhecimento cientifico atualizado e habilidade na realização de procedimentos.
A função do profissional enfermeiro no atendimento pré-hospitalar é bem definida pela Portaria nº 2048 do Ministério da Saúde, de 05 de novembro de 2002, sendo responsável pelo atendimento de enfermagem necessário para reanimação e estabilização do paciente, no local do evento e durante o transporte. É de sua função prestar serviços administrativos e operacionais em sistemas de atendimento pré-hospitalar, supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no atendimento pré-hospitalar móvel, dentre outras condutas específicas. Em relação ao seu perfil, a Portaria nº 2048 do Ministério da Saúde, de 05 de novembro de 2002, determina que tenha iniciativa, estar preparado para trabalhar em equipe, tomar decisões rápidas, possuir conhecimentos de protocolo de atendimento. Além de possuir autocontrole e equilíbrio emocional (VARGAS, 2006).
Autor: Hugo Seixas Costa


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